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História Meu Namorado É Um Tritão. - Jason


Escrita por: 26snowhite

Notas do Autor


Obrigado a todos que me acompanham e eu trago um novo romance reescrito*.

Capítulo 1 - Jason


Fanfic / Fanfiction Meu Namorado É Um Tritão. - Jason

                                                          

Meu nome é Jason Baker, ou Jay como meus amigos me chama, quer dizer, minha amiga eu só tenho uma amizade na escola. Não sou o típico adolescente de quinze anos, deixe-me explicar melhor: Na verdade nossa classe é segregada em grupos, por exemplo temos os nerds, os emos, as patricinhas, os descolados, os atletas, os comuns, os perdedores, e por aí vai. Já eu me encaixaria na classe dos valentões da turma, e essa fama vem desde o meu jardim de infância.

Mas como todo mundo na escola, eu não escolhi a minha classe, naturalmente as categorias são impostas a você dependendo de como você é. Eu sempre fui o mais alto, mais musculoso e o meu gênio explosivo fez com que constantemente me envolvesse em brigas, geralmente os outros briguentos que conhecem minha fama vem até mim e me provocam, daí como sou pavio curto logo acabo cedendo aos insultos e brigamos, (minha ficha de reclamações na diretoria é bem extensa por causa disso) foi assim que me tornei um mestre nas brigas de rua, a galera tem medo quando ouve o nome Baker.

Particularmente eu odeio essa fama, só gostaria de viver minha vida em paz, porém toda a vez que eu entro em algum lugar é como se a energia do ambiente mudasse, as pessoas ficam inquietas e mais cautelosas com as palavras que dirigem a mim. A Summer Valley é pequena, e eu tenho uma aparência cigana, então é fácil reconhecer quando se deparam com meus olhos verdes.

Agora é a primeira aula do dia, e o professor Bender me colocou na equipe de natação, ele é um dos poucos professores que tem empatia por mim, talvez por que reconheça que eu sou o tipo de pessoa mais na minha. Entrei no vestiário para trocar de roupa antes do treino. Quando estava prestes a abrir a porta do banheiro um dos membros da equipe me barrou.

-Novatos usam os banheiros por último. É regra aqui. — falou.

Eu o encarei e logo o reconheci Gustavo Philips, um dos descolados, ele tem fama de festeiro na escola e de sempre se safar quando se envolve com brigas nas festas graças ao pai delegado da cidade que acoberta as maluquices do filho.

Cerrei o punho, porém me contive, não queria decepcionar o professor Bender.

-Eu cheguei primeiro que você então eu vou usar primeiro. — respondi friamente.

-Ei vocês dois parem com isso, não estamos mais na quinta série e somos uma equipe, e temos chance de participar das competições estaduais, não podemos ficar birra por qualquer besteira. — interveio Luke, o capitão. — Gus deixa ele usar o banheiro.

Gus saiu da frente e me deixou passar, entrei no banheiro e comecei a tirar a roupa, quando descalcei os sapatos notei algo estranho, e vi dois pontos de luz verdes no meu calcanhar, assustado pensando que eu havia pegado algum tipo de fungo me sentei no vaso sanitário tampado e comecei a analisar meu pé.

Surpreendi-me ao percebe que se tratava de escamas de peixe, eu as puxei rapidamente da pele e senti uma dor aguda depois disso, logo um pouco de sangue apareceu no local.

Aquilo estava grudado na minha pele? Mas como?

Parei de pensar naquilo e troquei de roupa, indo para a piscina.

Lá na borda o professor pediu para nós ficarmos em posição antes de dar largada.

-Bonitos óculos. — disse Gus rindo, e apontado para meus óculos de mergulho improvisados.

Eu tenho conseguido um par usado numa venda de garagem, e lembro que precisei fazer outra alça para ele com elástico de roupa, por que não dava na minha cabeça. Não por que era mão de vaca, acontece que em cidades pequenas é difícil encontrar esse tipo de produto para adultos.

Eu ignorei e concentrei em ganhar a partida. Foi dada a largada e nadei, no momento senti algo estranho no meu corpo uma sensação nova que eu nunca tinha sentido antes dentro de uma piscina, a água me envolvia e eu fazia parte dela, era relaxante. E meu corpo foi levado para frente sem muito esforço. Quando sai da água, percebi que eu tinha sido o primeiro a chegar, fiquei surpreso.

— Jason como você fez isso? — perguntou o professor.

Meus outros companheiros de equipe também me encaravam com mesma dúvida.

Eu também não sabia a resposta, então simplesmente respondi:

— Hã... Sorte.

— Nossa cara, aquilo foi surpreendente!

— Verdade, com você na equipe podemos finalmente participar das estaduais!

Depois dos elogios, eu fui para o corredor dos armários, mas confesso nada foi mais saboroso do que vê a cara de humilhação no Gustavo.

-E aí garotão, hoje está preparado para a maior festa de sua vida?

Quando me virei para ver era minha amiga Rose escorada na frente da fila de armários.

-Que festa? — perguntei.

-Ah, então o senhorio não está sabendo, bom a avó da Alex saiu para uma viagem à Flórida e deixou a mansão dela vazia por uma semana, então sem adultos é a hora das crianças fazerem a festa. — respondeu festivamente.

Pelo o que eu ouvi falar da Alex ela era uma garota legal, que praticava uns mil esportes e com milhões na conta bancária. Porém não era o tipo de pessoa que esbanjava isso, o eu consideraria do grupo atletas/comuns. Alex se dava bem com todos os demais estudantes menos com Katie, uma patricinha e líder de torcida, que vivia enchendo o saco de Alex, pelos motivos mais bestas. Desde o jeito esportivo de vestir até o chiclete que ela mascava.

-Hoje não vai rolar, eu tenho que ajudar meu pai a desentralhar a garagem à tarde.

-Que chato. — bufou.

-É eu sei, mas se eu não fizer isso sabe como é, se eu não for o coroa vai pegar no meu pé e me obrigar a fazer hora extra para ajudar a pagar a cerveja dele. — falei. De qualquer forma eu não me dou bem em comemorações. — menti nessa parte.

Então terminei de pegar minhas coisas e, porém antes de fechar o cadeado a diretora Purple, ou melhor, diretora Cassandra, mas secretamente os alunos a chamávamos de diretora Purple devido ao seu cabelo roxo defunto se aproximou de mim.

-Senhor Baker o que aconteceu com os seus sapatos? — disse ela se aproximando.

-Hã, alguma coisa de errado com eles?

-Que grosso, só um cego não seria capaz de ver que esse par de sapatos está pronto para numa caçamba de lixo. — disse Purple empinando o nariz para o alto.

-Mas eu só tenho esses! — exclamei

-Então trate de arrumar um par de sapatos novos, a escola também é um ambiente formal, na uma instituição de caridade!

Ninguém absolutamente ninguém se dava bem com a diretora Purple na escola com exceção dos funcionários, professores e pais, mas nós os alunos a odiávamos com toda a força do mundo. Ela era sádica, e adorava espalhar fofocas sobre nós, e fazer bullying.

-Não liga, aquela velha coroca só sabe falar de formalidade o tempo todo, mas na real ela já deu para cidade interia, inclusive no gabinete do delegado.

Eu ri com aquela descoberta, o pai da Rose era delegado, então até ele se rebaixou com aquela mulher, que vergonha!

Em casa...

Quando voltei para casa guardei a mochila no quarto e desci as escadas de volta para encontrar o velho, mas não o encontrei, o chamei diversas vezes e nada. Foi para a cozinha e encontrei minha irmãzinha Michelle sentada na mesa comendo um sanduíche.

-Michelle o Josh já voltou? — perguntei.

Ela balançou a cabeça em negação, depois engoliu o pedaço que mastigava na boca e disse:

-Ele deixou um recado na secretária eletrônica. — respondeu.

Liguei o aparelho para ouvir a mensagem.

* Jason escute hoje vou ficar no trabalho mais tarde, mas um amigo vai passar por aí às seis da tarde e você deve entregar um pacote que está em cima da mesa para ele. É uma tarefa simples, então não se esqueça seu imbecil!

Então que dizer que o coroa não vai estar em casa à noite...

Finalmente o universo está ao meu favor!

Minutos depois...

-Muito bem Michelle, vamos relembrar tudo o que eu acabei de dizer agora. Como você deve fazer?

-Não abra a porta e entregar o pacote pela passagem do cachorro. — disse minha irmã.

-E?

-E não trocar nenhuma palavra com o estranho.

-Muito bem, então agora estou indo.

Disse entregando algumas balas de goma em suas mãos. Ele me encarou vermelha de raiva.

-E o resto meu pagamento? — perguntou ela incomodada.

-Eu trago o resto de suas balas quando você fizer o serviço completo, é assim que funciona o capitalismo. — respondi.

Em seguida peguei meu carro e foi dirigindo até a Rose, eu queria aparecer de surpresa para leva-la a festa. Estava vestindo minhas melhores roupas para a ocasião, nunca tinha ido a uma festa antes então queria aparecer elegante.

-Você aqui? Então quer dizer que o seu pai deixou você vim. Que ótimo, então vamos juntos para a festa! — falou empolgada quando me viu na frente da casa dela.

-Na verdade... Digamos que eu dei meu jeitinho. — comentei.

-Jason Baker seu malandrinho! — disse Rose rindo.

Em seguida, ela entrou no carro e fomos até a mansão onde acontecia a festa. Quando saímos, levei uma baita surpresa além de o local ser muito bonito e do tamanho de uma fazenda, havia uma fila de carros com placas de outros estados, poucos rostos em reconheci sendo da minha escola, os demais eram de pessoas de fora. Alex com certeza tinha os seus contatos. Rose retirou o casaco preto que estava vestindo e deixou no carro, revelando assim um vestido vermelho tomara que caia antes escondido.

