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História Novos Marotos e a Floresta Invadida - Capítulo Único


Escrita por: Silvia_Moura

Notas do Autor


Aviso importante: esta fanfic não considera os ocorridos em "Harry Potter e a Criança Amaldiçoada", pois a ideia foi construída antes do lançamento deste livro.

Esta é uma fanfic especial. É one-shot, só um pequeno conto mesmo, feita para fãs de Harry Potter mas em especial para meus amigos Manuela Beatriz, Wendell Pavelegini e Dhuly Santo. Feliz Halloween, meus marotos queridos!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Estava absurdamente claro para quatro estudantes um tanto seletos que alguma coisa estranha estava acontecendo desde o início do ano letivo. Sentados no canto da quadra de pedra logo após o almoço, eles conjecturavam o que poderia significar o misterioso comportamento de dois alunos em especial mostrado em seu pergaminho secreto.

– Está na cara que ele não quer fazer coisa boa – disse Regina, cujas vestes encontravam-se impecáveis como sempre, as linhas verdes e a gravata de seda faltando reluzir.

– Você diz isso porque sonserinos tem problemas naturais com grifinos. Não esqueça de quem são os pais dele. É mais fácil desconfiar do seu queridinho.

– James não é Harry, Julie, assim como Scorpius não é Draco.

– Olha só, ela já até o defende! – Caçoou Wendell Collins, sempre aproveitando suas chances de fazer uma brincadeira.

– Vamos lá, Regina, pense bem. O histórico da família deveria contar, você não acha? Eu entendo que você goste do Scorpius, ele tem lá seu charme, mas achar que ele é o mais inocente dos garotos é demais, não? – Comentou a terceira garota do grupo.

– Você, dentre todos, deveria saber que não sinto nada disso pelo Malfoy, Beatrice. Vocês estão se deixando levar por históricos de outras pessoas.

– Sei... – o único garoto dentre elas tornou a alfinetar.

Regina quedou-se a rolar os olhos e recostar-se na parede de pedra com a mente voando longe. O restante do grupo, convencido de que já sabiam quem era o culpado pelo que quer que fosse, se distraiu em resmungos contra o professor Binns, que tinha passado um trabalho de História da Magia maior do que o aceitável para uma matéria tão tediosa.

Era um quarteto diferente de todos os demais, aqueles estudantes. Beatrice Elric era a representante da Lufa-Lufa, Julie Stilinski era a da Grifinória, Wendell Collins era o da Corvinal e Regina Murray era a representante da Sonserina. Tinham se conhecido na primeira semana de aulas na escola e, agora terceiranistas, nunca mais se separaram.

Por toda Hogwarts não se via mais nenhum grupo com membros de casas diversas, mas este não era o único diferencial do quarteto. No ano letivo anterior, depois de ser vítima de uma armação para pegar o zelador da escola, feita por Pirraça e Fred Weasley, os poltergeists, Wendell foi parar na sala de Argus Filch, onde encontrou um curioso pergaminho dobrado em várias partes.

Ágil como ele só, o garoto conseguiu afanar nada menos que o Mapa do Maroto enquanto o velho homem procurava loucamente pela ficha de punição. O corvino nem se preocupou em ter de lustrar as pratas e ouros da sala de troféus no sábado à noite, pois agora ele e suas amigas tinham o maior tesouro que poderiam encontrar, o qual sabiam exatamente como usar graças à imprudência de seu antigo dono – o filho mais velho de Harry Potter.

Desde então o quarteto se denominou como os Novos Marotos e não era nem um pouco falso o merecimento deste título. Os quatro tinham as maiores notas da escola e possuíam uma genialidade em magia grande o suficiente para aprender feitiços ainda não assimilados por diversos dos alunos mais velhos.

Eles conheciam a escola melhor que ninguém agora e foi depois de um mês do início de seu terceiro ano letivo que eles começaram a perceber estranhas movimentações de James Potter e Scorpius Malfoy. Regina era a única que acreditava que Scorpius não estava tramando algum plano maligno enquanto seus amigos acreditavam, erroneamente, que ela nutria sentimentos pelo quartanista.

Era essa discussão que estavam tendo momentos antes de uma comoção ecoar dos corredores do castelo até a quadra, acompanhando os dois aurores mais famosos que o mundo bruxo já tinha visto.

– Ai, caramba, não acredito!

Regina, que conservava os olhos fechados enquanto se deixava levar por seus pensamentos, desencostou a cabeça da parede de pedra e ouviu os sons de vários alunos falando ao mesmo tempo. Quando olhou na direção da balbúrdia, mal pôde crer no que viu.

A inconfundível cabeleira cor de fogo no alto de uma cabeça alta e os cabelos espetados e irremediavelmente bagunçados acima da cicatriz em forma de raio na testa. Diante dos Novos Marotos estavam os próprios Harry Potter e Ron Weasley.

Beatrice escondeu o Mapa no bolso das vestes antes que os ídolos se virassem para o lado deles e os cumprimentassem com um aceno de cabeça enquanto eram acompanhados pela diretora Minerva McGonagall. Apesar dos sorrisos, Julie notou, os dois carregavam um olhar sério e não era preciso ser um gênio para imaginar que a visita de dois aurores poderia significar algo grave, ainda mais sendo aqueles aurores.

– O que será que houve? – A grifina perguntou.

– Não deve ser coisa boa... – Regina pontuou, pensativa, e sua cabeça astuta já começava a pensar em um plano para descobrir o possível problema.

