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História Notice me! - Problematizando


Escrita por: T0ki

Capítulo 34 - Problematizando


Pela manhã bem cedo acordei para viajar de volta para casa dos meus avós, liguei para faculdade informando sobre a situação, eles passariam a informação para os professores que tentariam me ajudar na volta com os exercícios para não me atrasar muito no cronograma. Renka passou  
à noite toda comigo, só nos afastamos para ele ir buscar roupas novas em seu apartamento, ele não encontrou o Toxic em casa, parecia que ele não havia voltado naquela noite. Fiquei aliviado, ainda não estou preparado para encará-lo. Fui acompanhado até a estação de metrô pelo Renka, apertava meu coração não poder mostrar afeto no meio de tanta gente, já que para muitos, nosso tipo de relação é estranha. Confesso que eu mesmo não me acostumei com isso, fico tímido do lado dele, extremamente nervoso e preocupado que as pessoas descubram o que estou sentindo.  

Se eu permitisse, Renka andaria comigo de mãos dadas sem nenhum problema, invejo sua confiança nesse sentido, eu perto dele tenho ainda muito o que melhorar.  

— Você tem certeza que é necessário ficar na casa dos seus avós? Por que não remarca para amanhã, assim poderemos ir juntos, você fica na minha casa. — pediu ele. 

— Não posso me esconder da Meiku para sempre, temos que resolver nossos problemas. Além do mais, estou voltando para passar um tempo com meu avô que sofreu um derrame, seria deselegante e frio da minha parte, ficar na casa de um amigo enquanto estiver lá.  

— Eu fico preocupado com esse tempo que ficará lá, vai que você muda de ideia à respeito da gente por conta da sua irmã? — ele parecia muito preocupado com isso, eu já havia percebido a mudança em seu semblante desde o momento que decidi voltar para casa dos meus avós.  

Renka estava receoso que eu voltasse atrás das minhas palavras e destruísse tudo que começamos a algumas horas atrás. Eu sei que sou vulnerável a Meiku, porém, não pretendo ceder dessa vez. É como o Toxic sempre me alertou, eu mereço ser feliz também, assim como ela será um dia. Eu preciso ser paciente e esperar que ela entenda que não pode ter tudo o que quer. Não quero terminar meu relacionamento com o Renka, sinto um mundo novo surgindo em minha frente, algo maravilhoso. Perto dele, é como se fosse possível enfrentar qualquer coisa, porque sei que ele estará logo atrás evitando que eu caia. Meu coração começou a palpitar tão forte pensando nisso, que aproveitei a multidão que estava na estação para disfarçadamente segurar sua mão.  Timidamente, encostei alguns dedos nos dele, procurando a palma de sua mão, encontrando, segurei bem forte, queria passar para ele minha convicção pela decisão que tomei, não quero que ele se preocupe à toa.  Ele me olhou claramente surpreso, aposto que não esperava uma atitude daquelas vinda de mim. Levou a minha mão até os lábios e beijou. 

— Você tem noção do quanto eu te amo? — seus olhos negros brilhavam. 

— Acho que estou começando a perceber aos poucos. — respondi tímido, logo lembrei das pessoas em volta e fiz ele abaixar minha mão e soltá-la. Ele insistiu em segurar por mais um tempo, chegando bem perto de mim,  segurando ela na lateral do seu corpo, para que as pessoas não notassem. 

— Eu te amo tanto, que é impossível para mim calcular isso. Não existe números que expresse essa imensidão. — disse sorrindo, pela primeira vez vi o rosto corado do Renka.  

Ele estava sem graça, mesmo me dizendo aquelas coisas, suas bochechas estavam levemente rosadas, e sua mão parecia gelada de nervoso. Nessa hora, passou pela minha cabeça o quanto esse momento era importante. Eu nunca me imaginei nessa situação com alguém, ainda mais sendo um homem como eu, é tão estranho e bom ao mesmo tempo. Me pergunto, como eu posso senti tanto amor por alguém? Como exatamente isso começou? Confesso, que desde o primeiro momento que me bati com o Renka na rua, meu coração agiu estranho. Será que estávamos destinados a nos conhecer? Será que meus pais o enviaram para me tirar da solidão de me punir pela morte deles? É incrível como eu fico calmo perto dele, como me sinto protegido, mesmo sabendo que ele é igual a mim, feito de carne e osso, vulnerável e falho. Mas, o conforto que sinto ao seu lado, como agora de mãos dadas no meio de tanta gente estranha, sabendo que não será fácil enfrentar o olhar de reprovação da Meiku, ou o que ela pode ter contato para os meus avós, me faz encarar qualquer problema contanto que  ele esteja por perto. Pedi que ele aproximasse do meu rosto para sussurrar algo, e assim ele fez. Perto do seu ouvido eu te disse: — Eu te amo.  