-Como estou? — perguntou dando uma volta com o vestido de lantejoulas vermelhas.

-É brilhoso demais acho que lhe não caí bem com você.  — respondi.

-Jason, seu idiota! Você nunca me elogiou. — disse ela fingido estar zangada.

Engraçado até quando tenta ser zangada Rose é angelical, dei um risinho de leve.

­— Olha aí quem resolveu aparecer. — disse uma voz familiar atrás de mim.

Gustavo

Rose permaneceu desconcertada, apesar de ela odiar seu irmão gêmeo, ela também nunca gostou da rivalidade entre nós.

— GUS PARA! — Rose.

— Que foi maninha, eu só queria cumprimentar o vencedor da competição de hoje. Será que eu não posso? — ironizou ele.

Pior que o tom irônico de Gus lembra muito a Rose, quando fala desse jeito.

— Sabe Jay, essa festa precisa mais de tempero, que tal revanche para animar o pessoal. Isso se você não tiver frescura de nadar a noite.

— Esquece! — disse Rose me pegando pelo braço, e me puxando para longe.

— AÍ VAI AMARELAR? — gritou debochando.

Eu olhei fundo nos olhos da Rose como se quisesse dizer:

—Se eu humilhar ele pela segunda vez quem sabe ele não volta chorando pro berço?

E o dela dizia:

— Eu dividi a barriga com aquele palhaço por nove meses, ele tá aprontando uma!

 

Mas o meu insistia:

 

— Talvez tenha razão. Mas...

 

Eu me virei para Gus e disse:

— Eu topo o desafio.

Fomos para a piscina da mansão, que por incrível que pareça se somasse o tamanho da piscina esportiva da minha escola junto com a piscina pública, não daria nem a metade daquela. Eu me pergunto como a neta vai fazer a limpeza daquilo antes da dona voltar de viagem.

As pessoas estavam reunidas nas laterais, muitas já embriagadas com copos de bebidas na mão, eu pude ouvir uns murmúrios, alguns estavam fazendo apostas para descobrir quem seria o vencedor da noite.

Vesti um short de banho emprestado, apesar de ser frio não era a primeira vez que eu praticava natação à noite. Quando entrei na água me entregaram um par de óculos de natação, os coloquei e senti uma forte ardência nos meus olhos, os retirei rapidamente antes que eu pudesse reclamar a largada foi dada.

O palhaço quer que eu me atrase! — Pensei.

Mesmo assim não iria desistir para o Gustavo, larguei os óculos na água e nadei sem eles, era só segui em linha reta. Nesse momento eu senti um impulso novamente e meu corpo deslizou facilmente na água, como eu não precisasse utilizar minha força para nadar, foi como de manhã cedo, só que mais forte.

Quando sai para respirar notei que todo me fixou o olhar para perto de mim, em seguida me aplaudiram fiquei sem entender por uns instantes até me dei conta que eu estava na linha de chegada, uns felizes pela vitória e outros desanimados por perderem seu suado dinheirinho na aposta.

Então eu venci. E o Gustavo ainda não tinha chegado nem na metade do caminho.

Eu saio da água e Rose me entregou uma toalha para secar, depois a anfitriã da festa, Alex e me parabenizou pela vitória com uma garrafa de vinho. Não demorou muito, e o infeliz do Gustavo também saiu da água se aproximou de mim.

-Seu maldito! Você trapaceou e essa garrafa deveria ser minha! — acusou ele.

Mas que cara de pau! — Pensei.

-Acho que você engoliu muita água com cloro Philips! Já é hora de você voltar para o banco dos perdedores.

-Miserável...

Ele se aproximou de mim para me bater, Rose interveio tentando pará-lo, mas ela foi arremessada no chão, todos da festa uivaram com desprezo para o Gustavo e com razão. Aquilo me deixou furioso, como ele ousava bater na própria irmã? Entrei na direção dele só que uma coisa estranha aconteceu mal me encostei a ele, na verdade nem foi um soco minha mão estava estendida sobre o seu peito surgiu faíscas e ele foi arremessado para trás contra o vidro da varanda.

Todos me olharam assustados para mim e minha mão ainda incandescia, fiquei paralisado por um tempo sem entender o que eu acabara de fazer, até que no medo sai correndo para o estacionamento. Entrei no carro apertei os freios e saindo de lá mais rápido o possível.

Chegando a casa abrindo a porta apressadamente, só queria me esquecer-se daquilo, até que me lembrei de que a Rose estava de carona comigo, e eu a tinha deixado lá.

 Droga!

-Onde estava? — era a voz do Josh.

Não respondi nada, pois pelo cheiro que vinha dele denunciava que ele não tinha ficado no trabalho mais tarde, mas bebendo em algum bar próximo. E Josh transformava-se na pessoa mais insuportável do universo quando bebia.

-O que houve com seu olho? Poderia ser a pergunta ideal para um pai preocupado, mas o chefe da família Baker não liga muito para paternidade.

Tanto faz, se a Michelle tinha feito alguma coisa errada quando entregou o pacote, então eu assumiria o erro.

-Sabe o que aconteceu hoje quando você estava fora? A pestinha da sua irmã queria bananas flambadas então resolveu fazer sozinha, e adivinha? Colocou fogo no fogão. Não vamos ter mais comida quente até você pagar por um novo. — disse ele.

 Comecei a subir as escadas para meu quarto, nesse momento.

-Onde você pensa que vai? — perguntou ele.

-Pro meu quarto. — respondi friamente. — Se o problema é um fogão novo, pode deixar que irei pagar o prejuízo senhor!

-JASON! — ele gritou tão alto que aposto os vizinhos ouviram. — Você não sai daqui me ignorando desse jeito! — segurou meu braço.

O que esse bêbedo quer?!

Eu comecei a rir e disse:

-E o que você quer? Mais dinheiro para ficar embriagado com os “amigos”?

-Moleque vagabundo, e pensar que eu trabalhei feito escravo para sustentar você! — exclamou ele. — Mas parece que nem te educar direito isso aquela vadia fez!

-Não fale assim da minha mãe! — explodi.

Em segui ele me acertou um murro no queixo eu trombei para trás com o impacto, quase cai às escadas se não tivesse me segurado no corrimão a tempo.

-Eu falo do jeito que eu quiser na minha casa! — disse ele saindo da minha frente e voltando para baixo.

Depois disso, reuni forças eu subi de volta para o sótão onde também era o meu quarto.

Toc Toc

Despertei com um barulho de batidas na porta, de repente parou, então voltei a me cobrir com o lençol e dormir, mas o barulho voltou e mais forte.

Toc Toc

Michelle deve ter tido outro pesadelo. — Pensei.

Ainda sonolento me levantei da cama para atender, acendi a luz antes de abrir notei um rastro de água que se escorria por debaixo da porta.

O que isso? Alguma pegadinha da minha irmã?

Michelle não é desse tipo de coisa, então resolvi arriscar, abri a porta vagamente e fiquei amedrontado minha espinha congelou com as duas figuras paradas ao lado de fora da casa, aposto todas as fichas que fiquei da cor de uma folha de papel no momento, a mais baixa media mero um metro e meio com cabelos brancos como uma idosa, mas seu rosto era jovial como uma garotinha, ao lado dela um rapaz ruivo, sem roupa, me encarava friamente, e ele não parecia nada envergonhado com a sua nudez.

— Jovem Jason. — disse a senhora.

— Como sabe meu...?

— Agora você é a nossa última esperança. — ela arremessou um pó branco brilhante em minha face.

No dia seguinte...

trim trim trim

Acordei o som fatigante do despertador em meus ouvidos, parecia que cada dia estava mais alto, bati forte desligando o aparelho, acho que estava com enxaqueca tão grande que mal tão noção que dia era hoje. Percebi então que meus minutos de glória namorando o travesseiro sumiram quando lembrei que hoje era tarde de sábado, o dia de levar Michelle ao balé e teria que esconder a ressaca dela.

Levantei da cama forçadamente e me dirigi ao banheiro, depois de lavar o rosto com água fria e por inacreditável que pareça o inchaço do meu olho desaparecera, me olhei melhor no espelho quando notei algo estranho no reflexo, vi a passagem de uma sombra na cortina da banheira pensei que ainda era o efeito do álcool no meu cérebro então resolvi abrir a cortina me deparei com uma cena assustadora, cai pra trás me arrastando de costas até encontrar com a parede.

-Você está bem? — perguntou a criatura como se tivesse acabado de acordar de uma espécie de meditação.

Fiquei pasmo apenas uns rangidos saiam da boca quando eu na verdade queria gritar socorro.

-Relaxa, eu só usei sua banheira. — disse ele voltando a relaxar de olhos fechados.

Fiquei de pé e sem tirar os olhos do menino ruivo metade peixe, apalpei a parede até encontrar a maçaneta do banheiro e sai correndo de lá, de volta no meu quarto peguei o abajur e cautelosamente fui andando de volta ao banheiro, sabia que lutar com um abajur era estúpido, mas meu pai tinha jogado minha espada japonesa fora, todavia agora só bastava dar um murro com um objeto pesado na cabeça do invasor que ele desmaia.

-Jay está na hora de você me levar para a aula. — a voz Michelle atrás de mim.

Droga!

-O que você está fazendo? — perguntou ela.

-Eu...

-Eu também quero saber o que você está fazendo com um abajur nas mãos Jay?

 Olhei para trás, aquele menino metade peixe agora estava com duas pernas e usando uma das minhas toalhas que cobria a parte de baixo.

-MICHELLE VÁ PRA TRÁS!  — gritei.

