Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.
[31 de Agosto de 2016]
Querido diário, inicio o dia cansado pela longa e barulhenta noite que meus primos me
fizeram ter, não os julgo por isso, também não me atrapalha, estou doente, não irei á
aula.
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Acordo bem cedo, horário da aula, porém a diferença é: Estou doente, pela lógica não
seria algo bom, mas pela noite mal dormida, não conseguiria prestar atenção na aula pelo
sono. Como estou com o dia livre, acho que vale a pena contar como conheci Arthur.
Era um dia de sábado nublado, a temperatura estava em torno de 14 graus e eram mais ou menos 7:30 AM, nesse dia eu estava com a cabeça meio cheia, estava estressado e nervoso
com várias coisas que estavam me acontecendo. Resolvi sair pra caminhar por lugares
aleatórios, pensar na vida em meio a natureza é a melhor coisa a se fazer quando estou
assim.
Andei aproximadamente 20 minutos, estava num lugar que não conhecia muito bem, era cheio
de árvores e mato, mas tinha uma pequena estrada de terra. Vestia um jeans azul e uma
camisa branca, andava com as mãos no bolso e meio cabisbaixo enquanto ouvia Lana Del Rey.
Caminhando, certa hora, uma bola veio rolando lentamente em minha direção, seguida dela,
um garoto. Ele estava suado e ofegante, vestia roupas de futebol, era alto, magro e
moreno, seus cabelos eram castanho escuros e curtos, seus olhos castanho claros. Bem diferente de
mim, baixo, bem branco, com pequeno nariz e orelhas, bochecha rosada, a única coisa que
era idêntico á ele era em relação aos olhos de cabelos porém, os meus eram longos. De longe acenou pra mim e pediu
pra mim chutar a bola, eu delicadamente me abaixei, peguei a bola com as duas mãos e
levei até ele:
-Oh! Muito obrigado cara.- Disse ele.
-Por nada...
-Qual o seu nome?- Perguntou sorridente limpando o suor do rosto.
-Meu nome é Eduard, prazer.- Respondi sem demonstrar reação alguma.
-Meu nome é Arthur- Ele levantou a mão pra me cumprimentar, ele parecia sempre estar com
um sorriso no rosto, isso era tão estranho...
-Olá Arthur, não vou roubar mais do seu tempo, pode voltar para seu jogo.- Disse eu
tentando me "livrar" do sujeito desconhecido ainda.
-Não, tudo bem, já estou cansado, não vou mais jogar.- Após dizer isso correu um pouco na
direção oposta a minha, chutou a bola pra algum lugar e voltou pra falar comigo -Quer
conversar?
-Seria algo legal- Soltei um sorriso meio forçado.
-Nunca te vi por aqui, esta passeando por essas bandas?- Fala se sentando em um banco
próximo.
-Sim, estava passando por aqui pra refletir sobre algumas coisas- Falo sentando-me do seu
lado e suspirando.
-Quer falar sobre isso?- Perguntou ele preocupado comigo, ele parecia conseguia fazer
amizade rapidamente com as pessoas, parecia se importar facilmente com todos.
-Não não...Obrigado por se importar.
-Que isso cara, não se preocupe com isso, gosto de ajudar as pessoas- Sempre gentil,
falava.
-Bem, onde você estuda?
-Estudo na Escola Fordham
-Oh, eu também, mas nunca te vi por lá.
-Sim sim, me mudei recentemente pra cá.
-Esta se adaptando a cidade?
-Sim, as pessoas daqui são hospitaleiras e muito humildes. Minha mãe se mudou por causa
de trabalho, ela e meu pai são separados, mas isso não me deixa triste, eles só não estão
juntos mas tenho uma boa relação com ambos.
-Isso é ótimo, muitas vezes na separação dos pais, algumas pessoas podem ficar tristes e
depressivas- Pelo pouco que o conhecia, já não conseguia imaginar ele chorando.
----Algumas horas depois----
-Foi muito legal conversar contigo Arthur, mas preciso ir embora...
-Oh, tudo bem Edu, pode me passar seu número?- Ele me deixou um pouco constrangido com o
apelido, apesar de só ser uma parte do meu nome.
-Tudo bem, meu numero é (XX) XXXX-XXXX.-Enquanto falava ele anotava no celular dele, era
um celular relativamente antigo, mas pro pai mudar de cidade por trabalho provavelmente
sua renda não era das melhores.
-Pronto, anotado, obrigado pela conversa Dudu, nos falamos depois, tchau- Ele se levanta e,
sorridente, se despede de mim mais radiante do que quando o tinha conhecido, parece que
nosso papo fez tão bem pra ele quanto pra mim. E novamente, o apelido dado a mim me
deixou constrangido.
Levantei do banco e fui embora com um sorriso bobo no rosto, eu estava realmente com
uma felicidade momentânea, era um sentimento bom, mas a consciência de que logo ele
acabaria era ruim, porém não pensei sobre isso, apenas segui meu caminho de volta pra
casa. Não sei o que era mas algo me fazia muito querer chegar ao meu destino e esperar a
mensagem de Arthur.
Cheguei em casa, subi para meu quarto, deitei, tranquei a porta e liguei a televisão,
nada de bom passava, mas conseguia me entreter enquanto esperava...
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[Numero desconhecido]
10/02 :: 10:23 AM
Oi Dudu, aqui é o Arthur, salva meu número aí <3
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Finalmente uma mensagem dele, salvei seu número e então conversei com ele pelo
aplicativo de chat.
