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História Nostalgia - E vamos dominar o mundo juntas.


Escrita por: lovetomez

Notas do Autor


opa alô vocês aí pessoal
tô de volta no meio da semana, que bom né


aproveitem o capítulo, boa leitura!

Capítulo 6 - E vamos dominar o mundo juntas.


Paola

- Amor, tenho que ir. – Isabella disse, depois de uma rápida olhada no celular. Eu ainda estava entre as pernas dela.

- Sério? Tá tarde, Bella. Fica aqui comigo... – charme.

- Eu ia adorar, você sabe, mas realmente tenho que ir. Combinei de passar na casa da minha mãe, meu irmão quer me ver, faz tempo que não faço algo com ele. Já tá meio tarde, então vou dormir lá. E a senhorita disse que ficava bem sozinha. – jogou na minha cara.

- E eu fico. – sorri. – Tudo bem, então. Me manda uma mensagem pra avisar que chegou bem lá. – saí da posição pra ela poder levantar. – E diz ao Fabinho que eu mandei um beijo. – era o irmão dela. – E aos meus sogros também.

- Hmm… só os meus pais e irmão ganham beijos?

- Você também ganha, todos que quiser. – ri. Ela sentou no meu colo de lado e me beijou.  

- Acho que vou levar o Fabinho no paintball amanhã, quer ir?

- Claro, tô dentro.

- Te ligo pra confirmar.

- Me manda a mensagem quando chegar.

- Claro. – levantou do meu colo depois de um beijinho na bochecha. – Tchau amor.

- Tchau Bella.

Quando ela saiu, eu senti vontade de algo com álcool. Ainda lembrando da conversa na hora do jantar, e da lembrança inesperada. Na minha casa infelizmente não tinha nenhuma bebida, então apenas fiquei no sofá.

Ponderando se vestia uma roupa e ia comprar alguma bebida ou se ficava ali.

Fabinho, irmão da Isabella, tem 16 anos e gosta muito de sair com ela. Já o conheci, ele foi bem simpático comigo, um fofo.

A Verônica também tem um irmão, o Daniel. Esse aí deve estar um homem e tanto. Mas era um pé no saco da gente, lembro.

[Flashback On]

- Vero, cadê meu jogo?

- Você sabe que o PS2 é meu e do Dan, certo? E que eu uso bem pouco, certo? E que eu avisei a você para não deixar jogos aqui, certo? – ela disse, sem nem olhar pra mim, mexendo no próprio guarda-roupa.

- Achei essa porra. – sentei na cama com a capa dele. Quando olhei dentro, meu jogo estava todo arranhado, merda. – Caralho! Chama o Daniel aqui agora, Verônica. – ela fechou a porta do guarda-roupa e sentou na cama, revirando os olhos ao ver minha indignação.

- Dan, vem cá! – gritou.

- Se fosse pra gritar, eu gritaria, né? – ela riu, se aproximando pra me beijar na bochecha. Mas eu estava muito chateada com o meu jogo para carinhos, não retribuí.

- Oi Mana… E aí, Pá? – me aparece o moleque franzino sem camisa, de bermudão e descalço, com um sorrisão, pois provavelmente o chamado o tirou de alguma obrigação chata, como dever de casa.

- Nem vem. Por que meu jogo tá assim? – quase coloquei na cara dele.

- Ih, arranhou?

- Claro que arranhou!!

- Calma. – Verônica segurou minha mão.

- Ah, mas ainda pega. Coloca aí, vamos jogar.

- Mas tá arranhado.

- Mas ainda funciona, Paola. – Verônica reforçou.

- Quer ver? Me dá.

- Não! Deixa que eu coloco. Essa porra foi cara.

- Relaxa, Pazinha.

- Não me provoque, moleque. Eu te dou uma surra com o Scorpion.

- Sub-Zero muito superior.

- Ah é? Vou te dar um Fatality. E um de verdade, se meu Mortal Kombat não funcionar. – apertei o botão de ligar. Rodou tudo direitinho. Deitei de bruços na cama ao lado da Verônica, Daniel ficou sentado no chão.