 

* * *

 

Não foi necessário pensar muito. À hora do café da manhã no dia seguinte, sob a floresta de chapéus pontudos, os alunos arriscavam olhares admirados na direção da mesa dos professores. Duas cadeiras de honra tinham sido acrescentadas à direita e à esquerda da diretora McGonagall e os bravos bruxos visitantes se sentavam com o olhar saudoso dirigido na direção das grandes mesas.

James Potter, à mesa da Grifinória, estufava o peito com o orgulho e parecia ter nomeado a si mesmo como o rei da casa do leão. Rose Weasley, por sua vez, mostrava mais humildade e sorria para o pai à sua maneira gentil e meiga. Albus Severus, a uma distância de poucas cadeiras de onde Regina se sentava, parecia envergonhar-se da postura do irmão e tinha um comportamento parecido com o de Rose, assim como Lily Luna, colega de turma do quarteto em várias disciplinas, à mesa da corvinal.

Foi antes do revoar das corujas do correio que Bryan Kawasaki chegou fazendo um verdadeiro estardalhaço à mesa do texugo, chamando a atenção de Beatrice e Regina, que estavam próximas. Aparentemente tinha vazado uma notícia nem um pouco auspiciosa e, quando a estridente voz do garoto oriental soou a partir daquele lado do Salão Principal, todos souberam que dois animagos das trevas tinham conseguido escapar de Azkaban e estavam tentando iniciar uma nova era de terror no mundo bruxo, começando por fazer os alunos de Hogwarts de reféns.

Os olhares dos alunos correram diretamente para a mesa dos professores, onde Minerva McGonagall parecia ter virado uma estátua de cera. Ora, o Ministério da Magia tinha tomado todos cuidados possíveis para que isso não fosse sabido pelo grande público a fim de evitar pânico. Uma medida errada, de fato, e totalmente divergente da opinião da diretora da escola de magia, pois, se todos soubessem, era mais provável a eficiência de medidas protetivas.

Foi Harry Potter quem se levantou para falar aos alunos e, provando que era possível, James inflou o peito ainda mais.

– Alunos, alunos! Mantenham a calma, por favor – o vozerio foi silenciando pouco a pouco e todos se dispuseram a ouvir o grande heroi que livrou o mundo bruxo e o mundo trouxa de Lord Voldemort. – Ron Weasley e eu estamos aqui para garantir a segurança de vocês. Embora o Ministério realmente quisesse manter essa informação em sigilo, nós dois acreditamos que vocês jamais poderiam ficar desprotegidos.

– Você nunca teve muito apreço por regras, não é, Potter?

Uma voz arrastada e debochada pôde ser ouvida à entrada do Salão Principal, bem ao lado da mesa da Sonserina. Quando os alunos se viraram, viram um homem de pele muito branca e cabelos loiros bem penteados para trás, seu rosto era altivo e seus olhos cinzentos carregavam um brilho de serpente, mas seus lábios, a despeito de seu tom de voz, curvavam-se em um sorriso amistoso, que indicava certo gosto por uma competição saudável com a dupla à mesa.

Ninguém acreditaria que aquele era Draco Malfoy se não soubessem previamente. O loiro avançou pelo imenso salão e caminhou até seus antigos colegas de escola e agora de trabalho. Sim, o ex-Comensal da Morte havia se arrependido da má conduta tomada durante toda sua vida desde que fora salvo do fogo por Harry Potter durante a batalha no castelo.

Foi a vez de Scorpius inflar o peito de orgulho e frustrar a alegria de James. Ao contrário do pai, o garoto não considerava os Malfoys como dignos de sua admiração e amizade.

– Espero não ter interrompido um discurso muito entediante, crianças, mas é exatamente isso, estamos aqui para garantir sua segurança e pedir que não saiam do castelo sem autorização. Vocês acabaram de voltar das férias de Natal e não queremos que a tensão dure por toda a segunda metade do ano letivo, então cuidaremos de tudo.

Foi a vez de Ron se dirigir aos alunos:

– Pedimos que venham até nós se virem algo estranho e, por favor, não tentem resolver problemas sozinhos, eu imploro!

Todos riram da cara de pânico feita por Ron ao imaginar os estudantes aprontando o que ele, Harry e Hermione faziam em sua época. Terminado o discurso, os amigos se sentaram e uma terceira cadeira extra foi adicionada ao lado de Harry à mesa.

– Ouvi dizer que vão enviar dementadores – o loiro cochichou ao ouvido de seu colega. – Será que você vai desmaiar de novo?

– Cale a boca, Malfoy. Não fui eu que chorei no colo da Murta Que Geme.

Draco estreitou os olhos, mas sorriu, reconhecendo que Harry tinha ficado imbatível nas respostas aos seus insultos, agora nada verdadeiros. Pouco a pouco, o burburinho entre os alunos foi-se tornando alto novamente, mas agora parecia mais grave. Todos estavam preocupados com o que estava acontecendo. Não demorou para que quatro figuras se levantassem, uma de cada mesa, aproveitando-se da agitação do correio de corujas para se esgueirarem em direção ao canto da quadra onde costumavam se reunir. Não tinham percebido, mas eram observados pelo experiente olhar dos alunos que mais se meteram em confusões na História de Hogwarts.

– Animagos das trevas? Sério isso?

– Nem fala, Bea, eu estava tentando ter esperanças de que Harry seria o professor de Defesa Conta as Artes das Trevas – gemeu Wendell enquanto eles se sentavam nos degraus de pedra.

– Qual é... o professor Thomas é ótimo!

– É, mas imagina ter aula com o cara que derrotou o Voldemort!