-Hã? O que foi? — perguntou ela sem entender a situação.

-Fica longe da minha irmã! — apontei o pé do abajur na cara dele. — TOMA ESSA! — girei o artefato para cima fazendo a porcelana indo direto no crânio dele.

-Pare. — ordenou ele, e eu sentir um pulsar e uma corrente elétrica percorrendo no corpo e parei automaticamente, em seguida cabalei para frente meu tonto.

-Jay por que você ia atacar o Eros? — perguntou Michelle.

Eu olhei para ela confuso.

-Quem?

-Eros, o garoto do intercâmbio — disse ela apontando para o esquisitão sentando na minha cama.

 Fiquei mudo, daí vieram às lembranças de ontem à noite.

Aquela criatura das trevas ontem estava acompanhada com outra pessoa, uma menina-velha eu acho, que tinha me jogado um pó branco e eu devo ter desmaiado em seguida.

O que será que eles querem? E como Michelle o conhece?

-Michelle vá me esperar no lado de fora. — ordenei.

-Mas eu queria mostrar um desenho que eu fiz para o Eros!

-AGORA! — gritei e ela saiu apressada.

Estava prestes a fazer um interrogatório urgente com aquela assombração de marte quando o meu celular toca.

-Não vai atender? — perguntou ele discretamente.

Eu peguei o celular na cabeceira sem tirar os olhos do sujeito com aquele olhar de satanás.

*Alô?

*Cara como você ousa sair da festa sem me avisar?! Tem noção o que eu passei para voltar para casa?! Meus pais quase descobriram que eu usei roupas curtas e meu irmão fez chantagem comigo! Eu tive que pagar cinquenta fuck dólares para ele fechar o bico! Isso é meu salário semanal da lanchonete!

Enquanto Rose contava sua história e peguei a chave do quarto e tranquei pelo lado de fora, o capiroto não se moveu um segundo para me impedir, desci até as escadas chegando à cozinha, peguei uma faca no gaveteiro.

*Rose, desculpe por ontem... Mas chama a polícia.

*Quê?! Se isso for mais uma brincadeira sua-

*Não é brincadeira. Chama logo a polícia, tem um maníaco...

Ele apareceu na minha frente, entre mim e a faca com aquele risinho diabólico.

Mas como? Eu tinha trancado a porta?

*Jay? Jay? O que aconteceu?

Eu não consegui pronunciar mais nada, algo me impedia de falar com Rose, como se tivesse uma mão invisível fechando meu maxilar. Devia ser ele.

A faca caiu no chão.

Em seguida em senti aquela sensação estranha novamente tomar conta do meu corpo. Minha boca se abriu como se tivesse sendo controlando como uma marionete, fiquei assustado só então reparei que ele também estava com os lábios abertos.

Meus nervos ficaram a flor da pele. A incerteza do que iria acontecer em breve me assustava então nossas vozes falaram simultaneamente:

*Esqueça Rose, só foi apenas uma piada, na real não estou a fim de ouvir sua voz agora. Tenha um bom dia.

Coloquei as duas mãos sobre minha cabeça respirando fundo e comecei a murmurar para mim mesmo:

-Não pode ser...

-Mas é verdade meu caro — disse ele.

Quando levantei a cabeça estava com uma expressão de raiva tão grande que ao me deparar com aquela criatura sorrindo para mim sentado na mesa era capaz de cometer um crime naquele instante.

O que você é?

Sou o príncipe Eros IV, filho de Magnus O Impiedoso e Cibele A Bela, o único herdeiro legítimo do trono de Atlântida, um país nas profundezas do oceano longe da perversidade humana, você deve conhecer meu povo pelo nome de sereias, mas detestamos ser chamados assim. A forma como vocês nos retratam é... — parou abrindo um cartaz que estampava uma mulher sensual vestida de sereia fazendo topless que meu pai deixava em cima do armário escondido dos olhos de Michelle. — Ridiculamente ofensiva! — terminou sentando no balcão.

-Eu só posso estar ficando louco!

Príncipe? — Pensei.

Aquele cara era bonitão o suficiente para ser parecido com um príncipe, mas mal educado demais para ser um!

Ele moveu os dedos e água saiu da torneira flutuando no ar, o líquido correu vagarosamente na frente de Eros tomando a forma esférica em seguida a esfera virou gelo, ele pegou o objeto explodiu com as mãos sem o menor esforço.

-Lamento Jason Baker, mas para seu desespero eu sou tão real quanto você. E a partir de hoje terá que trabalhar ao meu lado.

-Espere um momento então a partir de hoje eu serei seu escravo?

-Não falo como escravidão, mas como uma ajuda, infelizmente você é a minha última chance para salvar o meu reino.

-Você só pode estar de chacota comigo! Por que diabos um peixe fora d’água iria querer com um humano?! Você tem esses poderes sobrenaturais e tal, e eu só sou um estudante do ensino médio! Tipo, o que eu tenho a oferecer?

-Deixe-me explicar o que está acontecendo, meu reino foi invadido por uma fera marinha desconhecida e todas as pessoas de lá foram transformadas em pedra, e você é o único tritão que ainda resta no planeta exceto eu, pelo menos será quando o trato de transformação for finalizado.

-Trato? Que trato? Eu não me lembro de ter feito trato com peixe nenhum! Além disso, seu cérebro de molusco fique sabendo que dois homens não geram bebês! — explanei.

-Eu não vim aqui tentar restaurar a espécie com você eu só preciso de um guerreiro. E é impossível você deve ter feito o trato da lua azul apenas esquece-se. Se não fosse o caso seus poderes não tinham despertado ontem, e a você não ganharia escamas.

-Isso significa que aquilo...

-Sim, isso significa que aquilo é a primeira fase que seu corpo está tomando para se tornar um tritão meu caro. — falou. — Parabéns em breve terá uma belíssima cauda.

Minha nossa! E a minha vida? Como ela fica?

Meus amigos? E a...

Michelle. — Pensei.

-A memória de todos à sua volta foram alteradas com recordações implementadas ao meu favor, pode me chamar de Eros Lykaios, sou um estudante grego que veio a América aprimorar o inglês e que está hospedado com sua família. — continuou ele.

-Bem Eros, acontece que eu não quero me transformar em um peixe. — falei.

-Lamento, mas essa situação é irreversível.

Olhei para os cactos de gelo no chão ele tinha explodido uma esfera de gelo do tamanho de uma bola de boliche como se explode um balão de aniversário, eu fiquei apavorado principalmente por lembrar que Michelle não está tão longe de nós naquele momento.

-De qualquer forma eu não terei escolha a não ser me aliar a você, não é?

Ele me encarou alguns segundos como se pudesse ler a minha mente.

-Não se preocupe, não irei fazer nenhum mal a eles, afinal também tenho alguém para zelar. — respondeu calmo.

Ainda bem, por um momento imaginei que ele ia me matar ali mesmo!

-Agora... — continuou ele.  —Tire a roupa.

-MAS COMO É RAPAZ!!!  — Trovejei.

Não vai a Michelle para o balé vestindo um pijama? Ou vai? — perguntou ele com aquela calmaria irritante.

Antes mesmo de eu responder ele subiu o resto das escadas, tão rápido que parecia estar voando no ar, aquilo era sobre-humano.

Início do Flashback

— O que você veio fazer aqui? Eu mandei você me deixar sozinho!

Mesmo assim Rose terminou de subir as escadas do sótão e se aproximou de mim. Desde cedo ela era uma garota teimosa.

— Um amigo de verdade nunca abandona o outro, principalmente no sofrimento.

— Sofrimento?! Você não sabe o que é perder alguém que você gosta! Então me deixa em paz!

— NÃO!

— EU MANDEI ME DEIXAR EM PAZ!!!

Eu empurrei para trás e Rose caiu com tudo no chão, tendo a cabeça atingida.

Lembro-me de que eu fiquei paralisado sem saber o que fazer, eu tinha acabado de machucar uma amiga e a sensação era horrível.

Ela se se levantou ainda com a cabeça inchada pela queda.

Daí ela simplesmente me abraçou.

Ela tinha todos os motivos possíveis para revidar, mas não, ela simplesmente ficou ao meu lado no momento mais difícil da minha vida.

Fim do flashback.

LANCHONETE

Depois de ter deixado Michelle na aula, eu fui para meu trabalho de meio período na lanchonete. Rose ficou a todo o momento evitando dirigir uma palavra comigo com exceção dos pedidos dos clientes e em todas minhas tentativas frustradas pedir desculpas para ela, Rose literalmente me fuzilava com os olhos.

Mesmo sendo minha melhor amiga, duvido que ela acredite que um “sereio” fosse responsável pela confusão com a gente. Talvez depois de um tempo, os ânimos possam acalmar e voltamos ao de antes. Além dos mais, eu estava juntando dinheiro secretamente para cobrir os cinquenta dólares que ela havia perdido para Gus.

Minha atenção se prendeu com um grupo de meninas pré-adolescentes babando em cima do vidro interior. Elas cochichavam entre si e riam de felicidades com qualquer coisa que estivesse no lado de fora da lanchonete. Logo entrou um jovem na minha idade no estabelecimento.

Era Eros, ele estava vestindo uma jaqueta de couro e calças com rasgos no joelho, e usando uma argola pequeníssima na orelha. Ele sentou numa mesa próxima do balcão de atendimento e Rose foi animada atende-lo.

-Então o que o bonitão vai querer hoje? Temos um especial da casa se preferir. — disse Rose como se conhecesse ele anteriormente.

-Hum não, obrigado. Apenas um bom e velho café de sempre.

-Como quiser, o cliente sempre tem razão. — respondeu Rose.