- Tá vendo, amor? Seu jogo tá bem. Mas vê se me ouve quando digo pra não deixar jogos aqui, da próxima vez. – ela deita ligeiramente a cabeça no meu ombro no meio da fala.

- A partir de agora, ouço você. – sussurrei no ouvido dela.

- Não faça isso com o meu irmão aqui. – disse, baixinho.

- Mas eu só sussurrei. – respondi no mesmo tom. Não importava, ele estava distraído.

- Mas você sabe o que isso causa em mim. – ri.

- Não sei de nada.

- Ei Pazinha, vai escolher o personagem ou não?

- Foi mal, tava falando aqui com sua irmã. – escolhi o Scorpion. – Agora você vai apanhar. – um pequeno silêncio se faz entre a risada irônica dele e os sons da luta começando a ser preparada.

- Vê, você e a Paola se beijam igual a um pornô lésbico? – sim, essa pergunta veio do Daniel e não, não está solta, ela realmente veio do nada. Eu queria esconder a minha cara num buraco.

- Sim, a gente se beija muito e o tempo todo. – diz, simples.

- Verônica!

- O que? É verdade. Ele já viu, inclusive.

- Vi vocês dando selinhos, não beijos. Parece que nunca se pegam. – tinha um roxinho no meu pescoço, feito (obviamente) por ela no dia anterior, que dizia exatamente o contrário, mas ele não o percebeu.

- Acredite Dan, a gente se pega sim, muito, toda hora, gostoso, do jeito que você nunca vai se pegar com menina nenhuma, porque como a gente se pega só a gente. Né Paola? – pra que falar isso? E pra que me incluir nisso?

- Mais ou menos… E você não iria gostar de ver. – que tipo de irmão gostaria de ver a irmã atracada com a namorada?

Verônica gargalhou.

- Estou brincando, amor. – ela disse ao me ver envergonhada pela situação. Eu sabia que era brincadeira, mas o fundo era de verdade, né.

- E o que vem depois, vocês fazem? – demorei uns dois segundos pra sacar que ele estava falando de sexo.

- Aí não é da sua conta. – ela respondeu olhando as próprias unhas.

- Fazem sim, vou contar pra mamãe.

- Mamãe já sabe, bobão. – quase engasguei com o ar, se isso é possível.

- E-ela sabe?

- Sabe, amor. Eu perguntei algumas coisas a ela antes de fazermos.

- Sério que você deixa a Paola colocar... – !!!!

- Sim, eu deixo, deixo a Paola fazer tudo e faço tudo também, agora vai jogar. E para de ver pornô lésbico, não presta. – ele riu.

- E qual presta? – lógico que não ia surtir efeito algum a irmã de um garoto de catorze anos dizer a ele que não deve assistir pornô.

- Não sei, Daniel, pornô é pra quem não transa! – não necessariamente.

- Que conversa é essa, Verônica? – minha sogra *aparece* na porta. Se eu já estava nervosa…

- Ah mãe, é o Daniel. Fica me enchendo o saco com isso de sexo.

- Cala a boca, Verônica!

- Você tem alguma dúvida, filho?

- Não!

- Então pra que encher sua irmã?

- É verdade que você sabe que ela faz isso com a Paola, mãe? – quis morrer

Verônica, pra demonstrar que estava solidária à minha situação, segurou minha mão e fez um carinho.

O que não adiantou porra nenhuma, é claro.

- Sim, eu sei, e o que você tem com isso?

- Há! Na sua cara, Daniel!

- Aff.

- Vão jogar e parem de brigar, crianças. – minha sogra disse e saiu da porta.

- Essa luta não começa, não? – perguntou Verônica.

- É, eu tô aqui esperan… o jogo travou. – falei. Claro, estava todo arranhado e há vários minutos parado na mesma tela, com certeza travou.

- Que merda, é mesmo. – disse o moleque que fodeu meu jogo.

- Quer dizer, meu jogo não funciona mais.

- É, acho que não…

- Eu vou te dar um cascudo, pivete! – ele levantou e saiu correndo.

Também levantei, mas Verônica me segurou pelo braço pra que eu não fosse atrás dele, que bateu a porta quando saiu, para me atrasar.

- Mas pequena… ele estragou meu Mortal Kombat! – Verônica fingiu que não ouviu e me puxou para perto. Eu ainda segurava o controle, em pé.