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[Você]
Oi Arthur, salvei seu numero ;P
[Arthurzinho] <==== (Apelido que dei pra ele)
Isso é ótimo, gostei muito de conversar contigo hoje, obrigado por não me ignorar
[Você]
Imagina, eu nunca faria isso com você, seria grosseria da minha parte
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Conversamos literalmente o dia todo, até a hora que um de nós resolveu dormir, no outro
dia, domingo cedo, ele me chamou denovo pra conversar, e conversamos novamente o dia
todo, o tempo com ele passava rápido, era algo bom jogar conversa fora com uma pessoa
como ele, sempre animado e bem humorado.
Durante a semana, nos achamos na escola, conversávamos antes de começar a aula e no
intervalo, porém quando chegávamos em casa nesses dias não tínhamos tanto tempo para
falar um com o outro, a escola sempre passava muitas tarefas e trabalhos, mas sempre ele
me desejava uma boa noite e, sexta feira a noite, ele me mandou isso:
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[Arthurzinho]
16/02 :: 20:00 PM
Tenho futebol amanhã, então vou dormir mais cedo hoje, boa noite Dudu, te amo amigo <3
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Isso me deixou bem constrangido, retribui o boa noite mas não o "te amo", amigos falam
isso um para o outro? Eu não sabia ao certo, de qualquer forma era difícil alguém amar
outra pessoa tão rapidamente. No dia seguinte, de manhã:
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[Arthurzinho]
Podemos nos ver amanhã? Meu pai sai pra trabalhar cedo todo dia e como não tem aula eu
fico sozinho, não gosto de ficar sozinho...
[Você]
Ele trabalha até no domingo? Coitadinho, mas tenho uma ideia melhor, vem almoçar aqui em
casa, assim poderei te mostrar meu quarto e meus estranhos gostos xD
[Arthurzinho]
Sim sim, até no domingo, não tenho muito tempo com ele, e adorei o convite, seria ótimo,
mas não conheço os bairros da cidade.
[Você]
É verdade, você é novo aqui...Me passa seu bairro que minha mãe vai te buscar.
[Arthurzinho]
Eu acho melhor não Dudu...
[Você]
Não tem outro jeito Arthur, vamos é mais simples.
[Arthurzinho]
Mas...Meu bairro não é um dos melhores...
[Você]
Não ligo pro seu bairro, ligo pra você poxa...
[Arthurzinho]
Tudo bem...Meu bairro é o XXXXXX, rua XXXXX, casa número 69
[Você]
Tudo bem, se puder esperar na frente da sua casa eu agradeço, minha mãe te pega aí ás 9h
e você almoça aqui, oh, tive uma ideia agora.
[Arthurzinho]
Okay okay. Qual ideia moço?
[Você]
Quer dormir na minha casa?
[Arthurzinho]
Eu dormir aí? Mas nos conhecemos a pouco.
[Você]
Eu sei, mas você me faz feliz e isso basta, você pode? Diz que siiiim <3
[Arthurzinho]
Tenho certeza que meu pai vai deixar, então sim, hehe nos vemos amanhã.
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Entendi o porquê dele amor as pessoas tão rápido, Arthur era solitário, se apegava fácil
as coisas e as pessoas, eu com certeza também gostava muito dele.
Depois disso conversamos boa parte do dia, e de noite quase não consegui dormir de
ansiedade, era o primeiro amigo que vinha a minha casa, queria certamente causar uma boa
impressão a ele.
No dia seguinte, minha mãe foi buscar ele no horário marcado, assim que ele chegou levei
ele pro meu quarto, jogamos alguns video-games juntos, depois almoçamos e jogamos mais,
jogos de tabuleiros, eletrônicos, role play, tudo valia pra nossa diversão, a noite tive
uma ideia incrível:
-Arthur, vou colocar um filme de teror pra assistirmos Nyehehehe - Falei e dei uma risada
maligna mal executada que causou risadas de Arthur:
-Tudo bem, não tenho medo de nada- Sorriu com um olhar desafiador.
Peguei na internet o filme mais assutador que conhecia e coloquei pra assistirmos. Era
uma história de fantasmas, demônios etc. Durante o filme todo fiquei tentando chegar
perto de Arthur sem tocar, perto dele me sentia protegido, além do que eu era bem
medroso.
Terminamos o filme, jantamos, subimos novamente para o quarto e nos deitamos, deixei
minha cama para Arthur e coloquei um colchão no chão para mim, no começo ele não aceitou
eu dormir no chão e ele na minha cama, mas eu sou bem mais teimoso que ele então consegui
convence-lo.
Deitei e tentei dormir, mas eu simplesmente não conseguia, estava com medo e ficava
abrindo os olhos pra ver se tinha algum tipo de fantasma me observando, isso toda hora,
minha pressão caiu um pouco e quando ficava olhando o relógio a hora não passava, eu só
tinha uma única opção: Pedir para dormir na mesma cama que Arthur. Realmente a cama tinha
espaço para nós dois, mas era constrangedor de certa forma, mas tomei coragem por medo e
acordei Arthur:
-Er...Arthur...Eu tô medo, posso...Posso dormir com você esta noite?
Arthur não respondeu, só sorriu e levantou a coberta dando espaço para mim, subi na cama
e deitei a sua frente, eu estava com vergonha mas o medo era maior que eu, Arthur, para
me acalmar, me abraçou e trouxe meu corpo bem agarrado ao dele, ficamos de conchinha e eu
não sabia como reagir. Arthur beijou minha bochecha e falou:
-Boa noite Dudu, durma bem, não fique com medo, te protejo...
Arthur me acariciava com sua quente mão sobre meu frio rosto, a sensação era com certeza melhor do que eu esperava. As suas leves carícias me fizeram ficar cada vez mais com sono, até que finalmente eu dormi...
---------------[Continua]-------------------------
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