Carl volta sua atenção para a nossa frente, ele tenta se desviar, porém já tarde demais. Ele perde totalmente o controle do carro. A ultima coisa que eu escuto é um estrondo, e a última coisa que sinto é meu corpo se debatendo em varias partes do veiculo, me causando uma dor forte. E então tudo se apaga.
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Pov – Caroll
Ouço grunhidos ao longe, está bem baixo, como se estivesse a quilômetros de distância. Tento abrir meus olhos, mas não consigo. É estranho, pois não sinto nada, não sinto dor, é como se eu estivesse fora de meu próprio corpo, ou então voltando para ele. Aos poucos meus sentidos vão voltando, posso sentir a dor chegando aos poucos, ela toma conta dele devagar e com calma. Estou finalmente voltando para meu corpo, estou conseguido acordar. Tento novamente abrir meus olhos, mas sinto minhas pálpebras pesadas, como se eu não pudesse abri-los, os forço mais um pouco e consigo abri-los devagar. Quando firmo minha vista ao que está na minha frente vejo o zumbi em que batemos, e no mesmo momento minha audição volta, me alertando que o zumbi não estava longe, era minha audição que não havia se recuperado totalmente.
Acho que não fiquei desmaiada por muito tempo, talvez apenas o tempo dessa coisa chegar até nós. Ele tenta desesperadamente entrar pela parte que se quebrou do vidro dianteiro, ele coloca sua cabeça para dentro do carro e fica batendo seus dentes repetidas vezes tentando me morder. Me levanto e noto Carl em baixo de mim. O carro está caído de lado, e bem do lado do motorista, deixando a janela que eu havia quebrado antes tampada pelo chão.
Olho para meu lado tentando encontrar minha faca, mas não sei onde ela foi parar no meio dessa bagunça toda. O morto-vivo vai se contorcendo na tentativa de entrar e conforme ele faz isso, a parte quebrada do vidro fica maior. Ele consegue colocar um de seus braços para dentro e fica pegando o ar, já que ainda não me alcança. O desespero dentro de mim só aumenta, e sei que isso pode me atrapalhar ainda mais. Olho para a parte de trás do carro e vejo minha faca caída entre vários cacos de vidro. Me movimento para conseguir pega-la, tentando passar para a parte de trás do carro, mas o zumbi agarra meu pé, segurando minha bota com uma de suas mãos, começo a chuta-lo, e ele me puxa, e com isso sou arrastada sobre os cacos de vidro. Ele consegue colocar minha bota na boca e começa a mordê-la, rapidamente retiro a mesma com a ajuda do meu outro pé e consigo me livrar dele. Volto para o banco de trás tentando pegar a faca e finalmente consigo pega-la. Me viro para o zumbi e acerto sua cabeça e o mesmo sessa os movimentos, largando meu sapato.
Suspiro aliviada e passo as mãos pelo rosto. Estou tremendo, meu coração está descompassado e minha respiração irregular. Minha cabeça lateja, passo a mão por ela e sinto um pouco de sangue molhar minha mão. Tenho que sair daqui, e o mais rápido possível. Olho novamente para Carl e ele ainda está desacordado, me aproximo mais dele e vejo que ele respira, sinto seu pulso, mas está fraco.
—Carl?! – o chamo virando seu rosto para mim – Carl, vamos lá acorda – dou leves batidas em seu rosto, mas não obtenho sucesso – nós temos que sair daqui, por favor.
Sinto meus olhos marejarem, mas me contenho. Tenho que ser forte para poder ajuda-lo. Não posso desabar e ficar perdendo tempo chorando. Respiro fundo mais uma vez e começo a pegar nossas coisas. Coloco minha bota novamente e guardo minha faca dentro da mesma. Passo para o banco de trás e vejo minha mochila jogada na estrada, pois o vidro traseiro se quebrou completamente. Saio do carro, pego minha mochila e coloco em minhas costas. Volto para dentro do veiculo e seguro Carl por trás, colocando meus braços em baixo dos dele, começo a puxa-lo. Ele é bem pesado e eu quase não tenho forças para tira-lo daqui, sei que conseguirei, se fosse ele no meu lugar faria o mesmo. Quando vou tentar puxa-lo novamente vejo sua calça toda ensanguentada, só agora pude ver que a flecha que ele guardou em seu bolso quebrou durante o acidente e está fincada em sua coxa, o fazendo perder muito sangue.
