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História Nove Meses - Capítulo 6


Escrita por: Mr_Dyo

Notas do Autor


SIM! Hoje é dia 3 e tem capítulo novo de Nove Meses!!
E o motivo? Simples... tô feliz, feliz demais, feliz para o caralho!! \o/
Então... sem mais delongas...

Boa Leitura!!

Capítulo 6 - Capítulo 6


Fanfic / Fanfiction Nove Meses - Capítulo 6

Nove Meses – Capítulo 6

 

 

Após um abraço de ambos os amigos, num desejar silencioso de força, Kyungsoo saiu da sala onde ficava TV, esta que foi desligada e Kyungsoo sequer percebeu, e então se dirigiu para a sala principal.

A primeira coisa que visualizou ao botar os pés no cômodo foi Junmyeon sentado, com a cabeça baixa e as mãos cobrindo seu rosto. Aquilo fez o coração de Kyungsoo apertar, pois o marido estava visivelmente ofegante e os soluços curtos davam a certeza de que ele chorava bastante naquele momento. A atenção do mais velho foi atraída quando ouviu os passos do menor se aproximando. Foi inevitável Kyungsoo não se sentir penalizado ao ver o marido naquele estado, o que só agravava mais seu desespero para que tudo se resolvesse o mais depressa possível. “Céus! Porque isso é tão difícil? ”, questionou-se ao ver como o mais velho parecia abatido, mais até do que ele próprio. Queria sim, continuar sentindo raiva dele, mas esta já havia dado lugar à mágoa.

 

- Kyungsoo – a voz de Junmyeon saiu baixa e rouca. Sua expressão, naturalmente séria, demonstrava o sofrimento que sentia naquela hora, afinal de contas, ele sempre fora bem transparente quanto ao que sentia. – Meu amor, me perdoa... por favor! – pediu com a voz tremida, ficando de joelhos em frente ao menor. – Eu sei que errei feio contigo, eu sei... mas me perdoa, por favor! – voltou a pedir, ao mesmo tempo em que também chorava. – Eu estou tão arrependido, Kyungsoo... me perdoa, por favor! Me perdoa, me perdoa... – passou a repetir quase que incontrolavelmente.

- Eu não sei se consigo te perdoar, Junmyeon – Kyungsoo confessou e sem nem menos perceber, voltou a chorar. – Eu quero muito... mas não sei se consigo. Eu não sei se consigo confiar em você outra vez. – confessou num tom choroso, mas tentava manter-se forte.

- Eu sei que fui um canalha. Eu sei disso! – admitiu. – Além de te trair, duvidei de você, como fiz no hospital e ainda agi como um ogro, mas, Kyungsoo... eu estava tão confuso e assustado naquela hora que não consegui medir as palavras, nem os meus atos e acabei piorando ainda mais as coisas entre nós. Eu não quero ficar longe de você, meu amor! Me dói tanto... – se aproximou e abraçou os joelhos de Kyungsoo. Escondendo o rosto entre as pernas dele. – Me dá uma segunda chance, por favor! – pediu com a voz abafada e chorosa. – Eu faço qualquer coisa que me pedir... só não me deixa, Kyungsoo. Eu te imploro, não me deixa!

- Porque, Junmyeon? Porque você me traiu... e juntamente com o Yixing? – aquela pergunta martelava na cabeça do menor incessantemente. Porque, porque, porque? Porque Junmyeon tinha que ter feito aquilo consigo? Desde quando não era mais suficiente para o marido? Desde quando deixou de ser essencial para ele? – É só isso que eu quero entender... pelo menos por agora – completou.

 

Junmyeon ficou em silêncio enquanto tentava controlar o choro. Sabia que aquele questionamento viria e sentia-se completamente inútil por não conseguir responde-lo facilmente. Poderia ser um ótimo advogado e um exímio argumentador, uma vez que tal virtude sempre lhe garantia vitórias em todos os seus casos judiciais, mas naquele caso em que se encontrava, toda sua experiência nos tribunais não lhe valia de nada.

Não estava diante de um juiz, tentando convencê-lo de que seu cliente era inocente. Não era um caso que estava em jogo, não estava defendendo cliente algum... era seu casamento que estava por um fio, e tentar convencer Kyungsoo de que tudo aquilo ainda era importante demais lhe parecia quase impossível, mas não deixaria de tentar. Jamais desistiria, nunca foi de desistir, então não seria naquele momento que fraquejaria. Tentaria até o final. Por isso, se afastou do menor e sentou no chão mesmo.