Eu não acreditei na cena que acabei de presenciar. Rose tinha tratado espontaneamente bem um cliente? Nem se fosse o Brad Pitt ela teria feito isso, a Rose que eu conheço odeia ser garçonete mais do que qualquer coisa da fase da terra!

No momento em que minha amiga terminou de colocar o café da bandeja eu roubei dela e fui direto em direção ao Eros, ignorando os gritinhos de reclamações de Rose atrás. Cheguei à mesa e servi o café e secamente perguntei:

-Porque veio?

-Preciso que venha me acompanhar na praia hoje à noite. — disse tomando um gole de café. — A ninfa Nhuran, a mulher de branco, vocês precisam ter uma conversa.

-Você já colocou uma corda no meu pescoço, não precisa vir aqui para aperta-la mais! Eu vou está bem? Só que meu turno acaba depois das nove, você vai ter que ter paciência. — falei

-Deixe-me falar com seu chefe. E consigo fazer você ser liberado mais cedo.

-Não, não vou deixar você usar sua macumba de novo, dessa vez vamos fazer as coisas do meu jeito.

-Você é mesmo arrogante Jason Baker, isso é por causa do seu temperamento ou por que eu lhe causo ciúmes? — falou ele num tom sarcástico.

Eu engasguei diante de tal sugestão. Como ele tinha falta de vergonha na cara para poder afirmar tanta besteira.

-Ora essa. Já lhe disseram que você fica bonitinho com as bochechas vermelhas. — disse rindo.

-Não vem com essa eu nem te conheço! — trovejei.

Nesse exato momento alguém se aproximou perto de nós dois.

-Se escondendo no trampo Jay?

Eu reconheci aquela voz, me virei para encarar a sombra atrás de mim, era Gustavo, ele estava com um curativo no olho esquerdo e os lábios ainda inchados.

Droga! — Pensei.

Justamente agora que resolvi pegar o turno da noite para pagar minha dívida com Rose aparece o irmão encrenqueiro dela querendo se vingar.

-O que foi? Não vai bancar o valentão como ontem à noite? — perguntou Gus.

-Gustavo! Já chega! Você está no meu trabalho, por acaso quer que eu perca meu emprego?! — disse Rose se aproximando.

-Meu negocio é com seu amigo, irmãzinha. Então Jay, vamos resolver as coisas no lado de fora ou prefere ficar aqui e se esconder que nem um cachorro assustado atrás dela? — debochou Gus.

Era óbvio que aquela pergunta era irônica, Gustavo ia quebrar minha cara de qualquer maneira, aqui dentro ou do lado de fora, ele não se importava nem um pouco se irmã corria risco de perder o emprego por causa de suas escolhas. Mas se necessário brigar ali mesmo, eu deveria ser mais esperto do que ele.

-Tudo bem, vamos para lado de fora, contanto que nunca mais se atreva a pisar os pés aqui novamente. — falei para ele.

-Jay, por favor. — pediu Rose.

-Ok. Faço do seu jeito. — disse Gus. — Mas vamos logo, não aguento esperar mais para te enviar para o cemitério!

Saímos da lanchonete, antes disso notei enigmático do Eros para cima do Gustavo.

Ele também deve estar desconfiando que Gus esteja aprontando algo. — Pensei. 

Acompanhei-o para detrás do estabelecimento, o local onde os funcionários tinham o costume de jogar as sobras de comida. Quando dei passos mais próximos da caçamba de lixo duas pessoas gigantes saíram das sombras, eram três brutamontes, eu não os conhecia deviam ser amigos do Gustavo.

Filho da puta! — Pensei.

-Ei, eu não concordei com isso! — explanei.

-Nosso acordo era brigar no lado de fora, mas em nenhum momento avisei que seria uma luta justa. — falou Gus rindo da situação.

Ergui os punhos em posição de briga, se fosse para perder ao menos perderia com honra, ao contrário daquele covarde.

O silêncio foi quebrado quando ouvimos barulhos de passos se aproximando, todos se viraram encarando o Eros, ali iluminado pelo poste de luz.

-Quem é você mauricinho? — perguntou Gus.

-A pessoa que vai colocar você e seus amigos para correr.

Todos caíram na risada. Menos eu.

-Primeiro enfiem esse otário na caçamba de lixo, depois acabamos com o Baker. — ordenou Gus.

Dois dos monstros pesando mais de cem quilos se aproximaram dele, nesse momento uma força invisível jogou os amigos de Gustavo na parede, eles caíram com tudo no chão, desmaiados e as marcas dos corpos ficaram estampadas na parede de tijolos. O outro correu para longe feito uma menininha, eu vi de relance Eros movendo os dedos o fugitivo foi arrastado automaticamente em direção à caçamba de lixo ele foi colocado dentro da caixa de metal com restos de comida em seguida a porta se fechou o prendendo ali mesmo.

-V-vo-você é UM MONSTRO! — gritou Gus.

Antes que o miserável pudesse fugir eu acertei um soco na nuca dele, em seguida chutei os pés e Gus desequilibrou-se e desabou no chão. Ainda consciente ele tentou levantar e eu agarrei pelo colarinho o prendendo no chão e disse:

-Isso é por você jogar sujo! — falei desferindo um soco na cara de Gus.

Ele cuspiu um pouco de sangue manchando a roupa.

-E isso é por humilhar eu e a sua irmã em público! — acertei outro golpe, mas agora do lado oposto.

E dessa vez ele perdeu os sentidos por completo.

Depois eu ouvi um barulho familiar, eram sirenes da polícia, alguém devia ter os chamado.

Eros se aproximou de mim.

-É melhor você sair daqui agora, esses caras são testemunhas. Os policiais vão sabendo sobre você! — falei.

Em seguida as mãos de Eros ofuscaram uma rajada de luz azul que atravessou as cabeças do grupo de desacordados.

-Não se preocupe, eu apaguei a memória desses imbecis, não vou ter problemas com os demais humanos. – falou ele.

A polícia chegou ao local e prenderam os três capangas do Gustavo, menos o Gustavo, que por acaso era o filho delegado então o máximo que receberia de punição seria um bronca quando chegasse a casa. Ao menos fico feliz por que depois dessa, ele vai aprender a não procurar o que não deve.

Logo depois, Eros se aproximou do meu chefe no qual acabara de sair da lanchonete, a conversa deles parecia como de amigos que não se viam há muito tempo. Eu observei tudo de longe.

Depois Eros me chamou e eu me aproximei dele.

-O que vocês conversaram? — perguntei para ele.

-Bem, digamos que você foi liberado mais cedo e não será descontado um centavo do seu salário, mas o melhor de tudo é que tem o resto da noite livre para me acompanhar. — respondeu ele.

-O que? Como? — fiquei em estado de choque. — Você não pode sair por aí hipnotizando as pessoas, é errado. — falei para ele.

-Olha quem fala. Se você fosse um cara justo não teria acertado seu oponente por trás.

-Aquilo foi uma situação totalmente diferente tá legal?

-Aff... Tanto faz, vamos logo eu preciso de você para ir dirigindo até o local onde os humanos chamam de “Praia Escondida”.

-Dirigindo? — ironizei.

-É por isso que vamos na moto aprestada do seu chefe. — ele sorriu mostrando as chaves.

Ah não! — Pensei.

Demorou um longo tempo para Eros convencer eu acompanha-lo e no final eu acabei cedendo. Por saber o caminho para a praia, em poucos minutos chegamos ao ponto.

Sentamos nas pedras rochosas da praia, ele ficou em calado olhando para o horizonte, com a expressão indecifrável no rosto já conhecida, o que Eros tinha de belo tinha de inusitado. E apenas o barulho do bater das ondas estava incomodando meus ouvidos, por fim decidi puxar assunto para quebrar o silêncio.

-Desculpe minha curiosidade, mas você é algum tipo de Doutor Xavier? — perguntei.

-Seja mais específico. — falou.

-Está bem, digamos você seria como um telepata, alguém capaz de mover as coisas com mente? Como alguns minutos atrás. — tentei explicar.

-Ah acho que eu compreendi o que você imagina, não, eu movimento a água e o seu estado, isso inclui até mesmo a água dentro dos corpos dos seres vivos, vocês humanos são compostos por sessenta por cento desse líquido foi assim que eu derrubei aqueles embustes.

-Mas quando você disse que tinham “apagado as memórias dele”, isso também conta como telepata... Eu acho.

Ele finalmente virou-se para mim, acho que agora se interessou pela conversa.

-Ah, apagar memórias humanas é dom natural que toda sereia, inclusive conseguimos ler mentes, assim que conseguimos nos comunicar debaixo d’água. Por isso não tenho a capacidade de bloquear esse sentido, então querendo ou não, eu vou ouvir o que você e os demais estão pensando.

Ai meu Deus! Será que ele consegue descobrir meus segredos mais bem guardados?

-Está me olhando com essa cara de assustado porque Jay? — perguntou ele.

Droga! Ele descobriu!

-Eu? Nada! Só que... Fica estranho agora saber que você pode saber tudo o que eu estou pensando. — falei.

-Fique tranquilo eu só posso acessar a mente de uma sereia se eu tiver permissão da mesma.

Eu soltei um respiro fundo e prolongado de alívio com a resposta

-Porque tem alguma coisa específica que não gostaria de saber? — ele veio com outra pergunta impertinente.

Eu voltei meu olhar assustado, ele lá estava ele com aquele maldito sorriso malicioso de sempre.

-Como uma caixinha com sua coleção de fotos sobre homens sem camisa debaixo da cama? — disse ele soltando risinho irritante em seguida.

-Você xeretou as minhas coisas?! — exaltei.

-A casa estava vazia não tinha nada para fazer, fui atrás de comida e... Foi sem querer. Acredite se quiser. — respondeu tranquilo.

