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História Notas para Água Viva - Assunto: Parque dos Hipócritas


Escrita por: gfrienxd

Notas do Autor


Oi, manas, voltei.
Desculpa a demora de vários meses... eu já tinha tudo em mente sobre o capítulo, só demorei a postar por motivos de bloqueio criativo e escola que não tá nada fácil. Mas, enfim, aqui está mais um capítulo. Já digo para não criarem expectativas, porque vocês podem se decepcionar. Tudo bem. Boa leitura.

Capítulo 2 - Assunto: Parque dos Hipócritas



Enviado para: <[email protected]> em 03/12


   Querida Água Viva,


   No dia seguinte, a chuva havia parado e um céu azul e com poucas nuvens se estendia ao infinito. O calor que nos rodeava era agradável e eu só sentia vontade de ficar deitado na cama e dormir (mas fazer isso ajudaria a aumentar o número de sedentários no país, e o sendentarismo é um problema sério que devemos combater). 
   Abri os olhos e tentei me levantar. Senti uma pontada na coluna e percebi que o motivo foi o fato de eu ter dormido sentado no sofá com Taehyung no meu colo. Olhei para baixo e ele me encarava. Sorri. Ele sorriu de volta. 
   — Bom dia. 
   Não sei qual de nós dois havia dito, mas foi o suficiente para que nos levantássemos e fossemos tomar um café. Taehyung tomou várias xícaras do café e comeu vários biscoitinhos que servi a ele. Há quanto tempo que ele não tinha uma refeição decente? E pensar que no dia anterior eu havia dado a ele apenas uma xícara de chá...
   Uma ideia repentina me arrebatou. Poderia fazer uma surpresa ao meu novo amigo. Poderia levá-lo a algum lugar diferente. 
   — Ei, Taehyung. Me ajude aqui um instante. 
   Ele se levantou da mesa e veio ao meu encontro com um sorriso no rosto. Pedi a ele que me ajudasse a preparar alguns sanduíches, mas não demorou muito para que nos sujássemos de manteiga e geleia e tudo o mais que usamos para fazer os sanduíches. Taehyung achava que era um cavaleiro medieval e passava em mim o lado da faca que estava sujo como se fosse uma espada. Eu, então, entrei na brincadeira e só paramos quando percebi a bagunça que a cozinha estava; não só a cozinha como os nossos rostos e braços. 
   — Vamos ter que tomar um banho antes de sair. Primeiro vamos colocar tudo dentro da minha mochila, depois vamos para o banheiro. 
   Taehyung concordou e pegou a mochila. Rapidamente coloquei tudo dentro do objeto: os sanduíches, água, suco e algumas frutas. Apoiei minhas mãos nos ombros de Taehyung e o guiei na minha frente até o chuveiro, como um trenzinho infantil de duas pessoas. 
   Tomamos banho e logo saímos do prédio. A brisa leve acariciava nossos rostos e, na calmaria do momento, segurei a mão de Taehyung e o guiei pelo caminho. A princípio ele estava mais para trás, porém, rapidamente, já se encontrava ao meu lado. Ansioso, perguntava sem parar para onde estávamos indo. Eu apenas sorria, meio malicioso e meio brincalhão. 
   Após uma caminhada considerável, chegamos ao parque da cidade e corri com Taehyung pela grama. A mochila batendo pesadamente nas minhas costas, os raios do sol fazendo o suor brotar nas nossas têmporas, a brisa amenizando o calor escaldante que sentíamos. Paramos de correr, ofegantes e sorrindo, e nos sentamos na grama próximos ao lago. 
   A manhã já chegava ao fim, iniciando a tarde calma daquele fim de semana. Estendemos uma toalha no chão e colocamos os lanches sobre ela. Naquela hora, metade dos alimentos já haviam sido consumidos e eu e Taehyung conversávamos sobre tudo e qualquer coisa. De acordo com o passar do tempo, a conversa ia se tornando mais íntima, mais perigosa. 
   — Mas você não conhece a sua família? — perguntei com a sensação de que estávamos em um campo minado e a qualquer momento ele pudesse explodir. 
   — Eu os conheci. Até os sete anos éramos uma família. Não muito tranquila, mas uma família. No meu aniversário de sete anos, eles resolveram me levar para um passeio até a praia. Fomos de carro e passamos o dia inteiro revezando entre ficar na areia e banhar no mar. Quando voltávamos para casa, já era tarde da noite e minha mãe que dirigia estava com sono. Ela parou no acostamento e, então, um carro em alta velocidade bateu de frente com o carro em que nós estávamos. De todos os cinco envolvidos, só eu sobrevivi. Não sei por quê. Acho que era meu aniversário no dia... — ele disse isso e depois bebericou um pouco de suco de laranja. — E a sua familia?
   Uma parte de mim estava assustada com a frieza com que Taehyung contava o fato; talvez porque tivesse alguns anos, não muitos, mas alguns para se adaptar com a ideia de que os havia perdido. A outra metade admirava a frieza do garoto. De alguma forma, ele parecia mais caloroso do que aquele coração frio que era exposto a mim...
