Henrique se aproximou e abraçou o filho, que deu um sorriso enorme ao pai.
- Pai, porque o senhor está aqui?
- Estava em uma reunião com a Paola, e vocês? - Respondeu e passou o olhar para a loira, que o olhava de braços cruzados. - Tudo bem, Carine?
- Reunião com a Paola? E agora ela é a dona do Masterchef? Cadê o diretor ou a Ana, ou Jacquin?
- Estou aqui! - Ana chegou ao La Guapa e se apresentou rapidamente, segurando o braço de Fogaça. - Estavam falando de mim?
- Não, Aninha, é que a Carine não acreditou que estávamos em reunião.
- E não estáv...
- Oi, Ana! Até que fim! - Paola disse no balcão. - Pensei que ia cancelar a reunião pelo celular mesmo!
Paola lançou seu olhar cúmplice para a amiga, que concordou, sem graça.
- Desculpa, eu me atrasei por conta do meu sobrinho, estava cuidando dele e nem vi o tempo passar. Vamos começar a reunião? - Ana adentrou para onde Paola estava e seguiu até os fundos do restaurante, aos risos. - Meu Deus, ela ia armar um barraco lá fora.
- Ainda bem que você chegou, parecia um anjo vindo nos ajudar. Obrigada.
- Agradeço as suas empanadas, eu nem ia vir, só passei em frente e decidi parar. Já pensou se eu faço outro caminho e vou direto pra casa?
- Aí meu restaurante ia para um site de fofocas por conta do Fogaça e de sua namoradinha.
- Voltei. - Ele disse, passando as mãos pela cintura da argentina. - Não se preocupe, ela não fez e nunca fará um barraco nos seus restaurantes.
- E onde ela está? - Paola se livrou de seus braços e sentou na cadeira.
- Foi embora, ia levar o João pra casa da Fer...
- Não ligo, mas que bom que ela foi embora. - Paola respondeu, voltando a comer. - Agora come, antes que fique fria.
- Sim, chef! - Ana e Fogaça responderam em uníssono.
Assim que terminaram, após um café de fim de tarde completamente constrangedor, com todos calados, Ana levantou e despediu-se dos dois.
- Ana não tem jeito. - Paola diz pegando os pratos da mesa e levando para a cozinha, logo retornando. - Ela sempre insiste em pagar quando está comigo e em meu restaurante.
- Talvez ela queira mostrar que pode pagar e não só está aqui por conta de você, mas sim pela comida do loca, é uma boa. E quando ela vai no Arturito, ela sempre paga, até porque não é sempre que você está lá para dizer que é por conta da casa.
Paola deu de ombros e pediu que Francesca ajudasse o garçom a levar os copos até a cozinha. Fogaça se aproximou e abraçou sua cintura, ficando atrás. A argentina empurrou-o com o bumbum, quase fazendo o homem agarrá-la ali mesmo.
- Qual é, Pao! 'Vai ficar assim por conta...
- Aqui não é lugar, vamos conversar depois.
- Mas amor, eu não tenho culpa se...
- Mamá, yo quiero...
- Ir pra casa? Vamos. - Paola segurou a mão da filha e a puxou para fora do La Guapa.
Parou o primeiro táxi que viu e seguiu para casa, deixando Fogaça lá. Antes de chegar na sua residência, ele começou a ligar e ela a recusar.
- Por favor, pode dirigir até essa empresa? - Paola entregou o nome da empresa do pai de Francesca para o taxista.
- Aonde vamos?
- Ver o papai.
Em meia hora, chegaram na empresa e foram autorizadas a subirem.
- Papá! - A menina gritou assim que chegou ao escritório de Juan.
- Mí princesa! - Ele disse pegando a menina no colo e lhe beijando. - No sabía que ibas a venir hoy aquí.
- Não avisei, desculpa. Saí do La Guapa agora e resolvi passar aqui, não sei porque...
Paola passou a mão no cabelo, tentando ficar mais calma. A cena no La Guapa havia mexido com ela, foi duro ver a mulher de Henrique atrás dele em seu próprio restaurante, logo após ter ido com ela pra cama.
- Você parece nervosa, triste, sei lá, precisa conversar? - Juan colocou Fran no chão e segurou a mão da ex mulher. - Posso pagar um café.
- Acabei de sair do La Guapa, não aguento mais café nem nada. - Ele ri e aponta sua sala.
Paola e Juan entraram na sala e deixaram Francesca à vontade pelos corredores, supervisionada pela secretária do argentino. Em espanhol, os dois conversavam:
- Por onde quer começar? - Ele perguntou e encostou-se na mesa, ficando de frente pra ela, que estava sentada. - Problemas com o trabalho?
- Quem dera que fosse, Juan. - Ela soltou um riso fraco e encarou as paredes marfim da sala. - Problemas pessoais, mas prefiro não comentar.
- Paola, eu sei quando você está mal. Problemas pessoais que envolvem Francesca?
- Não, Francesca está ótima, é comigo mesmo. Vou tentar dar um basta na minha vida, sobre uma pessoa.
- Jason. - Ele disse por fim, suspirando. - Admiro o cara, vocês combinam e tudo, mas eu quero sua felicidade.
- Meu Deus, o Jason! - Ela disse colocando a mão na testa. - Esqueci totalmente.
- Como assim esqueceu do seu namorado? - Ele riu, cruzando os braços.
- Ai, Juan, é tão complicado... - Limpou a garganta e por fim o olhou.
Os olhos azuis de Juan eram lindos, iguais ao da filha, e o cabelo loiro estava grande, brilhoso e liso. Ela sorriu de canto e puxou sua mão, segurando-a.
- Você já se envolveu com alguma mulher casada?
- Não, você sabe que odeio essas coisas de traição, e a última coisa que eu faria era me envolver com uma pessoa que já possui uma família. - Paola suspirou e levantou. Deixou a bolsa na cadeira e andou pela sala. - Quem é o cara?
- Que cara? - Os dois se encararam e ela deu de ombros. - Henrique Fogaça.
- Henrique Fogaça... - Ele colocou a mão no queixo e em seguida arregalou os olhos. - Você está envolvida com o jurado do programa!? - Ele quase gritou, e em seguida riu.
- Não ri, Juan!
- Me desculpa! Eu não quero que você sofra, OK? Se precisar de um amigo, estarei sempre aqui. Você sabe que não sou apenas o pai da Francesca e que só sirvo para dar a pensão e sair com ela. - Paola sorriu de lado e abraçou o ex. - Se precisar dar uns tapas naquele tatuado, pode dizer.
- Não será necessário. - Ela se afastou e pegou a bolsa. - Vou terminar tudo com ele. De novo.
Os dois riram e deram mais um abraço. Juan levou a argentina e a filha até o carro e logo despediu-se. Assim que retornou a sala para pegar suas coisas, encontrou a secretária na porta.
- Algum problema? - Ele questionou.
- Você está caidinho pela Paola, não é?! - Juan bufou e entrou na sala. - Admita, Juan.
- Não estou, eu amo a Paola como amiga, já fomos felizes juntos e hoje ela tem o namorado e a vida dela, não precisa de mim. - Juan pegou seu notebook e sua pasta. - Até amanhã.
Juan adentrou o elevador e se olhou no espelho. Passou a mão no cabelo, bagunçando-o ainda mais e suspirou.
- Qué estoy haciendo, señor? - Perguntou ao espelho, logo lembrando do abraço de sua ex mulher.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.