História Nu ABO {Monsta X} - Hey, You're Never Alone

Alguns dias se passaram e nenhum exército de lobos apareceu, nem Kihyun, nem os pais de Jungkook, que a essa altura tinham a obrigação de estar procurando por ele. “Não é possível que a mentira do Jackson tá colando até hoje…”, o garoto pensou.

No castelo tudo estava tranquilo, Hoseok e Taehyung viviam dando umas sumidas simultâneas, Minhyuk quase não parava lá, Hyungwon era o mesmo de sempre, Wonho parecia haver se esquecido de que aquilo era a princípio uma missão de resgate, já que estava tão concentrado em seu próprio objetivo. Jungkook não conseguia acreditar que iria sentir falta dos vampiros quando fosse embora de lá, mas isso cada vez mais se tornava um fato.

Nesta noite em especial estava caindo uma tempestade lá fora, com muito vento e trovões. O jovem alfa estava entediado e se sentindo sozinho, então resolveu procurar Jimin, com quem gostava de conversar. Andou meio perdido por um tempo, mas finalmente o encontrou. Ele estava em um dos cômodos mais afastados do centro, sozinho, desenhado algo.

— Posso ver? — Jungkook perguntou ao se sentar de frente para o garoto, ficando uma pesada mesa de madeira entre os dois.

O jovem vampiro balançou a cabeça negativamente com um sorriso tímido e o alfa percebeu que ele estava corado. Mesmo que não fosse assim tão raro que se vissem, Jimin ainda facilmente se tornava tímido em sua presença.

— Posso desenhar também?

O vampiro entregou-lhe papel e pena e ambos dividiram o mesmo tinteiro enquanto, concentrados, cada qual fazia seu desenho.

Ao terminarem, Jungkook, meio tímido, mostrou sua obra ao loiro.

— Não acredito! — Jimin deu um mini surto e corou fortemente ao ver que ali se encontrava seu rosto tão bem desenhado. O jovem lobo havia capturado-lhe perfeitamente em sua pena. — Acho que você deve ver o meu.

Jungkook teve a mesma reação ao ver que também ali se encontrava seu rosto, igualmente caprichado. Percebeu que Jimin havia se demorado em seus lábios, captando todas as suas particularidades e então, meio automático, olhou para os lábios do garoto, subindo o olhar até encontrar os olhos dele. Ambos sorriram e timidamente o jovem alfa envolveu as mãos do vampiro nas suas.

Havia ali o choque do frio com o quente e ambos sentiam uma estranha sensação tão desconhecida e agradável ao mesmo tempo.

Jungkook puxou Jimin para mais perto e colou seus lábios aos dele de forma inocente.

***

Minhyuk havia chegado ao castelo pouco antes da tempestade começar e estava conversando com Wonho quando Taehyung o chamou.

Os dois foram andando até chegar a uma porta onde se ouvia barulhos meio estranhos. Taehyung fez sinal para que ficasse em silêncio e ambos passaram a ouvir com atenção.

— Com força Jooheon, não vai entrar desse jeito!

Era a voz irritada de Kihyun.

— Você sabe que vai doer se eu forçar.

Era a voz de Jooheon.

— Vai doer de qualquer jeito, então vai logo!

— Acho melhor eu só chupar…

— Não, já tá na hora de você fazer isso.

— Eu não tô pronto ainda…

— Vai logo!

Kihyun não parecia estar com muita paciência.

Minhyuk e Taehyung lutavam para segurar a risada. Ouviram o irmão gritar dolorosamente.

— Tá sangrando mais do que devia… — Kihyun choramingou.

— Eu te disse que não tava pronto pra isso. — Jooheon pelo jeito tentava se desculpar.

— Cala a boca e chupa logo! — Kihyun parecia ainda mais irritado.

Taehyung e Minhyuk se entreolharam e saíram correndo aos risos.

— Cara, eu sempre desconfiei que eles estavam se pegando! — disse Minhyuk.

— E eu inocente achando que era só uma parceria normal… — disse Taehyung.

Voltaram novamente até a porta e ouviram Kihyun gritar:

— Chupa muito, eu sei que eu sou gostoso!

E então o vampiro deu uma risada.

Os dois correram para longe e permaneceram rindo no corredor. Quando já estavam recuperando o fôlego apareceu o Kihyun todo molhado e de cara feia massageando o pulso, com Jooheon atrás limpando a boca. Os dois não aguentaram e riram de novo.