– Isso seria o máximo, realmente – concordou Julie.

– Foco, Marotos! – Regina os chamou, embora sua voz estivesse em tom baixo – Se esses animagos entrarem em Hogwarts, nós precisamos ficar atentos. Nós podemos saber onde estão, estamos um passo à frente deles.

– O problema é que não podemos simplesmente dizer a Potter, Weasley e Malfoy como sabemos – Julie pontuou. – É capaz de nos tomarem o Mapa do Maroto.

– E devolverem ao James, que não o merece nem um pouco – completou Wendell.

– O que faremos? Estamos no terceiro ano! O que é isso? Uma maldição? – Beatrice encarou os amigos – Foi no terceiro ano do Harry que Sirius Black escapou da prisão, não foi?

– Eu bem queria que esses dois animagos não fossem das trevas e sim padrinhos de alguém como Black era... – Regina desejou e eles ouviram os alunos saírem do Salão Principal.

Os Marotos verificaram os horários de aulas e precisaram se dividir. Regina e Julie partiram para a sala de Poções com o professor Ernest Macmillan e Bea foi com Wendell para a aula de Runas Antigas.

 

* * *

 

James se pavoneava entre seu grupo de amigos e bradava a plenos pulmões que era seu pai quem iria resolver toda aquela situação. Recostados ao pé da escada principal que começava no imenso saguão, depois do jantar, o quarteto rolava os olhos para o mais velho dos filhos de Harry e Ginny Potter enquanto liam com afinco o Livro Padrão de Feitiços do 6º ano e prticavam movimentos e pronúncias sem as varinhas.

Ao contrário dos demais alunos, os Marotos não estavam se deixando levar pelo medo do desconhecido e preferiam adquirir todo o conhecimento que podiam. Tinham-se passado três semanas desde a chegada dos aurores e a vida corria o mais normal possível durante as aulas, embora qualquer peculiaridade fosse motivo de preocupação.

Uma medida de segurança, porém, tirou o ânimo de todos os alunos do terceiro ano em diante: as visitas a Hogsmeade foram canceladas. Com medo de que um ataque pudesse ser feito, a direção e os aurores informaram aos alunos que as excursões só retornariam quando resolvessem o problema. Em compensação, o campeonato de quadribol continuou a todo vapor! O jogo daquele fim de semana era entre Grifinória e Lufa-Lufa e a escola toda estava feliz por respirar os ares da competição mais tradicional do mundo da magia.

Na manhã do dia seguinte, sábado, os times entraram em campo sob gritos calorosos e aplausos das torcidas. Durante o jogo, Beatrice rondava as balizas com a agilidade de um texugo enquanto James, Rose e Julie costuravam por entre os jogadores adversários.

Bea conseguiu a proeza de defender todas as tentativas de gols feitas por James, para desgosto absoluto de Harry, mas Julie conseguiu marcar três dos seis. Lufa-Lufa venceu pela captura do pomo, com a diferença de cinquenta pontos, fazendo o professor de Poções e diretor da casa vibrar feito criança pequena com extrema felicidade. A ansiedade agora era pelo próximo jogo da temporada: Sonserina x Corvinal.

A semana passou de forma cansativa com as aulas e trabalhos e os estudos extras dos Marotos ao analisarem o Mapa constantemente e se prepararem da melhor forma que podiam caso algum problema surgisse.

A manhã do sábado seguinte estava cinzenta e fria, ameaçando fortes pancadas de chuva. Os times entraram em campo trajados de azul e verde e subiram em suas velozes vassouras para um jogo disputadíssimo, no qual Regina girava o bastão habilidosamente ao rebater os balaços contra os artilheiros adversários.

Enquanto isso, Wendell perseguia o pomo de ouro com total concentração e ignorava os sons de comemorações dos gols das duas torcidas para não se distrair da tarefa. O jogo durou pouco mais de três horas e a disputa contra Albus Severus, apanhador da Sonserina, resultou na vitória das serpentes e numa vibração intensa de Harry Potter nas arquibancadas.

– Nunca pensei que um filho seu honraria a minha casa, Potter! – Brincou Draco, alfinetando o colega de ministério.

– Que bom que Albus fez isso, porque você era uma negação como apanhador, Malfoy – Harry alfinetou de volta, aos risos.

Lá embaixo os alunos estavam divididos entre comemorar com os vencedores e lamentar com os perdedores, sem ter ideia de que um estudante estava prestes a fazer uma grande besteira.

 

Como se comunicar rapidamente com alguém dentro das comunais das outras casas, era o que Julie se perguntava. Era sabido que a Sonserina devia estar dando uma festa pela vitória, então, mesmo que houvesse uma simples porta, bater não a permitiria ser ouvida. Ela não arriscaria errar um dos enigmas da Corvinal com a cabeça tão cheia de preocupações e também não gostaria de tomar um banho de vinagre ao bater no barril errado para entrar na Lufa-Lufa.

Julie era a guardiã do Mapa do Maroto naquela noite e, quando abriu o pergaminho encantado em sua cama de cortinas fechadas, vira um nome correndo na direção da floresta. Havia uma considerável distância entre ele e o castelo, então a grifina concluiu que já fazia um longo tempo desde que ele deixara o local onde deveria estar.

Sem conseguir suportar a ideia de ficar calada, ela vestiu uma capa para se proteger do estranho frio que fazia durante todo aquele dia e partiu em direção à biblioteca, fazendo silenciosas preces para que os demais Marotos também resolvessem aperecer meia hora antes do marcado para se encontrarem, como vinham fazendo todos os dias.

