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História Not Gonna Die - Season 1 - Forgive me


Escrita por: dixonloki

Notas do Autor


WALKEEEEEERS, I'M BAAAACK, as I promised!!!
Bom gente, esse capítulo ficou bem grande, eu sei, me desculpeeeem, mas é porque nele tem treta e reconciliação, e ainda tem uma música <3

Eu, particularmente, tenho um amorzinho por esse capítulo, eu amei escrever, já que demorei no maximo dois dias para escrevê-lo por completo!! E eu queria MUITO pedir que ouvissem a música do capítulo enquanto leem!! O link vai estar nas notas finais, mas a música é Can You Hold Me - NF
Vale muuuuito a pena ler ouvindo, pq eu escrevi ouvindo e me inspirou muuuuito!!!

Bom, galerinha, sem mais delongas, BOA LEITURA, enjoy🖤

Capítulo 22 - Forgive me


Fanfic / Fanfiction Not Gonna Die - Season 1 - Forgive me

Narradora On 

   Reyna foi a primeira a acordar no dia seguinte, ainda com a cabeça apoiada no peito de Rick. Ela se permitiu sorrir, lembrando-se da noite anterior. A única vez que conseguiu apagar completamente seu passado de sua mente e se concentrar apenas no homem que amava. Ela ouviu as últimas palavras de Rick antes de dormir, e mesmo que ele não pudesse ver, ela sorriu minimamente, para dormir tranquilamente em seguida. 

   A mulher se levantou com todo cuidado do mundo para não acordar o líder ao seu lado. Quando o fez, colocou sua roupa rapidamente, para em seguida virar-se para o homem e se deparar com os olhos azuis que a deixavam atônita. Rick sorriu, analizando Reyna por inteiro, como se fosse devorá-la a qualquer hora. 

   — Guarde essa fome para o café da manhã, Big Grimes. — disse ela, em tom divertido, para em seguida caminhar até a porta. 

   Ela viu o homem se mexer pelo canto dos olhos antes de perder total visão do interior do quarto. Ela desceu as escadas, e se sentiu aliviada quando viu que todos ainda dormiam. Talvez nem perceberam quando saíram na noite anterior, e tirou um peso de suas costas com a esperança de que seu irmão não tenha visto. 

   Ela ouviu um leve choro vindo dos berços de Julian e Judith e caminhou até lá. Ela pegou a garotinha no colo, tentando acalmá-la. Jules ainda dormia profundamente. Reyna levou Judith até a cozinha e pegou uma das mamadeiras posicionadas em cima da mesa. Ela colocou água e o leite em pó em seguida. Judy parou de chorar apenas por ver o bico da mamadeira se aproximando de sua boca. 

   — Bom dia. — Ela ouviu a voz grossa de Rick dizer. 

   Reyna se virou até encontrar o homem sorrindo sacana em sua direção. Ela ergueu uma das sobrancelhas, mas fez um aceno com a cabeça como resposta. Rick observou enquanto sua filha tomava o líquido da mamadeira rapidamente. Ele achou que acordar pela manhã e ver a figura de Reyna, e depois vê-la cuidando de sua pequena, era a melhor imagem que poderia desejar. 

   — Hey, pombinhos. — Michonne entrou na cozinha. Parecia entretida. Reyna franziu as sobrancelhas.

   — Você não disse isso. — disse ela, revirando os olhos após um aceno afirmativo por parte da samurai. 

   — Pensam que eu não vi? — Ela caminhou até a geladeira, e tirou uma maçã de dentro. 

   — Viu o que? — Daryl interrompeu a conversa, visivelmente irritado. — Eles subindo as escadas ontem? — Reyna fechou os olhos, apenas esperando a mais nova briga começar. — Se queriam ser discretos, não conseguiram. — Ele ergueu o tom de voz. 

   — Daryl, fale baixo. — disse Reyna, tentando manter a calma. Daryl sorriu sem ânimo. 

   — Não quer que ninguém saiba, huh? — Ele ainda gritava. — Se não queriam que ninguém soubesse, por que deixam tão claro o que fazem às escondidas? — Reyna ouviu o leve choro de Julian. 

   — Fale baixo, mas que merda. — Ela gritou dessa vez. 

   — E você me pede isso gritando? — Daryl debochou, mas não diminuiu o tom de voz. Judith reclamou no colo da mulher, e Rick a puxou para seus braços, enquanto Michonne se direcionava até o berço de Julian. — Você dormiu bem essa noite? Provavelmente sim, huh? Quer saber, isso é ótimo para você, assim não precisa ficar sonhando com aquele maldito dia como seu querido irmão. — disse ele sarcasticamente. A esse ponto todos da casa já haviam acordado. 