 

- Eu sei que nada justifica o que eu fiz... mas eu estava bastante chateado e cansado com o rumo que as coisas estavam tomando entre nós dois e eu... – começou a falar, mas não conseguia encarar o companheiro. Se sentia muito envergonhado para tal.

- Como assim? – Kyungsoo questionou, cortando a linha de pensamentos do outro. Estava realmente surpreso com aquela revelação. O que tinha feito de tão grave para que o marido viesse a traí-lo? – Você estava chateado com o que? Que situação te deixou cansado? O que estava acontecendo entre nós que eu não estava sabendo? – questionou novamente, sentando-se em uma das grandes almofadas que Minseok espalhara pelo local.

- A verdade, Kyungsoo, é que desde que você começou esse tratamento, eu me senti deixado de lado – confessou, olhando para o marido. – Quando foi última vez que você procurou saber sobre como eu estava no trabalho? De mim? Como eu me sentia em relação a tudo isso? – não havia acusação em seu olhar, apenas uma confissão do que sentia. – Qual a última vez que você foi até o escritório só pra me ver trabalhando ou me fazer companhia aos sábados, como sempre fazia, e até mesmo nos dias em que eu virava a noite em claro enquanto estudava os casos? – questionou com um olhar pesaroso. Não justificava, mas não deixava de ser uma verdade. – Você sempre esteve lá pra me ver trabalhando ou pra me trazer lanches quando eu passava da hora de comer, mas de uma hora pra outra eu não tinha mais isso... eu não tinha mais você do meu lado... não totalmente, como antes.

 

Internamente, Kyungsoo agradeceu por já estar sentado, caso contrário, cairia sentado, no mínimo. E por mais absurda que pudesse parecer aquela situação, ele não podia dizer que Junmyeon estava mentindo, porque ele simplesmente não estava mentindo. E em seu coração, a mágoa passou a dividir espaço com o culpa, não sabia em quais proporções, mas estava. Quando foi a última vez que fez algo pelo esposo? Nem sequer lembrava, e aquilo lhe doeu muito.

Nos dias após os exames, Junmyeon se mostrou sempre muito preocupado consigo e não tinha falsidade naqueles atos, porque era da natureza de Junmyeon ser carinhoso e zeloso com aqueles que amava. Era tudo legítimo. E assim como as lembranças frescas do cuidado do mais velho para consigo, eram também as de que simplesmente não procurava mais saber dele ou como estava. Tudo em sua vida resumiu-se no tratamento de fertilidade. Aquela era a realidade, por mais que não quisesse admitir, mas era.

Então, lembrou-se de uma coisa que Minseok havia lhe dito, pouco tempo depois que tinha aceitado Jongdae de volta: “Muitas vezes agimos sem pensar, Kyungsoo, e nossas ações involuntárias podem trazer resultados catastróficos que poderiam ser evitados caso fossemos mais atentos aos nossos atos e aos outros em nosso redor”. E era verdade. Desde a primeira visita à Genetic Center, todo o foco de Kyungsoo voltou-se para o tratamento e deixou Junmyeon de lado. Aquilo justificava a traição? Não! Mas caso não tivesse agido de forma tão egoísta, aquela situação poderia ter sido evitada? Certamente que sim.

 