Foi com alegria que Julie avistou Beatrice cercada de outros lufanos, que faziam o trabalho de DCAT passado pelo professor Dino Thomas, mas aqueles trinta minutos de espera pareceram se arrastar com toda a preguiça possível.

Quando os colegas de casa de Bea deixaram a biblioteca e seus lugares foram enfim ocupados pelos Marotos, Julie pôde finalmente contar o que viu no Mapa enquanto estava em sua cama e enquanto se escondia nos corredores mais isolados entre os milhares de livros.

– James Potter foi para a Floresta Proibida.

– Como é? – Wendell a olhou como se não tivesse ouvido direito

– Eu vi no exato momento em que abri o Mapa em minha cama. James ia bem avançado, já a alguns metros distante do castelo. O estranho é que não o vi sair da comunal e a Grifinória quase toda estava lá reunida e fazendo trabalhos. Os professores têm pegado pesado.

– Realmente... Ainda me falta um metro do trabalho de História da Magia – gemeu Regina, sem o menor ânimo para mais um trabalho absurdo do fantasmagórico professor Binns.

– Voltando ao foco – retomou Bea –, o que acha que os dois estão aprontando? Ron Wealsley, Draco Malfoy e o próprio pai dele já disseram várias vezes para não sairmos à toa do castelo!

– Estamos falando de Potter, Bea – pontou Wendell. – É do sangue dele não seguir às regras.

– E o que faremos? – Regina perguntou, seu olhar mais sério indicando que ela provavelmente já estava pensando em alguma ideia perigosa.

– Vamos abrir o Mapa de novo e ver o que ele nos mostra, primeiro.

O quarteto se mudou para a mesa mais isolada da biblioteca e abriu novamente o Mapa, que aparentemente seria apenas um pergaminho aos olhos de quem visse de longe. James Potter estava indo cada vez mais fundo na floresta até que parou subitamente de caminhar. Os Marotos se entreolharam, intrigados:

– Será que não pegou uma detenção e precisa fazer algum trabalho na Floresta Proibida? – sugeriu Bea.

Mas uma ideia surgiu à mente de Regina, discordando da hipótese de sua amiga:

– Se James Potter tomasse uma detenção, a escola inteira saberia. Não... Ele está tentando bancar o heroi. Depois do fiasco que fez no quadribol, deve estar tentando chamar a atenção do pai.

– Então... ele está procurando os animagos? – Julie arregalou os olhos.

– Certeza que sim.

O olhar desconfiado de Wendell saiu do Mapa para sua amiga sonserina.

– Scorpius estava na comunal quando você saiu de lá, Regina?

– Sim. Ele e Albus estavam jogando não sei quantos mil fogos de Filibusteiro durante a comemoração. Olhem – ela apontou e os nomes dos garotos apareciam na área da Sonserina, onde vários outros nomes se misturavam aos deles.

Wendell começava a formar uma teoria:

– Será que Potter já sabia desde o início sobre esses animagos? Quer dizer, o pai dele é auror, então talvez ele tenha ouvido algo nas férias e por isso vinha se comportando de forma estranha, saindo várias vezes na calada da noite. E como Scorpius também vinha aparecendo em locais isolados...

– Os dois queriam fazer algo, mas foi James quem resolveu agir primeiro – Julie completou.

Apesar de seus instintos aventureiros, os quatro amigos resolveram aguardar e ver o que James faria no dia seguinte. Todos sabiam que ele não tinha a menor capacidade de lutar contra dois animagos das trevas, mal conseguia executar bons feitiços de seu próprio ano escolar! O jeito era aguardar o que o domingo traria de surpresa para eles.

Na manhã seguinte os Marotos surgiram no Salão Principal por lugares diferentes, vindos de suas casas. À mesa dos professores, Draco Malfoy observava com um meio sorriso a agitação da Sonserina, ainda comemorando a vitória no jogo, e até acenou para Alvo e o parabenizou de longe por sua captura.

Ao mesmo tempo, era possível ver um vinco entre as sobrancelhas de Harry, que corria os olhos pela mesa da Grifinória por sabe-se lá quanto tempo. James não estava sentado com seus amigos e Julie estava absolutamente inquieta para dizer aos amigos que o colega de casa simplesmente não se mexeu desde a última vez em que olharam o pergaminho.

As horas do preguiçoso domingo correram e enquanto o quarteto passava o tempo no lago revisando mil e uma pronúncias dos mais diversos feitiços, o desenho de James no pergaminho simplesmente parecia congelado toda vez que era observado. Eram quase seis horas quando eles começaram a se preocupar de verdade.

Era muito tempo, afinal, para alguém ficar absolutamente estático em um lugar tão ao fundo da Floresta Proibida, então talvez algo de muito errado estivesse acontecendo. No momento em que chegaram a esta conclusão, vozes masculinas puderam ser ouvidas e eles guardaram seu precioso tesouro.

– Eu quero apenas saber onde meu filho está, Ron! Não sabe que James consegue ser pior que eu para arrumar confusões?

– Ah, disso eu sei, Harry, mas mantenha a calma. O garoto pode estar aproveitando o domingo para atazanar algumas meninas com a capa da invisibilidade, já pensou nisso?

Os quatro amigos se entreolharam intrigados, embora mantivessem o disfarce de apenas treinarem magia.

– Nem quero pensar no que James pode fazer com aquela capa. Acho que entreguei a ele cedo demais...

– Você também não era santo, Harry. Nós aprontamos tudo que era possível em nossa época.