   — Você não tem o direito de dizer isso. Você sequer sentiu o que eu senti. — Ela gritou de volta, com os nervos à flor da pele. 

   — E você sentiu o que eu e Merle sentimos quando deu uma de covarde? — Ele apontou o indicador na direção da mulher. 

   — Você está mesmo usando esse argumento? — Reyna franziu o cenho. Daryl abriu a boca, mas a mulher o interrompeu antes que pudesse falar. — Quer saber, foda-se, já passamos por isso, não precisamos passar de novo. — Ela gritou antes de caminhar apressadamente até a porta da frente.

   — Você foge até de uma briga comigo, Reyna, como quer que eu não use essa porra de argumento? — Daryl foi atras dela, mas parou quando ela se virou. 

   — Vá para o inferno, filho da puta. — Reyna berrou antes de fechar a porta em um estrondo. 

   Daryl bufou e encarou a porta alguns segundos, antes de revirar os olhos e abrí-la com uma força absurda. Ele correu até sua irmã na rua, e puxou seu braço bruscamente. Reyna se virou e encarou os olhos do irmão, como se o estivesse desafiando. Ela mantinha a cabeça erguida, nem se importando com o aperto em seu braço. Ela já estava acostumada com seu pai fazendo isso. 

   — O que vai fazer? — perguntou ela, em tom desafiador. — Vai me bater? Como nosso pai fazia? — Ela mencionou o pai com desgosto na voz. Daryl encarou profundamente seus olhos, mas soltou o aperto que fazia no braço de sua irmã. 

   — Não me compare ao homem que expunha você, nunca. — disse ele. — Posso ser uma merda como pessoa, mas não sou pior que nosso pai ou até mesmo pior que você. 

   Ele deu as costas para Reyna, e a deixou parada ali no meio da rua, com alguns pares de olhos dos moradores sobre si. Reyna reconhecia que o que o irmão acabara de dizer era a verdade que ela não queria que existisse. Ela se sentia do mesmo jeito, e ouvir de seu próprio irmão foi quase como um soco para a realidade. Ela não tinha vontade de chorar, porque ela sabia que ele estava certo. 

   Reyna observou seu irmão entrar na casa, e sair logo em seguida com a besta em mãos. Ela seguiu o mesmo rumo e buscou seu arco e aljava no interior do imóvel. Daryl estava apoiado na cerca da varanda da casa, em silêncio. Reyna se sentou no banco, do outro lado, completamente afastada, exatamente como faziam toda vez que brigavam. Daryl mexia na besta, e Reyna conferia cada uma das flechas cautelosamente. 

   Ficaram ali por horas. Viram todos saírem, entrarem e saírem novamente da casa. Ninguém se arriscava a dar nenhum pio para os dois irmãos, porque viam a carranca de ambos. A primeira que disse alguma coisa foi Carol, tentando amenizar a tensão entre os Dixons. 

   — Nada como um dia ensolarado para ajudar as pessoas. — disse ela, com um sorriso no rosto. Os dois apenas a olharam, entediados, antes de voltarem sua atenção ao que faziam. — Vocês já tomaram banho? — perguntou ela. 

   — Pergunte a ela. — Daryl apontou a irmã com a cabeça, sem desviar o olhar da besta. Carol revirou os olhos. 

   — Tomem um banho vocês dois, vou lavar esses coletes. — disse ela, descendo as escadas da varanda. — Vou ligar uma mangueira em vocês enquanto estiverem dormindo. 

   — Que porra é essa que está usando? — Reyna perguntou, olhando a roupa de Carol por inteiro enquanto a mulher se afastava e não respondia absolutamente nada além de um sorriso. 

   O silêncio permaneceu entre os dois. Reyna queria dizer algo, mas sabia que se tentasse pioraria as coisas cada vez mais. Daryl, por outro lado, não queria conversar. Ele sabia que desferiu palavras muito duras para sua irmã, mas apenas a presença dela ao seu lado, depois de tudo, o fez ficar mais relaxado. Reyna olhou para os portões, e viu uma pequena movimentação entre Glenn, Tara, Noah e dois moradores de Alexandria, Aiden e Nicholas, pensou. 