- Não estou te culpando – Junmyeon adiantou-se em esclarecer. – Por favor, não pense que estou lhe culpando por isso ter acontecido! Mas a verdade é que eu realmente me senti deixado de lado – reforçou a confissão. A voz saía mansa. – Desde que você decidiu começar o tratamento, venho tentando ser o mais compreensível que eu posso, porque eu sei que ser pai é um sonho seu, e mesmo não sendo um grande sonho meu, eu sempre te apoiei em tudo, porque ver sua felicidade me deixava feliz, mas... e eu? – questionou. Mesmo aparentemente mais calmo, de seus olhos ainda escapavam algumas lágrimas. – Nossos assuntos eram basicamente sobre o tratamento, o quarto do bebê, roupinhas do bebê, enxovais do bebê... e onde eu entrava nisso tudo? A nossa vida se resumiu à eu me preocupar com você e você se preocupar com o tratamento – alegou. – Quantas vezes fui dormir e tirei o tablet do seu colo porque você pesquisava tanto sobre o tratamento que simplesmente dormia com ele ainda ligado? Quantas vezes eu tentei falar de mim, do meu trabalho, e você sempre tinha uma novidade sobre o tratamento ou algum novo depoimento de alguém que passou exatamente pelo que você passou e agora tinha não sei lá quantos filhos? O pouco tempo de contato diário que a gente tinha era quando você chegava e ia no escritório, tirando isso, e algumas exceções, claro, o resto do tempo pra você se resumia ao tratamento e eu não me sentia incluído nisso tudo. Eu não me sentia parte desse sonho. Eu me sentia como o provedor, mas não participante... e-eu... eu deixei de me sentir importante pra você – falou antes de voltar a chorar, mais uma vez.

 

Doía em Junmyeon dizer aquelas coisas, porque ele sabia que feririam Kyungsoo, e justamente por aquele motivo guardava tudo para si. Por vezes tentou falar algo de si, ou até mesmo reclamar do inocente descaso do menor para consigo, mas era tão lindo o brilho nos olhos e no sorriso de Kyungsoo, quando falava algo sobre o tratamento, que simplesmente não conseguia impedir que ele desse prosseguimento aos muitos relatos, muitas vezes repetidos. E quando criava coragem pra desabafar, antes de dormir, geralmente Kyungsoo já estava dormindo.

E mesmo que não fosse a intenção de Junmyeon, Kyungsoo se sentiu muito culpado. Sentiu culpa porque, sim... deixou de vivenciar vários momentos com o esposo só para pesquisar sobre o tratamento de fertilidade, algo que muitas vezes era completamente dispensável. Dificilmente faziam juntos todas as refeições, era pelo menos café da manhã e jantar, mas o assunto sempre era o tratamento. Kyungsoo então percebeu que muitos dos sorrisos no rosto do esposo, não eram de felicidade, mas sim para não deixa-lo frustrado ou parecer que o estava incomodado com o assunto tratamento... mesmo que estivesse. Junmyeon priorizava tanto suas vontades que acabou se tornando egoísta sem nem mesmo perceber.

Então também se permitiu chorar. Chorou por estar naquela situação, chorou por estar esperando um filho que não era fruto do amor de seu casamento, mas sim do erro de terceiros. Chorou por ter agido de maneira tão egoísta, algo que sempre abominou. E chorou, principalmente, porque sabia que se tivesse sido menos egoísta e tivesse dado mais atenção ou esposo, talvez não estivesse naquela situação... pelo menos no que diz respeito à traição.

 

- Sei que você pode até não estar acreditando em mim, ou achando que eu quero te culpar pelo que fiz, mas não estou te culpando. Eu assumo toda a culpa – Junmyeon alegou mais uma vez. – Só estou falando aquilo que estava preso há um bom tempo, mas nunca tinha tido a oportunidade de falar. Sempre fomos muito verdadeiros um com o outro, você sabe disso, e não vai ser agora que vou mentir pra você – afirmou, ainda sem olhar Kyungsoo nos olhos. – Posso ter sim, te traído, e me arrependo amargamente de ter feito isso, mas nunca menti quando disse que te amava – afirmou.

- Então porque você me traiu? – Kyungsoo conseguiu forças para perguntar.

- Eu fui fraco, Kyungsoo! – assumiu, deixando um desespero momentâneo tomar conta. – Eu fui um fraco que na hora da raiva agiu por impulso! E fui duplamente canalha, porque minha frustração com a situação que estávamos vivendo, não me dava direito algum de fazer o que fiz.

- Então porque você fez? – Kyungsoo voltou a perguntar, deixando claro em seus olhos a mágoa. – Porque me traiu com o Yixing? Justamente o Yixing? – reforçou o questionamento. Porque justamente Zhang Yixing? Não que fosse doer menos se o amante fosse outro, a dor seria a mesma, mas Yixing era seu amigo, pelo menos era assim que o considerava até presenciar aquilo.

- Você lembra quando foi o nosso aniversário de casamento? – Junmyeon questionou e de imediato Kyungsoo sentiu o coração falhar uma batida.