Aquilo não tinha sido sem querer. Respirei mais fundo para conter a fúria crescente dentro de mim antes de falar com ele.

-Olha prometa não contar esse segredo para ninguém, seu meu pai descobrir...

-Tudo bem, eu não gosto de sair por aí fofocando a vida alheia. E também não precisa ler mentes para saber que você é gay, basta reparar nos seus olhos mirando para o meu tanquinho.

Minha nossa...

-Você deveria ser mais discreto quanto a isso. É surpreendente o fato de sua melhor amiga ainda não ter descoberto, é uma pena, caso contrário ela não nutriria sentimentos amorosos por você.

Eu lancei um olhar confuso para ele, mas logo em seguida compreendi o que acabara de ser dito.

-Rose? — indaguei.

-Vejo que você também não tinha a menor ideia. — falou tranquilamente.

-Ela ficou uns cinco minutos pensando o quanto o garoto que ela tanto ama a deixou decepcionada ontem. Sabe, talvez ao menos para ela deva se abrir.

Fiquei embasbacado com aquela descoberta, eu conhecia Rose desde meu jardim de infância e em nenhum momento eu tinha percebido qualquer investida por parte dela. Agora percebi que eu nunca havia me perguntado por que Rose jamais teve interesse em relacionamentos ao contrário das demais garotas da nossa turma.

Talvez não fosse arrisca confessa minha preferência com ela, mas de qualquer forma eu acabaria sem querer partindo seu coração. E eu não queria perde nossa amizade.

-Eu também posso aprender ler mentes?

-Não, você ainda é novato, demora algum tempo para conseguir essa façanha.

Bem em agora que a semana de prova estava chegando.

-Ela está perto. — disse Eros.

Eu me levantei das rochas e fiquei de pé, esperando a menina-velha aparecer.

Ninfa Nhuran.

-Boa noite meu príncipe. — disse a criatura, ela voltou seus olhos para mim. — Jovem Jason Baker, como anda suas pernas?

Então ela sabia das minhas pernas?

-Bem, está crescendo escamas de peixe nela, eu tentei raspar com a lâmina de barbear, mas quanto eu mais faço mais nasce.

-Por acaso você é um cabeça oca? Não pode sair raspando uma dádiva dos Deuses!

Eu me surpreendi com aquilo ela mudou de uma atitude angelical para uma completa bruxa, como da água para o vinho.

-Oh, me desculpe eu não sabia...

-Não sabia? Como não sabia? Era sua obrigação saber Jovem Jason Baker!

O rosto dela ficou cada vez mais vermelho de raiva, era como uma bomba prestes a explodir.

-Hã... Bem Nhuran, acontece que o rapaz aqui não se recorda de ter feito o trato da lua azul. — interveio Eros.

A ninfa pareceu relaxar quando a voz de Eros preencheu novamente o ambiente.

-Como?!

-Infelizmente é isso. — completou Eros com um risinho de canto.

Nhuran olhou para mim de cima para baixo com um olhar de abominação. Em seguida bufou.

Alteza, Jovem Jason Baker, me acompanhe para entrar no mar agora. — falou ela.

-Chamem-me apenas pelo meu apelido Jay. — disse eu.

-Muito bem, Jovem Jay. Eu fornecerei todas as respostas necessárias para você, agora me faça um favor e entre na água.

Ficar colocando Jovem na frente também é esquisito.

Eu apenas fiz o que ela pediu e retirei algumas peças de roupa ficando apenas com a minha calça. Aquilo deveria ser suficiente. Olhei para lado e gritei de pavor quando vi Eros completamente nu, ele nem ligou com a minha atitude, era um completo sem escrúpulos.

-Minha nossa, você não tem vergonha não?

-Para no final elas rasgarem com a transformação? Não obrigado. Mas se estiver incomodado basta não olhar para meu belo corpo nu.

Retrai-me com a resposta ousada dele, mas segui a recomendação. Se bem que evitar olhar aquele corpo perfeitamente esculpido seria uma flagelação.

Mergulhamos na água e eu os acompanhei, pelo tentava eles nadavam muito rápido.

Eros possuía uma cauda com escamas azul aquamarine que alteravam de tonalidade clara e escura toda a vez que ele movia-se na água, a mesma combinava com a cor dos seus olhos.

-Em uma forma mais simplificada de entender todas as sereias existentes já foram antes seres humanos que escolheram a missão de se transformar em criaturas com cauda e proteger a Atlântida, que diferente do imaginário popular, não é uma mera cidade no meio das profundezas do oceano, mas um templo de devoção onde abriga a energia vital para a existência de todos os demais seres vivos “Vida”.

-Espere aí, você disse que todos já foram humanos, mas tem uma forma de reverter isso?

-Eu ia chegar nesse ponto jovem Jason Baker. — disse ela bufando de raiva. — Todos fazem por escolha própria através do ritual de transformação durante a lua azul, se você se transformou em uma criatura do mar é por que em algum momento de sua vida, lembrando ou não você escolheu ser! E uma decisão tomada não pode ser desfeita. — respirou fundo. — Mas agora lamentavelmente minha terra natal foi destruída, e minha família transformada em estátuas de pedra por uma criatura colossal que desaparece e reaparece sem explicação. — seu tom de voz mudou para um mais melancólico.

-E um semideus, ele pode desfazer o trato? — perguntou Eros.

-Hum, não sei senhor Eros seria capaz de fazer tal feito... Mas talvez sua condição possa permitir tal milagre.

-Você é um semideus? Por que não falou isso antes? — questionei.

-O senhor Eros não tem que lhe dar satisfação alguma! — interveio a ninfa em voz alta.

-Diferente dos demais, um nobre pode assumir a forma de humano ou tritão a hora quando entro em contato com a água, por isso apenas a realeza é capaz de gerar descendentes, enquanto a número de nossa população depende exclusivamente dos tratos. — disse Eros.

-Hã?

Aquilo não fazia sentido para mim.

-Em forma de sereia você não ganha órgãos reprodutores. — completou Eros.

Quer dizer que o meu negócio vai desaparecer?!

-Eu realmente não deveria ter feito aquilo! — Pensei.

-Continuando a energia vida é mais complicada de se explicar, mas da forma mais didática possível se encaixaria na famosa frase terrena “Água é vida”, pois é por meio da “Vida” fornecida pelos Deuses que o processo de transformação da água em todo o planeta ocorre. — disse ela.

Analisei a frase dela mentalmente tentando encaixar algum conhecimento nostálgico meu. Acabei por conectar com o assunto do ciclo da água que tinha aprendido na quarta série.

-Espera enquanto o que diz respeito à ciência? Pra mim é o sol que...

-Ciência é baboseira de mortais! — ela interrompeu. — De qualquer maneira quero analisar os seus poderes recém-despertados, consegue invocar agora? — perguntou.

-Bom por que você quer saber? — falei.

Só depois eu tive a noção da cagada que acabei de fazer.

-Hã, ainda falta uma coisa a ser explicada que seria bom você saber Jay...

-Alteza?! — falo

-A lua azul é a responsável por fornecer os poderes especiais das sereias, a quantidade é distribuída pela proporção da população, e como você é o único tritão que restou isso significa que é o mais forte que existe agora. — falou.

-Ah, entendi então vocês planejam que eu sozinho derrote a tal criatura que transformou todo o seu exercito formado por soldados experientes em pedra?

-É também achei um plano bem suicida, mas quem sou eu para dar opinião. — falou Nhuran com desdém.

Eu olhei para as palmas minhas mãos abertas.

Será que eu consigo repetir o que eu fiz naquele dia?

-Acho que eu consigo. — falei.

Destrua aquele rochedo. — falou Nhuran apontando para frente.

Movi minha mão totalmente aberta para a direção certa, mas nada aconteceu. Tentei duas vezes repetidas antes de desistir. O que tinha acontecido, na última vez tinha feito tão naturalmente.

-Meu príncipe, eu sugiro abandonarmos o cadáver dele na praia. — falou ela.

É o quê?!

-Não acho que será necessário isso Nhuran. — disse Eros.

Espera? Eles planejavam me matar caso eu não cooperasse?

-Meu príncipe, eu insisto podemos fugir para o olimpo e por garantia matamos o Jovem Jay para que ele não revele o fato do mi lorde ter sobrevivido.

-Nhuran não a porque de mais violência. — falou tranquilamente. — E acima de tudo isso um nobre deve agir sobre sabedoria, e evitar ao máximo o derramamento de sangue, principalmente do seu povo.

-Mas ele nem ao menos se tornou uma sereia por completo! Como pode igualar a seu povo?

-Mesmo que ele fosse um mero humano, eu teria consideração por ele da mesma forma que eu tenho você Nhuran. — respondeu Eros.

Isso! Toma na sua cara, sua rabugenta!

-Com todo respeito vossa alteza, mas enganam-se gravemente em comparar a vida de um reles mortal com uma sereia, eles inúteis não valem nem o que defecam!

-O que você disse sua anãzinha? — disse eu.

-Como ousa me chamar de anãzinha seu mortal estúpido?! Você tem ideia do que está com quem está falando? — trovejou ela.

-Vocês dois parem, parecem duas crianças. — disse Eros.

Eu apenas ignorei, e voltei a falar com a bruxa de cabelos brancos à minha frente.

-E você, sabe com que está falando? — retruquei com a mesma pergunta esnobe que ela acabara de me fazer. — O que eu saiba até agora sobre sereias é que são seres “tão imponentes” que precisam da ajuda de reles mortais para salvar seu país.