   Ela se levantou rapidamente e repousou a aljava com as flechas e o arco no tronco e correu até os portões. Daryl a observou, confuso, mas logo foi atrás, quando percebeu a mesma coisa. Reyna chegou a tempo de ver Aiden tentar desferir um soco no rosto de Glenn, mas o coreano foi mais rápido e logo colocou Aiden no chão. Nicholas avançou, mas a mulher pulou em cima do homem, derrubando-o no chão. 

   — O que diabos está acontecendo aqui? — Reyna ouviu a voz de Deanna ao fundo, mas continuou em cima de Nicholas. Ela o socou uma vez, antes de sentir seu corpo ser erguido e afastado do homem. 

   — Já chega. — Rick puxava Glenn de cima de Aiden, então se deu conta de que quem a segurava era seu irmão. 

   Reyna tentou se soltar, mas Daryl apertou sua cintura com mais força, não deixando-a escapar. Ela encarava Nicholas quase mortalmente, apenas por ter tentado algo com um membro de sua família. O homem a olhava assustado enquanto se afastava, e Reyna continuou encarando-o e tentando se soltar para voltar a socar a cara do maldito. 

   — Eu disse já chega. — Rick se posicionou em frente à mulher e encarou seus olhos. 

   Daryl afrouxou o aperto lentamente quando viu que sua irmã estava se acalmando apenas por encarar os olhos do líder. Ele se culpava por ter feito aquela cena toda logo de manhã, mas quando viu os dois subindo as escadas na noite anterior, e não voltando até o dia seguinte, foi mais do que ele podia aguentar. Reyna era a sua irmãzinha, e ele nunca a imaginaria com um cara, não depois de tudo o que passaram com seu pai. 

   Logo, Reyna já estava quase totalmente calma, mas não precisava mais do aperto do irmão para segurá-la, apesar de que isso fora o mais próximo de um abraço desde que se reencontraram. Daryl não queria soltá-la, assim como Reyna não queria que ele a soltasse. Mas logo o "Orgulho Dixon" se fez presente, e os dois se afastaram bruscamente. A mulher caminhou até os portões — provavelmente iria caçar. — enquanto Daryl caminhou de volta até a casa. 

                                       (...)

   Mais um dia se passara com o grupo em Alexandria. Rick e Michonne ganharam os postos de policiais da cidade. Todos já tinham suas funções, menos os Dixons, e ficar caminhando de um lado ao outro dentro da comunidade, sem nada para fazer, como se estivessem presos, estava enlouquecendo Daryl, e principalmente Reyna. Ela sempre tinha uma desculpa para sair, assim como seu irmão. 

   Eles ainda não se falaram completamente. Apenas trocavam algumas palavras sobre Julian, mais nada. Já estavam acostumados com o silêncio após uma briga, mas o resto do grupo não. Cassie tentava, com a ajuda de Jayden, iniciar uma conversa onde ambos participassem e conversassem como irmãos comuns, mas como era de se esperar, nunca dava certo. 

   — Deanna vai dar uma festa de boas vindas hoje, você deveria ir. — disse Cassie para Daryl enquanto Jayden conversava com Reyna. Ambos negaram. 

   Daryl e Reyna foram em direção aos portões. Daryl não a viu saindo atrás dele, e por isso continuou com sua caçada. Reyna se escondia em cada árvore, apenas olhando o irmão, como sempre fazia quando era pequena. Ela apenas parou de se esconder quando ouviu passos. Ela puxou uma das flechas e se posicionou ao lado do irmão.

   — Saia, quem quer que seja. — disse ela. Eles sabiam que não eram um morto, os passos não estavam arrastados. Aaron saiu dos arbustos. 

   — Vocês sabem diferenciar um vivo de um morto apenas pelos passos? — perguntou ele, mas recebeu o silêncio como resposta. 

   — O que faz aqui? — Daryl perguntou à Reyna.

   — A mesma coisa que você. — disse ela, rudemente. Daryl se virou. Reyna o seguiu. 

   — Será que posso ir com vocês? — Aaron perguntou. — Estamos procurando a mesma coisa. — Ele sorriu. Os Dixons hesitaram.

   — Siga-me, e faça tudo o que eu disser. — disse Daryl, posicionando a besta em sua frente enquanto andava. Reyna os seguiu, mas o irmão a parou. — Você vai voltar para Alexandria. — A mulher o olhou entediada.

   — Você quer mesmo começar uma nova briga? Agora? — perguntou ela, impaciente. Daryl ficou em silêncio, apenas encarando a irmã. — Foi o que eu pensei. — concluiu, tomando à frente do trio, com o arco e uma flecha em mãos. 