– Nem tudo. Nós sempre sabíamos de verdade o que estava acontecendo. James é impulsivo demais, ele age sem ter ideia do que está fazen... Ei, que fazem aqui, pessoal? – a voz de Harry mudou de tom facilmente ao perceber que não estava só com seu amigo

Os Marotos voltaram-se para os aurores como se não tivessem ouvido palavra alguma da conversa e apenas mostraram que estavam praticando movimentos e pronúncias, embora sem as varinhas.

– Não são pequenos demais para serem do sexto ano? – Weasley indagou ao ouvir o que falavam.

– Vocês devem ser o Distinto Quarteto, certo?

Os amigos se entreolharam confusos.

– Distinto quem? – Perguntaram juntos e Harry explicou que os professores os chamavam assim em suas reuniões.

Sendo os alunos mais brilhantes da escola desde sua entrada, eles chamavam facilmente a atenção dos docentes e a amizade entre as quatro casas representadas por eles era o que Minerva McGonagall chamava de “o verdadeiro espírito de Hogwarts”. Desta maneira, Harry, Ron e até mesmo Draco, que não estava ali no momento, estavam loucos para conhecê-los de fato.

Felizmente para o quarteto, que não sabia como declinaria da conversa com os famosos aurores, o professor Longbottom gritou com um sorriso e braços abertos para chamar seus amigos de longa data para um chá. Os homens se despediram e prometeram que ainda fariam duelos amistosos com eles para comprovar suas habilidades.

– Não podemos simplesmente contar a ele. O Mapa seria confiscado – disse Wendell, num sussurro cauteloso. – Precisaremos agir primeiro e avisá-los depois.

– Precisaremos agir agora! – Julie pontuou – Vocês ouviram o que o próprio Harry disse, James é inconsequente. Não quero nem pensar no que ele se meteu, só sei que com certeza foi em algo perigoso.

– Então vamos logo. Quanto mais escuro ficar, mais difícil será seguirmos seu rastro – Regina concluiu e Beatrice pegou o Mapa do Maroto em mãos para guiá-los

 

As copas das árvores ficavam mais frondosas muito rapidamente à medida em que os amigos se embrenhavam pela floresta e logo foi preciso o uso do Lumus para que se guiassem por entre os galhos e troncos do local.

Passou-se cerca de meia hora que caminhavam e se escondiam de todo barulho possível quando a primeira coisa estranha aconteceu. Eles não tinham notado que, por outro lado da floresta alguém também seguia na direção de James Potter até que o nome pairou a poucos metros deste. Scorpius Malfoy tinha o imóvel James a pouca distância e poderia fazer qualquer coisa que lhe desse na telha contra o garoto. Era sabido que os dois jamais se entenderam e agora algo sério poderia acontecer.

Os Marotos apressaram seus passos e seguiram na direção dos dois, mantendo seus ouvidos apurados para qualquer movimento suspeito, mas Scorpius fez algo que eles não esperavam: deu meia-volta e começou a se afastar de James. Temendo que uma troca de feitiços tivesse ocorrido, embora James continuasse absolutamente imóvel mesmo quando o sonserino estava tão perto, os quatro amigos desviram um pouco sua rota a fim de interceptar o loiro. Pouco depois, conseguiram.

– Murray? – O garoto perguntou descrente ao ver sua colega de casa e percorreu o olhar pelos outros três – O que vocês estão fazendo aqui?!

– O que você está fazendo aqui, seria a pergunta. E sozinho, ainda por cima! – exclamou Wendell.

– Pelos céus, vocês não deveriam estar aqui. Voltem pro castelo imediatamente, preciso avisar aos aurores que os animagos devem estar na floresta!

Foi somente com o tremor na voz de Scorpius que os amigos perceberam sua tensão. Ao olhar nos olhos do loiro, perceberam confusão e medo, como se tivesse visto algo realmente perigoso.

– O que veio fazer na floresta, Malfoy? – Regina perguntou, ainda intrigada com a presença do garoto.

– Vim atrás daquele cabeça de vento, o Potter. James Potter, não Albus. Eu sabia que ele queria bancar o valente mas não pensei que seria burro ao ponto de se aventurar sozinho atrás dos animagos e se deixar ser vítima deles. Preciso avisar os aurores. Saiam daqui, imediatamente!

O quartanista correu em direção à orla da floresta mas seu alerta só serviu para que os Marotos se aprofundassem mais e apressassem sua busca. Só encontrar os aurores poderia levar tempo demais e, se os animagos das trevas realmente estivessem por perto, James estava em maior perigo do que podia imaginar – se é que ainda estava vivo.

O ruído dos animais da floresta, o farfalhar fantasmagórico das plantas, os galhos quebrados sob os pés dos quatro amigos, tudo contribuía para aumentar a onda de temor que aquela situação causava. Um trovão ribombou alto no céu e a escuridão ficou ainda mais pesada à medida em que a noite caía nublada e com a ameaça de uma forte tempestade.

Estavam a poucos metros de James quando o olhar rápido de Regina percebeu o contorno de uma descida íngreme que poderia causar um acidente feio e se colocou à frente de todos, com os braços abertos, impedindo que continuassem a correr.

Assustados, eles baixaram os olhos para o local e viram o solo pedregoso pelo qual estavam prestes a rolar e que desembocava em uma pequena clareira, onde uma estátua curiosa estava caída. Demorou menos de trinta segundos para perceberem que a estátua era, na verdade, o próprio James Potter e que o garoto tinha sido vítima de um feitiço do corpo preso.