Nesse momento ela ergue as mãos e um jato de flocos de neves em forma de dragão sai um minha direção, eu tento me esconder na água. Mas a cabeça daquela coisa me agarra meu pé esquerdo e me puxa novamente para a superfície. Rapidamente ergo meu tronco para cima encaixando minhas mãos na mandíbula do monstro de gelo.

Coloco todas minhas forças pra abrir a boca da criatura, mas meu esforço é em vão. O gelo não se moveu um centímetro, e o pé pingava sangue modo o ferimento causado pelos dentes afiados.

Por sorte tive um vislumbre da maldita Nhuran, curiosamente ela estava com as mãos formando uma boca fechada. Entendi! Ela controla a criatura como marionete, então se eu...

Senti uma carga elétrica atravessando a palma da minha mão.

Finalmente! Apareceu no momento certo!

Ergui a minha mão mirando a cabeça da Nhuran, meus raios a atingiram no que eu poderia classificar como velocidade da luz, ela foi levada para trás com tudo e o corpo foi desaparecendo no horizonte.

Minha nossa!

Não era minha intenção mata-la, eu só queria que ela me deixasse em paz!

-JAY!  — gritou Eros.

-Eu me virei para encara-lo. Eros estava se aproximando de mim quando um redemoinho apareceu em nossa frente, aos poucos foi se desmanchando e Nhuran emergiu das águas.

Mas como?!

-Parabéns Jovem Jay, você conseguiu materializar a energia da lua azul em um fabuloso espetáculo de raios, o próprio Zeus ficaria feliz em descobrir que o herói de Atlântida tem poderes elétricos. — disse ela.

Herói. Poderes elétricos.

-E -espere um momento como você? C-como isso é??? — gaguejei tentando expulsar as palavras de minha boca.

-Jovem Jay olhe para seu pé. — disse ela.

Então o fiz, e por algum motivo a pele estava intacta como não existisse antes ferimento grave, nem ao menos uma cicatriz.

-Obrigado pela ajuda meu príncipe, sem sua presença não poderia descobrir como funciona os poderes do Jovem Jay.

-Não me agradeça Nhuran, você que teve todo o trabalho. — falou Eros.

-Isso foi combinando?! — explanei.

-Ah... Perdoe-me Jay, mas essa era a única forma de fazer seus poderes manifestarem-se. — falou Nhuran.

-Isso significa que você estava me irritando de propósito. — conclui.

Eles apenas balançaram a cabeça positivamente.

-Sinto-me um idiota. — falei.

-Oh, não fique assim, amanhã mesmo começa seu treinamento. Eu vou adorar poder treinar você até seu corpo cair no chão de cansaço! — em seguida ela riu.

TERÇA-FEIRA

Fazia dois dias que Rose não tinha aparecido na escola, para ser sincero nem a vi também quando a polícia apareceu sábado à noite, e no domingo eu ligue diversas vezes para o telefone dela e nada. Permaneci a manhã inteira pensando o que poderia ter acontecido. Ao mesmo tempo tentado afastar a possibilidade de uma terrível briga com o pai.

Será que o pai dela seria capaz de agredir a filha?

Fiquei martelando isso na minha mente a manhã inteira, apesar de que eu deveria estar me concentrando na semana de provas que viria em breve eu sabia o histórico de estresse longo que o pai de Rose possui.

Fomos para a escola eu e “o garoto do intercâmbio”, ainda era difícil para mim o fato da ninfa Nhuran ter alterado a mente de toda escola e agora Eros é o queridinho do lugar.

Katie passou por a gente acenando.

-Oi Eros. — disse ela sorrindo.

Ele devolveu de volta o aceno com um sorriso que refletia mais luz de um semáforo.

-Olá.

Oi Eros? — Pensei.

Gozado, se um garoto novato entra-se na escola com o nome de Eros, que literalmente faz jus a um cupido anãzinho com um arco e flecha em que o único poder é fazer pessoas se apaixonar, ele seria motivo de bullying por toda a turma, sendo enfiando diariamente no vaso do banheiro e motivo de piada até mesmo para os professores.

Mas no caso de Eros é específico, ele é um garanhão bonito demais para alguém se atrever a insulta-lo, é capaz de fazer uma senhorinha de oitenta anos cometer adultério. Por isso, não duvidara que muito da sua subida tão brusca de grupo social aqui na escola seja por conta da aparência e roupas elegantes.

Por um lado, isso é bom. Na primeira vez na vida eu não sou tratado como um encrenqueiro barra pesada, e as pessoas não têm medo de medo de olhar para mim, porém por outro...

-Parece que você é bem popular entre as garotas. — comentei.

-E isso é uma coisa ruim? — questionou.

-Não! Definitivamente não.  O problema é atenção que você ganha, elas podem sem querer descobrir o seu segredo. — falei alisando os cabelos de trás.

-Eros permaneceu por algum instante pensativo antes de me encarar com mais um dos seus sorrisos enigmáticos.

-Hum... Entendi você está com ciúmes, né?

Essa conversa estranha de novo?

-É claro que não! Sinta-se livre para ficar com elas se quiser, isso não é algo da minha conta.

-Na verdade estou interessado em outra pessoa.

Fomos para a aula de artes depois do toque de recolher, Eros se sentou perto de mim apesar das insistências da professora Carla de ele vim mais para frente, todas as garotas da turma passaram a aula babando por ele ao invés de fazer a atividade com tinta a óleo.

Eros terminou o quadro mais rápido que todo mundo, era um trabalho divino, o quadro parecia com um artista que trabalhava há séculos com arte. A velha professora Carla ficou impressionada com o quadro, e disse que Eros poderia ser reconhecido mundialmente quando estivesse mais velho.

No intervalo fomos para a cantiga, e digamos que eu tive um maior trabalho para explicar para Eros como funciona a praça de alimentação, ele insistia em sentar-se à mesa perto do pátio, mas eu disse que não, pois aquele espaço já era reservado para “os populares”. Ele disse que aquilo era justo, porém o convenci que se fizéssemos isso teríamos problemas.

Depois que pegamos nossos lanches sentamos numa das mesas que ficava no canto mais escuro do refeitório. Qual não foi minha surpresa quando um grupinho formado por os alunos mais descolados incluindo Katie se aproximou de nós dois, e agora começa:

-Ei Eros venha sentar com a gente. — disse ela.

E agora eu sou deixado de lado. — Pensei.

-Agradeço muito pelo convite, mas eu e meu amigo estamos conversando e eu não posso deixa-lo de lado agora.

Eu fiquei tão boquiaberto quanto o pessoal na minha frente.

-Vocês estão convidados caso decidam se unir conosco. — completou Eros.

Eles permaneceram meio sem graça por um tempo, em seguida um começou a falar:

-Hã, claro a gente só não sabia que você era amigo do Baker.

-Nós vamos pegar nossas coisas aí a gente vem para cá. — disse Katie.

Eles não voltar.

-As garotas da terra são mais atiçadas em comparação a meu país natal, elas literalmente parecem ter fogo no rabo e na cabeça.

-Eu cai na gargalhada com a piada.

-Então o que de tão pervertido Katie estava pensando? — perguntei.

-Imaginou como seria o que poucos tiveram a sorte de ver, meu corpo nu.

-Minha nossa!

Fomos surpreendidos com o alarme de incêndio disparou e rociador automático liberou água em cima de todas as pessoas, menos em nós, Eros tinha usado seu poder para fazer um bloqueio com água como um guarda chuva.

As pessoas ficaram irritadas a comida ficou ensopada de água, e alguns celulares pifaram na hora. Qualquer pessoa que esteja por trás disso superou a pegadinha da turma de 87 que deixou a sala da diretora Muffin coberta do chão ao teto por pasta de dente.

Como todos nós ficamos confusos dái eu o vi, Gus tentando se esconder por de trás das mesas, ele podia ter passado rápido demais por ali, mas aquele rosto sem dúvidas era o dele.

-Gus. — falei.

-Aquele garoto da noite de sábado?

-Exatamente. Ele deve ter entrando na escola no intervalo, caso contrário eu teria visto antes da primeira aula, e se ele está se escondendo aqui significa que ele estava aprontado algo.

-Tomara que não seja o que eu estou pensando.

-O que você está pensando?

-Alguns humanos são imunes aos encantos das sereias, e é impossível apagar as memórias depois de um encontro. — explicou.

-Se for assim, fique alerta e permaneça ao meu lado, eu conheço aquele infeliz há muito tempo, ele deve estar aprontando uma ainda pior.

Por sorte as aulas tinham sido liberadas no final da tarde e podemos sair mais cedo. Dirigimos ao estacionamento da escola, quando cheguei perto do meu carro levei uma baita surpresa, os pneus estavam furados, e eu sabia quem tinha feito aquilo. Gus podia ser esperto em armações, mas burro em não levar em conta com quem está se metendo.

Com certeza ele quer revelar ao mundo o seu segredo. — falei emburrado. — Hã deve demorar até eu conseguir trocar os pneus, ainda bem que a bateria do meu celular está cheia, assim eu posso chamar uma táxi. E lá se vai todo meu dinheiro do mês.

-Podemos ir... Como se chama?... Ah, lembrei... Podemos ir de ônibus se você quiser. — falou Eros.

-Não, muita gente, se ele jogar água em cima de você, todo mundo lá dentro vai ser testemunha.

-Bem pensado, mas...

Antes que Eros pudesse terminar a frase ele pulou para trás do capô do carro se escondendo, eu me virei para trás a fim de descobri o que causou sua reação impulsiva, e fui atingindo instantaneamente por uma linha d’água. Eu me guiei na direção e pude ver um grupo de garotos mais novos com aquelas armas de brinquedo baratas.