   — Sabem, Deanna vai dar uma festa de boas-vindas para o seu grupo hoje. — disse Aaron, tentando descontrair o clima pesado que o humor de Reyna estava causando. 

   — Nós não vamos. — disse ela, em um grunhido irritado. 

   — Vocês deviam tentar. — O homem voltou a falar. A Dixon abriu a boca para dizer algo, mas pensou melhor e ficou calada, porque sabia que se começasse a falar, não pararia, e poderia dizer coisas que não queria. 

   — Vamos pensar. — Daryl encerrou o assunto, falando pelos dois.

   Reyna caminhava silenciosamente, como sempre fazia quando caçava. Daryl e Aaron eram mais barulhentos, e isso estava começando a deixar a mulher um pouco irritada. Ela pediu duas vezes para que fizessem menos barulho, mas os passos de ambos continuavam altos. Quando ela foi pedir pela terceira vez, Aaron a ultrapassou e parou em frente à uma clareira. 

   — Olhem. — disse ele, apontando para um grande cavalo preto. — Estava procurando por ele. Se chama Buttons. — Os Dixons o olharam. — Ele passou um dia em frente aos portões e as crianças deram um nome. — explicou. Reyna pegou uma corda de Aaron e fez um nó, entregando-a para Daryl em seguida. 

   — Vocês andavam à cavalo antes? — Aaron perguntou. 

   — Preferimos mais as duas rodas. — Daryl respondeu pelos dois, visando que Reyna não queria conversar no momento. 

   O Dixon se aproximou lentamente do animal. Reyna observava os arredores, com o arco em mãos caso precisasse defender seu irmão de algo. Ao fundo, ela avistou alguns corpos se aproximando lentamente. Estavam longe, mas ela ficou atenta, e quando viu outro solitário quase em cima de seu irmão, atirou a flecha. O Walker caiu, Daryl puxou a faca e o cavalo fugiu justamente para onde o pequeno grupo de mortos estava. 

   Reyna correu até o irmão e fincou a faca na cabeça de outro morto. Aaron foi atrás e logo os três abateram o pequeno grupo mais próximo. Eles voltaram a atenção a Buttons, e o pobrezinho já havia sido abatido por Walkers. Reyna soltou um suspiro, um pouco enraivecida. 

   — Por que sempre estragam tudo? — Ela resmungou, como se os Walkers pudessem ouvir, já atirando outra flecha na cabeça de um dos que agora se aproveitavam da carne do cavalo. 

   Sozinha, ela abateu todos com a faca. Estava inexplicavelmente nervosa, e queria descontar toda sua raiva em algo, e no momento, a única coisa em seu alcance eram os mortos. Ela fincava três ou quatro vezes a faca na cabeça de cada um, mesmo sabendo que apenas uma já teria adiantado. Daryl assistiu a cena preocupado. Fazia tempo que não via sua irmã daquele jeito. Era quase como a adolescente que explodia por tudo anos atrás. 

   — Rey. — O Dixon tentou.

   — Devíamos voltar. — disse ela, sem olhar para nenhum dos dois. Quando estava mais afastada, Aaron se aproximou de Daryl, mas o arqueiro o interrompeu antes que falasse.

   — Não, ela não está bem. — disse ele, desviando o olhar para o chão. — E a culpa é minha. — completou, para em seguida seguir sua irmã de volta para Alexandria. 

                                       (...)

   — Rey, você está bem? — Michonne perguntou pela terceira vez antes de saírem para a festa na casa de Deanna, e mais uma vez, Reyna apenas assentiu com a cabeça, acomodando Julian nos braços. 

   A verdade era que Reyna não estava nada bem. Ela não parava de pensar no que seu irmão dissera a ela. A mulher não estava triste, mas ela tinha a sensação de que sempre soube que era uma pessoa horrível, mas foi apenas quando teve que ouvir de seu próprio irmão, que esse conhecimento se firmou em sua mente, e sentia raiva de si mesma por nunca ter percebido o quão estragada podia ser. Ela mal conhecia a si própria. 

   — Vamos? — Michonne apertou seu ombro levemente, sorrindo para a amiga. 

   Reyna não sorriu de volta, mas balançou a cabeça suavemente. No fim ela aceitara ir para a festa, depois de muita insistência de Rick. Ela queria realmente ocupar a cabeça com algo, e não ir até uma festa para ter olhares desconfiados de todos os moradores sobre si. Ela e Daryl eram os mais observados e evitados daquela comunidade, e eram considerados por alguns como "selvagens". 

