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História Notas sobre ela - Ela desestabiliza meu mundo (Parte 1)


Escrita por: D_Hinna

Capítulo 12 - Ela desestabiliza meu mundo (Parte 1)


Cheguei em casa carregando minha jaqueta nos braços, abri a porta e dei de cara com o breu, a casa além de completamente escura estava silenciosa.

-Mon-El? – Chamei alto esperando que ele ouvisse. Liguei a luz e me deparei com uma mesa perto da varanda posta para dois e um arranjo de flores próximo a um candelabro sem velas. Tinha dois abafadores nos pratos, os mesmos que Alex havia comprado para o dia de ação de graças do ano anterior.

-Kara?! – Ele gritou do quarto e apareceu no vão da entrada segurando um saco de velas e usando um avental melado. – Não, não era para você ter chegado tão cedo. - Ele falou avançando sobre a mesa e se apressando para colocar as velas. Ela riu sem graça enquanto tentava equilibrá-las nos suportes.

Enquanto eu o observava fracassar miseravelmente naquela simples missão, senti minhas pernas ficarem bambas e uma vontade enorme de chorar me invadiu como um contrapeso para seu largo e bobo sorriso.

Estava me faltando ar.

Ele finalmente encaixou as velas e voltou seu olhar para mim, seu sorriso empolgado mirou meu rosto esperando uma reação igualmente animada de mim. Uma reação que nunca chegou a ocorrer.

Ele aguardou que eu falasse algo, e – de verdade - até entreabri os lábios para dizer alguma coisa, alguma palavra imediata de gratidão, mas havia um grande nó de angústia na minha garganta que retinha a minha fala.

Ele continuou esperando pacientemente que eu emitisse algum som, que eu esboçasse qualquer gesto em contrapartida, mas eu simplesmente não conseguia. Seu sorriso foi murchando gradualmente ao passo que meu olhar ficava opaco, sem qualquer reação inteligível.

Eu funguei sentindo meus olhos arderem, como se as lágrimas estivessem próximas a transbordar, o brilho que ele procurou em meus olhos nada mais foi que o reflexo da luz na água salgada de minha retina, o que terminou de murchar completamente sua expressão.

-Kara? – Perguntou com seu cenho franzido, ligeiramente preocupado.

Eu sacudi a cabeça respirando fundo, o que acabou se tornando um sonoro fungar. O barulho nos desconcertou e eu só consegui produzir um riso forçado e sem graça, que ele obviamente interpretou errado, ele achou que aquele barulho era algum tipo de risada, uma espécie de alívio cômico do momento – e não um claro esboço do desconforto que eu estava sentindo. Sei que ele pensou isso porque instantaneamente seus lábios se curvaram num sorriu ameno. Nos encaramos no que pra mim era um silêncio cômodo e ele, disperso, foi retirando lentamente o avental.

-Você gostou? – Ele perguntou apontando para a mesa, já sem nenhum vestígio de preocupação em sua face.

-Sim. - Falei num sussurro.

Ele me olhava com expectativa e eu voltei a exalar revirando os olhos. Sacudi a cabeça me perguntando o que diabos aconteceu comigo. E engolindo a seco e voltei forçar aquela curva insossa nos lábios. Fui até a mesa e abri um dos abafadores, dando de cara com uma massa ao molho pesto.

-Foi você quem fez?  - Perguntei num tom casual, sem muita empolgação.  – Parece bom. – Olhei de relance para sua face que voltou a se iluminar com um largo sorriso sem detectar meu nítido desconforto. Repeti pra mim mesma que não era culpa de Mon-El só notar o superficial. Senti suas mãos grandes e quente em meus ombros e seus lábios no topo da minha cabeça. Segurei como num reflexo as costas de sua mão, de longe parecia uma reciprocidade ao toque carinhoso, mas a única coisa que passava por minha cabeça era o fato de que Lena sem dúvidas perceberia meu incômodo latente, exatamente como fez mais cedo.

Ele pegou a jaqueta das minhas mãos deixando-a no sofá da sala, seu avental ficou pela ilha da cozinha e eu observei o movimento de suas costas pelo que pareceu uma eternidade, me perguntando a todo instante o que diabos estava acontecendo comigo.

Seu rosto alegre se voltou pra mim, puxando a cadeira para que eu me sentasse. Ele se sentou a minha frente e abriu os abafadores para que a começássemos a comer. Mexi na massa sem apetite, e observei seu rosto do outro lado da mesa, ele comia com gosto e rápido.

Eu não estava me reconhecendo naquela cena, me sentia como um observador distante, eu estava ali, mas não me sentia ali.

-Como foi a viagem com Lena? – Ele perguntou de boca cheia.

Eu tive quer rir pelo molho escorrendo no canto da sua boca.

-Foi tranquilo. – Disse num tom ameno. – Lena tem muitos contatos. – Tentei repetir pra mim mesma que eu não deveria contar o quanto fiquei incomodada com Melinda nem deveria mencionar a conversa que escutei entre as duas, afinal nem eu mesma sabia o que aquela conversa significava.

-Você parece cansada.

-Eu estou, foram muitas informações.  Eu conheci uma criança incrível hoje, Anthony, ele é uma graça, super inteligente, ele... – Eu não continuei, meu olhar foi de encontro a Mon-El e ele parecia não me ouvir, estava muito concentrando em abrir a garrafa de vinho que tinha sido esquecida num suporte por trás da mesa. Eu suspirei estendendo a mão para que ele me entregasse a garrafa. Ele facilmente cedeu e eu, num rápido movimento, encaixei o saca-rolha abrindo imediatamente a garrafa.

-Não sabia que você era boa nisso.

-Não sou, Lena me ensinou que o truque é colocar exatamente no meio da rolha.

Ele sacudiu a cabeça concordando e se servindo.

-Você quer?

-Não, você sabe que eu não costumo beber. – Minha fala estava seca e ele, novamente, não percebeu.

-Simmm, você estava do menino. – Ele disse sugerindo que eu continuasse.

-Não era nada importante, só que era foi uma tarde muito boa.

-Que bom que você gostou. – Ele disse rindo e virando uma taça de uma vez só.

Ele ainda tentou puxar assunto, porém eu não estava mais com ânimo de forçar nenhuma conversa. Não comi nem metade do prato e me justifiquei mentindo que havia comido mais cedo com Lena. Ele perguntou se eu já iria dormir, mas menti novamente dizendo que precisava começar a escrever, estava com muitas ideias que se eu deixasse pra depois eu iria esquecer. Ele foi para quarto e eu fui para o sofá, cansada e sem sono. Peguei meu notebook no colo e encarando a tela a em branco me perguntei o que estava fazendo com minha vida.



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