Beatrice guardou o Mapa e os Marotos desceram com todo o cuidado pela encosta pedregosa, apontando suas varinhas para todos os lugares possíveis antes de fazerem uma verificação no garoto grifino. O filho de Harry tinha diversos cortes nos braços e rosto, provavelmente decorrentes de uma queda pela encosta.

Finite incantatem! – Ordenou Beatrice e o corpo de James foi liberado de sua prisão.

O quintanista olhou confuso para os rostos ao seu redor, mas logo a confusão foi transformada em raiva quando ele se levantou de um salto.

– O que é que estão fazendo aqui, pirralhos? Saiam! Os animagos serão pegos por mim! Não se metam nisso! Eu vou honrar meu sobrenome! Mostrarei ao meu pai que sou um filho digno e tão forte quanto ele é!

– "Não se metam"?! – Wendell marchou enfurecido por entre os amigos até ficar frente a frente com James – Nós acabamos de salvar sua vida, seu maldito ingrato! Que animago você esperava prender enquanto estava aqui, caído feito uma gárgula no chão?

James, furioso, empurrou o corvino em cima de seus amigos e correu para o outro lado da clareira, parecendo obstinado demais, como se soubesse exatamente onde encontrar os animagos das trevas. Os Marotos imediatamente se puseram a segui-lo, resmungando que deveriam ter deixado o garoto desacordado até que fosse tudo resolvido.

Correndo atrás de James, os quatro amigos acabaram recebendo inúmeros cortes nos braços e pernas devido aos galhos muito próximos das árvores. Por vezes perderam o veloz grifino de vista, mas tinham os sons para se guiarem, preferindo manter o mapa oculto. Quando finalmente o avistaram outra vez, a cena não poderia ser mais assustadora.

Estavam em uma clareira ainda maior que a anterior e quatro dementadores circulavam ao redor de um James novamente caído e lhe sugavam toda a vitalidade e alegria. Os Marotos se puseram em fila. Ali, Sonserina, Lufa-Lufa, Corvinal e Grifinória se uniam com um poder há muito tempo não visto e seu brado pôde ser ouvido a vários metros de distância, assim como a luz prateada que saiu de suas varinhas.

Expecto patronum! – Os quatro conjuraram juntos e de suas varinhas saíram um astucioso cavalo, um gracioso cisne, uma inteligente leoa e um corajoso coelho diretamente na direção dos guardas de Azkaban para expulsá-los e salvar, mais uma vez, a vida de James Potter.

O que os amigos não viram, porém, foi a proximação de um tigre siberiano e uma pantera negra correndo em sua direção a fim de destroçá-los. Se um forte estampido de varinha não tivesse feito um dos imensos felinos ser atirado longe, provavelmente os Novos Marotos teriam seu fim antes mesmo de ficarem famosos por este apelido.

Os dementadores foram afugentados enfim e os garotos olharam na direção dos fortes raios coloridos de luz que vinham de algum lugar à direita deles e acertavam duas feras raivosas que se transformavam de volta em seres humanos.

Harry Potter, Ron Weasley e Draco Malfoy conjuravam os mais diversos feitiços e, atrás deles, vinham Scorpius e Albus correndo diretamente na direção de James, que mal conseguia se reerguer.

Vendo que o grifino ficaria sob os cuidados dos dois quartanistas, Julie, Wendell, Beatrice e Regina se juntaram à batalha no momento em que os animagos mostraram sua assustadora forma humana e recebiam o reforço de mais cinco bruxos das trevas, que saíam de uma caverna desconhecida até para o Mapa do Maroto.

Raios vermelhos e verdes saíam das varinhas inimigas quando os animagos tentavam lançar a Maldição Cruciatus e Avada Kedavra em seus oponentes. Do outro lado da luta, os herois lutavam com intensa valentia e não se deixavam amedrontar pela conduta traiçoeira dos adversários.

Tarantallegra! – Ordenou Wendell, fazendo um dos animagos perder o controle dos próprios pés.

Expelliarmus! – Ouviu-se a voz de Beatrice.

Levicorpus! – Foi a vez de Julie.

Sectumsempra! – Disse Regina, que não tinha o menor temor de usar os feitiços mais agressivos.

A tempestade ameaçada desde a manhã do dia anterior enfim caiu, acompanhada de uma chuva de estampidos que veio de cima dos sete herois e acertou os poderosos animagos com extrema força. Ao olharem para cima, os Marotos viram Hermione Granger-Weasley, Gina Potter, Ernesto Macmillan e Neville Longbottom voando acima deles e trazendo uma vantagem ao lado dos mocinhos.

O diretor da Lufa-Lufa desceu até James, Albus e Scorpius e levou os garotos em sua vassoura de volta à segurança do castelo. Enquanto isso, a luta se estendeu por mais um tempo. Regina foi atingida em cheio por um Crucio que acertaria Wendell pelas costas, Beatrice revidou com uma explosão forte no peito do animago enquanto Julie anulava o feitiço dele em sua amiga.

Por vezes tentaram matar os Marotos por julgarem-nos como incapazes de lutar de igual para igual, mas estavam enganados. A luta terminou quando os quatro apontaram suas varinhas juntos e ordenaram:

Serpensortia!

Quatro imensas cobras foram lançadas para frente e rastejaram diretamente na direção dos animagos, que recuaram amedrontados e deram abertura para sua própria derrota.

Petrificus totalus! – As vozes dos quatro ecoaram e seus adversários tiveram o mesmo destino dos que foram derrotados pelos herois adultos.