Arma pistola de água? Onde eles conseguiram isso, na caixa de brinquedo do irmão caçula? Eros havia saído correndo, e eu o segui, não podia deixa-lo agora tinha cauteloso. Ele entrou no banheiro masculino e eu também. Lá dentro a sua calça jeans se rasgou por inteiro relevando a cauda de peixe dele.

Ah droga ele foi atingido!

Nesse momento a porta do banheiro se abriu e consegui fechar a tempo, a pessoa ou capanga de Gus ainda pressionou para entrar, porém eu consegui com sucesso traça-la. Quando achei que tudo estava seguro um fleche luz iluminou da janela que dava para o corredor.

Mas como? Eles não estavam ali?

-O que foi aquilo? — perguntou Eros.

-Fleche de uma câmera...

Eu retirei meu casaco e entreguei para Eros.

-Se seque e vá para casa, eu vou tentar resolver sozinho. — falei.

Sai do banheiro e corri para o corredor a tempo de ver Gus e um garoto guardando um objeto pequeno na mochila em que eu presumi ser uma câmera digital. Ele parou o que fazia quando me viu, Gus me fitou com seus olhos cheios de orelhas que pareciam com alguém que não dormia há dias.

Ele jogou a mochila para o menor que saiu correndo. Eu tentei persegui-lo, mas Gus me barrou.

-Para trás eu estudei noites sobre vocês aberrações e eu conheço a sua fraqueza. — disse apontado uma pistola d’água.

-Cara você é burro demais, como isso fosse me impedir de te bater agora.

Pulei em cima dele desferindo uma série de socos e chutes, Gus mal conseguiu se defender dos meus ataques e permaneceu encolhido no chão como um tatu.

-Sabe tentei arrancar da Rose, mas implorou dizendo que não sabia de nada.

-Espera o que você fez com ela?

Nesse momento Gus me empurra para longe e perco o equilíbrio, ele consegue escapulir.

Droga cai na armadilha dele!

Eu persigo, não antes de ser barrado pelo segurança e a diretora da escola, a senhorita Purple.

Na diretoria...

Gus havia entrando primeiro para conversar, eu fiquei no banco de espera, aquela situação para mim não era incomum, o corredor familiarizado que dava para a sala do diretor não me assustava mais.

-Sente-se senhor Baker. — disse ela quando entrei na sala.

-Puxei a cadeira e me sentei ao lado de Gus, que fazia uma falsa cara de assustado.

-Senhor Philips conte-me novamente o que você me disse há pouco tempo atrás. — senhorita Purple.

-É seguro? E-eu estou com medo. — disse ele.

-Não se preocupe, eu estou aqui o e segurança também. Pode relatar sem medo.

Bem, eu estava com meus amigos quando o Baker nos provocou com insultos, ignoramos a princípio, pois não somos como ele que saem por aí batendo nas pessoas, mas ele continuou a ameaçar minha irmã a chamado de vadia, e eu continuei ignorando mesmo assim, daí ele se zangou por que eu não fazia nada e partiu para cima da gente, e eu reagi. Eu só queria proteger meus amigos.

-Então o que você tem a dizer em sua defesa? — ela perguntou para mim.

Eu voltei um olhar para ela de deboche.

-Nossa, estou surpreso em ouvir isso... Normalmente a senhora cospe na minha cara semanas de detenção antes mesmo de ouvir meu lado da estória.

-Está enganado senhor Baker eu sempre trato os alunos por igua...

-Ah, vamos lá! Não minta. Nós quatro nessa sala sabemos que o Gustavo vai sair ileso novamente por que a senhora transa com o pai dele.

-Senhor Baker depois de falar comigo dessa maneira está expulso da escola!

-Pra mim dane-se essa porra, eu tô nem aí. Por mim isso é um favor que a senhora tá fazendo.

-Todos na sala olharam para mim com os queixos caídos até o chão.

-Por que você faz isso Jay? E-eu nunca fiz nada de mal para você antes. — disse Gus.

-Ah vá pra merda Gus!

Bem depois daquilo ligaram para meu pai, que disse para mim em alto e bom som que eu estaria no reformatório próximo ano. Mal sabe ele que antes disso eu estaria dormindo com os peixes.

SEXTA-FEIRA

Eu tenho poucas lembranças da minha mãe, só sei que eu a amava muito, ela era sempre dócil e fazia de tudo por mim, ao contrário do meu pai, naquela época eu não entendia o porquê meu o papai era sempre tão ausente comigo, e toda vez que eu tentava chamar a atenção dele, ele retribuía com reprovações.

Uma vez ele ficou zangado quando descobriu minha coleção de miniaturas de sereias, ele recolheu todas e jogou pela janela. As miniaturas eras feitas de porcelana e acabaram quebrando. Minha mãe brigou com ele e naquela noite eles discutiram feio. No outro dia ele disse que a culpa de tudo era minha por acreditar numa fantasia boba.

Mas meu jardim infância ruim não foi só por causa do meu pai, eu também sofria bullying das demais crianças inclusive das professoras, eles vivam me provocando dizendo que eu era estranho e que não me parecia com meus pais, só depois quando conheci a Rose no fundamental dois que as coisas na minha vida escolar começaram a melhorar.

Eu me lembro de que meu temperamento na época era mais explosivo em comparação a agora, todos tinham medo de mim, menos a minha mãe, isso não significa que ela não se importava quando eu me metia em confusão, pelo contrário, ela era como qualquer mãe responsável e me dava bronca quando necessário.

Quando a mamãe engravidou da Michelle meu pai ficou super feliz, de uma maneira que eu nunca tinha visto antes. Pensei que ele amasse mais o bebê dentro da barriga do que a mim. Também me lembro de que minha mãe teve permaneceu na cama durante a maior parte dos dias, e a vovó veio em casa para cuidar de mim.

Naqueles dias que se passaram, e para esquecer os problemas eu fiquei mais e mais aficionado por sereias, tanto que eu passava a maior parte do tempo no computador da biblioteca navegando por sites e fóruns sobre o assunto.

Daí eu descobri uma página sobre um ritual de transformação em sereia, que poderia ser realizado somente durante a lua azul.

Fiquei tão ansioso com a descoberta.

Mas no início na passava em minha cabeça fazer aquele ritual.

Uma vez cheguei a casa e minha avó estava desesperada.

Fomos ao hospital,

O médico se aproximou de nós...

Lembro-me como hoje.

Ele disse que a cegonha veio trazer minha irmãzinha... E levou a mamãe.

Depois disso meu pai fez o possível para se livrar de mim e entregar para orfanato. Como eu descobri? Não precisei, ele vivia jogando na cara. Mas graças a minha avó ele não fez, acontece que ela colocou uma casula no testamento obrigando ele a cuidar de mim até meus dezoito anos, caso contrário à herança seria passada a uma ONG.

Depois quando se é uma criança mais velha você começa a ter uma noção maior da vida adulta, precisei de anos para descobrir porque era diferente deles. Eu era adotado.

Os dias seguintes depois do enterro da minha mãe foram uns caos, as brigas eram constantes em casa e eu vivia fugindo para a praia, foi no sétimo depois que ela morreu que eu vi a lua azul, estava tão determinado a fugir dali que não pensei duas vezes.

E depois...

... Aconteceu nada.

Nada!

A única coisa que me fazia bem não passava de uma fantasia boba!

-Ei seu preguiçoso o café está na mesa.

Essa voz me é familiar...

-AHHHH! — gritei quando vi Eros só de cueca.

Ele começou rir escondendo os dentes sobre as costas da mão.

-Seu tarado, qual o seu problema hein? — perguntei furioso.

-Ah, o que houve meu caro? Acordei-te do mundo da lua?

Eu ignorei a pergunta dele, e falei:

-Vista uma camisa é vulgar andar quase seminu nas casas dos outros.

-Eu não estava a vista dos seus familiares, apenas no seu quarto, e tranquilize-se não está vendo acabei de colocar uma tanga.

Torci a sobrancelha.

-Esta querendo dizer que você dormiu pelado? Aqui? No meu quarto?! — perguntei.

Minha nossa, Eros sempre tem essa mania de me provocar, ele se fingi de inocente, mas no fundo é uma cascavel em pele de lebre!

Ao menos o café que ele preparou estava com um gosto maravilhoso, um ponto positivo em ter um cara metade peixe morando com você. Sem dúvidas a melhor comida que já provei na minha vida.

-Por que eu não posso ir junto com vocês? — perguntou Michelle.

-Isso é coisa de adulto não de criança. — respondi curto e grosso.

-Não se preocupe Michelle eu vou trazer um lindo presente de lá para você. — falou Eros

-Eba! — disse Michelle.

-Desse jeito você vai transforma-la num guria mimada! — falei.

Eu vou ganhar um presente e você não. Eu vou ganhar um presente e você não. — respondeu Michelle repetidas vezes.

-Nossa que inveja! — retruquei.

De volta na praia...

Voltei à superfície ofegante, já se contavam sete tentativas para de respirar nas profundezas do oceano e nada.

-Relaxe os ombros sinta o mover das águas. — disse ele.

-Isso é tão clichê. — respondi boiando na água.

Eros nadou em volta de mim, e parou bem perto do meu rosto.

-Por que está de mau humor hoje Jay? — perguntou.

-Eu não estou de mau humor. — respondi friamente.

-Não é o que parece.

Eu bufei em resposta.

Por que Eros é tão tranquilo? Será que não caiu a ficha que é possível a identidade dele ser revelada?

-Sabe Jay, você lembra muito um dos meus amantes que eu tive na França. Luis era exatamente assim, uma pessoa reservada. Não interprete mal, ser discreto é uma coisa boa, deixa as pessoas mais interessantes. — disse Eros.

Ele estava fazendo uma cantada?

-Espere, está querendo dizer que você também é...

-Interesso-me tanto com homens quanto mulheres. — respondeu.

