História Noventa & três dias - É uma vida boa

16/03/2013 - 18h52

Boa tarde Elizabeth, espero que você não ache chato eu te escrever duas vezes por dia, mas eu quero te atualizar que correu tudo bem no meu, como posso chamar o que tive com a Michelle? É um encontro quando um casal saí, um menino e uma menina querendo se conhecer, mas quando duas meninas que estão se conhecendo na intenção de serem amigas como se chama? Enfim, não importa, eu fiquei exatos vinte e oito minutos procurando uma roupa pra um parque que não dissesse "Eu estou nervosa" e acabei indo com um vestido rosa bebê florido, péssima ideia. Michelle apareceu com uma calça jeans preta com rasgos no joelhos de cintura alta e com um top cinza escrito "You suck" eu me senti uma ovelha vivendo com lobos, quando ela se aproximou e jogou o cabelo longo pro lado e me olhou com aqueles olhos esmeraldas que conseguem penetrar na alma de quem eles olharem, eu juro que me senti tão pequena que quase vomitei. Mas aí ela começou a falar e eu comecei a falar e a conversa flui bem, nem parecia uma fã de Taylor Swift com uma fã de Nirvana. Posso dizer que ficamos bem a vontade. Vou te escrever uma parte da conversa que tivemos em que eu percebi que ela é muito incrível

Eu - Eu queria ser médica antes, mas hoje em dia eu não sei o que quero fazer com meu futuro
Michelle - Você deveria continuar querendo ser médica, salvar pessoas devem ser bem satisfatório
Eu - Deve ser, mas eu já não sei se eu amo mesmo a profissão como amava antes
Michelle - As pessoas mudam, acontece e não é sua culpa
Eu - Eu mudei tanto que nem me reconheço
Michelle - Eu não gostaria de conhecer a outra Karla, se essa é a versão atualizada, eu gosto dessa versão
Eu - Você provavelmente iria me odiar
Michelle - Odiar não, querer te socar talvez (E ela riu, e aquela risada foi o som mais lindo que eu ouvi até agora)
Eu - O que você quer fazer com seu futuro?
Michelle - Eu ainda não sei bem, mas eu quero viver muito, conhecer vários lugares, me apaixonar e ter meu coração dilacerado, fazer uma tatuagem, é uma vida boa.

Eu sei eu sei, como uma menima completa assim vai ser amiga de alguém como eu? Eu não sei nem o que eu quero pro café. É frustante, mas então, Elizabeth, depois dessa conversa, andamos pelo parque, e ela colheu flores pra mãe dela, eu gostei muito daquele parque, nunca tinho ido, e fica algumas ruas depois da minha, mais frustração. Não sei bem o motivo de eu estar me sentindo triste já que o dia foi ótimo, um passo mais perto de me tornar melhor amiga da Michelle.