   Outro detalhe que os deixava mais afastados era o costume de conviver com outras pessoas, de ser gentil ou amigável com outra pessoa, coisas que eles nunca aprenderam e nunca tiveram a chance de ver com os próprios olhos. Tudo o que sabiam no passado era: quanto mais quietos, menos problemas, quanto mais rudes, menos pessoas em volta perguntando o que acontecia para terem tantos hematomas espalhados pelo corpo, e quanto mais guardassem os sentimentos para si, mais fortes seriam para viver com os pesadelos que os assombravam todos os dias. 

   Reyna caminhou ao lado de Michonne e Rick até a casa de Deanna. Julian estava animado em seu colo. Brincava com Judith nos braços de Rick todo momento, mas nem isso conseguia arrancar um mísero sorriso do rosto da Dixon. Ela se sentia sozinha, apesar de estar rodeada por sua família, se sentia solitária por não ter seu irmão por perto, convivendo bem com ela, apenas com algumas brigas sem noção que todo irmão tinha. A verdade era que se Reyna não o tinha por perto, então não teria nada. Daryl era tudo o que restara da pequena parte feliz de seu passado. 

   — Não precisa ir se não quiser. — Michonne tentou confortá-la novamente. Reyna cogitou a ideia, mas então olhou para Rick encarando-a sugestivamente. Seus olhos azuis transmitiam confiança, e apenas por ele, ela fez um esforço para continuar o caminho até a festa. 

   — Sejam bem-vindos. — disse Deanna, sorridente, para o grupo. 

   Um a um foi entrando. Reyna foi por último, pensando várias e várias vezes que poderia virar as costas e voltar até a casa, mas não o fez, apenas por conta de Rick. Não que ele fosse ficar chateado com ela se fosse, mas sim porque ele estava tentando de tudo para fazê-la ficar melhor. Reyna devia isso a ele, além do fato de finalmente ter confessado a ele e a ela mesma que o amava. 

   — Venha aqui. — Rick sussurrou a ela. Reyna caminhou até ele, e sentiu o braço do homem em seus ombros. Ela aconchegou seu corpo no dele, e ficou parada ali por alguns segundos. — Eu serei seu apoio. — disse a mesma frase que Reyna havia dito dias antes de encontrarem Aaron. 

   Ela olhou nos olhos do homem, procurando pelo conforto que sempre sentia quando encarava as orbes azuis de Rick. Ele a puxou para mais perto e depositou um leve beijo em sua testa. Reyna se sentiu mais leve apenas com esse gesto, mas mesmo assim ainda percebia um leve incômodo em seu coração por não ter seu irmão por perto. 

   A festa continuou, e como já não era surpresa, Reyna se fechou mais que o normal quando viu a quantidade de pessoas em sua volta. Julian não saía de seus braços, assim como ela não deixava que ninguém se aproximasse do pequeno, exatamente como fazia quando o achara junto com Daryl. 

   — Curtindo a festa? — Noah perguntou. Reyna estava afastada de todos, olhando as pessoas ao redor. Ela olhou para o garoto. — Sei como se sente. — completou, ironicamente. 

   Reyna não respondeu, apenas continuou observando a todos, até parar seus olhos em Rick, conversando animadamente com Jessie. Naquele momento, quando viu nos olhos do líder a admiração pela beleza da mulher delicada em sua frente, ela sentiu que aquele universo em que estava, com pessoas rindo, curtindo a vida com quem amavam ao lado umas das outras, não era feito para ela. A mulher se virou para Noah. 

   — Pode segurá-lo? — perguntou ela, estendendo Julian para o garoto. 

   — Claro. — Ele respondeu, ajeitando o pequeno nos braços. Reyna se virou rapidamente na direção da porta da frente. — Aonde vai? — perguntou. Reyna se virou uma última vez.

   — Isso não é para mim. — disse simplesmente antes de sair, sem que ninguém percebesse, pela porta. 

   Quando estava do lado de fora, olhou por uma das janelas o interior da casa, e viu Rick ainda entretido com uma conversa com Jessie. A mesma admiração no olhar. Ela não o culpava. Jessie era realmente uma mulher que chamava a atenção e despertava em qualquer um o instinto protetor, por conta de sua delicadeza nos movimentos e na forma de ser e agir. 

   Reyna desviou o olhar, e olhou para a rua escura por conta da noite, iluminada apenas pela luz opaca da lua. Lá ela viu Daryl, olhando para a casa, sentindo a mesma coisa que ela. Aquele universo não foi feito para eles. De que adiantaria ao menos tentar, se iriam continuar com a essência que seu passado lhes deixou? 

