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História Cursed Memoirs - I fell apart...


Escrita por: noodledz

Notas do Autor


Alguns avisos antes de começarem a ler:

Essa história foi um sonho que eu tive e eu me lembro que a escrevi no mesmo dia. Isso já tem muitos anos, previamente a excluí por falta de engajamento. Lembro-me de ter acordado e sentir uma dor forte no peito e chorei muito, muito mesmo. Até hoje consigo me lembrar da sensação, foi muito confuso, dolorido e fiquei um tempo atormentada.

Bom, resumindo, eu tive o sonho com dois personagens de obras distintas, então a princípio isso era um tipo de crossover. E apesar de estar e ter sido classificada como +18, não há e não ocorreu nenhum tipo de insinuação sexual.
No entanto, eu achei que não seria mais apropriado continuar com um ‘shipp’ tão inusitado e um tanto impróprio.

Entretanto, não acho que tenha sido um erro ter escrito a história do jeito que me ocorreu no sonho, pois o intuito dela nunca foi sexualizar os personagens. E apesar de me sentir satisfeita com a história original (o que é muito difícil para a maioria dos escritores), resolvi adaptá-la para que ficasse socialmente aceitável.

A gente cresce e amadurece, e isso constantemente ocorre com escritores e suas obras.

Então eu espero que possam entender e compreender meu lado como autora e também, que eu possa transmitir todo o sentimentalismo e melancolia deste conto.

Capítulo 1 - I fell apart...


 

“…But got back up again

 

Descobri que a justiça não existe.

Irônico, não? Isso vindo de alguém como eu.

 

A justiça é uma ilusão mal inventada por pessoas que precisam alimentar a vã esperança do anseio de viver. E pela santa ironia, essas são as mesmas pessoas que instigam a crueldade e violência. No final, o egoísmo e a hipocrisia andam de mãos dadas.

 

Estranho eu dizer isso, não é? Depois de tudo o que aconteceu. Bom, se serve de consolo, além de eu ser um ótimo péssimo exemplo, desci direto para o inferno e ainda fui amaldiçoado.

 

De qualquer forma, as pessoas precisam disso, dessa ganância, todo esse conflito entre o bem e o mal.

 

Tanto quanto eu precisei de você.

 

Descobri que super humanos também não existem.

Outra ilusão criada por aqueles que necessitam elevar o ego – este menos sutil – geralmente, causada pelo anseio de algum outro sentimento menos importante tendo de ser alimentado, seja vingança, proteção ou amor. No final, é este egoísmo que alega ser altruísta.

 

Amor...

Era o que eu sentia por você... É o que eu ainda sinto...

Mesmo com todas as suas atitudes exageradas, seu jeito arrogante e a sua insônia que tomou conta da minha; suas poucas palavras baixíssimas em um tom rouco, parecia que você não queria que eu as escutasse. Mesmo você entendendo tudo ao pé da letra, me tirando do sério cada vez que eu tinha de explicar-me de novo, e de novo.

Mesmo com a sua alma manchada, insistente e dominante.

 

Mas não estou aqui para me desculpar. Não é remorso, nem arrependimento o que eu sinto. É saudade.

De brincar contigo, de ser seu e você ser meu e ter muito mais interesse na morte do que na própria vida, apenas pela curiosidade.

Que saudade que eu sinto de você, Lawliet. Eu faria tudo de novo, para sempre.

 

Mas eu descobri que o amor existe.

Não pelo simples fato de senti-lo, isso é uma desculpa preguiçosa para quem quer negar um sentimento muito mais complicado. Entendo a complexidade, afinal, o que seria do poeta se pudesse explicar o amor?! Mas o que foi tão intenso ao ponto de termos chegado tão longe? Por vezes me afogo pensando se os mesmos motivos fúteis que move o ser humano; ilusão, esperança, ego, crueldade ou vingança... ou proteção. Foram os mesmos que me fizeram cair nos seus braços? Ou foram os que me fizeram cair em desgraça?

No final, esses sentimentos são todos iguais. Compreensíveis e incompreensíveis. Algo tão complexo de dizer e sentir. Uma palavra tão forte, comumente usada no vazio.

