Paola olhou para Juan, ainda nos braços de Fogaça e sorriu de lado. Logo sentiu os braços do tatuado lhe deixarem e o corpo desenhado levantar. Paola suspirou e levantou, ficando ao seu lado.
- Obrigada, Juan, mas o Fogaça trouxe café pra mim, mesmo assim super agradeço. - Paola deu um sorriso sincero para o ex e segurou o braço do seu amado. - Você quer?
- Não, já tomei café antes de vir. - Fogaça disse sério e com a voz mais grossa, ainda encarando o argentino. - Eu preciso ir.
- Henrique... - Ela puxou o braço dele devagar, para que o mesmo a encarasse. Enfim, conseguiu. - Juan e eu...
- Não estou dizendo nada, só preciso ir. O João tá me esperando pra levá-lo na aula de futebol. - Fogaça tirou o braço das mãos de Paola e foi até Francesca, lhe deu um beijo na testa e saiu.
Paola encarou Juan, que continuava parado perto da porta, com os cafés em mãos. Ele sorriu sem mostrar os dentes e colocou os copos numa mesa.
- Desculpa te chamar de mi amor, acho que é mania, você sabe que eu trato todo mundo bem, a maioria das pessoas que eu gosto chamo por apelidos carinhosos e...
- Não precisa explicar, eu convivo com você há mais de cinco anos. - Paola rolou os olhos. - Henrique só está chateado por conta do restaurante.
- E ele desconta em você?
Paola preferiu ficar calada. Em alguns minutos, a enfermeira trouxe o café da Francesca e assim pode ocupar-se acordando e dando a comida para a filha. Assim que terminou, aproveitou a saída de Juan até o escritório para ligar para Henrique, mas ele não lhe atendeu e ainda ignorou suas mensagens no Whatsapp.
Quase perto do horário do almoço, o médico retornou para consultar Francesca, lhe dando alta e uma receita de medicamento para tomar durante três dias.
As duas saíram direto para casa. A argentina ligou pra Juan e disse que a menina recebeu alta e que estava indo pra casa, agradeceu por ter lhe contado sobre o incidente da noite anterior e disse que avisaria se algo acontecesse.
As duas chegaram em casa e encontraram Lindalva organizando o almoço. Paola franziu a testa ao ver a mulher mexer em suas panelas.
- Lindalva! - Francesca gritou e abraçou as pernas da mulher. - Cheguei do hospital, olha isso!
A loirinha mostrou a mão furada por conta do soro e riu.
- Eu soube que você estava internada e vim ajudar sua mãe a preparar o almoço. - Paola sorriu e abraçou Lindalva. - Oi, Paola. Então, o restaurante está cheio, mas fiz questão de vir pra cá.
- Tudo bem, eu agradeço. Vou tomar um banho e se quiser, pode dar o almoço da Fran, certo?
- Sim, senhora.
Paola deixou Francesca na cozinha junto com Lindalva e correu para o banho. Ficou cerca de meia hora debaixo do chuveiro, tentando se livrar do cheiro de hospital e relaxar.
Quando voltou a cozinha, encontrou Fran lavando as poucas louças e Lindalva enxugando, às vezes auxiliando a menina em algo.
- Olha só, agora não vou mais precisar da Maria aqui durante a semana. - Paola riu e apontou Francesca pra Lindalva. - Uma despesa a menos.
- Ah, não! Eu gosto da Maria. - As duas riram. - Mamãe, eu posso comer chocolate?
- Fran, acabou de sair do hospital, precisa ficar bem, não vamos abusar das besteiras esse fim de semana. Olha, eu tô indo rapidinho no Arturito e na farmácia comprar seu remédio, então fique aqui com Lindalva, qualquer coisa ela vai me ligar e dizer o que você aprontou.
Paola repassou algumas informações a Lindalva, beijou a loirinha e saiu apressada para o Arturito. No caminho, seu celular tocou e ela conectou ao carro, atendendo em seguida. Seu sorriso aumentou quando imaginou ser Fogaça.
- Hello, my love. - A voz de Jason soou no carro e Paola fechou os olhos. Havia esquecido completando do seu namorado. - How are you?
- Hi, sweetie.
Paola conversou durante alguns minutos até chegar no Arturito. Despediu-se e antes, prometeu que iria olhar as passagens para visitá-lo em Londres.
Entrou no Arturito e teve que tirar algumas fotos com os fãs. Assim que conseguiu, entrou na cozinha, colocou seu avental e começou a preparar algumas coisas. Passou quase duas horas naquela correria quando sentiu seu estômago roncar e lembrou que só havia tomado café da manhã. Pediu para um dos seus estagiários preparar algo para ela comer e entrou no escritório. Sentou-se e pegou o celular, verificou se Henrique havia lhe ligado, mas estava da mesma forma que antes.
