História Nossa história - Dança comigo?

Após horas na frente do computador, orientando o McGinnis na captura de um criminoso, pude enfim dar um tempo quando ele o pegou, entregando-o para a polícia. Sem pensar duas vezes, decidi ir ao jardim, onde Diana disse que estaria para descansar após ter chegado de uma longa missão da Liga. Achei que chegando lá iria encontrá-la na piscina, ou dormindo na companhia do Ace, como acontece às vezes. Mas não. Na beira da piscina, lá está ela, cantando e dançando. Uma dança suave e sensual, que de maneira alguma eu ousarei interromper.

Com todo cuidado, me sentei um pouco distante, observando seus passos. É visível que sua concentração maior é na dança. Por vezes ela acompanha a música, mas seu foco está nos passos.

“I wish that I was in your arms, like that Spanish guitar. And you would play me through the night, till the dawn”

- I wish you'd hold me in your arms, like that Spanish guitar. All night long, all night long I'd be your song, I'd be your song. – Cantou enquanto dançava.

Como eu já havia dito, em Diana, há uma verdadeira moleca. Ela sempre adorou fazer bagunça e até hoje arrasta qualquer um que esteja por perto, incluindo o Ace. Ela também tem diversas manias. Umas loucas, outras nem tanto... são muitas. Mas uma delas, eu, particularmente, adoro. A sua mania de dançar a todo momento pela casa. De início, Diana ficava extremamente sem graça quando eu a flagrava. Passava até dias sem me olhar direito. Como da vez em que a peguei dançando no quarto.

- I've had the time of my life, no I never felt this way before. Yes I swear it's the truth And I owe it all to you... – Ouvi sua voz vindo do quarto. Olhei pela brecha e lá estava ela, de frente para a TV, dançando ao som de The time of my life em Dirty Dancing. Foi a primeira vez que a vi dançar um ritmo mais agitado. Foi diferente e... lindo. Vê-la tão à vontade e familiarizada com cada passo... de fato, qualquer um que a visse ia querer fazer o papel de Johnny Castle. Diana transbordava alegria na dança e ao mesmo tempo se mostrava focada no que estava fazendo. Simplesmente lindo. Fiquei tão curioso e encantado, que acabei ficando mais do que deveria e acabei deixando-a constrangida, pois ela me viu.

- B-Bruce? H-Há quanto tempo está aí? – Perguntou, corando da cabeça aos pés.

- Não muito. – Entrei no quarto.

- Poderia ter me chamado. – Desligou a TV.

- Para que? – Me aproximei. - Estava gostando da apresentação. Melhorou muito desde aquela vez que dançamos. – Provoquei e a mesma revirou os olhos.

Outra vez, a vi dançando no Jardim. Entrei em casa, a procura de Alfred e o vi sorrindo, na porta. Imaginei que o motivo era Diana e ao me aproximar, confirmei. A mesma estava dando um verdadeiro show de balé contemporâneo ao som de Take on me. Se me perguntassem qual foi a dança mais bonita que ela já fez, eu diria essa, sem dúvidas. Uma belíssima cena. Uma linda música, mas que novamente foi interrompida pela minha presença. Ao me ver, ela parou imediatamente, acenando e sorrindo totalmente envergonhada. Apesar de ser muito levada, ela sempre foi um poço de timidez, e por isso, a primeira vez que a vi cantar, tive que fingir que estava dormindo para que ela não parasse.

- Close your eyes, give me your hand, Darling. Do you feel my heart beating? Do you understand? Do you feel the same? Am I only dreaming? Is this burning an eternal flame? I believe it's meant to be, Darling. I watch you when you are sleeping, you belong with me. Do you feel the same? Am I only dreaming? Or is this burning an eternal flame? Say my name sun shines through the rain. A whole life so lonely and then you come and ease the pain. I don't wanna lose this feeling, oh.

Diana tem uma voz doce e suave, como ela. Parar era a última coisa que eu queria que ela fizesse. Então, com a cabeça em sua perna, senti o afago em meus cabelos e permaneci quieto até pegar mesmo no sono.

Com os anos, ela foi perdendo a vergonha, o que de início, não tive certeza se era algo bom. Diana começou a querer companhia para seus shows. Ela sabe que não sou de ficar dançando pela casa, mas mesmo assim insistia. Não de ficar pedindo, mas vinha daqui, me puxava dali e por vezes, conseguia. Lembro de uma vez que cheguei e estava ela e Alfred no piano. O mesmo estava cumprindo a promessa que fez de ensina-la a tocar o instrumento.

- Como sua aluna está indo, Alfred?

- Muito bem, senhor.

- Você está sendo bonzinho, Alfred. – A mesma sorriu. – Sabe tocar, Bruce?

- Sei. Mas faz anos que não mexo nesse piano.

- Então terá que mexer. – Ela veio até mim. – Mas outro dia, está bem? – Assenti. - Alfred?

- Sim senhora. – O mesmo virou-se, começando a tocar o instrumento.

- Wiener Blut. É uma bela valsa d...

- De Johann Strauss. – Ela completou. E eu sorri, confirmando. Diana estava se esforçando em seu estudo.

- Diana...

- Bruce...

- Patrão... – Pude ver seu sorriso ao reforçar o pedido dela. Logo, estávamos dançando valsa e como eu esperava, Diana surpreendeu mais uma vez. Agora... só ela para me fazer dançar valsa.... Sinceramente.

Mas de volta a sua apresentação atual... como das outras vezes, Diana está tão focada e concentrada que só percebeu minha presença ao fim da música. Ao me ver, abriu um lindo sorriso e saiu da piscina, caminhando lentamente em minha direção.

- Dança comigo? – A mesma me estendeu a mão, com um olhar provocante. A peguei, puxando-a para mim e a beijei intensamente. Diana sorriu e retirou meu blazer, me conduzindo do jeito que eu estava para a piscina, onde ficamos pelo resto da tarde.