— Que foi?! — Kihyun disse a eles, meio emburrado. — Andaram usando o pó proibido?!

Não esperou resposta e seguiu seu caminho com Jooheon indo atrás.

***

Jooheon estava em seu quarto olhando para a janela vendo a chuva grossa que caía quando de repente Kihyun apareceu lá, dando-lhe um grande susto.

— Caramba Kihyun, nunca vou me acostumar com isso!

O vampiro, que estava totalmente molhado, deu uma risada e entrou no aposento.

— Aposto que sentiu minha falta. — piscou para Jooheon.

— Senti… — ele respondeu se ajoelhando.

— Isso, assim que eu gosto. — Kihyun mantinha uma expressão sádica.

Ou seria masoquista?

— Hoje vamos fazer diferente. — prosseguiu, posicionando-se à frente de Jooheon. — Você vai me morder.

— Quê?! — o servo não escondeu sua surpresa. Kihyun, no entanto, agia com naturalidade.

— Você já está pronto pra isso. — disse ao dar o pulso para Jooheon, que o segurou.

— Não acho uma boa ideia…

— Ora, deixa de ser fraco, todas as vezes eu mesmo tive que morder pra você só chupar. Me mostra que é competente nisso também!

O tom de Kihyun era provocativo. O servo então colocou seu pulso entre os dentes e ameaçou morder, mas sequer fez cócegas.

— Assim não vai. — o vampiro estava sem paciência. — Posiciona as presas na veia e manda ver! — incentivou-o.

Jooheon fez assim como lhe havia sido dito, mas ainda não tivera coragem de colocar força, o que irritou seu mestre.

— Com força Jooheon, não vai entrar desse jeito!

— Você sabe que vai doer se eu forçar.

— Vai doer de qualquer jeito, então vai logo!

— Acho melhor eu só chupar…

— Não, já tá na hora de você fazer isso.

— Eu não tô pronto ainda…

— Vai logo!

Jooheon dessa vez apertou os dentes sem dó no pulso de Kihyun, sentindo o sangue brotar instantaneamente. Um monte de sangue, aliás.

O vampiro gritou e puxou o braço rapidamente, sentindo o líquido escorrer, e choramingou:

— Tá sangrando mais do que devia…

— Eu te disse que não tava pronto pra isso. — Jooheon tentava se desculpar.

— Cala a boca e chupa logo! — Kihyun, irritado, estendeu o braço para o servo, que começou a chupar voluptuosamente o sangue que continha ali. E chupava, e chupava…

Kihyun agarrou seus cabelos e o puxava cada vez para mais perto de si enquanto sentia um pouco de sua essência ser deliberadamente devorada por ele.

— Chupa mais, eu sei que eu sou gostoso! — gritou e deu uma risada, jogando a cabeça pra trás enquanto se sentia um pouco entorpecido.

Finalmente interrompeu o ato tirando bruscamente seu pulso da boca de Jooheon, de onde pingava sangue. Ao recobrar rapidamente a consciência, ralhou com o servo.

— Você quase rancou meu braço fora!

Jooheon não ligou muito.

— Desculpe se eu ainda não tenho a delicadeza vampírica. — respondeu se levantando.

Kihyun deu de ombros e saiu de lá, sendo seguido pelo servo. Encontrou os irmãos rindo feito idiotas no corredor.

— Que foi?! Andaram usando o pó proibido?! — resmungou de cara feia a eles e seguiu para seu destino, que era o aposento de Changkyun. Jooheon o seguiu.

Ao ouvir isso Minhyuk e Taehyung riram ainda mais e então resolveram circular. Um tanto longe dali ouviram sons ritmados dentro de um aposento e resolveram entrar. Lá dentro estava Jungkook, que fazia o beatbox, e Hoseok, que cantava rap e dançava ao mesmo tempo. Os vampiros nunca tinham visto algo do tipo e acharam muito legal. Entraram de fininho para não desconcentrar os lobos. Taehyung olhava para Hoseok com um brilho no olhar o qual foi visto por Minhyuk, que sabia olhar assim todas as vezes para a moça camponesa. Nada disse, entretanto, guardou isso para si e voltou a olhar para a performance.

Os lobos não demoraram a perceber que tinham fãs ali e logo chamaram os vampiros para se juntar a eles.

***

Changkyun estava deitado quando Kihyun entrou lá. Há muitos dias não o via e sinceramente não havia sentido falta dele. Sentiria falta de Jooheon, que lhe estava ensinando lutas e sempre o levava para a floresta para treinar. Até caçaram juntos um dia, e este dia fora memorável.