 

Foi como se uma bomba tivesse sido jogada sobre si. Não conseguiu disfarçar o susto que veio junto com aquela pergunta. O aniversário de casamento... “Como pude esquecer do nosso aniversário de casamento? ” Questionou-se ao que a culpa só aumentava dentro de si e o machucava ainda mais. Junmyeon era muito apegado à datas e momentos simples, mas que eram significativos demais para ele. Naquela data, que também foi a data em que se conheceram e começaram a namorar, era tradição deles fazerem a primeira refeição na padaria onde tiveram o primeiro encontro, mas Kyungsoo estava tão focado no tratamento e animado com treinamento de Yifan, que aquela data simplesmente passou despercebida... como um dia qualquer.

 

- Aish! Jun... – Kyungsoo tentou falar, mas Junmyeon ergueu a mão direita, num pedido mudo que não falasse nada, e Kyungsoo se calou.

- E-eu sei... – Junmyeon parou pra respirar. Pigarreou antes de falar – Eu sei que não foi intencional, compreendo... mas não deixou de doer em mim por conta disso. Você sabe o quanto esse dia é especial pra mim... então, além de me sentir deixado de lado, de repente eu via você passar cada vez mais tempo com o Yifan do que comigo, e isso me deixou mais chateado ainda – confessou, mais uma vez. – Desde o dia em que ele foi admitido, vocês criaram um laço forte. Amigável, eu sei, mas criaram. O pai dele também é fértil, é médico especialista e já trabalhou com tratamentos de fertilidade, nada mais justo do que os fatos em comum aproximarem vocês, mas... e eu, Kyungsoo? – deixou cair mais algumas lágrimas. – Como queria que eu me sentisse? Eu te juro que tentei ver essa amizade de vocês com bons olhos, eu realmente tentei, Kyungsoo... mas no dia do nosso aniversário de casamento você saiu de casa mais cedo por que passaria o dia com Yifan numa excussão, já que Chanyeol não pode ir na ocasião – deixou mais lágrimas caírem por seus olhos. – Eu ainda te esperei pra almoçar, pra jantar... esperei até mesmo uma simples mensagem pra dizer que lembrou de um dia tão importante pra nós dois, mas você chegou depois das dez da noite, falando o quão maravilhoso o Yifan era, me deu um selinho, tomou banho e foi dormir – mostrou um pouco de revolta no final de suas palavras.

 

E naquele momento era Kyungsoo quem não conseguia ter argumentos para se defender. E nem teria como. Junmyeon poderia até justificar a traição com tudo aquilo, mas... e Kyungsoo? Como justificaria uma falta desse tamanho? Pediria perdão por esquecer por completo de um dia tão importante como era o aniversário de casamento? Certamente não seria uma opção muito viável. Eram erros injustificáveis. Não existia um erro maior que outro.

 

- Eu fiquei muito magoado... senti raiva, na verdade – Junmyeon voltou a falar ao notar que Kyungsoo parecia que não falaria nada. – Não sei se você percebeu, mas naquele dia eu sequer voltei pra o nosso quarto – contou, o que surpreendeu Kyungsoo mais uma vez. – Confesso que foi aí o meu primeiro erro. Fui dormir com raiva e fiquei com isso na cabeça a noite inteira, fui alimentando os pensamentos negativos e então eu deixei de me importar, porque se você não lembrava do nosso casamento e nem de mim por que eu deveria também? – questionou e sorriu amargamente. – Desculpa, mas era como eu me sentia naquele momento. Eu tentava me forçar a pensar o contrário, mas tudo me levava a pensar aquilo, desculpa.

 

Àquela altura, Kyungsoo já chorava como não acreditava mais ser capaz. Sentia-se culpado por parte do que estava passando e era aquilo que mais doía. Foi tão egoísta em apenas acusar Junmyeon, que sequer pensou estar faltando em algo errado, afinal de contas difícil perceber o próprio erro e muito mais fácil apontar o erro do outro.