Ele ficou tão feliz com essas palavras que fiquei temeroso que fosse me abraçar ali de forma constrangedora, mas ao invés disso ele sorriu. Foi um sorriso lindo e gigante, parecia uma criança realizando um sonho. O amor então é isso? Se sentir feliz por fazer outra pessoa que nem é da sua família, sangue do seu sangue, feliz? Era isso que meus pais sentiram quando se conheceram? Eles superaram muito preconceito por parte dos meus avós paternos que não gostavam de envolvimento com estrangeiros. Imagino quando eles descobrirem que estou namorando outro garoto...  

— Ouvir essas palavras de você faz meu coração querer sair pela boca. Me prometa que não vai desistir de mim de novo, Maboru. — mesmo que seu pedido fosse em sussurros, suas palavras gritaram na minha cabeça. Eu sei o peso que tem a minha resposta, acenei com a cabeça confirmando ao mesmo tempo que respondia que não iria. Meu trem chegou e eu tive que me despedir dele, ele me abraçou forte antes que eu partisse. Fiquei aliviado por ele não ter me beijado na frente de todos, mas no fundo, também fiquei decepcionado por ele não ter feito. Entrei no trem e partir com muito desejo de ficar. 

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Cheguei em casa no fim do dia, uma chuva fora de hora caia quando eu toquei a companhia de casa. A velha governanta dos meus avós, que um dia já foi babar do meu pai, abriu a porta para mim.  

— Olá, Sr. Maboru, que bom que voltou. — disse ela estendendo os braços para me  abraçar. 

— Olá, Olivia. Pena que não é em uma situação melhor. Como está o vovô?— perguntei entrando e colocando a única mala que levei em cima do sofá. 

— Ele está estável, o lado direito está paralisado e isso tem causado incomodo para ele. Sabe como seu avô é agitado, ficar deitado em uma cama tem sido irritante para ele. 

— Onde está a vovó? — perguntei. 

— Está no quarto com ele. 

— E a Meiku? 

— Ela saiu faz alguns minutos, disse que talvez não voltasse hoje.  

— Entendo... — aposto que ela fez de proposito, porque sabia que eu viria. — Irei para o meu quarto e logo depois irei ver o vovô. Tudo bem? 

— Sinta-se à vontade, Senhor, quer que eu leve alguma coisa para seu quarto? Você comeu alguma coisa na viagem? Estou te achando um pouco magro e abatido. 

— Não sou tão bom de cozinha como você, mas eu ando comendo bem mesmo assim. Só estou um pouco cansado da viagem. Obrigado, mas não estou com fome. — respondi sorrindo, ela sempre me tratou como se eu fosse uma criança de dois anos. Mesmo que eu não ache, ela me disse uma vez que eu lembrava muito meu pai quando mais novo, meu pai tem traços orientais e eu não tenho quase nada, meus olhos são levemente puxados, minha aparência tem mais influência dos genes de minha mãe. Porém, fiquei feliz que alguém olhasse para mim e me dissesse que eu lembrava o meu pai, ele era um ótima pessoa. 

— Tudo bem, se você diz que está bem... Irei preparar a janta dos seus avós, licença. — disse ela saindo para a cozinha. 

Peguei a mochila  que havia atirado no sofá e tirei o celular de dentro dela, segui para o meu quarto subindo as escadas apressadamente queria falar com o Renka que havia chegado em casa e saber o que ele estava fazendo. Infelizmente, meu celular estava descarregado, já que vim a viagem toda ouvindo música, coloquei ele para carregar do lado da cama e fui ver meus avós. Falaria com o Renka mais tarde. 

