História Not Safe - Nenhum lugar é seguro

De repente um barulho alto chama a nossa atenção...

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Pov – Caroll             

Olhamos assustadas uma para a outra, e começamos a procurar de onde exatamente vem o tal barulho que parece ter acontecido bem aqui onde estamos. Olho para baixo e os zumbis se juntam ainda mais em volta das vigas de madeira que seguram a plataforma, apenas esperando para abocanhar nossa carne. Olho viga por viga, uma de cada vez, porém uma chama a minha atenção, ela parece estar se partindo. Fico paralisada e sem reação no momento em que percebo que foi isso que causou o barulho. Talvez não seja por conta do peso de nós duas aqui em cima, mas sim pelo fato de mais e mais zumbis se aproximarem e se aglomerarem aqui, forçando as vigas por todas essas horas com esses corpos pútridos e agitados.

—Maggie, a plataforma vai cair – digo me movimentando devagar para olhar para ela.

—Por que está dizendo isso? – ela da alguns passos na minha direção.

—Não faça movimentos bruscos – digo pausadamente – uma das vigas está se partindo, podemos despencar daqui a qualquer momento.

—A quantidade de zumbis só aumentou ao passar das horas, e isso forçou as vigas cada vez mais – ela diz e eu posso notar que ela está desesperada assim como eu – temos que fazer alguma coisa antes que isso caia.

—Não podemos fazer nada, não tem como sairmos... – outro barulho acontece no mesmo lugar, porem mais alto.

—Caroll vem! – Maggie me chama.

—O que você vai fazer?

—Vamos subir nessa arvore antes que tudo isso desmorone, acho que ainda temos alguns minutos – ela diz segurando o galho da arvore ao seu lado, já pronta para subir na mesma.

—Eu vou logo depois de você – digo esperando ela subir na arvore.

Outro estalo acontece e dessa vez a plataforma parece começar a inclinar, me avisando que necessito sair daqui agora, ou então virarei comida de zumbi. Maggie consegue sair totalmente da plataforma, e agora parece estar segura. Seguro com força no galho assim como ela fez e passo uma perna para o outro lado da cerca que tem em volta da superfície dessa plataforma. Ajeito melhor minhas mãos e quando penso em passar minha outra perna para o outro lado, um novo estalo se faz, o ultimo por sinal, a viga se parte totalmente e então sinto que tudo começa a tombar. Rapidamente ergo minha perna e permaneço segurando o galho com toda a força que tenho. Olho para Maggie e ela está com a mão estendida para me ajudar. Não posso soltar minha mão para tentar segurar a dela, se eu fizer isso eu vou cair. Um grande estrondo se forma por conta de tudo se chocando contra o chão e caindo sobre alguns zumbis, sangue espirra em mim e os grunhidos dos zumbis que ainda permanecem aqui ficam ainda mais agitados. Sinto as varias mãos agarrando meus pés, tentando me puxar para baixo, balanço as pernas e consigo me livrar de algumas das mãos pelo menos por alguns segundos, mas logo tudo volta ao mesmo que antes. Sinto meus braços doerem, a força que estou aplicando neles para poder me manter pendurada aqui é muita. Procuro um lugar para poder apoiar meus pés, mas não tem. Não vou aguentar ficar aqui por muito mais tempo, meus braços já doem demais, e com os movimentos que tenho que fazer para erguer minhas pernas toda hora que os zumbis tentam segura-las fica pior ainda. Não dá, não consigo mais, dei o meu máximo para permanecer aqui pendurada, assim como Maggie deu o seu melhor para tentar me ajudar. O restinho de esperança que havia dentro de mim acaba de sumir e por fim eu tenho a total certeza de que nenhum lugar mais é seguro.

Quando penso em soltar minhas mãos e me entregar a isso, ouço o som de sinalizadores sendo disparados e as luzes feitas por eles aparecem no céu. Um sorriso se esboça em meus lábios e penso que ainda tenho chances, ainda podemos sair dessa, ainda existem pessoas vivas. Me concentro em encontrar mais forças para aguentar ficar aqui, apenas um pouco mais. Uma parte dos zumbis se distrai com isso, e então eles começam a seguir a luz que chama atenção deles. Estão indo na direção da parte em que o muro caiu, em baixo de mim restaram apenas uns dois deles, pois preferiram lutar pela minha carne do que fazer como os outros.