 

 - No dia seguinte, eu tinha uma audiência muito importante, o caso dos Lee... até cheguei a comentar com você algumas vezes... você lembra? – Junmyeon questionou sobre o referido caso assim que ambos estavam mais calmos. Em resposta, Kyungsoo apenas balançou a cabeça em negativa, só reforçando o fato de que estava dando pouca atenção ao marido e ao que ele falava. – A secretária do Sr. Lee o acusou de estupro, na tentativa de tirar dinheiro dele pra pagar uma dívida que o noivo tinha com um agiota... Foi difícil, mas vencemos no final. Assim que terminou a audiência, eu e o Lay voltamos pro escritório, então o senhor Lee apareceu lá depois de uns trinta minutos, dizendo que comprou algumas garrafas de soju pra comemorarmos a vitória e então começamos a beber. Só que eu não sou acostumado a beber, você sabe. Quando o senhor Lee foi embora, ficamos apenas eu e o Lay, bebendo o que restou das garrafas de soju – fez mais uma pausa e passou a ponta da língua pelos lábios rachados. Chegou a parte mais difícil. – Foi então que tudo aconteceu... como eu já estava alto, acabei falando que sentia falta de você e dos momentos íntimos que tínhamos, também falei da sua proximidade com o Yifan, da minha desconfiança e do dia do nosso casamento que você tinha esquecido... eu estava tão carregado que simplesmente desabafei com ele – contou. – O Lay tentou me aconselhar a tentar te entender, mas eu ainda estava com tanta raiva de você naquele dia que não pensei duas vezes antes de aliviar toda a minha frustração com o Lay. Ele ainda tentou me alertar para o que estava prestes a fazer, mas eu estava tão certo de que você e o Yifan tinham algo que simplesmente fui em frente – confessou com pesar. – Por isso eu fui duplamente canalha. Eu sabia que ele era apaixonado por mim, mas ele nunca fez nada em relação a isso porque sempre gostou muito de você e te respeitava – revelou e surpreendeu Kyungsoo mais uma vez naquele dia.

- Mas se ele cedeu, então não foi tão inocente assim – Kyungsoo argumentou. Suas faltas com Junmyeon poderiam até ter justificado aquela traição, por mais injustificáveis que fossem ambos os fatos, mas ele nunca tinha feito nada a Yixing.

- Sim! Mas ele é mais fraco pra bebidas do que eu – Junmyeon alegou. – Então não foi difícil convencê-lo a se deitar comigo.

- O que ainda assim não justifica nenhuma atitude dele – Kyungsoo voltou a afirmar. – Mas agora tá feito, não há nada que se possa fazer a respeito – finalizou.

 

Então um silêncio muito incômodo e sufocante se instalou na sala. Cada um perdido em seus próprios pensamentos. Kyungsoo não podia negar que ainda estava magoado, porque estava sim, contudo, ele não podia dar uma de inocente e simplesmente culpar Junmyeon. Eram erros diferentes, com razões diferente e consequências diferentes. Não existia um erro maior ou menor, mais grave ou menos grave. Um erro é um erro, independentemente de quem o cometa. Jamais um erro anulará o outro. O que diferencia é a consequência do erro cometido, e o erro dos dois eram graves.

 

 

Kyungsoo reconhecia que sim, ficou tão encantado com tudo o que estava vivendo que negligenciou demais o marido, muito embora só tivesse tomado consciência daquilo naquele momento. Mas a verdade era que se tivesse sido mais sábio e balanceado mais as coisas, certamente Junmyeon não se sentiria tão mal e aquela traição, talvez, não tivesse acontecido. Sabia que Junmyeon, assim como ele, tinha uma grande tendência a se fechar e não querer incomodar as outras pessoas ou lhes causar algum tipo de frustração. Por várias vezes, Kyungsoo fez algo que não o agradava para ver o sorriso feliz nos lábios do mais velho, como por exemplo comparecer aos jantares anuais da Ordem dos Advogados.

Era tudo tão chato e tedioso para Kyungsoo, mas ele sabia que Junmyeon gostava de estar entre outros profissionais da área, de encontrar professores, mestres, amigos dos tempos de Universidade e o principal... sabia o quanto ele gostava de o apresentar como sendo o pilar de sua vida. Era óbvio que Junmyeon era completamente apaixonado por si, e deixava tudo claro nos mínimos detalhes, nos toques, gestos carinhosos, e mesmo com os defeitos que ele tinha, foi àquele “conjunto da obra” que fez Kyungsoo se apaixonar por ele.