Rasgo um pedaço de minha blusa e levo o pedaço de pano até o ferimento de Carl. Amarro a faixa em sua perna, para poder estancar o sangramento e então volto na tentativa de tira-lo daqui. Retiro o máximo de força que tem em mim, e aos poucos vou conseguindo arrasta-lo para fora do carro, ainda com muita dificuldade. Quando já consegui tirar completamente seu corpo de dentro do carro, vejo o chapéu dele do outro lado da estrada. Deixo Carl no chão e vou pegar seu chapéu, até porque isso é muito importante para ele. O coloco na cabeça de Carl e então começo a arrasta-lo, tentando encontrar um lugar para ficarmos. A estrada parece estar calma, até porque Carl dirigiu por vários quilômetros para longe daquela horda, o que nos dá um pouco mais de tempo.
Os segundos vão se tornando minutos e eu continuo puxando Carl. Minhas pernas e braços já doem. E meu psicológico parece estar totalmente destruído. Não vou perder Carl, não posso perdê-lo. Ele se tornou uma das pessoas mais importantes da minha vida, não posso deixa-lo ir embora assim. Prometi a ele que seria forte, e é assim que vou me manter, forte. E só assim conseguirei ajuda-lo. Minhas pernas fraquejam e eu caio sentada no chão, com Carl deitado entre minhas pernas. Olho para nossa situação, e sem demora as teimosas lagrimas começam a descer pelo meu rosto. Abraço ele por trás e depois olho para o céu.
—Se você realmente existe, por favor, me ajuda – digo ainda olhando para cima – não deixe que ele se vá também. É a única coisa que eu te peço. Ele é importante para mim e só você sabe o quanto eu tenho medo de perdê-lo – minhas lagrimas rolam e rolam sem parar – não sei qual é a sua proposta para o mundo, não sei quais são os seus próximos planos para nós, mas a única coisa que eu te peço é que ajude ele. Por favor. Eu sei que nunca tive fé, e também nunca fiz questão de saber se você existia mesmo, na verdade eu nunca acreditei nisso, ainda mais depois do que você deixou o mundo se tornar, mas se realmente está ai me da uma chance, só uma chance.
Uma rajada de vento passa entre nós e o chapéu de Carl cai de sua cabeça. Pego o mesmo do chão e fico o observando. O coloco em minha cabeça, respiro fundo e limpo minhas lagrimas rapidamente. Me levanto e volto a puxar Carl.
Mais alguns minutos se passam e eu ainda não encontrei um lugar para ficarmos. Minha respiração voltou a ficar ofegante por conta do esforço que estou fazendo para poder carrega-lo. Meus braços doem muito. Sem tirar as outras dores que sinto, dos ferimentos causados pelo acidente. Durante o percurso que eu estou fazendo, eu vou olhando em minha volta para poder ver ser acho pelo menos uma lojinha de conveniência por aqui. Parece incrível, quanto mais a gente precisa de um lugar mais fica difícil de encontrar um. Dou mais alguns passos para trás e finalmente avisto uma casinha de madeira, na floresta, beirando a estrada. Vou puxando Carl devagar, até pararmos em frente à porta da casa. Olho pela janela da mesma e ela tem apenas um cômodo, e pelo o que parece não tem ninguém lá dentro. A única coisa que tem lá é um armário também de madeira. Abro a porta devagar e entro com Carl, fecho novamente a porta e ajeito o corpo de Carl no chão, colocando minha mochila em baixo de sua cabeça. A casa possui um odor fétido de mofo. E aqui dentro está tão frio quanto lá fora. Observo ela e parece que ninguém entra aqui por um bom tempo.