—Se conseguirmos tirar esses zumbis de baixo de mim, podemos correr até aquela casa – digo a Maggie e ela assente.

Sinto minhas mãos escorregarem e meu corpo caindo, o impacto dele contra o chão me causa uma dor imensa por todo ele. Tento me afastar desses dois zumbis que estão aqui perto de mim, mas os corpos deles caem no chão, revelando Enid e Glenn com suas facas em punho.

—Vem rápido – Glenn me levanta.

—Glenn! – Maggie diz descendo da arvore.

—Cuidado – ele segura na mão dela e a ajuda terminar de descer – meu deus você está bem – ele a abraça, ambos aliviados.

—Eu pensei que tinha te perdido – ela diz com os olhos marejados.

—Ei, você não me perdeu – ele limpa os olhos dela – eu estou aqui.

—Acho que não temos tempo pra isso agora gente – Enid diz.

—Vamos para aquela casa – aponto para a casa mais perto de nós enquanto retiro minha faca de dentro da minha bota.

Começamos a correr o mais rápido possível. Matamos alguns zumbis que estão pelo caminho, mas uma boa parte deles saiu da comunidade, seguindo a luz dos sinalizadores. Chegamos na varanda da casa, Maggie e Glenn estão verificando se está tudo certo lá dentro, enquanto eu e Enid ficamos aqui fora. O som dos sinalizadores ainda continua, e isso faz com que todos os zumbis, ou uma grande parte deles estejam indo para o lado contrario do nosso, nos ajudando a chegar até essa casa.

—CAROLL?! – ouço alguém gritar meu nome.

—Carl... – digo para mim mesma quando olho para ver quem é.

No mesmo instante eu começo a correr e em sua direção e ele faz o mesmo. O sorriso tomou conta de meus lábios e eu estou tão feliz em poder vê-lo novamente. Quero abraça-lo, preciso senti-lo perto de mim novamente. Noto que ele está com um tipo de pano por cima do corpo, e sobre esse pano tem muito sangue e muitas entranhas, mas não me importo com isso, apenas pulo em seu colo e passo minhas pernas em volta de seu corpo, fazendo ele dar alguns passos para trás, se equilibrando para não cair junto comigo. Finalmente sinto seus braços envolvendo meu corpo, dando inicio a um abraço apertado de saudades e alivio ao mesmo tempo. Minhas lagrimas rolam pelo meu rosto, e dessa vez posso dizer que não são lagrimas de tristeza, e sim de alegria, alegria por tê-lo de volta comigo. Uma parte daquele medo que eu sentia antes se foi.

—Fiquei com tanto medo – digo colocando os pés no chão e olhando nos olhos dele.

—Eu também fiquei com medo... Medo de te perder – ele afaga minha bochecha com o dedo.

—Não quero ficar longe de você novamente – digo e volto a abraça-lo.

—Você é tão importante pra mim – ele retribui o abraço.

—Minha mãe Carl... Você estava com ela? – me afasto de seus braços com o sorriso no rosto.

—Eu estava, mas... Ela não conseguiu – ele abaixa a cabeça.

Imediatamente meu sorriso desaparece e sinto minhas pernas fraquejarem, não estou conseguindo processar direito o que ele acabou de dizer. Fico paralisada e sem conseguir pronunciar nem se quer uma palavra. Eu estava feliz à alguns segundos atrás e agora estou simplesmente sem chão. Sinto o gosto salgado das minhas lagrimas que saem descontroladamente dos meus olhos e morrem em minha boca. Sinto meu coração bater descompassado e meu corpo começa a tremer de nervoso. Perco as forças em minhas pernas e caio ajoelhada no chão me afogando em minhas próprias lágrimas.

Novamente a dor toma conta de mim. Não quero mais acreditar que existe algum lugar seguro, porque realmente não existe. Minha mãe está morta agora, morta dentro da comunidade onde ela sempre acreditou que seria um lugar seguro.