—Sua propriedade agora, pertence ao Negan.
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Pov – Caroll
Sinceramente essas palavras fizeram com que um arrepio percorresse minha espinha, e assim fiquei parada olhando para o cara logo a minha frente. Isso me faz repensar se eu devo realmente aceitar a ajuda deles, isso se for uma ajuda mesmo, até porque não sei se estão falando a verdade. Por um lado talvez ele tenha razão, se tivesse que me matar já tinha feito isso antes. Mesmo ele ainda mantendo sua arma apontada para mim e seu semblante sério. Olho novamente para Carl e penso na escolha em que devo fazer. Se eu não aceitar entregar minhas armas eles provavelmente irão nos matar. E se eu entregar as armas e resolver ficar aqui sem nada, nós também não vamos sobreviver, a comunidade está muito longe para irmos até ela sem nenhuma proteção ou suprimento. Talvez a decisão certa a ser tomada seja ir com eles, sei que parece loucura, mas talvez não seja tanto assim. Agora essa é a alternativa mais correta a se tomar, com eles a gente ainda poderá ter uma chance, o Carl terá uma chance, e no momento eu tenho que pensar nisso, tenho que pensar nele, é a vida do Carl que está em jogo. Chance é a ultima coisa que eu possa recusar.
Talvez esse seja o sinal e a ajuda que eu pedi para o todo poderoso lá em cima, se é que ele realmente existe, porque eu tenho sérias duvidas quanto a isso, ainda mais com o que anda acontecendo com a gente esses últimos dias. Mas vamos relevar.
Não sei se é tão insano quanto parece ser, mas eu vejo esses caras como uma opção, a única opção no momento. Como uma luz no fim do túnel, talvez. Uma luz não tão boa, mas com um grande poder de ajuda. Não me importo com o que vai acontecer comigo quando eu chegar lá, desde que Carl fique bem. A única coisa que penso agora é na situação dele. Não ligo em arriscar minha vida indo com esses caras, para salvar a de Carl. Faria e farei de tudo para mantê-lo vivo, e protegido. Como nós dissemos um dia... Sempre estaremos juntos.
—Se eu for com vocês... Vão realmente cuidar dele? – questiono o homem novamente.
—A ultima coisa que queremos é perder pessoas, precisaremos de muitas para nos ajudar.
—Nós poderemos ir embora quando ele melhorar?
—Isso você terá que conversar com o Negan, é ele quem decide as coisas, é ele que irá decidir isso.
Sei que não será fácil assim. Não acredito muito nas palavras desse cara. Mas mesmo assim tenho que fazer minha escolha e acho que já a fiz. Já sei o que realmente devo fazer se quiser ter uma chance de salvar a vida de Carl.
—Ok, nós vamos com vocês – eu digo seria e decidida.
—Ótima escolha, assim não terei que atirar em vocês, eu espero – ele diz irônico – então acho melhor não tentar nada – ele pega a arma de minha mão.
—Mas você acabou de dizer que, a ultima coisa que vocês querem agora é perder pessoas – digo o contradizendo.
—Isso só funciona com quem faz as escolhas certas. Agora vamos logo com isso porque não temos o dia todo – ele diz segurando meu braço e me puxando pra fora, mantendo minha própria arma apontada para minha cabeça.
—Tira a mão de mim. Eu sei andar sozinha – puxo meu braço me soltando dele – não vou sair daqui enquanto você não tirar ele daqui – digo e aponto para Carl.
O homem olha para o corpo no chão e suspira profundamente. Então assente e pede para outros dois caras lá fora o ajudar a pegar o corpo. Enquanto os dois homens vão saindo carregando Carl, o primeiro cara que entrou aqui começa a pegar as nossas coisas. Até os enlatados velhos no armário que nem era nosso. Sigo os homens até onde eles levam o corpo de Carl. Assim que saio da casa vejo seis motos estacionadas ao lado do grande automóvel, e em cada uma delas existe um cara carrancudo e bem armado, cada um deles apontando suas armas para mim. Sem demora, eles colocam Carl deitado na parte de trás do caminhão, e logo eu me sento ao seu lado. A porta traseira do caminhão é fechada por eles, e a escuridão toma conta do ambiente, deixando apenas algumas vagas passagens de luz entrar pelo vão da porta. Logo sinto o movimento do caminhão começar, e uma certa apreensão percorrer dentro de mim.