- Sabia que você fica fofa com vergonha? Um fofo… sexy? – esquentei.

- Tá brincando?

- Nunca falei tão sério. – desliguei o videogame, colocando o controle sobre a cômoda. Verônica indicou a porta.

- Trancar?

- Aham. – não poderia não me sentir empolgada, fui até a porta e rapidamente a tranquei. – Vem aqui, agora. – ela já tinha começado a tirar as roupas. – Mas vem nua.

- Ok. – a obedeci, tirando as minhas. Não na mesma velocidade que ela, mas na mesma empolgação. Eu gostava quando Verônica dava ordens.

Pra falar a verdade, eu gostava de tudo o que fazíamos juntas.

- Isso, Paola. Muito gostosa. – ela prendeu o cabelo num rabo de cavalo, numa rapidez assustadora pra mim, e deitou de lado. Completamente nua. – Vem aqui. – sussurrou e eu não tive mais estruturas.

- Verônica…

- Melhor você falar depois, não acha? – disse, um pouco impaciente. Ri.

- Acho, apressada. – ela nega com a cabeça e calmamente desliza as mãos pelo próprio corpo. Pisquei. E não com meus olhos.

Esses estavam vidrados nela.

Dou os três passos que me separavam da cama, e Verônica muda de ideia. Fica sentada, as pernas meio abertas. Eu já me sentia molhada enquanto andava. É isso o que Verônica faz comigo.

- Senta. – diz e dá dois tapinhas na coxa. Obedeço imediatamente, sentindo seus olhos me queimarem. Mas quando olho para eles, ela sorri pra mim, acariciando minha coxa.

- A sua mãe e o seu irmão estão em casa.

- Os dois sabem que a gente transa. – disse, já me tocando. Reprimi o gemido. – E isso parece te excitar, já que está molhada desse jeito. – beijou meu ombro. Abracei seu corpo, acariciando suas costas. Naquele momento, quis seu cabelo solto pra mexer nele. E o soltei.

- Só falei pra ver se você vai devagar… porque eu não quero ser alvo de olhares julgadores quando sair daqui, pelos gemidos que escutarem. – agora, minhas mãos já estavam em seus cabelos.

- Você pode puxar um pouco se quiser. – referiu-se as mechas macias entre meus dedos.

- Eu sei que você gosta disso. – ela sorriu e encostou a testa no meu ombro.

- E eu sei que você gosta dele preso. Mas como você soltou…

- Eu não gosto do seu cabelo no meu rosto. Não quer dizer que não goste dele quando está solto. Adoro seu cabelo. E pode me foder agora. – ela assentiu, deslizando dois dedos pra dentro de mim com força. Puxei o cabelo dela, fazendo um esforço enorme para não dizer seu nome bem alto. – Porra, Verônica.

- Eu prefiro vê-la livre. Geme pra mim.

- Mas não podemos.

- Consegue alcançar aquele controle? – apontou o criado-mudo.

- Consigo. – estiquei o braço e o peguei. Verônica apertou um botão e uma música começou a tocar. Nada a ver com o momento, mas ela aumentou o volume. E logo voltou ao que fazia, com tudo.

- Mas o que… Oh, porra, você faz isso tão bem…

- Exatamente, Paola, pode falar… ninguém vai te ouvir, só eu. – aí entendi o que ela fez. O som estava realmente alto. Mas eu estava excitada demais pra pensar nos meus sentidos.

- Você é a melhor, Verônica.

[Flashback Off]

Eu estava falando do irmão da Verônica, como isso se tornou mais uma lembrança do nosso sexo?

Não tem nada a ver, só pensei nisso porque foi o que aconteceu.

Só que isso não explica eu ter pensado a primeira vez. Eu desliguei enquanto lembrava de como dominei Verônica. Agora, de como fui dominada por ela.

Caralho, será que eu sinto falta da Verônica na cama? Por quê? Eu e a Isabella somos maravilhosas, não faz o menor sentido.

Apolo subiu no sofá, ficando deitado aos meus pés, semelhante a uma bolinha. Quis dar um aperto nele.

