Dois dias se passaram desde que conheci Park Jimin, então, eu não o vi mais. Estávamos numa manhã ensolarada e meu avô, como sempre, estava cuidando da estufa. A vovó havia saído para a casa de uma amiga. E eu brinco com a Haru no campinho de areia nos fundos da casa, pela primeira vez desde o acidente, eu estou me divertindo de verdade. Enquanto corro, sinto o vento batendo em meu rosto e meus cabelos esvoaçarem. Haru me persegue até pular em minhas costas, fazendo-me cair no chão.
— Como estão as coisas, Jungkook? — meu avô me surpreende — Parece que está se divertindo.
— Ah, vovô, você estava aí? — sorrio — Estou brincando com a Haru há algum tempo.
— Não, eu cheguei agora. — ele responde — Escute, eu vou ter que sair. Você quer vir comigo, ou vai ficar aqui?
— Hm, pode ir, vovô. Acho que consigo me virar bem sozinho, até o senhor voltar — Levanto-me do chão.
— Então estou indo, Jungkook, se cuide, filho!
— Até mais, vovô! — Aceno enquanto meu avô vira as costas e sai.
Passei mais um tempo brincando com Haru, até que fiquei com fome e entrei para casa. Fui ao banheiro e tomei um banho rápido para tirar a areia do corpo. Ao terminar, vesti um roupão e segui para a cozinha.
Peguei uma frigideira no armário, coloquei-a no fogo e despejei óleo dentro. Coloquei duas fatias de bacon em seu interior e saí da cozinha para assistir alguma coisa na sala. Peguei meu celular e fiquei mexendo até me distrair.
Alguns minutos se passaram e eu comecei a sentir o cheiro de algo queimando. O bacon! Corri para a cozinha, e vi a panela em chamas. Minha primeira reação foi correr para a pia, enchi um recipiente com água e joguei no fogo. Como se fosse a boca do inferno, as chamas triplicaram de tamanho, chegando a encostar no teto. Eu me afastei para trás protegendo meu rosto e caí no chão. Rastejei-me, na tentativa de me erguer, até que levantei e saí correndo para pedir ajuda. Lembrei que meus avós não estão em casa, então vou até a portão, com a saída para a rua.
Park Jimin estava lá, na frente de sua casa, molhando o gramado. Rapidamente ele olha para mim e sorri. Eu aceno rápido, gritando para que ele venha até mim. Ele larga o que está fazendo e vem correndo.
— Olá, Jeon Jungkook! Algum problema? Você parece assustado. — ele fala.
— Eu coloquei fogo na minha cozinha. Você pode ligar para o Corpo de Bombeiros ou algo assim? — Park Jimin cai na gargalhada — Ei, estou falando sério!
— Me desculpe, você desesperado é muito engraçado. — Jimin fala ainda rindo.
— Vai me ajudar ou não? — resmungo.
— Me leve até sua cozinha, acho que posso resolver o problema.
Eu segurei na mão de Park Jimin e o arrastei correndo para a cozinha, onde as chamas já estavam mais calmas. Ele conseguiu apagar o fogo usando apenas sal e tampando a panela. Eu achei bem estranho, porque há segundos atrás, parecia que a casa inteira iria entrar em chamas, mas quando Jimin chegou, já não estava num nível alarmante.
— O fogo foi apagado, mas causou um estrago na cozinha, hein? — Jimin disse.
— Sim! Meus avós vão me matar.
Sentamos nas cadeiras e caímos na gargalhada.
— Obrigado, por ter me ajudado, Park Jimin! — falei — Não sei o que seria de mim sem você.
— Seria você! — ele olhou pra mim e riu.
— Você entendeu, idiota! — brinquei.
— Você estava... — ele apontou para a minha roupa — no banho?
Foi então que me dei de conta, eu ainda estava vestido no roupão. Fui tomado por vergonha e meu rosto ficou vermelho como pimenta.
— Eh... — gaguejei — Eu esqueci de vestir uma roupa descente.
— Bobo, não precisa ficar com vergonha.
— Eu vou vestir uma roupa, tá bem?
— É o melhor a se fazer. — Ele riu —. Acho que eu já vou indo.
No mesmo minuto em que Jimin levantou, meus avós surgiram na cozinha sem que nós percebêssemos.