Quis gritar de raiva, o ciúmes idiota de Henrique a fazia ficar puta da vida, muitas vezes descontava sua raiva em outras pessoas. Tentou ligar novamente, mas ele acabou recusando a ligação.
***
Paola pediu para que Lindalva ficasse mais um pouco em sua casa, pois teria que dar uma saída. Já eram quase nove horas da noite e não aguentava mais ter que ficar no vácuo por conta de ciúme desnecessário. A mulher concordou e acompanhou Francesca até o quarto.
Paola pegou as chaves do carro, seu celular, carteira e seguiu até o Sal, onde certamente Henrique estaria. Respirou fundo quando lembrou que teria que encarar mais pessoas no saguão do restaurante. Tirou mais algumas fotos com pessoas e se aproximou de um dos garçons, pedindo que chamasse Henrique.
- Paola? - Ele chamou quando se aproximou no saguão. Sua Dólmã branca estava extremamente suja, como se ele tivesse passado o dia na cozinha sem parar um minuto para trocá-la. - O que foi?
- É assim que você recebe sua... Amiga? - Ela completou olhando ao redor. - Porque não me atendeu? - Ela cruzou os braços e bateu o pé no chão.
- Não precisa fazer birra aqui no saguão. - Ele avisou e a puxou pelo braço, sob os olhares da maioria dos clientes.
Os dois entraram na cozinha e seguiram para o escritório dele. O homem trancou a porta e acendeu a luz.
- Não vai me responder? Essa cena toda por conta do Juan? Ele é o pai da minha filha!
- Eu sei, mas só porque ele é o pai da Francesca não significa que ele precise ficar te chamando de "mi amor", vocês estão separados há um tempão, pra que esses apelidos?
- O Juan é uma pessoa carinhosa, então ele trata os amigos com apelidos e...
- Ou vocês tem algo a mais do que amizade, certamente você deve tá dormindo com ele, igual como dorme comigo e com Jason. - Paola o encarou séria, não quis acreditar no que ele falou.
- Então você acha que eu durmo com um e com outro?!
- Parece, ele te chama de mi amor.
- Henrique, me escuta! Juan e eu somos amigos! Se eu quisesse ter alguma coisa com ele, com certeza eu estaria bêbada ou drogada, eu sei o que eu sofri com ele no começo disso tudo e nunca mais quero nada com ele. Outra coisa, estamos juntos, então não tem motivo algum para eu estar com outra pessoa.
Henrique riu, negou com a cabeça e cruzou os braços.
- E o Jason? - Paola ficou séria e também cruzou os braços. - Você também dorme com ele.
- E a Carine? - Fogaça ficou sério e tentou se explicar. - Você também dorme na mesma cama que ela, com certeza transa com ela todas as noites e eu nunca te cobrei nada disso. Então não fale do Jason, muito menos do Juan.
- Ok, a briga aqui não é por conta do inglês, mas sim por conta do Juan. Porque ele te chama de mi amor?
- Eu acabei de explicar! Não vou ficar explicando a cada um minuto! Que saco, eu vim aqui tentar me acertar contigo, mas é impossível! - A morena já andava de um lado para o outro, mexendo no cabelo e nervosa com a conversa.
- Tudo bem, então da próxima vez que você tiver com ele ou com o outro, não precisa me ligar, assim eu não gasto tempo e nem dinheiro levando café pra você.
Aquilo foi como um soco no estômago para Paola. Ele estava praticamente jogando na cara dela que havia comprado cafés e pães de queijo, e ainda gastado seu precioso tempo indo até ela.
Paola riu nervosa, chegou a gaguejar algumas palavras indecifráveis e desistiu.
Abriu a carteira que havia colocado sobre a mesa dele, retirou algumas notas de dinheiro que nem viu quanto era, pegou celular, chaves do carro e se aproximou dele.
Jogou as notas sobre ele e disse:
- Não preciso do seu dinheiro, muito menos do seu tempo comigo. Passar bem, Fogaça.
Paola abriu a porta do escritório e fechou com uma pancada, fazendo com que todos lhe encarassem. Passou apressada por entre a cozinha e saiu rapidamente pelo saguão, sem falar com ninguém. Focada apenas na porta da frente, querendo sair daquele local, longe de Henrique.
Por alguns segundos, chegou a cogitar em ligar para Ana Paula e pedir demissão do MasterChef..
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