O vampiro se aproximou e passou docemente a mão em seu rosto exibindo um sorriso malicioso.

— Como está meu ômega preferido?

— Estou bem. — o garoto respondeu com uma voz preguiçosa.

Decidiu jogar o jogo dele.

— E como está meu vampiro preferido? — perguntou manhosamente, passando as mãos pelo rosto de Kihyun, que deu um leve riso.

— Ah, eu estou ótimo.

Jooheon se mantinha escorado na porta com sua usual expressão indecifrável, seus olhos, porém, estavam atentos à cena.

Kihyun repentinamente colou seus lábios nos de Changkyun, passeando com a língua em sua boca. O ômega arregalou os olhos, visto que isso nunca tinha acontecido. Não sabia bem o que era aquilo, então seguiu o que o vampiro fazia e passeou com sua  língua na boca dele.

Isso era estranhamente bom e o garoto continuou os movimentos não mais para seguir Kihyun, e sim por instinto. O vampiro deu uma leve arfada e terminou o beijo com uma mordida no lábio inferior do jovem lobo, que fechou os olhos para melhor sentir a sensação.

Jooheon, em seu canto, sentia os olhos arderem em uma chama de fúria enquanto observava o que estava se passando. Sabia que o ômega ainda era virgem e sabia também que seu cio não havia acontecido. Era um donzelo, e vampiros naturalmente se atraem por donzelos. Só não sabia o por quê disso subitamente lhe importar.

Kihyun olhou profundamente nos olhos do jovem lobo e colocou a mão em seu peito, descendo-a delicadamente até o umbigo. E não parou aí. Ao chegar onde queria fez pequenos movimentos e sentiu que o garoto reagia. Este, por sua vez, sentia ondas magnéticas percorrerem seu corpo e ir em direção à parte a qual o vampiro acariciava. Ele não entendia o que estava acontecendo, mas quanto mais os movimentos aumentavam, mais aumentavam as ondas e sentia seu corpo queimar. Sem perceber passou a mão pelo cabelo do vampiro enquanto revirava os olhos.

E gemeu de leve.

Jooheon estava sentindo seu coração mergulhar em fúria e estava se segurando para não dar um passo à frente e jogar Kihyun da janela.

O que não iria matá-lo, visto que sua raça é ótima saltadora.

O vampiro subitamente parou os movimentos e se afastou do ômega, que abriu os olhos tentando entender o porquê do fim dos toques. Kihyun o chamou para perto dele e o garoto se arrastou para fora da cama, engatinhando até lá. Ficou de joelhos, com a boca quase encostando no umbigo dele e instintivamente colocou a mão em seu abdômen, descendo-a até seu quadril.

Jooheon sentia o cheiro adocicado do garoto ficar cada vez mais forte e decidiu deixar o aposento antes que não respondesse por si e atacasse seu mestre. Saiu cuspindo marimbondos e andando sem rumo. Por fim chegou a onde estava Hoseok e sua turma. Observou que o tal alfa estava em competição de rap com Jungkook e Taehyung, sendo Minhyuk o jurado. Decidiu observar de longe o micão alheio.

Ficou rindo deles, apesar de que admitira para si mesmo o talento de Hoseok e, quando terminaram e Minhyuk ia dar a nota, ele invadiu o “palco”, empurrando seu rival.

— Bitch, please, olha só como se faz rap. — disse com uma expressão badass.

E mandou um rap tenebroso, onde descarregou toda a sua fúria, deixando a plateia boquiaberta.

***

Hyungwon tocava calmamente seu piano. Sabia tão bem tocar o instrumento que sequer precisava abrir os olhos para acertar as notas. Naquele momento sentia a conexão: era ele e o piano, o piano e ele. Aquele belo som invadia o ambiente e ele sentia como se viesse de todos os lados. Amava esses momentos de solidão e companhia.

Hey, you’re never alone

On your way

Ouviu uma doce voz entoar a letra e continuou tocando o instrumento sem voltar a si.

Open your eyes

I’m here again

A voz continuou a cantar e dessa vez o vampiro sentiu uma presença perto. Abriu os olhos e viu Wonho se sentando em cima do piano.

I’m moving on

I’m moving on

I’m moving on

Ele continuou cantando a letra enquanto encarava Hyungwon, que continuou tocando as notas.

Lay down on me

And don’t be afraid

I’ll be your game

Wonho então se deitou sobre o piano e abriu a jaqueta, exibindo seu abdômen branquinho.