Amor... Não quer dizer que seja de todo bom, como pudemos ver no final.

 

Eu lembro que me recusava a te amar. Isso era algo que estava fora de cogitação, mas eu não me toquei.

Era sempre muito mais fácil e natural desviar esses sentimentos e deixá-los suspensos pelos corredores da mente. Sempre que topava com eles – quando você me olhava manhoso, ou quando nos beijávamos tendo pensamentos sincronizados – fingia que não os via crescendo e tornando-se cada vez mais soberanos.

Era mais fácil para mim. Era uma ilusão a qual eu queria acreditar.

 

Diga-me, se eu tivesse me tornado Deus, você seria o Diabo?

 

“So here we are, the witching hour

The quickest tongue to divide and devour

 

‒ Kira... ‒ Seu tom era gélido.

 

‒ L-Lawliet... ‒ Amaldiçoei-me pela fraqueza da voz embargada.

 

‒ Não é algo que eu possa mudar, Light... ‒ Você hesitava, eu sabia que não era possível você querer fazer algo assim. ‒ Somos inimigos, sempre foi assim. ‒ Não havia falha alguma em sua voz, havia me enganado novamente.

 

O justiceiro e o mercenário. Santa ironia, nada sutil!

 

‒ S-Sempre... ‒ Lágrimas quentes cortaram meu rosto. Amaldiçoado três vezes.

 

‒ Kira, não é algo que você possa mudar também.

 

Você deixou um beijo casto de piedade na minha testa e caminhou para longe do meu alcance, com suas costas curvas, seus pés descalços e seu cabelo bagunçado.

 

Pena.

Eu te odiei naquele momento. Eu te odiei por um bom tempo.

Deixei a raiva me consumir. Deixei-a cobrir-me como um manto quente, uma fantasia contra o choque do abandono.

Afinal, eu não tinha ideia do tamanho da intensidade que era esse maldito amor que eu nutria por você.

 

Mas eu te amei, e ainda te amo. Isso não foi suficiente pra você?

 

Durante meses minha mente apagou qualquer lembrança que eu tinha de nós dois. Boa ou ruim. Procurei outros braços para me aquecer, distrações. Qualquer droga que fizesse a dor sumir ou entorpecer minha memória o suficiente para esquecer seus nomes, seu cheiro, seu toque...

Mas nem sempre era possível. Diversas vezes senti algo estranho e melancólico tentando penetrar minha mente. Uma sombra esgueirando-se pelas bordas de meus pensamentos em busca de uma brecha para permeá-los. Nada que eu não pudesse resolver, claro, mas incômodo o suficiente para me afogar ainda mais em outros cheiros, outros toques... O ciclo vicioso.

 

Seria necessário algo pior do que foi o seu adeus para enfraquecer a fortaleza de ferro que protegia a consciência desse menino iludido.

 

Mas era questão de tempo, eu sabia, para que esse sentimento tentasse uma abordagem mais direta.

 

“If I could end the quest for fire

For truth, for love, for my desire

 

Vez por outra pensava na queda. Uma queda de verdade. Uma senhora queda. Algumas dezenas de metros de altura e... BAM! A sensação de dar aquele abraço acolhedor no chão, o último da vida... confortante.

 

Era fácil pensar nisso enquanto atravessava uma ponte, subia por um elevador panorâmico ou passava sobre uma avenida movimentada usando uma daquelas passarelas... Era fácil não se assustar com a possibilidade de uma queda, mas por outro lado, algo libertador.

 

Bom, aquela queda nos mataria com certeza. E não havia medo em meu coração ao apreciar o fim iminente.

 

Mas eu estava sendo imaturo.

Estava procurando por motivos infrutíferos para refutar a minha própria ideia.

 

Eu só queria te ver.

 

‒ Não me odeie. ‒ Sua voz saiu rouca.

 

Eu deveria ter te matado.

 

A ganância do seu ego era o que alimentava o anseio do meu coração quebrado.

 

‒ Não mais do que a mim mesmo.

 

Eu estava fora de controle. Por muitos anos menti e a verdade tinha um gosto amargo agora.

