História Not About Angels - About the Accident

Eu tinha uma vida normal em Seul, havia terminado o ensino médio há pouco tempo e estava tentando decidir entre uma faculdade renomada ou correr atrás do meu sonho, cantar. Estava me sentindo muito pressionado, pois meu pai era um grande e célebre médico na Coréia do Sul, eu o deixaria orgulhoso, caso optasse por seguir a mesma profissão. Entretanto, cantar sempre foi o meu desejo desde criança, algo que ele não apoiava tanto, ao contrário de minha mãe, que sempre me falava para nunca desistir dos meus sonhos. O que eu não sabia, era que uma simples manhã de sábado poderia mudar minha vida por completo.

Eu estava dormindo em minha cama, quando fui acordado pelo som de passos de alguém que subia rapidamente as escadas. O barulho se aproximava e, logo, a porta do meu quarto é aberta com força, batendo na parede.

— Jungkook!!! — gritou minha irmã mais nova, de sete anos, Jeon Hana. — Acorda, acorda, acorda!

Ela subiu na cama e passou a pular sobre mim.

— Hana, já disse para não fazer isso! — Eu a parei — O que você quer?

— Nós vamos para a casa do vovô e da vovó hoje, levanta! Nós vamos sair logo, logo.

— Tudo bem, diga aos nossos pais que já vou descer...

— Está bem, mas ande rápido, Jungkook oppa!

Hana saiu, deixando a porta do quarto aberta, o que me deixou um tanto irritado, então levantei, corri até lá e gritei:

— Hana!!! Feche a porta da próxima vez que sair do quarto! — Bati a porta com força, ocasionando um leve estrondo que, claramente, refletia minha irritabilidade.

Amanhã é o aniversário de oito anos da Hana, então acho que iremos passar alguns dias na casa dos nossos avós. Dirigi-me ao armário, puxei de lá uma pequena mala, onde joguei algumas peças de roupas, o carregador do celular e outras bugigangas.

Após tomar um breve banho e secar meus cabelos, vesti a primeira roupa que encontrei e desci para a sala, onde a família aguarda inquieta.

— Jeon Jungkook, já estamos atrasados, você vai ter que comer no carro. — Disse meu pai entregando em minhas mãos um saco de pães e uma caixinha de suco.

— Então tá... — respondo.

— Bom dia, querido — minha mãe falou, dando-me um beijo na testa logo em seguida. — Dormiu bem?

— Claro, mamãe. — sorri.

— Então, vamos para o carro! — sugeriu meu pai — Não estão esquecendo de nada, não é?

— Não! — respondemos em conjunto.

Minha irmã partiu na frente, correndo como se não houvesse amanhã, e eu fui em seguida, andando tranquilamente enquanto criava uma playlist no celular, a julgar que seria uma viagem um tanto longa, eu teria que me manter entretido de alguma maneira.

Já dentro do carro, meus pais iam na frente, enquanto Hana e eu íamos no banco de passageiros, cada um em lados opostos, diante das janelas. Iniciei a playlist que eu acabara de criar e passei a observar a paisagem através do vidro fumê. Na rua, eu via pessoas de diversas idades, em diversos pontos diferentes, brincando, conversando e sorrindo, mas logo deixávamos a zona urbana e seguíamos em uma única estrada longa e contínua em direção ao nada.

Com minha irmã adormecida, parecia o momento ideal para meus pais planejarem sua festa de aniversário, o que fizeram por uns minutos, até que me pai parou e olhou em minha direção.

— Jeon Jungkook, você já decidiu a faculdade que quer fazer? — perguntou meu pai.

— Como? — Olhei para ele e retirei os fones.

— A faculdade... você já decidiu o que quer cursar?

— Hm, ainda estou pensando... — olhei para a janela

— Você sabe que não tem muito tempo, não é?

— É, eu sei disso, pai!

— Jungkook, eu vou te apoiar em qualquer escolha que você faça, meu bem. — Minha mãe estende sua mão para mim, e eu a seguro calorosamente. — Sabe disso, não é?

— Eu sei, mamãe. — Sorri e beijei sua mão.

— Escute aqui, Jungkook, eu não sou muito de sentimentalismo, mas saiba que você vai me orgulhar muito, não importa o que você escolha para o seu futuro. Porque eu te amo, filho!

— Eu também te amo, papai!

Após proferir tais palavras, fomos surpreendidos por um grande carro vindo em nossa direção e, rapidamente, meu pai teve a reação de frear o carro em que estávamos.

De repente, parecia que tudo estava em câmera lenta, eu podia ouvir com clareza o som dos pneus em atrito com o solo. Meus pais gritaram, enquanto minha única reação foi estender o braço para segurar minha irmã. Logo, um estrondo se propaga, batemos de frente com o outro automóvel! Os vidros se estilhaçaram em mil pedaços, indo em todas as direções.

Eu não consegui enxergar mais nada, via apenas um imenso clarão, enquanto o grito dos meus pais ecoava lentamente na minha cabeça, perdendo levemente o tom. Ali parecia o meu fim, mas algo me protegeu, ou melhor, alguém! Senti uma força sobrenatural me envolver, como se calorosos braços me protegem-se de todo o perigo. De alguma forma, fui lançado para fora do carro, e por incrível que pareça, caí em um amontoado de folhas, o que amorteceu minha queda. Por alguns segundos recuperei minha visão, ainda um pouco turva, pude ver alguém se afastando de mim, era uma figura misteriosa, encapuzada, de vestes brancas. Esse ser misterioso parou em um certo ponto e virou, olhando em minha direção, não consegui ver o seu rosto, então eu apaguei. Depois disso, não lembro de absolutamente nada...

Tempos depois, acordei assustado em uma maca hospitalar, havia alguns aparelhos ligados a mim. Uma enfermeira que passava por ali, me viu e correu, provavelmente para chamar alguém. Segundos depois ela volta acompanhada de um médico que chegou e foi ligeiramente verificar os aparelhos.

— Então, finalmente você acordou, hein? — disse o médico

— Como assim “finalmente”? — perguntei.

— Hm, não sei como posso te dizer isso, rapaz, mas serei direto, você ficou em coma por quase duas semanas!

— Duas semanas?! — exclamei. — Onde estão meus pais?

— Bem, seus avós já foram comunicados que você acordou, eles irão entrar em alguns instantes para conversar melhor com você. — disse a enfermeira ao afastar-se de mim.

O médico a acompanhou e eles ficaram de costas para mim, mas ainda pude ouvir a enfermeira dizendo ao médico que eu estou bem, entretanto, terei que passar por alguns exames antes de receber alta.

Alguns minutos depois, ouço o barulho da porta abrindo, eram os meus avós. Eles correram em minha direção e me abraçaram forte.

— Ah, querido... — disse minha avó — estávamos tão preocupados com você!

— Você aguentou firme, meu filho! — meu avô disse segurando o meu ombro.

— Vovô, vovó... que bom ver vocês! — sorri — Mas cadê a mamãe e o papai, onde está a Hana?

— Jungkook, não sabemos como dar essa notícia para você... — bastaram essas palavras do meu avô, para a vovó começa a chorar, ocasionando também o meu choro.

— Não diga isso, vovô! — Ele me abraçou — Por favor, não!

— Sinto muito, querido... sinto muito! — ele disse.