-Ah. Espere, você disse França?

-Oui ma chérie, j'ai déjà traversé toute la France ! — respondeu Eros num bom francês que eu certamente nunca entederia.

-Eu não entendo Francês. Pensei que você tinha vivido a maior parte do debaixo d’água antes que sua gente virasse pedra.

-Por que eu passaria a maior parte dos meus seiscentos anos no mar, enquanto existia uma camada extensa de terra a ser explorada.

Eu fiquei boquiaberto com a descoberta, aquele cara na minha frente tinha mais de seiscentos anos? Eu não daria mais do que quinze. Agora pensando bem, ele é um semideus então logicamente deve ser imortal. Será que a ninfa Nhuran também é mais velha do que aparenta? Eu não ficaria surpreso, ela tem rosto de criança, mas um par de mãos assustadoramente de uma bruxa idosa.

Mergulhei fundo novamente, nada, eu não conseguia aprender a respirar de debaixo d’água.

-Acalma-se. — falou ele.

-Já estamos aqui a mais de duas horas aqui Eros, acho que você não percebeu, mas acabou de cair à ficha que eu não vou aprender.

-Talvez seja por que você ainda está muito apegado à vida humana, saiba que ao renegar a mudança no seu corpo pode causar consequências danosas no futuro.

-Você fala como se fosse fácil abandonar tudo que você conhece de hora para outra.

Eu mergulhei novamente na água, dessa vez permaneci alguns segundos a mais, e isso fez toda a diferença. A sensação de respirar naturalmente debaixo d’água era divertida nunca adivinhei o quão legal seria poder atravessar o corais sem precisar de uma máscara de mergulho.

Quando nadei mais para o fundo da areia senti uma pressão repentina na garganta e um engasgo. Droga! Eu estava prestes a me afogar e não podia fazer nada, quando senti um par de mãos me carregando de volta para a superfície, eram as mãos de Eros.

-Não dá cara, dessa vez eu estou indo embora. — falei recuperando o fôlego.

-Espere Jay, você quase conseguiu dessa vez, se talvez tentar outra...

-Por que está insistindo tanto com isso?

-Eu tenho algo importante para te mostrar. — respondeu ele. — Confie em mim.

Eros estendeu a mão.

Respirei fundo e o encarei com um olhar de rendição, demos as mãos e mergulhamos juntos de volta ao mar, deixei Eros me conduzir para bem distante da costa marinha.

A mão dele trazia uma sensação tão aconchegante.

Ele parou em um lugar repleto de edificações com simetrias harmônicas, a luz que atravessava a água azul fornecia ao ambiente um aspecto mais acolhedor, sem dúvidas o lugar mais bonito que eu vi em minha vida.

-Atlântida é linda. — sussurrei.

-Não é esse lugar não é Atlântida, seria perigoso irmos para nesse momento, aqui é um dos templos do meu ancestral Poseidon, existem milhares desses espalhados por todo o mar. — disse Eros.

-Ah é mesmo, tinha me esquecido. De qualquer forma, é um lindo lugar. — conclui.

-Sabe... Em especial esse templo existe uma lenda.

-E qual seria? — perguntei.

-Dizem que caso você vim com sua pessoa amada e tocarem no pilar mais alto na próxima reencarnação se reencontrarão juntas novamente aqui.

De certa forma era uma história romântica.

-Então, vamos?

Aquela pergunta me pegou de um jeito.

-Hã... Mas eu?

-Sim, por que não? — questionou.

-Mas não deveria ser com a pessoa com quem você ama?

-Meu caro, minhas intenções com você já foram expostas à mesa.

Fiquei surpreso com o que acabara de ser dito, Eros queria um relacionamento sério comigo, mas já? Nós não tínhamos uma longa história de afinidade, são apenas alguns dias. Talvez as coisas funcionavam assim no mundo dele.

-Não é que eu não goste de você, mas mal nos conhecemos e acho que eu não estou pronto para me relacionar com alguém nesse momento.

Ele ficou calado, num silêncio estarrecedor.

-Sim entendo.

De volta na praia...

Nesse momento dois homens bem vestidos e óculos escuros, tipo aqueles atores de filmes sobre CIA, pararam na nossa frente.

-Eros Lykaios — disse um dos homens.

-Sim, sou eu.

Venha conosco.

-O que foi? — perguntei intervindo.

-Não é da sua conta!

Eu estava pronto para dar murro na cara do sujeito quando a voz de Eros me tirou do transe.

-Não Jay, deixe pra lá. — falou.

Eu me contive, até aquele ponto ele tinha razão eu não poderia fazer absolutamente nada. Era apenas nós quatro na praia, os caras com óculos escuros poderiam facilmente me assassinar ali e agora que não haveria testemunhas.

Merda! Agora eu tenho que fazer alguma coisa! — Pensei.

-Também penso o mesmo que você Jovem Jay.

Olhei em volta aquela voz era de Nhuran, mas eu não em encontrava. Além disso, notei outra coisa estranha o tempo pareceu que tinha parado, tanto Eros como os estranhos estavam parados como estátua, e somente eu me movia.

-Mas temos um problema maior para resolver agora. O monstro, ele chegou ao continente. — continuou a voz de Nhuran.

Ela apareceu ali na minha frente, em uma forma fantasmagórica como no nosso primeiro encontro.

-Espera aí você está falando que o monstro, você por acaso não está se referindo ao monstro que destruiu seu país?

-Sim, estou me referindo ao monstro que destruiu o meu país.

-Minha nossa. E agora o que fazemos?

-Você tem que detê-lo, afinal foi pra isso que eu te treinei.

-Hã?!

O que havia na cabeça dela afinal, eu nem tenho uma semana de treinamento!

Escute aqui, a criatura de alguma forma consegue sentir a presença das sereias, como a sua transformação não está completa você não é considerado uma presa fácil, mas o príncipe Eros... Bem, o caso é o contrário, assim que o monstro colocar os pés no continente fará o maior estrago para encontrá-lo, por isso se quiser ver seu mundo a salvo deve detê-lo o mais rápido possível.

-Mas como?? E-eu não tenho capacidade.

-Sim você tem Jason, eu mesma o treinei, eu sei do que você é capaz. — ela me encarou com um olhar confiante. — Agora o que temos que fazer é procurar o príncipe antes do monstro apareça.

Os persegui pelo final da rua, eu vi o momento em que Eros era colocado dentro de um carro preto. Por sorte um táxi passava bem naquele momento e eu o chamei.

-Siga aquele carro! — falei.

-Rapaz eu sempre esperei alguém me dizer isso. — disse o motorista.

Ele acelerou o freio e seguimos rapidamente pela avenida. Quando o taxista se aproximou do carro preto, uma mão gigante constituída por o que parecia ser rocha deslizou na frente do semáforo e bloqueou a passagem dos carros, eu coloquei a cabeça para fora da janela para ter ser certeza que meus olhos não me enganavam. Sem dúvidas, havia um monstro do tamanho de um arranha céu causando um tumulto na cidade.

Era a criatura! Sem dúvidas só poderia ser ela! Mas como ela apareceu do nada assim?

Eu ignorei esses pensamentos, agora o que preocupava era a segurança de Eros.

O taxista freia o carro instantaneamente e eu saio, e sigo em frente apesar da multidão de pessoas desesperadas me empurrado pra trás. Ao contrário deles eu vou em direção da fera, nesse meio tempo sou atraído por cabelos vermelhos brilhantes a minha esquerda. Era Eros agachado no meio dos carros, ele parou o que estava fazendo e direcionou seu olhar de surpreso para mim.

Eu me aproximei.

-Você veio?

-Ei eu não ia deixar meu príncipe de cobaia para o governo.

-Você tem que detê-la. Conto com você Jay. — ele.

 Incrivelmente não são primeiras palavras motivacionais que eu escuto hoje.

-Está bem, mas vá para longe.

Pelo o que eu sei a criatura transforma as sereias em estatuas quando as toca, mas eu não sou uma sereia por completo.

Lancei uma rajada de raios em direção do monstro, parte da sua cabeça foi explodida com a massa de energia. Então ele se vira confuso, encarado a pequena formiga que ousara lhe desafiar. Então eu corro, seguindo o treinamento de Nhuran. A criatura vai atrás. Meu objetivo era distanciar daquele espaço e ir para um lugar com mais postes de luz e com menos pessoas possível. Mas isso não dá muito certo, os passos do monstro são maiores que os meus.

Então cubro meu corpo por eletricidade, eu devo estar parecendo uma lamparina acessa, é agora ou nunca. Escondo-me debaixo dos carros, me arrastando entre eles, ao mesmo tempo posso ouvir o som assustador da fera levantado os automóveis e arremessando para longe, tento manter a calma, minha cidade depende de mim.

Então o monstro me encontra e me esmaga com toda a força bruta. Ou foi o que ele achou que tinha acontecido. Quando levanta sua mão gigante de pedra, vê que eu não estou mais lá, ele ruge de raiva, mas antes que tome qualquer atitude é atingido por uma rajada de energia minha, mas dessa vez bem mais forte, eu tinha conseguido alcançar os fios dos postes de iluminação a tempo, e nesse exato momento consegui reverter o eletricidade que abastecia a cidade direcionando para a criatura.

Não demorou muito, a cidade entrou em blackout e o monstro feito de rochas se desmoronou em pedaços.

Eu também desmoronei contra o chão exausto, aquela luta tinha consumido não só a energia elétrica de todo centro urbano, mas também minha energia corporal. Depois senti uma mão reposar em ombro, olhei para o alto era o rosto sorrindo pra mim, em seguida ele se aproximou cautelosamente e me deu beijo nos lábios.

 

 

 

 



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