 

‒ Pode ao menos me abraçar? ‒ Pedi. ‒ Me confortar...? ‒ Supliquei.

 

A forte brisa embaraçava meu cabelo e me fazia imaginar o que havia depois. Por maior que fosse aquela decisão, continuava focando no futuro, onde quer que fosse. Decidi que seria o caminho mais fácil que caminharia dali pra frente. Fechei os olhos aproveitando seu toque quente. Minha mente apagou qualquer resquício do perigo em que me encontrava. Você começou a chorar descontroladamente, e foi como uma adaga no meu coração. Eu morri ali mesmo.

 

Afinal, o lugar onde as feridas mais sangram não pode ser visto.

 

E eu tentaria não ser o motivo da sua morte a qualquer custo, mas os cortes sangrentos em seu rosto feitos pelas minhas unhas num misto de angústia, raiva e desespero, deixavam-me enojado de mim mesmo.

 

Então chegamos ao chão. Mas não era aquele abraço confortante que eu esperava... Na verdade, não tinha ciência se aquilo era realmente o fim ainda. Senti uma grande ardência na sola dos pés e uma dor dilacerante nos joelhos.

 

Enquanto eu agonizava e tentava não pensar na dor que seus olhos me transmitiam, você se aproximou, calmamente agachando-se em sua típica posição, a qual, ironicamente, eu me encontrava da mesma forma... Só que mais sangrento e com ossos a mostra.

 

Eu poderia dizer que aquela noite foi a mais divertida e a mais insuportável de toda a minha vida. Mas o dia em que você me deixou, dilacerou todos os meus órgãos, nada seria comparável a isso.

 

‒ E-eu s-sinto muito. ‒ Não consegui identificar sua voz. Tampouco conseguia dizer algo, esboçava sons, mas nada compreensível. Senti algo molhado me meus ombros. Eu praguejei e maldisse a morte, na esperança de que ela me levasse depressa dessa vez.  ‒ Eu sinto muito...

 

Eu caí de novo. Seu corpo já estava longe do meu. Não havia mais nada, não havia ninguém por perto, somente um breu ao alcance dos meus olhos. Desconfiava que já estava morto e que essa era a minha maldição.

 

Andava... não, me arrastava como se carregasse um boneco pesado nas costas. Estava deformado. As pernas tortas e quebradas, os ossos cortando a carne enquanto me levantava. Não chorava. Caía várias vezes e sorria quando levantava, como se eu fosse um bebê aprendendo a andar.

Enlouqueci. Batia palmas duas vezes a cada um, dois, três que contava mentalmente.

 

Descobri naquela noite... A arma mais perigosa não é a lâmina afiada ou aquela capaz de disparar o tiro certeiro, e sim aquela que é suficientemente sutil para trespassar o coração de um homem sem lhe proporcionar o alívio da morte.

Amaldiçoei meus desejos.

 

                                                                                                                 “And I fell apart

But got back up again

 

Você me agarrou nos braços sem nenhuma delicadeza. Com a respiração descompassada, colou sua testa na minha, chorando descontroladamente e suspirando seu hálito quente em meus lábios. Eu salvei todas essas sensações nos recônditos sórdidos do meu coração. Até o som do lápis rabiscando meu nome.

 

Senti aquela brisa me chamar com calma e pressa. Sabia que estava prestes a ser coberto por um manto quente e confortável. Como uma mãe encobrindo seu recém-nascido.

 

Aquele manto mórbido carregou para longe de mim toda a dor e sofrimento.

 

Eu não me arrependo.

Não faria nada diferente.

 

Eu tive uma vida incrível e lamentável.

 

E em um mundo onde nós dois juntos não existisse, eu não queria viver.

 

Por isso, obrigado.

 

"No warning sign, no alibi
We faded faster than the speed of light.
Took our chance,
Crashed and burned.
No, we'll never ever learn"

 


Notas Finais


Song: Alibi by Thirty Seconds to Mars

Me contem o que acharam, se a tentativa angst foi bem sucedida :)

Publicada também no Wattpad: https://www.wattpad.com/story/341008991-cursed-memoirs


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