Volto minha atenção para Carl e me ajoelho ao seu lado. Sua perna parece não estar mais sangrando, talvez a minha tentativa de estancar o sangramento tenha dado certo. Seguro sua coxa e observo o ferimento atentamente. Não posso arrancar essa flecha daqui. Se eu fizer isso ele pode sangrar até morrer. Não sei se atingiu alguma artéria, então é melhor não arriscar. Rasgo mais um pedaço de minha blusa, e amarro onde eu havia amarrado a outra, fazendo ainda mais pressão no lugar. Passo a mão pelo rosto dele e selo nossos lábios durante alguns segundos. Sinto que os mesmo estão gélidos então me afasto rapidamente. Toco suas mãos e as mesmas também estão frias. Seguro seu pulso e quase não o sinto. A temperatura dele está baixando. Tiro meu casaco e coloco sobre ele, tentando de alguma forma aquece-lo.
Vou até o armário e o abro, na esperança de encontrar algo que nos aqueça, mas dentro dele há apenas três enlatados. Pego cada um deles e olho a data de validade, as quais indicam que já estão vencidos. Não sei mais o que fazer, não posso sair e deixa-lo sozinho aqui, mas também não podemos ficar aqui por muito tempo, assim ele não vai aguentar.
—Vai ficar tudo bem eu prometo – digo me ajoelhando ao seu lado e passando a mão pelo seu rosto – você só tem que se manter forte, fica comigo Carl, por favor. Não me deixe, não me deixe aqui sozinha. Eu preciso de você – digo baixo e beijo sua testa.
O som daquele caminhão na estrada chama a minha atenção. No mesmo instante saco minha arma e aponto para a porta, esperando alguém se aproximar. O som do motor se sessa, indicando que ele parou. Minhas mãos tremem, e sinto um arrepio percorrer minha espinha. Não tiro os olhos da porta, não posso me distrair. Passos se aproximam da casa. Me deixando cada vez mais nervosa. Me levanto rapidamente e de repente a porta é aberta devagar. E por fim revela o mesmo homem que estava na floresta antes. Ele me olha curioso enquanto aponta seu rifle para mim.
—Olha só quem encontramos – ele diz num tom sarcástico.
—O que você quer com a gente? –eu pergunto séria, sem desviar a direção da arma.
—Abaixe a sua arma e nós poderemos conversar melhor – ele diz e eu nego com a cabeça – você é muito teimosa sabia?! – ele vai entrando na casa e eu vou me afastando – vamos dizer que eu estou dando uma segunda chance à vocês, e eu não costumo fazer isso, então acho melhor cooperar, até porque seu amigo aí não parece estar nada bem – ele fala e eu olho para Carl – e você também não – ele continua, me fazendo olhar para meus cortes por conta dos cacos de vidro.
—Que garantias eu tenho de que você não vai nos matar depois disso? – eu pergunto voltando meu olhar para ele novamente.
—Seja uma boa menina e assim ajudará o seu amigo. Nós levaremos vocês para onde estamos, temos tratamentos médicos lá e assim ele poderá ter a chance de sobreviver. Apenas não faça a escolha errada novamente – ele diz se referindo ao que aconteceu na floresta.
Sei que não posso confiar nesse cara. Eu nem o conheço. Mas pelo o que me parece, ele é a única ajuda que eu terei por aqui. Tenho que manter Carl a salvo, tenho que pensar nele. A situação dele é critica e não quero ser a culpada pela sua morte. Em nenhum momento você tem uma opção. A única coisa que você pode escolher é pelo o que você irá se arriscar. E eu tenho que arriscar. Se eu não fizer isso ficaremos aqui e ninguém mais irá nos ajudar. Talvez eles possam mesmo nos ajudar.
—Você me garante isso? – eu pergunto ainda apreensiva.
—Se eu tivesse que te matar já tinha feito isso antes. Lembre-se é a segunda chance que eu te dou – ele diz e eu baixo minha arma – ótimo, está indo bem. Agora, segunda fase me entregue sua arma.
—Porque deveria?
—Porque não é sua.
—O que?
—Suas armas, sua mochila, se tiver balinhas dentro dela também, sua água, suas lanternas, seus mapas, curativos de primeiros socorros escondidos nesse armário, a comida que tiver dentro dele... Nada mais disso é de vocês.
—E de quem é? – eu pergunto num tom desafiador.
—Sua propriedade agora, pertence ao Negan.
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