   Daryl desviou seu olhar para sua irmã, e acompanhou seus passos enquanto se aproximava. Ele não disse nada, apenas começou a andar lado a lado com ela de volta para casa. Era bom ter sua irmã ao seu lado, nem que fosse apenas em silêncio. Ele queria dizer alguma coisa, e quando finalmente se sentiu pronto, a porta de uma das casas se abriu, revelando Aaron, sorrindo na direção dos dois. 

   — Achei que estaria na tal festa. — disse Daryl. 

   — Tenho a desculpa do tornozelo de Eric para não ir, graças a Deus. — disse ele, e novamente sorriu para os dois. — Por que não vêm jantar conosco? O espaguete está ótimo. 

   Reyna olhou para o irmão, como se perguntasse o próximo passo à ser seguido. O Dixon lançou um aceno com a cabeça a ela, e caminhou até o interior da casa de Aaron, com a mais nova em seu encalço. O homem os direcionou até a sala de jantar, onde Eric já se encontrava na mesa. Ele sorriu quando viu os convidados, e indicou as cadeiras em frente à dele. Os irmãos se sentaram hesitantes, e esperaram que Aaron servisse uma boa quantidade de espaguete para cada um. 

   Os Dixons atacaram a comida com seu jeito costumeiro de agir. Os anfitriões os olharam assustados no começo, mas logo perceberam que os dois em sua frente não se importavam com nenhum tipo de impressão de outras pessoas, e os admiraram por isso. Aaron tinha cada vez mais certeza de que havia escolhido as pessoas certas para ajudá-lo. 

   — Então, o que acharam do espaguete? — Eric perguntou, com um sorriso no rosto, quando viu que os irmãos já haviam acabado de comer. Ambos responderam com um grunhido e um aceno de cabeça. — Sabem, vocês podiam tentar achar mais alguns ingredientes quando saírem, gosto de cozinhar nas horas vagas... — Ele começou, mas Aaron o interrompeu com um leve gesto. — Você ainda não contou a eles, huh? — perguntou. Aaron negou. 

   — Contou o que? — Daryl perguntou. 

   — Poderiam vir comigo, por favor? — Aaron se levantou. 

   Ele guiou os Dixons até a garagem, e lá encontraram várias peças soltas do que já fora algumas motocicletas. Reyna foi a primeira a se aproximar de algumas peças, e se lembrou da época em que Daryl conseguiu comprar a primeira moto. Ele a ensinou tudo o que sabia, e Reyna sempre a usava quando podia, ou até ficava na garupa quando seu irmão a deixava acompanhá-lo, até que ela conseguisse ter a própria motocicleta. 

   — Achei todas elas pelo caminho quando saía para procurar pessoas. — Aaron começou. — Nunca soube como concertar uma moto de verdade, então sempre pegava todas as peças possíveis. 

   Daryl caminhou até o outro lado da garagem, e viu as figuras de duas motocicletas cobertas com um pano escuro. Ele levantou o tecido pelo menos para conseguir ver um dos veículos por baixo, e uma pequena lembrança de quando ensinara Reyna a concertar uma moto se fez presente em sua mente. Ele olhou para a irmã, e viu em seus olhos a admiração por todas as peças. 

   — Sabem por que Deanna ainda não deu uma função para os dois? — A voz de Aaron o fez desviar a atenção. 

   — Não. — Ele respondeu. 

   — Porque eu tinha a função perfeita para ambos. — O homem encarou os olhos dos irmãos. — Queria que vocês fossem os novos recrutadores de Alexandria. — Aaron continuou. — Não posso mais deixar Eric se arriscar. 

   — E pode deixar que nos arrisquemos? — Reyna perguntou, olhando fixamente para a figura de Aaron. 

   — Sim. — respondeu ele simplesmente. — Sim, porque vocês sabem o que fazem. — Reyna olhou rapidamente para o irmão antes de prender sua atenção em Aaron novamente. — Daryl sabe muito bem diferenciar as pessoas boas das ruins, e Reyna é brilhante quando se trata de cautela e silêncio. — Ele sorriu. — Além de que posso perceber o quão desconfortáveis ficam aqui dentro. O lugar de vocês é fora desses portões; livres para fazer o que bem entendem, ao mesmo tempo que estariam cuidando para que nenhuma pessoa ruim ameaçasse Alexandria. — Os irmãos tinham total atenção no homem. — Ninguém melhor do que vocês dois para que isso possa ser feito. 

                                       (...)