   — Meu pai também morreu — disse por fim. — Na verdade, não sei, mas sempre achei que ele estivesse morto, até porque ele nunca apareceu para falar oi, nunca ligou em alguma data festiva, nunca procurou saber sobre como estou na escola. Sempre que perguntava sobre ele à minha mãe, ela desviava o assunto. Passou um tempo e eu me conformei com o fato de não ter pai. Não quer dizer que não doa aqui dentro — coloquei a mão no peito — quando vejo uma família feliz na rua, mas minha mãe é minha família. Ela é o pai que eu nunca tive e fico feliz por isso. Ela é o melhor pai que eu posso ter. 
   — Eu também posso ser da sua família? 
   Os olhos de Taehyung brilhavam. Seu sorriso estava mais lindo do que antes. 
   — Claro! Você é meu irmão! — passei meu braço pelo pescoço de Taehyung e o puxei para um abraço. — Formamos uma linda família, não acha?
   — Acho! Mas não acho que você vai conseguir me pegar — e ele se livrou dos meus braços e começou a correr. 
   Corri atrás. 
   Puxa, como ele corria! Demorou bastante tempo, mas, finalmente, consegui pegá-lo. O único problema era o grande lago do parque. Quando estava prestes a pegar Taehyung, tropecei na grama e cai em cima do garoto, jogando-o sem querer na água e caindo logo depois junto com ele. 
   O lago era raso. Um tempo depois, já estávamos jogando água um no outro e só paramos quando tomamos a quantidade de água necessária para perceber o gosto estranho que estava em nossa boca e ir buscar o suco. 
   Depois de tomarmos o suco, corremos mais. Eu sempre tentando pegar Taehyung. Nós corríamos e sorríamos e nos abraçávamos. Estávamos realmente muito felizes. Nossas gargalhadas ecoavam pela atmosfera do parque. E as pessoas olhavam. Mas olhavam torto, estranho, quase rejeitando aquilo que viam. Talvez porque, na época, dois garotos se divertindo juntos e se abraçando e sorrindo causasse espanto. Talvez cause até hoje...
   Hipócritas. Desta sociedade a qual estou inserido eu só sinto nojo. E um pouco de pena, porque as pessoas nunca serão realmente felizes escondendo quem elas realmente são só para se encaixarem no padrão da maioria. Que nojo. 
   A noite já caía e nós guardamos as coisas na mochila e fomos caminhando para casa. Eu observava as luzes da cidade acesas, as janelas brilhando luzes amarelas e brancas, algumas cortinas balançando em vão pelo ar frio da noite escura. 
   Eu e Taehyung fazíamos um monólogo em que eu falava e ele escutava. Eu sempre olhando pra cima para, além de apreciar a altura dos prédios e como eles se afinavam, evitar o olhar curioso e pesado que Taehyung me lançava. 
   — ...mas ainda tenho um pouco de vontade de mudar as coisas ao meu redor, apesar de achar isso uma missão impossível, porque eu me sinto tão pequeno em relação a tudo e a pressão que fazem em cima de nós, jovens, é tão grande... é uma situação desproporcional, você não acha?
   Ele não respondeu. E olhei para o lado, onde estava Taehyung, ou melhor, onde era para ele estar. 
   Sim, Taehyung sumira durante meu monólogo. Pude sentir um impacto dentro de mim, como se alguém me desse um soco em meu peito. Refiz nossos passos até o parque, mas ele não estava lá. Então, sentei na grama. 
   Chorei. 
   Não sei por quanto tempo, mas chorei. Não sabia o que havia acontecido. Não sabia se ele havia sumido por livre e espontânea vontade ou não sei o quê... 
   Uma maré de aceitação me arrebatou. Taehyung se fora. Nem mesmo meu único amigo, meu irmão, fora capaz de me suportar. Não era novidade, mas doeu entender isso. Doeu muito. 
   Me levantei e segui lento e cabisbaixo até em casa. As escadas do prédio me lembravam Taehyung. O sofá da sala me lembrava Taehyung. Tudo me lembrava Taehyung. Deitei na cama e juntei os joelhos ao peito e chorei mais um pouco. Tremia. Não de frio, mas de nervoso. De medo. Fiquei dessa maneira até, enfim, cair em um sono conturbado. 
   Taehyung saíra sem ao menos se despedir. Ele simplesmente virara as costas para mim e me deixara falando sozinho como um louco. Ele mesmo que perguntou com o olhar brilhando se poderia ser da minha família. Ele mesmo que eu considerava um amigo. Hipócrita! Ele não passava de um membro padrão da sociedade que eu repudiava. Não deveria estar surpreso, afinal, já me acostumara às decepções da vida. Hipócrita...


Até mais,
Jimin.
 


Notas Finais


Fim do capítulo, gente!! O que acharam? Pois bem, sim, Taehyung sumiu rsssss. Será que vocês gostaram? Ai, desculpa, to nervouser porque não sabia o que esperar desse capítulo, tava tudo muito confuso aiai desculpa, gente.
Beijos da vera


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