Meu celular apita em uma mensagem da Isabella, dizendo que estava bem e em casa. Respondi e deitei no sofá, o que desagradou a Apolo. Uma das minhas pernas estava apoiada no encosto do sofá e a outra nas patas dele.

- Se não gostou, desça. – ele não fez mais nada a não ser apoiar a cabeça na minha perna. – Fofo da porra.

Verônica

[8h09] Bi: tive que sair cedo, você não me disse se tinha algo pra fazer hoje e tava tão fofinha dormindo que eu preferi te deixar dormir

[8h09] Bi: espero que não tenha mesmo nada pra fazer. Se tiver, se fodeu, mas a culpa não é minha bjs

Ainda bem que não tenho.

[10h48] Verônica: você é tão amorzinho às vezes

[10h48] Verônica: melhor coisa que você fez foi não ter me acordado, obrigada.

Saí da cama com pouca disposição, mas isso mudou depois de um banho.

Como era sábado, fui dar um passeio na casa dos meus pais, tinha combinado com Daniel de ir ao shopping. Tomei café da manhã e me arrumei desarrumada.

Fui de carro. Mal uso meu carro, mas como foi um presente dos meus pais, é bom que eles me vejam dirigindo. Só que eu moro perto dos lugares, então normalmente não precisa.

- Filha! – minha mãe gritou assim que abriu o portão da garagem pra que eu estacionasse. Desci do carro, sendo recebida pelo Pluto, um cachorro que o papai deu pro Daniel quando ele tinha 12 anos. Era do Daniel, mas virou cachorro da família. Pluto era um Fila.

- Oi, mãe. – a abracei.

- Como estão as coisas?

- Boas, eu acho.

- Quando volta aos palcos?

- Tenho uma audição semana que vem. – sorri.

- Certeza de que vai passar.

- Assim eu espero. – falei, brincando com Pluto. Entrei em casa.

- A minha primogênita chegou! – berrou meu pai da cozinha, me fazendo correr pra lá, igual criança. Ele me apertou em seus braços. – Bom dia, minha menina. Senta. – indicou a mesa onde ele tomava o café. Papai acordava tarde. Sentei. – Quer café? Pão? Queijo? Alguma fruta?

- Não queria não, mas vou aceitar só pra tomar café com o meu pai. – ele sorriu. – Como estão as coisas aqui? – Mamãe passou pra sala e sorriu para o nosso momento, sem atrapalhá-lo.

- Estão ótimas. E você, como está se virando?

- Tenho uma audição semana que vem, vou voltar aos palcos. – sorri de lado. Mesmo sabendo que eu ficaria mais um tempo sem fazer nada caso eu não passasse.

- Graças a Deus. – ri, tomando um gole do café. – E as namoradas? – fiz uma careta.

- Estou solteira, pai.

- Por quê? Tão bonita e charmosa a minha filha, sem nenhuma candidata a nora? – um parêntese se faz necessário.

Custei a ter o apoio do meu pai quando descobri que era lésbica. Minha mãe foi mais tranquila e sempre tratava a Paola bem (falo da Paola porque foi a primeira, e não porque estou pensando nela), ao contrário do meu pai, que não queria nem que ela frequentasse a nossa casa e culpava a mesma pelas minhas preferências, sempre fazendo comentários desagradáveis aqui e ali. Mas, quando estávamos perto de terminar, eu e a Paola, e eu ainda achava que era pra sempre, discuti com meu pai e praticamente o obriguei a ver que, apesar de lésbica, eu estava namorando uma pessoa do bem e estava feliz. E isso bastava.

Então, ele abriu os olhos (não foi tão simples, mas basicamente isso) e aceitou a Paola.

Daí, ela destruiu meu coração. E hoje, meu pai detesta a Paola, por esse motivo. Acho que seria a única pessoa que ele não ia querer nem sonhar que estava comigo de novo.

Mas me aceitou, sendo um sogro maravilhoso para as minhas namoradas seguintes que ele chegou a conhecer.

E hoje papai detesta que eu esteja solteira, porque eu moro sozinha, ele acha que é muita solidão. Não é tanta assim, eu administro as minhas coisas e não gasto tanto dinheiro, pelo menos.

Antes só do que mal acompanhada, é o que dizem.