   Reyna e Daryl estavam finalmente voltando para casa, após aceitarem o pedido de Aaron. Eles caminhavam em silêncio. Reyna estava mais à frente, com o olhar preso ao chão, os passos leves mas ao mesmo tempo tencionados. Ela queria mais que tudo conversar com seu irmão, mas achou que ainda não era a hora certa. Já Daryl a encarava, e percebeu que precisava conversar com ela. Eles precisavam, finalmente, conversar sobre aquele dia. 

   — Rey. — Ele chamou, e viu a irmã parar, quase em frente à casa onde o grupo estava instalado. Ela apenas virou a cabeça, mostrando que estava ouvindo. — Problemas de caça. — A frase fez com que a Dixon soltasse um suspiro. 

   — Se for pedir desculpas, não é necessário. — disse ela, ainda de costas. — Você estava certo. Sou uma merda como pessoa, e pior ainda como uma irmã. — Ela se virou. — Eu não enxergava isso, mas enxergo agora.

   It feels like a tear in my heart 
   (Isso parece como um rasgo em meu coração)

   Like a part of me missing
   (Como uma parte de mim faltando

   And I just can't feel it 
   (Eu simplesmente não consigo sentir)

   I've tried 
   (Eu tenho tentado)

   — Sabe que não é sobre isso que quero falar. — disse Daryl. Reyna mordeu o lábio, sabendo que finalmente o momento havia chegado. Ela queria apenas correr para os braços do irmão e envolvê-lo em um abraço apertado, mas ainda não podia. 

   — Eu sei...

   When I'm in your arms
   (Quando estou em seus braços)

   I don't wanna be nowhere else
   (Eu não quero estar em nenhum outro lugar)

   Take me from the dark
   (Me leve da escuridão)

   I ain't gonna make it myself 
   (Eu não conseguirei fazer isso sozinho)

   — Sei que não senti o que você sentiu. — Daryl começou novamente. — Mas, sei que você poderia ter nos mostrado. Eu só quero saber o porquê de ter fugido. Sem gritos, sem stress dessa vez. — Reyna hesitou antes de falar. 

   — Eu senti medo. — Ela não tinha coragem para olhar nos olhos de seu irmão. — Estava delirando. Eu pensei apenas em mim naquela hora. Pensei que não conseguiria ver a dor em seus olhos, e fui covarde o bastante para não pensar no lado de vocês. — Daryl, por outro lado, estava com o olhar fixo na irmã. 

   — Você chegou a nos procurar quando... quando viu que viveria? — perguntou. Essa era a pergunta que mais martelava em sua cabeça. Era o que ele mais queria saber, e quando viu Reyna negando com a cabeça, sentiu seu coração se apertar. — Por que? — Reyna finalmente o olhou, mostrando as lágrimas presas em seus olhos, e por algum motivo, Daryl quis chorar. 

   Put your arms around me 
   (Coloque seus braços em volta de mim)

   Let your love surround me
   (Deixe seu amor me cercar)

   I am lost
   (Eu estou pedido) 

   If I ain't got you, I ain't got nothing at all
   (Se eu não tenho você, eu não tenho nada) 

   — Porque eu ainda sinto algo correr em minhas veias. — Ela respondeu, lutando para que nenhuma lágrima escapasse. — Não sou mais como antes. Existe algo dentro de mim. Não sei o que é, e tenho medo de que eu ainda possa descobrir. — Uma lágrima escorreu. Daryl queria fazê-la parar de falar, mas não conseguiu. Ele precisava saber. — Tenho medo, porque ao contrário de você ou Merle, eu sou uma pessoa covarde. — Daryl não conteve uma lágrima dessa vez. — Você estava com total razão. Sempre esteve. — Sua voz começava a ficar embargada pelo choro. — Sou uma pessoa horrível. Uma pessoa fodida de todas as maneiras possíveis. Sou pior que os Walkers do outro lado do muro, pior que a situação atual do mundo. — Ela não continha mais as lágrimas agora, assim como Daryl. — Droga, sou até mesmo pior que nosso maldito pai. 

   Can you hold me?
   (Você pode me envolver?)

   Can you hold me?
   (Você pode me envolver?)

   Can you hold me in your arms?
   (Você pode me envolver em seus braços?)

   A última simples frase de Reyna fez Daryl sentir uma raiva absurda de si mesmo por ter comparado sua irmã ao seu pai monstruoso. Em um impulso, ele deu passos largos na direção de sua irmã e a puxou pelos ombros, abraçando-a fortemente. As lágrimas rolavam em seus olhos sem controle, e quando sentiu Reyna envolver sua cintura, apertou mais sua irmã contra seu corpo, finalmente sentindo o peso do mundo se esvair de suas costas. Ele sentiu vontade de sorrir, apenas por estar envolvendo sua irmã, finalmente, depois de tanto tempo. 