E era daquilo tudo que sentia falta. Do carinho com que Junmyeon o tratava, com os selinhos estalados que sempre estavam trocando. Do simples abraço que ele lhe dava antes de dormir ou de como ele acomodava sua cabeça entra o pescoço e o ombro. Junmyeon foi o que trouxe a luz de volta à vida de Kyungsoo, e mesmo sendo ele o “causador” daquele escuro, Kyungsoo queria voltar a enxergar mais uma vez. Queria poder ter a certeza de que não estaria desamparado como estivera anos antes, após a morte do pai. Mesmo naquele pouco tempo, ele conseguiu sentir falta de tudo aquilo.

Sentia falta do marido e também de suas piadas péssimas, mas isso ele jamais admitiria, pelo menos não em voz alta. Até a noite anterior, pouco antes de dormir, perguntou-se o motivo de Junmyeon tê-lo traído, e os motivos ele já tinha. Voltou a lembrar de Minseok e Jongdae, e voltou a pensar em si... em sua felicidade, em tudo o que o envolvia naquele momento, mas, por mais que estivesse inclinado a perdoá-lo, e de fato estava, algumas coisas ainda não estavam claras.

 

 

 Em determinado momento, Minseok foi até o corredor e colocou a cabeça na sala. Queria ver como estavam as coisas, pois achou aquele silêncio muito incomum já que, quando esteve vivando situação semelhante, silêncio era a última coisa que fazia quando se encontrava com o esposo. Contudo, ao ver os dois quietos e pensativos, voltou para perto de Jongdae, que estava no quarto que dividiam.

Não podiam deixar de se preocupar com os dois, já que gostavam muito de ambos, mas naquele momento só podiam torcer para que tudo terminasse bem e, quem sabe, eles conseguissem se acertar.

 

 

- Você sente algo pelo Yixing? – Kyungsoo perguntou após o tempo em que ficaram em silêncio.

- Em que sentido? – Junmyeon questionou de volta, olhando Kyungsoo com atenção.

- Romanticamente falando – Kyungsoo explicou.

- Não! – Junmyeon foi enfático na resposta.

- E sexualmente falando? – Kyungsoo voltou a perguntar e a resposta demorou a chegar.

- Não vou negar que ele é muito atraente – Junmyeon admitiu após um longo suspiro. – Não vou querer bancar o puritano, muito menos o politicamente correto pra te agradar, dizendo que nunca reparei nele, porque estarei mentindo – informou. – O Lay é muito bonito, tem um corpo bonito, inclusive você mesmo uma vez falou que quando nos conhecemos, sentiu atração por ele – alegou, ao que Kyungsoo apenas concordou em silêncio. Não adiantaria levar aquele fato em consideração para querer condenar Junmyeon, porque ele mesmo também reparava em outros homens.

- Há quanto tempo vocês vêm mantendo esse caso? – Kyungsoo questionou mais uma vez, após um breve momento se silêncio.

- Nunca mantivemos caso nenhum – Junmyeon alegou. – Eu e o Yixing nos conhecemos desde antes de eu conhecer você, então não teria porquê eu tentar algo com você caso já estivesse com ele. Aquilo que aconteceu... o que você viu... foi algo que realmente não deveria ter acontecido, mas eu estava com raiva e bêbado – confessou. – Eu estava certo de que você estava tendo um caso com o Yifan, ainda mais depois de ter esquecido do nosso aniversário de casamento, no dia anterior. Eu estava tomado por uma raiva tão grande, que simplesmente não consegui me conter... queria que você sentisse na pele a dor que eu estava sentindo. Eu sei que foi uma atitude muito imatura, mas era como eu me sentia naquele momento, estava completamente perdido, a raiva me cegou de um jeito que eu não consegui me conter – explicou, já mais calmo, mas nem por isso, menos sofrido. – E ao saber da gravidez só me deu a certeza daquilo... pelo menos na hora. Eu realmente não quis ter dito tudo aquilo e muito menos ter feito o que fiz. Eu me envergonho demais por todas as atitudes que tomei ultimamente, mas se coloca no meu lugar, Kyungsoo. Você acha mesmo que eu faria isso tudo sem motivo algum? – questionou por fim.