And take my hand

So we can play

O vampiro iria continuar tocando a música fingindo ignorar o lobo à sua frente, mas começou a errar as notas sem ao menos saber o por quê.

Moving on

Moving on

Moving on

Hyungwon não conseguiu mais ignorá-lo e acabou sorrindo.

— Não acredito que você conhece essa música.

O alfa o olhou com um semblante um tanto sonhador.

— Posso dizer o mesmo de você.

O vampiro se levantou e encarou o abdômen do lobo.

— Você não desiste, não é?

Wonho se sentou.

— Você vai ser meu, sabe por quê?

O loiro estava curioso para ouvir a resposta.

— Por quê?

Wonho deu um de seus sorrisos despudorados.

— Porque eu sou sexy as fuck.

Hyungwon não pôde evitar de rir com isso. Chegou a boca bem pertinho do ouvido do alfa e sussurrou:

— Saiba, mister sexy, que você é fácil demais.

Em seguida saiu do aposento.

Wonho o acompanhou com o olhar mantendo um sorriso no canto da boca. Este se tornou um beicinho no momento em que o vampiro desapareceu de vista. Desceu do piano e fechou a jaqueta, indo sem rumo para onde o destino lhe levasse.

E o destino lhe levou para a batalha de rap. Ao chegar lá Jooheon e Hoseok estavam duelando com rimas um tanto de baixo calão. Era disso que ele gostava. Relembrou os velhos tempos quando ia no Pinga’s Bar.

Seu negócio, porém, era o vocal e ele convidou quem deles quisesse para cantar com ele. Minhyuk quis, Jungkook também e Taehyung, que havia desistido de ser rapper, se juntou à vocal line.

***

Kihyun observou a boca aberta de Changkyun e sentiu vibrações em seu corpo. Despejou ali o pó branco em uma quantidade bem pequena, fazendo-o tossir pouco. O vampiro então tirou a camisa do ômega e o deitou no chão, pegando uma das velas vermelhas presente ali. Segurou-a acima do umbigo do garoto e deixou que a cera pingasse, fazendo-o estremecer a cada vez que o líquido quente tocava sua pele. Rapidamente deitou-se por cima do jovem lobo e tomou seus lábios.

O beijo estava bem mais quente que das outras vezes, o ômega trançava suas pernas na cintura do vampiro, encostando suas intimidades, e nem por um momento ficava quieto. Kihyun estava surpreso com isso, pois dessa vez não encontrara nele o lobo submisso ao qual havia se acostumado. Suas línguas guerreavam, as mãos bobas faziam um tour por seus corpos e por fim Changkyun arrancou a camisa molhada do vampiro.

Ambos arfavam mais do que seria aceitável para um mero amasso.

Kihyun segurou forte as mãos do jovem lobo para mostrar quem dominava enquanto dava-lhe mordidas nada vampirescas pelo pescoço. Os dois estavam prontos para ir além, ou ao menos seus corpos gritavam por isso. Ainda mais quando Changkyun se soltou e passeou com a mão até onde não devia.

Ou devia…

O vampiro estava mordendo o lábio do ômega e saboreando a sensação que ele lhe causava quando lembrou de que não poderiam ir mais além.

Subitamente largou o garoto e se levantou, indo em direção à porta.

Changkyun não entendeu. Na verdade não estava entendendo o que seu corpo pedia, mas não queria parar o que estavam fazendo, por isso se arrastou atrás de Kihyun.

— Não, não, eu quero… — ainda arfava. — Não vai.

Mas não adiantou, mesmo assim ele se foi e fechou a porta.

O ômega, inocente, sentou-se encostado na porta e instintivamente colocou a mão onde latejava.

Kihyun seguiu para seu aposento tentando pensar em tudo que não fosse sexual, enxugou-se e se vestiu decentemente. Ia sair de novo e, ao passar por um corredor, ouviu vozes cantantes. Chegou perto e olhou pela fresta da porta, vendo Minhyuk e Wonho se divertindo e cantando juntos. O lobo, sobretudo, chamava muita atenção para si, não porque tivesse abrido a jaqueta, mas porque tinha um charme natural enquanto cantava feito o boêmio que era.

“Humpf”, o vampiro deu um sorriso orgulhoso. “Se eu fosse aí iriam ver o que é um vocal poderoso”. Observou mais um pouco. “Sorte de vocês que eu não me misturo com gentalha”.

Retirou-se então para a escuridão chuvosa da floresta.