História Nuestro amor - Jason

- Não se preocupe, não era fetiches eróticos. - Ele segurou a risada e a encarou. - Perguntei se ela queria um teste no Sal, a mulher cozinha bem, tentei dar uma chance a ela.
Fogaça se divertiu por alguns segundos, vendo a feição de Paola. A mulher agora estava sem reação, ele estava oferecendo um estágio para Raquel e ela estava com ciúmes?
- Paola? - Ele chamou, preocupado.
- Volte para o fogão. - Ela resmungou e foi atrás de Francesca. 
Em quinze minutos, os três já estavam sentados na mesa, com os pratos servidos e saboreando o jantar do tatuado. Fran estava adorando as piadas do homem, enquanto Paola observava a química dos dois.
Fran nunca ria daquela forma com outras pessoas sem ser a mãe, às vezes Jason tirava algumas gargalhadas da menina, mas não sempre.
Jason.
A mulher lembrou que havia prometido, por meio de mensagem durante a tarde na Band, ligar para o namorado assim que chegasse em casa. Afastou o prato e esperou Fran terminar.
- Agora vamos dormir, Fran. - A argentina apontou Fogaça e olhou a menina. - Se despeça do tio Fogaça.
- Não, ele vai dormir aqui. - A menina olhou a mãe e riu. - Amanhã eu falo com ele. Boa noite, tio.
A loirinha deu um beijo no rosto do homem e correu para o quarto. Paola encarou-o, enquanto ele sorria.
- No harcelo! - Ela avisou, indo atrás da menina. 
Após alguns minutos, Paola voltou do quarto e viu Fogaça lavar as louças, com uma cara séria. Ela franziu a testa e se aproximou.
- Henrique, eu ia lavar! - Ela reclamou, tentando pegar o prato de sua mão. - Henrique!
- Cadê a Francesca?
- Está na cama, dormindo.
- Ah, agora que ela já dormiu, pode ficar com seu namorado. - Paola sorriu, vendo o novo status que a relação deles havia tomado, mas ele continuou: - Jason te ligou.
Paola entendeu o que ele quis dizer. O status não havia mudado coisa nenhuma. Nem tinham um relacionamento digno, eram às escondidas e quando dava, pois nem sempre Fogaça podia deixar a esposa e filhos para ficar com Paola. A mulher viu seu celular aceso em cima do balcão. 
Se aproximou e viu a ligação perdida de Jason. 
Fogaça enxugou as mãos em um pano de prato próximo ao fogão e foi até ela. Deu-lhe um beijo no rosto e segurou sua cintura, colando o seu corpo no dela.
- Quer mesmo que eu vá para casa?
- É melhor. Eu preciso falar com o Jason. A gente se vê próxima semana pra gravar a final. - Paola deixou o celular em cima da bancada e colocou as mãos no pescoço dele. - Obrigada pelo jantar.
- Obrigado por estragar o clima.
Fogaça se afastou e seguiu rumo à porta. Paola o olhou e tentou falar algo, mas não conseguiu. Ele já havia fechado a porta e saído. 
Paola tinha certeza que aquela relação era errada. Fogaça era casado, ela tinha Jason e nenhum dos dois estavam preparados para dar um passo a mais, o passo de terminar namoro e pedir divórcio.
A argentina seguiu até a porta e trancou. Olhou pela janela e viu o carro dele na esquina, dobrando para a avenida principal. Fechou as cortinas, apagou a luz e seguiu pasa seu quarto.
Teria que acabar a relação com Fogaça. Ou com Jason.
Ou com nenhum.
***
A semana seguinte chegou. A gravação seria no período da tarde e todos os outros participantes estariam no mezanino. Ana Paula e Paola estavam no mesmo camarim, lendo algumas coisas de redes sociais e conversando amenidades sobre como seria a final.
Assim que chegaram ao estúdio, Paola viu Fogaça conversar com Luriana, uma participante que a maioria das pessoas comentavam que, além de boa cozinheira, combinava com o chefe. Paola teve que ficar conversando com Jacquin, mas sem deixar de prestar atenção nos dois. 
Logo que a gravação terminou, Paola foi chamada por um dos fotógrafos, para tirar algumas fotos perto da entrada. Assim que finalizou, foi liberada para retirar seu vestido, mas foi abordada por Fernando. 
- Oi, Paola. Tudo bom? - Os dois se cumprimentaram e ela sorriu. - Não dá pra dar uma dica sobre o vencedor?
- No, Fernando. - Ela riu e deu um toque no seu ombro. - Uma pena você sair aquele dia, você era um puta cozinheiro!
- Obrigado, chef, mas eu vacilei. Agora preciso pensar no futuro, estou abrindo um projeto com os meninos. - Ele apontou o mezanino e ela assentiu. Já tinha lido algo na Internet sobre essa ideia. 
- Boa sorte para vocês, estou torcendo para essa ideia. Agora preciso ir, ainda tenho que ir no Arturito. 
Fernando assentiu e se despediu. Paola devolveu os microfones para um produtor e seguiu para o camarim. Assim que entrou, foi puxada pelo braço e alguém trancou a porta. Paola olhou a mão e tratou de puxar o braço de seu toque bruto.
- Você tá maluco, Henrique? - Ela gritou e começou a massagear o braço. - O que você quer?
- Porque estava falando com aquele cara?
Ela riu e colocou as mãos na cintura, sem perder o tom irônico.
- Porque estava falando com aquela loira que saiu há poucos dias? Luriana, certo?
- É diferente.
- Porque? Porque você é homem!? - Paola quase lhe estapeou, por ser um comentário machista. 
- Não, Paola! Eu estava conversando sobre a final com ela.
- E eu estava conversando sobre a final com ele. - Ela cruzou os braços e suspirou. - Sai do meu camarim, preciso me trocar.
- Passo na sua casa?
- No.
Ela virou-se para o sofá e pegou sua roupa. Trancou-se no banheiro e se trocou por lá. Assim que saiu, viu o homem apenas de calça, sua camisa era suas tatuagens. Ela cerrou os olhos e recebeu uma risada rouca.
- Nem acredito que hoje foi a final. - Ele disse enquanto ela colocou o vestido numa arara.
- Henrique, temos que conversar. - Ela sentou na sua frente, no sofá. - Sobre nós.
- Estamos bem.
- Você me entendeu. - Ele assentiu e segurou sua mão. - Vamos terminar esse caso por aqui, você é casado e eu...
- Paola, quantas vezes tivemos essa conversa? - Fogaça lhe interrompeu e a puxou para seu colo. 
A mulher nem colocou dificuldade. Abraçou seu pescoço e olhou em seus olhos, agora bem próximos.
- Umas cinquenta? - Ela chutou.
- Cinquenta e uma. - Ela riu e ele lhe deu um beijo, ela acabou retribuindo.
Era muito fácil amar aquele homem e aquilo lhe deixava apavorada. 
Cessou o beijo e pousou uma das mãos em suas tatuagens.
- O que faremos?
- Continuamos nos encontrando.
Paola negou e tentou levantar do colo dele, mas ele a segurou.
- Tudo bem, tudo bem! Eu já sei o que fazer. - Ele sorriu, enquanto a morena arqueava a sobrancelhas. - Te vejo sexta-feita, que tal?
- Onde?
- En su casa! - Ele brincou com o sotaque e espanhol, fazendo-a rir.
- Fran está fazendo um bom trabalho te ensinando espanhol, mas tente se esforçar mais. - Paola apertou a ponta do nariz do chef e ele sorriu, lhe dando mais um beijo.