 

E sim! Se colocando no lugar do marido, todas as atitudes dele eram completamente compreensíveis, mesmo erradas, mas eram. A raiva cega e quando tomados por ela, muitas vezes agimos sem nem pensar nas consequências, e foi o que tinha acontecido com Junmyeon.

 

 - Por favor, Kyungsoo, acredite em mim – pediu mais uma vez. – Nunca foi intenção minha te trair – alegou mais uma vez. – Desde que nos conhecemos, você sempre foi o único em minha vida – reafirmou.

- Mas não é tudo tão simples assim, Jun – Kyungsoo falou, tentando segurar a vontade de chorar. O mesmo aconteceu com Junmyeon, ao ouvir Kyungsoo chama-lo de “Jun”, apelido carinhoso da época de namoro. – As coisas são diferentes agora – alegou.

- O que é diferente agora? – Junmyeon questionou.

- Eu estou esperando um filho...

- Que não é meu, eu sei – Junmyeon completou a fala do outro. Mas pouco lhe importava aquele fato. Apenas queria Kyungsoo junto a si mais uma vez.

- E só esse fato já muda muita coisa – Kyungsoo explicou. – É um filho, Junmyeon. E um filho não é um cachorro, um gato ou qualquer outro animal que se deixe num abrigo, só pelo fato de não se querer mais. É o filho pelo qual tenho sonhado todos esses anos e eu não posso simplesmente abrir mão dele... mesmo não sendo nosso – doía o coração dizer aquilo, sabia que poderia complicar ainda mais a situação entre ele e o marido, mas não abriria mão de seu filho por nada nesse mundo. – Você sabe o quanto sofri com os abortos anteriores, até hoje ainda me dói o coração lembrar de tudo aquilo. O tratamento também não garante que a gestação vai vingar, então eu...

– Mas eu não quero que você tire essa criança e muito menos que abra mão dela! – Junmyeon alegou quase desesperado. Recriminou-se por interromper Kyungsoo, mas foi preciso. – Eu sei que esse filho não é meu, sei que daqui pra frente as coisas serão bem diferentes, mas eu só te quero de volta comigo, Kyungsoo – voltou a chorar. – Eu não aguento chegar naquela casa e não te ver. Me dói demais entrar no nosso quarto e não te encontrar lá. Aquela casa sem você ficou fria e vazia demais... minha vida ficou vazia sem você comigo – pausou a fala para limpar o rosto. – Se seu receio é o bebê, eu assumo ele e te ajudo a criar como se fosse do meu sangue – assegurou. – Sempre te apoiei em tudo e não vai ser agora que deixarei de fazer isso.  Ele será amado do mesmo jeito.

- Mas não é só o bebê, Jun – Kyungsoo explicou mais uma vez.

- É o Yixing? Se seu receio for por conta disso, saiba que ele não trabalha mais comigo – Junmyeon alegou.

- Não? – Kyungsoo não escondeu a surpresa e alívio, muito embora fosse bem óbvio que Yixing não trabalharia mais como assistente de Junmyeon.

- Não! Inclusive ele concordou que seria melhor assim – Junmyeon contou. – Não teria condições dele continuar trabalhando comigo depois de tudo o que aconteceu. Olha, Kyungsoo – se aproximou do menor e segurou suas mãos, o olhando com carinho. Não segurou um meio sorriso quando notou que o marido não recusou seu toque. – Eu sei que você está muito magoado comigo e entendo que essa mágoa demorará a passar, mas, por favor, tudo o que eu te peço é uma segunda chance. – pediu mais uma vez. – Não pra eu tentar me redimir ou pra te provar que eu posso ser um bom marido, não é isso que eu quero! Eu tô pedindo uma segunda chance por nosso casamento, por mim, por você... vamos colocar uma pedra nisso tudo e seguir em frente. Jongdae e Minseok deram certo, então porque não podemos também?

 

Sim! Porque não podiam? Querer passar por cima de tudo aquilo era o que Kyungsoo mais queria naquele momento, mesmo com as mágoas, ainda assim desejava deixar de senti-la e tudo voltar a ser como antes. Sabia que precisava de apoio e Junmyeon estava disposto a ser seu ponto de apoio... o apoio que sempre foi, desde que começaram a sair. E Kyungsoo sabia que Junmyeon estava fazendo aquilo, não por querer provar que era um bom marido, não era nada daquilo. Junmyeon estava fazendo aquilo porque o amava de verdade e sabia que, mesmo se não tivesse havido a traição, Junmyeon, ainda assim, o apoiaria naquela gestação, porque o amor dele para consigo era verdadeiro.