— Oi... — falei depois de bater na porta do quarto deles e entrar.  

Meu avó dormia na cama com o semblante sereno, mas sua fisionomia tinha mudado. Um lado do seu rosto parecia meio puxado como se estivesse fazendo uma careta azeda,  e estava mais magro do que a última vez que o vi. Minha vó levantou para me abraçar assim que entrei.  

— Que bom que você chegou, eu estava preocupada com esse mal tempo e você vindo para cá. Meu neto, você está tão magrinho... Eu sabia que não era uma boa ideia te deixar ir morar tão longe da gente. Você ainda não está acostumado com isso, você deveria sair de casa somente quando se casasse, assim teria uma boa mulher para cuidar de você.  

— Eu estou bem vó, não me sinto tão magro assim. — disse, tentando mudar o rumo daquela conversa — O vovô está melhor? 

— Sim, a Meiku não te disse?  

— Bem, ela deve ter tentado, porém eu estava tão ocupado com as coisas da faculdade que não atendi muito o celular nesses últimos dias. Desculpe. — menti. 

— Foi a sua irmã que acudiu seu avô, ele passou mal na frente da porta do quarto dela, quando ela estava com uma visita.  

— Entendo. — me pergunto o que o vovô fazia na frente do quarto da Meiku, o quarto dele era do outro lado do corredor e em direção diferente.  

— Irei ver o que a Olivia fará para o jantar de hoje, eu mesma quero fazer sua sobremesa favorita. Fique um pouco com seu avô enquanto isso. 

— Tudo bem. — respondi me sentando do lado da cama do vovô. 

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Eu tinha um mal pressentimento com essa viagem do Maboru, talvez fosse só medo da minha parte pelo fato da ficha ainda não ter caído de que estamos juntos, acho que vai levar um tempo para me acostumar com isso. Fazia horas que ele havia viajado e ainda não recebi nenhuma mensagem, ele disse que entraria em contato assim que chegasse em casa. Será que alguma coisa aconteceu? Tenho que parar de ser pessimista quanto a isso, tenho que ser mais positivo que ele não está brincando com meus sentimentos, ele de verdade me ama. Suas palavras hoje mais cedo, ecoam em minha cabeça, não consigo parar de pensar nelas.  

Voltei para casa com um sorriso bobo no rosto difícil de evitar, eu podia sentir as pessoas me olhando estranho, pensando: "o que esse babaca tem?", mal sabem elas a grande conquista que tive hoje. Esses dois dias tem parecido um sonho, não quero acordar dele nunca. Estava preparando minhas malas quando a companhia do meu apartamento tocou, fiquei pensando se não era o Toxic, ele não dormiu em casa depois que foi levar Jun até estação. Será que ele e o Jun... Isso teria sido muito rápido. Abrir a porta e não pude esconder a surpresa de ver a Meiku bem na minha frente. 

— O que você faz aqui? — perguntei, ela não parecia bem, seu cabelo estava bagunçado, a maquiagem borrada. Parecia uma garota que passou por maus bocados com o tempo. 

— Renka, eu preciso de sua ajuda eu não sei o que fazer! — disse ela nervosa. 

Puxei ela para dentro, não poderia deixá-la na frente da porta naquele estado. 

— O que aconteceu com você? Por que está aqui? O Maboru voltou para casa hoje. 

— Eu sei, eu não tenho coragem de encará-lo, não quero está lá quando... 

— Quando o quer? O que aconteceu? — perguntei, mas ela desviava o olhar do meu, evitando continuar a conversa. Aquilo estava me deixando irritado e nervoso, sentia que o meu pressentimento não estava errado, segurei ela pelos ombros e a sacudi para que acordasse dos seus devaneios e me respondesse olhando diretamente em meus olhos o que ela fez para ficar tão nervosa daquele jeito.

— Me diga! O que você fez, Meiku? 

— Eu... O vovô... O vovô descobriu que o Maboru anda saindo com você, ele passou mal quando me ouviu contar isso para uma amiga. Ele sabe sobre vocês, ele está muito furioso por causa disso. 

Aquelas palavras me acertaram em cheio, talvez seja esse o motivo dele não ter ligado para mim ainda? Será que ele já optou por obedecer ao seu avô e me abandonar de novo? 



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