Vipera evanesca! – Draco Malfoy ordenou e as serpentes desapareceram com o silvo do contra-feitiço. Logo depois os representantes do Ministério da Magia chegaram e levaram os criminosos.

 

Voltar ao castelo nas vassouras com os grandes nomes da Batalha de Hogwarts foi uma verdadeira honra. Encontrar James Potter sentado diante da mesa de Minerva McGonagall com cara de frustração foi uma verdadeira alegria.

Quando todos preencheram a sala da diretora, os estudantes começaram a contar suas versões da história perigosa em que tinham se metido, começando por James Potter, que era fuzilado pelos olhos do pai e da mãe.

– Eu pensei... Eu quis resolver o problema sozinho. Como você fazia, pai. Quis manter o nome dos Potter como herois da escola. Vinha tentando investigar desde o início do ano letivo e finalmente vi uma movimentação estranha do alto da torre da Grifinória, vi fumaça... Aproveitei a distração de todos após o jogo de quadribol, as comemorações, para escapar para a floresta e seguir os sons.

– Suponho que ninguém lhe viu porque tinha em sua posse a Capa da Invisibilidade que pertenceu ao seu pai, não é? – McGonagall perguntou.

Os Marotos se entreolharam. James Potter era detentor de uma das famosas Relíquias da Morte?

– Onde está a capa, James? – Harry perguntou, sua voz estava gélida como metal refrigerado.

– Eu... eu a perdi na floresta, pai.

– Está aqui, senhor Potter. Eu achei – Scorpius, que estava a um canto da sala ao lado de Albus Severus, entregou a peça ao auror.

– Continue seu relato, James – a diretora solicitou.

– Bem... Ouvi vozes de dois homens rindo, dizendo que tinham encontrado a melhor forma de entrar no castelo e que agora era só esperar a chegada de seus parceiros. Decidi enfrentá-los e corri, mas não vi a encosta de pedras e acabei caindo. Nem precisaram lutar comigo. Me deixaram petrificado e à mercê de qualquer fera que pudesse aparecer na floresta. Não sei como me livrei.

O clima era absolutamente pesado na sala da diretoria. Minerva McGonagall, com muito peso no coração, descontou cinquenta pontos da Grifinória e proibiu James de jogar quadribol durante todo o próximo ano, permitindo apenas que ele jogasse o último jogo da temporada corrente. Então pediu que Scorpius contasse seu lado.

O garoto revelou que vinha percebendo o comportamento de James desde o início. Tendo também ouvido uma conversa de seus pais, Scorpius sabia exatamente do que o filho de Harry Potter poderia estar atrás, mas jamais pensou que o grifino se arriscaria de fato para resolver o problema, principalmente depois da chegada dos aurores à escola.

Scorpius explicou que passava muito tempo na cabana de Hagrid, tendo formado uma verdadeira amizade com o professor de Trato das Criaturas Mágicas, e que o ajudava a cuidar dos animais fantásticos que ali apareciam, por isso estava sempre pela orla da floresta. Wendell, Beatrice e Julie, que jamais acreditaram que ele fosse um garoto inocente em tudo aquilo, se entreolharam com culpa.

O herdeiro dos Malfoy continuou seu relato dizendo que por vezes vira James querer adentrar a floresta e, quando disseram que o garoto tinha sumido, suspeitou imediatamente de ele onde estava.

– E por que não veio relatar isso a nós, Scorpius?

– Porque eu poderia estar errado, diretora. Todos estavam assustados demais, não quis causar uma comoção por algo que não era certeza. Quis esperar um pouco mais.

Ele disse então que, no fim da tarde de domingo, decidiu ver como estavam os imensos ovos que Hagrid estava decorando para a Páscoa, certo de que Potter deveria aparecer logo, e foi nesse momento que ele viu o rastro de solados pequenos demais para serem de uma das botas do guarda-caça e professor. Tomado por um impulso inconsequente, mas também por um senso de urgência, Scorpius avançou floresta adentro, seguindo as pegadas deixadas pelo quintanista grifino. Foi nessa hora que ele encontrou a Capa da Invisibilidade presa a um galho.

Scorpius contou que seguiu cautelosamente em frente e avistou James logo abaixo da encosta pedregosa, o que o fez voltar de imediato para contar aos aurores do perigo em que provavelmente estavam. Ele esbarrou com o quarteto nesse momento e tentou alertá-los e em seguida correu para o castelo, onde encontrou Albus e os dois se dividiram para procurar Draco, Ron e Harry.

– E foi aí que você chegou à sala dos professores e todos voaram em direção à Floresta Proibida depois de contatar o Ministério. Certo, Scorpius, muito obrigada por seu relato. Agora os senhores, Distinto Quarteto. Antes de começarem a me relatar sua intensa aventura, podem me dizer como foi que souberam sobre o paradeiro de James Potter? Embora, na verdade, eu já até suspeite.

Os quatro se entreolharam. Não havia outro jeito, nenhuma desculpa seria suficiente para preencher prováveis lacunas. Regina respondeu:

– Nós temos o Mapa do Maroto, professora. Foi com ele que o vimos estático no meio da Floresta Proibida.

– Está com vocês?! – James se levantou imediatamente – Devolvam! Isso é meu!

– Quieto, James! – a voz de Gina, que se mantivera calada o tempo todo, foi ouvida e o garoto tornou a se sentar.

Os Marotos foram obrigados a entregar o Mapa e a diretora o devolveu a Harry Potter, pedindo encarecidamente que o deixasse fora das vistas de seu filho mais velho. Foi então relatado todo o fim da história e a diretora quedou-se apenas a soltar um longo suspiro depois de toda aquela confusão e demorou para que tornasse a falar novamente.