- Não, pai, ninguém. – dei de ombros. – Tá ok pra mim desse jeito.

- Certo, mas quando conhecer alguém, traga aqui pra seu pai conhecer.

- Ninguém vai na casa dos pais da pessoa com quem está se não estiver namorando hoje em dia. Ou seja, vai demorar um pouco. – ri.

- E aí, maninha? – Daniel entra, me dando um beijinho na testa.

- Oi Dan. Ainda vamos ao shopping?

- Claro, depois do almoço.

- Ok. Acho que vou levar alguns dos meus livros lá pra casa, tudo bem pai?

- Sim, sua mãe mandou limpar seu quarto esses dias e até separou uns papéis que estão esperando sua avaliação antes de irem pro lixo.

- Que papéis? Eu disse a ela que poderia se livrar das coisas da escola, não preciso mais. – ele deu de ombros.

- Ela não me disse que papéis eram.

- Vou perguntar, então. – terminei o café e levantei, beijando meu pai no rosto antes de voltar pra sala. – Mãe, quais são os papéis que eu tenho que olhar antes de irem pro lixo? – ela via um programa qualquer na TV.

- Ah, são umas cartinhas. Uma até grande e bonita, com envelope e tudo. – papel de carta, eu trocava com as amigas.

- Que estranho, achei que tivesse levado as cartinhas e recadinhos quando levei meus cadernos. Vou olhar.

- Depois dê uma olhada nos livros também, estou querendo passá-los adiante. Você tem livros com cheiro de livraria ainda, guardados naquele quarto.

- Ok, eu vou separar alguns.

Subi as escadas em direção ao meu quarto e me surpreendi com a visão do mesmo, limpíssimo e arrumadíssimo. Pouco de mim mesma ainda estava nele, mas eu ainda podia enxergar minha baguncinha, meus desenhos, poemas e livros espalhados.

Sempre gostei muito de ler, tinha vários livros pelo quarto, toda semana estava com um diferente, dos mais diversos gêneros. Isso parou um pouco quando eu comecei a levar os estudos a sério, ou quando os estudos começaram a tomar tempo demais na minha vida. Ou seja, ensino médio. Por isso eu ficava admirada com Paola, que estudava, namorava, saía comigo, com as amigas e lia diversos livros também. 

Mexi nos meus livros, reparando que a ordem fora alterada. Claro, limparam meu quarto de verdade. Mexeram em tudo.

Logo localizei os papéis, sobre a minha antiga mesa de estudos. Eram papéis coloridos e cheirosos, cheirinho bom que me lembrava coisa boa.

Quando os estudei melhor, primeira coisa em que reparei, foi na caligrafia redondinha e caprichada em um envelope azul-bebê. “Verônica”, era o que estava escrito.

Logo reconheci a letra.

[Flashback On]

- Nossa, o que é isso? – fui acordada por um buquê de flores?

Na verdade, fui acordada pelo despertador. O buquê estava ao meu lado, como se já estivesse ali desde sempre, lindo e colorido.

- Ok, bom dia, flores lindas. E cheirosas. – no meio delas, destacava-se um envelope azul-bebê, com meu nome escrito naquela caligrafia linda. – Ah, Paola. – sorri, abrindo o envelope, que estava cheinho. Ao invés de um cartão, tinha uma carta lá.

Mas tinha um cartão também, e nele dizia “Feliz Aniversário”.

Só então assimilei que era meu aniversário. Sim, eu acordo mal sabendo quem sou, imagina saber que dia é?

Eu finalmente fazia dezessete, e poderia ficar com a Paola durante pouco mais de três meses tendo a mesma idade dela.

Sorrindo bem grandão, abri o papel de caderno dobrado, a carta dela.

“Verônica, meu amor. Antes de parabéns, obrigada. Obrigada por ser tão maravilhosa, por ser minha namorada, por me fazer tão imensamente feliz e, principalmente, obrigada por existir. Você melhora os meus dias, deixa-os coloridos e felizes, assim como faz comigo. Não sei o que faria sem você hoje. Amo você, demais mesmo, e amo como somos juntas, o nosso relacionamento, suas bases e principalmente seus carinhos. Nossos. Acho que somos um casal maravilhoso. E vamos dominar o mundo juntas. Você duvida ou concorda comigo?