— Jeon Jungkook, o que aconteceu nessa cozinha? — meu avô perguntou.
— Vovô, me desculpe, eu tive um pequeno problema com fogo. — respondi
— Quem é esse rapaz que está com você? — questionou minha avó.
— Esse é Park Jimin, o vizinho aqui da frente — falei — ele estava do lado de fora quando a panela entrou em chamas, e eu o chamei para me ajudar.
— Ah, obrigado, jovem. — meu avô cumprimentou Jimin com um aperto de mão — Até onde eu conheço meu neto, se ele fosse resolver isso sozinho, já teria derrubado a casa toda em chamas.
Minha avó riu e eu fiquei constrangido.
— Vovô... — resmunguei.
— Você não quer jantar aqui conosco esta noite? — sugeriu minha avó — Como forma de agradecimento.
— Ah, de jeito nenhum, não precisa agradecer. — respondeu Jimin. — Eu não quero incomodá-los.
— Ah, não se acanhe, garoto. — falou meu avô — Não vai ser nenhum incomodo. É sempre bom receber um novo amigo em casa.
— É, Park Jimin, jante conosco hoje à noite! — falei.
— Bem, se essa é a vontade todos. Então virei, sim, jantar com vocês esta noite! Fico muito agradecido pelo convite! — Jimin se curva para os meus avós, como agradecimento.
Park Jimin e eu saímos da cozinha, e eu fui deixá-lo na saída. Fomos falando sobre como o fogo começou e, ao chegar no portão, nos despedimos.
Meus avós estavam ao telefone, pedindo comida, enquanto isso, eu ia até a casa de Jimin para chama-lo. As luzes dos postes já estavam acesas e a rua estava vazia. Bati na porta e esperei por uns minutos, mas ninguém apareceu. Bati novamente, mas nada aconteceu. Percebi que a fechadura estava destrancada, então resolvi entrar.
A casa estava totalmente escura e parecia pouco mobiliada. Conforme minha visão se adaptava a escuridão, eu podia enxergar grandes tecidos brancos em cima dos poucos móveis que ali estavam. Fui em direção a escada, uma escadaria imensa, a qual eu não conseguia ver o fim. Gritei por Park Jimin, mas ele não respondeu, tentei ligar a luz, mas o interruptor parecia não estar funcionando. Coloquei o pé direito no primeiro degrau da escada e....
— O que você está fazendo aqui? — uma voz masculina vinda detrás me assustou, era Park Jimin.
— Jimin! — meu coração palpitou — Você me assustou.
Virei-me para olhar Park Jimin, mas eu não conseguia enxerga-lo com nitidez, somente um vulto preto no fim do corredor.
— Aqui não é seguro, Jeon Jungkook — ele se aproxima lentamente e sua silhueta começa a ganhar forma — Você pode acabar se machucando.
— Ah, me desculpe. — balbuciei — Eu chamei, mas você não respondeu, e a porta estava aberta, pensei que havia acontecido alguma coisa.
De repente, todas as luzes da casa acendem de uma só vez, eu fechei os olhos e pus o braço na frente do meu rosto por conta da luminosidade.
— Essa escada é velha. — disse Jimin — Você pode pisar em algum degrau com problema e acabar caindo. — ele solta um sorriso suave. — Não queria que isso acontecesse à você.
— Me perdoe, Park Jimin. — insisti.
— Não precisa se preocupar, Jungkook — ele se aproxima e coloca o braço sobre meu ombro. — Eu estava resolvendo o problema da eletricidade, nos fundos da casa, por isso estava escuro, e não pude te ouvir, por conta da distância.
— Ah, por um segundo pensei que não estava em casa.
— Eu estou sempre em casa.
— Você ainda não ajeitou os móveis? — perguntei
— Você ainda conseguiu ver a bagunça, mesmo no escuro, não é? — ele sorri. — Me mudei há pouco tempo, e estou com preguiça de arrumar a casa, o único cômodo arrumado é o meu quarto, e nem está tão organizado assim.
— Ah, Jimin! — exclamei — Vim te chamar para irmos jantar na minha casa. Meus avós já pediram a comida.
— Tudo bem, eu já estava indo.
Nós saímos da assustadora casa de Park Jimin e finalmente fomos para a minha casa jantar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.