– Vocês se arriscaram demais, mas acabaram por agir da melhor maneira possível no momento. A urgência da situação exigiu a astúcia, a coragem, a inteligência e a lealdade à vida e à proteção daqueles que, mesmo não sendo próximos de nós, fazem parte do nosso mundo. Graças a isso, concedo por Scorpius Malfoy e Regina Murray duzentos pontos para a Sonserina, por Beatrice Elric cem pontos para a Lufa-Lufa, por Julie Stilinski cem pontos para a Grifinória e por Wendell Collins cem pontos para a Corvinal. Estão dispensados agora. E não façam mais esse tipo de coisa, por favor.

 

* * *

 

A chuva tinha cessado já havia algum tempo e os Marotos se dirigiram diretamente para seu cantinho na quadra de pedra, se recostando entre suspiros à parede e lamentando a perda de seu precioso mapa. É claro que estavam felizes por tudo ter terminado bem e terem feito parte daquilo. Lutar ao lado daquelas lendas do passado foi uma verdadeira honra e saber que conseguiram preservar a vida de seus colegas dava uma sensação deliciosa de heroísmo e dever cumprido. Mas perder o Mapa...

– Imaginei que estariam aqui – a voz de Harry Potter soou do arco que fazia a fronteira entre a quadra e o corredor. – Sabem, eu costumava me reunir aqui com Ron e Mione, às vezes, principalmente quando estávamos formando planos para acabar com as loucuras que nos perseguiam todo ano.

O auror se sentou ao lado dos jovens bruxos e retirou do bolso da capa o Mapa do Maroto.

– Isso aqui foi desenhado por meu pai. Ele e um grupo de mais três amigos comandavam essa escola e a conheciam completamente, seus apelidos aqui eram relacionados às suas formas animagas. Anos depois, dois irmãos de Ron o descobriram perdido na sala do Filch e se tornaram verdadeiras lendas!

– Os gêmeos Weasley – concluiu, Julie. Na Grifinória, Fred e George Weasley eram tão conhecidos quanto o próprio trio de ouro. Eram ídolos!

– Sim. E foram eles que me deram o mapa de presente quando precisei dele. Acho que esse pergaminho encantado ganhou vida própria, sabem? Ele aparece quando os corações marotos precisam dele.

– Engraçado... eu também o encontrei na sala do Filch, depois de cair numa armadilha feita pelo Fred Weasley e o Pirraça – Wendell comentou.

– Aqueles dois juntos...! Não sei como não puseram o castelo abaixo ainda! – Harry riu – Talvez você tivesse mesmo que cair na armadilha, Wendell. Você e seus amigos precisavam do mapa e ele se mostrou a você assim que pôde.

Harry baixou os olhos para o pergaminho e, por um instante, pareceu perdido em memórias de tudo aquilo que viveu e que agora era parte dos livros de História da Magia (essa era a única parte não tediosa da disciplina, diga-se de passagem).

– Mapa do Maroto... Com esse nome, ele não deve permanecer longe de quem tem esse coração. É justo que ele seja de vocês, sei que os Novos Marotos o usarão com sabedoria.

Ele entregou o mapa na mão de Beatrice e os quatro amigos sorriram. Regina ficou pensativa.

– Sr. Potter... Jurar solenemente não fazer nada de bom significa que às vezes é preciso quebrar regras, desde que seja para fazer o certo, não é? As regras são o que é considerado “bom”, mas às vezes elas podem impedir que pessoas sejam felizes e que vidas sejam salvas... como aconteceu hoje. Não é?

Harry sorriu e assentiu. Foi por esse motivo que o Mapa se mostrou àqueles quatro amigos. Não era preciso ser um grifino para herdar o mapa dos Marotos originais, era preciso ter o senso de justiça no momento certo para agir da melhor forma que pudessem em situações difíceis e o senso de humor perfeito para trazer alegria à vida das pessoas.

No arco de entrada da quadra surgiram Ron e Hermione, chamando por seu amigo. Harry se levantou ao mesmo tempo em que o quarteto escondia o pergaminho nas vestes de Beatrice. O auror se levantou e piscou para eles amigavelmente, fazendo sua cicatriz mexer ligeiramente e voltou-se para seus amigos de infância, se colocando entre eles e passando os braços por seus ombros como se fossem crianças novamente.

Os Novos Marotos se entreolharam mal acreditando em sua felicidade. Tinham sido reconhecidos por ninguém menos que Harry Potter e estavam coroados novamente com seu maior tesouro.

– Sabem – Wendell teve uma súbita ideia –, os Marotos originais tinham apelidos por causa dos animais em que se transformavam, certo?

– Isso aí – os três confirmaram.

– Acho que nossos apelidos podem ter a ver com nossos patronos. O que acham? Eu poderia ser... Bigodes!

– Bigodes?

– É, Regina, se você não sabe, os bigodes dos felinos são importantes demais para eles e meu patrono é uma leoa.

– Faz sentido... Então eu... sou Cascos, por causa do meu cavalo.

– Eu sou Orelhinhas, por causa do meu coelho – Julie disse sorrindo.

– E eu sou... sou... Bico, por causa do meu cisne negro!

E assim, sorrindo divertidos e com os braços passados pelos ombros uns dos outros, os Novos Marotos deixaram a quadra cheios de expectativas para o futuro.

 

* * *

 

“Os senhores Bigodes, Cascos, Orelhinhas e Bico têm a honra de apresentar...

O MAPA DO MAROTO!”

 

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