Sei que concorda.

Que nesse seu dia você seja a melhor que você puder, que todos os seus sonhos tornem-se realidade (eu tentarei realizar alguns pra você e com você, pode confiar) e que o mundo e todos nele enxerguem a pessoa maravilhosa que existe aí, além da aparência bela. Feliz aniversário, pequena. A você tudo de bom, felicidades e todo resto. A mim, mais tempo ao seu lado. Você é a melhor pessoa do meu mundo.

PS: se o aniversário é seu, por que eu sinto como se estivesse ganhando o presente? hahaha, Te amo!

Pá.”

Ela assinou como Pá!!!onze!

Descobri depois que Paola deixou essas flores com a minha mãe na noite anterior e a pediu pra fazer isso.

Liguei pra ela assim que guardei a carta, gritando felicíssima ao telefone o quanto a amava e o quanto estava feliz, e ela apenas dava aquela risada de bebê, achando a minha empolgação muito engraçada.

- Te amo, te amo, te amo! Amor da minha vidaaaaaa! – gritei ao telefone, ouvindo-a suspirar, tão ou mais apaixonada quanto.

[Flashback off]

Eu nem percebi meus olhos marejados até largar a cartinha.

Claro, limparam a porra do quarto inteiro, encontraram as coisas da Paola que eu escondo aqui.

Inclusive o livro dela. Ele estava ali, debaixo dos papéis.

Mamãe sabia do que se tratavam os papéis.

Ela foi de enorme ajuda naquele período em que fiquei completamente perdida depois que terminamos. Ela não quis dizer pro meu pai, porque ele a detestava, mas ela claramente achava que já havia passado da hora de eu me livrar daquelas coisas.

Mamãe estava certíssima. Eu precisava superar.

- Filha. – ela apareceu, e veio me abraçar. Tentei não chorar alto. – Desculpa te fazer passar por isso…

- Tudo bem, eu preciso me livrar dessas coisas.

- Concordo. Já faz muitos anos... – me separei do abraço, segurando outra cartinha dela em mãos.

- Eu encontrei a Paola ontem. – disse, fungando.

- Ela falou com você?

- Não tinha como não falar, nos esbarramos no parque. – minha mãe levantou as sobrancelhas.

- E como foi isso pra você?

- Aí é que está, não sei ainda se foi bom ou ruim. Ela foi tão… ela. Sabe, ela parecia a mesma Paola que eu namorei, só mais velha. O mesmo carinho, doçura, o mesmo tom de “me importo com você”... não tinha nem um mísero aspecto da Paola que terminou comigo. Ela inclusive pediu desculpas pelo que disse naquele dia.

- Bom, agora é tarde.

- Não é não, mãe. Também achei isso, por um segundo, mas eu a perdoei. Não conviveria comigo mesma se não o tivesse feito desde o início. E acho que foi tão bom pra ela me ver bem quanto foi pra mim.

- Então foi algo bom, vê-la ontem. – fiquei uns segundos em silêncio.

- Não de todo. Eu comecei a lembrar de vários momentos nossos, o que doeu muito. E me fez pensar. Preciso superá-la, mãe. Vê? Não faz mais sentido que eu chore por isso. Por essas cartinhas e lembranças dela. Eu bloqueei isso por tempo demais, mas agora preciso me livrar. Me libertar do que ela foi pra mim e deixá-la guardada no meu passado, como um passado bom. Assim, quem sabe, eu possa conviver com ela novamente. Ou não, mas que eu possa vê-la na rua, cumprimentá-la, abraçá-la, perguntar como ela está, sem sofrer por isso depois.

- Que bom que ela conseguiu se redimir e agora você pode seguir em frente. – provavelmente ela se recordava do meu estado deplorável assim que saí daquele relacionamento naqueles segundos.

- Exato. Ela está bem, namorando, feliz. O cabelo dela está enorme, mãe. Não sei se você a reconheceria. – ela ficou em silêncio e eu finalmente parei de chorar. – Vou levar isso. – apontei as cartinhas e peguei o livro. – Vou lê-lo. Nunca consegui sequer tentar. – estava novinho em folha aquele livro. Sem dar muita atenção, peguei as cartinhas junto, querendo sair dali. – Pronto. Vou colocar no carro.