   Ele transmitia todo o amor que sentia por ela naquele simples abraço. Reyna desistira de controlar as lágrimas há um bom tempo, e apenas se deixou levar pela sensação de total conforto com o abraço de seu irmão. Ela não sentia isso há tanto tempo, que quando ele a puxou, se assustou com o alívio que sentiu. Nem com Rick conseguiria sentir o mesmo, porque Daryl era a pessoa mais importante em sua vida. Se não tivesse seu irmão ao seu lado, não seria a verdadeira Reyna Dixon que sempre fora. 

   Feels like I don't even know me 
   (Parece que nem mesmo me conheço)

   Gotta have you, gotta see you
   (Preciso lhe ter, preciso lhe ver)

   You're the only thing that I ever think about
   (Você é a única coisa que sempre penso)
 
   The only one that I can't live without 
   (A única coisa que não consigo viver sem)

   Daryl se separou de sua irmã minimamente, apenas para conseguir enxergar seu rosto. Reyna fixou o olhar nos olhos de seu irmão. Ela ergueu as mãos e afastou o cabelo já grande de Daryl de seus olhos, e posicionou as mãos em seu rosto, sorrindo verdadeiramente por finalmente ter seu irmão por perto. As lágrimas eram presentes nos olhos de ambos, mas os sorrisos também. 

   — Nunca, eu disse nunca, se compare a um monstro como aquele. Entendeu? Nunca. — disse Daryl, recebendo um aceno positivo por parte de sua irmã. 

   — Me perdoe. — Reyna sussurrou, encarando os olhos de seu irmão. 

   — Droga, estamos parecendo dois maricas. — Daryl comentou, soltando uma risada em seguida. 

   Can you hold me?
   (Você pode me envolver?)

   Can you hold me? 
   (Você pode me envolver?)

   Can you hold me in your arms?
   (Você pode me envolver em seus braços?) 

   Reyna puxou seu irmão dessa vez, e apertou seu pescoço, sentindo-o envolver sua cintura. Eles haviam deixado o "Orgulho Dixon" de lado, e estavam finalmente deixando que um absorvesse a dor do outro. Eles se amavam. Eram o exemplo de irmãos que todos deveriam ter. Fariam de tudo um pelo outro, nem que esse "tudo" tivesse que ser se afastar. — Coisa que eles menos fariam a partir daquele momento. 

   Eles se separaram novamente, e dessa vez Daryl ergueu as mãos para o rosto da irmã. Ele analisou os fios soltos da franja, que ela sempre gostara de deixar quando prendia o cabelo em sua tão adorada trança. Ele passou delicadamente os dedos em cada mexa, para em seguida segurar o rosto da irmã mais nova e depositar um leve beijo em sua testa. Reyna fechou os olhos, apenas se deixando ser vulnerável, sob os cuidados do irmão mais velho. 

   — Eu amo você, minha irmã. — disse ele, fazendo-a sorrir novamente. 

   — Me perdoe. — Ela repetiu. Daryl apoiou a cabeça da irmã em seu peito, acariciando levemente seu rosto. — Eu amo você. 

   Can you hold me in your arms?
   (Você pode me envolver em seus braços?)


Notas Finais


Link da música: https://youtu.be/_q6GJ-MkFsg

FOOOOOIII ISSO WALKERS, ESPERO MUITÍSSIMO QUE TENHAM GOSTADOOO, e me desculpem por ter sido um cap muito gigante kkkkk, não consigo me conter!

GALERINHA, ESQUECI DE COLOCAR NO CAP PASSADO QUEM EU IMAGINO SENDO JAYDEN, IRMÃO DA CASSIE, ele é o Jake T. Austin, okay? Aquele mesmo da Disney e de The Fosters kkkkkk

BOM GALERA, AMEI OS COMENTÁRIOS DO CAP PASSADO, fiquei imensamente feliz!! Muuuuuito obrigada mesmo por todo o carinho!! Quero todo mundo me dizendo o que acharam nesse cap aqui também hein hahaha!

Acho que não tenho mais nada para falar, vou deixar com vocês nos comentários hahaha... BEIJOS DA BALEIA, ATÉ QUINTA QUE VEM (agora na tristeza já que as aulas vão voltar :'() 🖤🐳


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