E aquilo o tocou de uma maneira muito forte e profunda que vou praticamente impossível conter as lágrimas. Junmyeon não estava considerando suas falhas e faltas, mesmo com todo o descaso que teve com o esposo, ele apenas o queria de volta, simplesmente o queria de volta, independentemente das circunstâncias. Será que no lugar dele faria o mesmo? E se fosse outro, será que teria o mesmo apoio que estava recebendo dele? Certamente não.

Junmyeon lentamente se aproximou de Kyungsoo e o abraçou, tendo o abraço correspondido no mesmo momento. Também não conteve as próprias lágrimas. Sabia que ainda haveria um estranhamento inicial e que aquilo os deixaria um pouco distantes, mas já era um avanço.

 

- Vamos tentar de novo, meu amor – Junmyeon pediu. – Eu sei que no começo as coisas serão um pouco difíceis, mas eu estou disposto a passar por cima de tudo o que aconteceu e focar apenas no nosso futuro e da nossa bolsinha de leite – ditou com a voz chorosa, o que pareceu despertar em Kyungsoo um choro mais forte ainda – Não chora! – pediu.

- Eu pensei que você ia mandar eu tirar – Kyungsoo confessou entre soluços – Eu tive tanto medo, Jun!

- Jamais eu pediria algo assim – Junmyeon assegurou. – Sua felicidade é a minha – reiterou. – Vamos recomeçar?

- Vamos! – Kyungsoo confirmou e abraçou Junmyeon mais uma vez.

 

No corredor, Minseok estava abraçado a Jongdae, claramente emocionado. Em algum momento não conseguiram simplesmente ficar no quarto esperando. Estavam aliviados por tudo aquilo. Finalmente parecia que as coisas estavam voltando ao seu devido lugar e a paz reinar... mas até quando?

 

CONTINUA...


Notas Finais


Pois é, pois é, pois é... foi isso que aconteceu, gente.
Não tem inocente nenhum, apenas consequências dos erros de cada um.

Eu realmente vi bastante gente colocando a culpa inteiramente no Junmyeon e inocentando o Lay porque ele é "fofo". Já ouviram falar que quem vê cara não vê coração? Por mais que aparente, ninguém é totalmente inocente... não na maioria dos casos e muito menos nesse.

Junmyeon errou? Errou!
Yixing errou? Errou!
Kyungsoo errou? Errou!

Quem é mais ou menos culpado?

Nada acontece pro acaso, e nesse caso, Kyungsoo deu motivos, sejamos francos e concordemos.
Junmyeon também errou, óbvio, mas na hora da raiva, coerência é algo que não se tem. Quem nunca agiu na hora da raiva e se arrependeu depois que atire a primeira pedra.
E aos defensores do Yixing... mesmo bêbado ele tinha a opção de sair. Ele não fez nada obrigado, abriu as pernas porque quis, então, foi tão errado quanto. E o pior... NÃO TEVE DESCULPA!

Não foram todos que perceberam, mas eu quis mostrar a vocês uma nova perspectiva do perdão e mostrar que ele existe sim. E é possível perdoar uma traição sim! Digo com total conhecimento de causa. Já fui traído duas vezes e perdoei, assim como já traí também. Muitos, nos comentários, diziam que NUNCA perdoariam um erro como esse, mas acontece que a gente só pensa no outro errando, mas não que o erro pode ser nosso!

Nunca nos colocamos como possíveis errados, ou "traidores", da história, pois nos esquecemos que algum dia também podemos errar. Por isso... não podemos dizer que NUNCA faríamos tal coisa, porque ninguém pode prever o futuro. Nossas ações futuras são completamente desconhecidas, e é por muito falar e apontar o erro dos outros que acabamos pagando com a língua e cometemos o erro que considerávamos completamente abominável.

Então vamos à pergunta que não quer calar... Se uma traição é imperdoável, caso você cometesse tal erro, pediria perdão ou não?

Próximo capítulo dia 18!! Vejo vocês lá?

Yehet!! o/


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