Mamãe concordou, me abraçou mais uma vez e me deixou ir, sem dizer mais nada. Talvez ela tivesse medo que eu quisesse voltar com Paola e não queria me repreender ou dizer algo que me encorajasse, sem querer.

Voltar não era uma opção.

[...]

- Você viu a Paola? Mamãe comentou comigo, mas... – começou Daniel assim que entramos juntos no shopping.

A gente só precisa ir ao banheiro por uns segundos lá em casa pras coisas se espalharem.

Se bem que provavelmente ela falou pro Dan quando eu estava “guardando as cartinhas” no carro, onde passei mais de meia hora tentando me recompor e tentando parar de sofrer. Não é drama não.

- Vi, Daniel. E estou ótima. Agora vamos logo comprar… o que, mesmo?

- Um presente pra Flavinha. – assenti. – É aniversário dela.

- O que você quer dar a ela?

- Não sei, parece que já dei tudo. Talvez uma pulseira ou brincos, essas coisas que mulher gosta. – assenti, entrando com ele numa loja de bijuterias.

- Procure uma do seu gosto e aí eu avalio.

- Ok.

- Verônica? É você? – uma voz familiar soa do outro lado da loja.

- Mariana! – ela vem e me abraça forte. – Quanto tempo. – eu adorava essa menina. Ela era tão engraçada, louca, e tão legal que nenhum lugar era entediante perto dela.

Mais uma vez, mais uma conexão com Paola. Mariana é sua melhor amiga.

- Muito, não falo contigo desde... – que a sua melhor amiga terminou comigo? – A escola. E aí, como tá? – mais uma que eu perdi a conexão quando “perdi” Paola.

- Tô ótima, e você?

- Tô bem, e com a Laila ainda. – ela sorriu, mostrando a aliança.

- Que lindas, felicidades a vocês.

- Obrigada. E esse rapaz aí com você? Tá cortando pros dois lados? – ri e puxei o Daniel pro meu lado.

- Olha bem pra ele. – esperei até ela notar que o Daniel é a minha cara.

- Não acredito, Daniel?

- Mariana! Caramba, faz tempo. – até o meu irmão a conhece. Pra você ver, como éramos, eu e a Paola. Forçamos amizade entre nossas famílias próximas, famílias distantes, nossos amigos e o meu irmão. Todo mundo se conhecia, já. 

- Ele era tão magrinho e fofo. – ela comentou depois que os dois se abraçaram. – Bom ver vocês.

- Preciso escolher aqui um presente pra minha namorada, mas foi bom te ver também, Mari. – Daniel disse, voltando a atenção pra onde estava.

- Namorando, uau.

- Sim, é um homem agora. De voz grossa, barba e tudo mais. – ela riu.

- Tá sabendo da Paola? – ajeitei o cabelo, desconfortável.

- Bem… eu a encontrei ontem. Pela primeira vez desde que terminamos.

- Não sabia que tinham se visto. Paola não me disse nada. – dei de ombros, como quem diz “vai saber, né”. – Ela tá com a Isabella.

- Mesmo? – fingi que não sabia, afinal, Bianca me fez ver o par energético combinação perfeita que é a Paola e a Isabella. – Se o ensino médio durasse mais uns anos, esse seria um casal que veríamos nos corredores da escola.

- Discordo. Paola não ia aguentar... – ela olhou pra mim e cortou a própria fala. EU QUERO SABER O QUE ELA NÃO IA AGUENTAR – Bom… eu apenas acho que não ia rolar na escola. – ela olhou pro relógio. – Tenho que ir. Adorei te ver, Vero. – me abraçou e saiu da loja.

- Não é muita coincidência isso de você encontrar a melhor amiga da Paola logo depois de encontrá-la?

- Acho que é mais um sinal de que eu devo seguir em frente e voltar a ser uma amiga da Paola. – ele assentiu, murmurando algo como “que estranho”. – E é mais um sinal que eu vou ignorar.

- Acho bom que faça isso, também.


Notas Finais


até mais, pessoal
amor e paz!


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