Mesmo sem não enxergar quase nada, consigo colocar a cabeça de Carl sobre meu colo. Fico passando minhas mãos entre seus cabelos enquanto penso na loucura que estou fazendo para salva-lo. Penso no quanto ele se tornou importante para mim nesse pouco tempo em que convivemos. Perde-lo não é uma opção, e nunca será para mim. Não pude impedir que meus pais e Aiden morressem. Mas agora poderei impedir que isso aconteça com Carl. Não vou deixar o mundo tirar ele de mim.
Os minutos se passam e aos poucos o caminhão vai parando. Me levanto devagar tirando Carl de meu colo e vou até o vão da porta que me possibilita de ter alguma visão lá de fora. Olho e vejo apenas alguns homens fechando o portão feito de grade. Volto para perto de Carl e espero alguém abrir a porta. Não demora muito e o homem que guiava o caminhão abre a mesma ,me puxa para fora com força e quase caio no chão. Saio do caminhão um tanto quanto perdida, olho em volta de mim e vejo vários caras do mesmo estilo e com os mesmos semblantes carrancudos. Eles não baixam as armas em nenhum segundo.
Esse lugar é uma fabrica abandonada cercada por grades, e em volta dessas grades existe um muro de zumbis, ainda vivos, mas presos em postes e lanças cavadas no chão. Também posso notar barricadas de pedra cercando a entrada do lugar. Aqui é tudo muito sombrio, tanto o ambiente, quanto as pessoas.
Dois caras pegam Carl. O tiram do caminhão, e começam a caminhar na direção do grande prédio, que antes era uma fabrica. Começo a segui-los, mas sinto uma mão segurando meu braço e me puxando de volta.
—Onde pensa que vai? – um dos homens em volta de mim diz.
—Eu vou junto com ele – digo seria.
—Acho que você ainda não conhece as regras por aqui.
—Acabei de chegar, como iria conhecer? – digo num tom sarcástico.
—Olha só garota, você acabou de chegar, então acho melhor não começar a dar problemas para nós – ele continua.
—É, somos do tipo que elimina os problemas – outro cara diz fingindo atirar com sua arma.
—Siga as regras e não terá problemas quanto a isso – o cara me segurando diz e eu fico o encarando.
—Eu não vou deixar ele sozinho – me solto de seu braço e começo a correr na direção para onde estão levando Carl.
Minha corrida não dura muito tempo. Sinto o cara me segurando por trás, me fazendo parar. Me debato em seus braços, mas vejo que isso é inútil, então desisto de me debater. Fico olhando os dois homens entrarem com Carl para a fabrica e meus olhos se enchem de lagrimas. Não sei o que vão fazer com ele, não sei se realmente vão cuidar dele.
—Ei, deixe que eu cuido dessa aqui – uma mulher aparece perto de nós e o cara me solta – vem comigo – ela me puxa e nós começamos a andar, nos distanciando daqueles caras carrancudos.
—O que vão fazer com o meu amigo? – pergunto com medo.
—Vão cuidar dele.
—E porque fariam isso?
—Aqui eles só matam se for uma ameaça. Quanto mais pessoas vivas, mais pessoas para se ajoelhar – ela responde – talvez esse seja nosso lema.
—Se ajoelhar? O que quer dizer com isso?
—Você irá descobrir – ela fala seca.
Não a questiono mais. Apenas tento tirar minhas próprias conclusões disso. Tenho que saber logo o que significa isso. Tenho que descobrir para onde levaram Carl. Preciso ver como as coisas funcionam aqui, não posso falhar e botar tudo a perder. Vou tentar fingir que concordo com as regras daqui, será difícil, mas tentarei. Não posso lhes passar a imagem de uma ameaça, então terei que me conter.
Tenho uma chance, e vou aproveitar ela. Enfrentarei tudo o que for preciso, e serei forte pelo Carl.
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