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História NY Vampires - Reflexo


Escrita por: BluePopCorn

Notas do Autor


Boa leitura ^-^

Capítulo 1 - Reflexo


Marshall sempre achou que a paixão fosse um doce e doentio sentimento.

Ah, o sangue dos apaixonados... O melhor. Sangue fervente, esperançoso, e, mesmo sendo estúpido, lhe fortalecia muito mais, especialmente quando esse amor era destinado a ele. Ah, esse tipo de sangue era capaz de se manter por anos em suas veias, pois o que é o amor se não a estúpida disposição de um a suprir as necessidades do outro, ao invés da sua? Esse sangue pulsava até o último momento, querendo se agravar e permanecer em suas veias para a eternidade – coisa que não podia, mas durava muito tempo de qualquer jeito. – o amor humano é poderoso. Faz o homem cometer as mais terríveis loucuras... ‘’Ah, amor poderoso, que às vezes faz de besta um homem, e em outras, de um homem uma besta’’, como disse uma vez seu velho amigo Shakespeare. Ah, Shakespeare... incontáveis noites de bebedeiras à seu lado – recordava Marshall.

Ele sentou-se no telhado à noite, pensando no quanto era divertido os velhos tempos... Seus amigos... Shakespeare... Vincent Van Gogh – Marshall lamentava ter revelado sua identidade à este, pois enlouqueceu -, Marshall chegou a conhecer Napoleão... bravo homem. Então parou de tentar lembrar, pois sentiu terrível nostalgia. Sentia falta de ter uma companhia, estava tão solitário desde a morte do seu pai. Parou de se envolver socialmente com as pessoas após tantas guerras... Tantos amigos mortos, tantas saudades... era horrível suportar  esta sensação, talvez nunca devesse ter feito um amigo sequer, mas já não aguentava mais. Sua mente pedia algum contato social, se não, enlouqueceria. Marshall não duvidava. Mudou-se para um novo país, começar uma nova vida, e estava disposto a arranjar novos amigos – tirando o fato de que precisaria de sangue mais cedo ou mais tarde.

 

Marshall passou a língua nos lábios e recolheu as presas, observando o que acabara de matar, era uma mulher flácida, pequena e esguia, encolhida e de cabelos escuros que cobriam seu rosto pálido, sem sangue, ela estava em baixo de uma árvore. Perto do lago que Marshall viu assim que entrou na cidade. Ele pensou se teria que mutilá-la antes de jogá-la no rio, assim ninguém poderia reconhecê-la se por acaso desenterrassem seu corpo.

— Não vai doer. — Sussurou antes de dar um sorriso meio sombrio na sua face escurecida — Já está morta.

A garota estava irreconhecível antes de Marshall arremessa-la no lago. Ele viu seu corpo afundar quando a água inundou seus pulmões, ele enfiou as mãos no bolso e deu meia volta, se lembrando de por que decidiu parar de fazer amigos – era mais fácil matar sem culpa.

 

Fionna decidiu que aquele não era seu dia de sorte, havia se atrasado para a escola e o Sr. William, professor de matemática, não a havia deixado participar de suas aulas – que eram as três primeiras – ele odiava atrasos, na verdade, ele odiava praticamente tudo, em outras situações – ou melhor, outros professores, Fionna seria permitida entrada na próxima aula, mas o Sr. William nunca deixava alguém participar de suas aulas se houvesse se atrasado – em qualquer uma delas.

— É sério, Gumball, eu estou prestes a matar aquele cara — Murmurou Fionna, socando o ar.

Ela estava deitada num sofá de couro marrom na sala prateada de Gumball – um amigo.

Gumball riu.

— Não duvido. — ele sorriu, divertido. Gumball era um garoto ligeiramente corado de olhos azuis arroxeados, cabelos escuros que estavam em um topete e sobrancelhas espessas que estavam erguidas para Fionna. Ela percebeu que encarava-o. — O que foi?

Fionna desviou o olhar rapidamente pra a mesa de computador no canto do apartamento e sentiu as bochechas formigarem.

— Nada.

Ele se jogou no outro sofá, juntando as sobrancelhas.

— Você pode sair assim? — Ele perguntou e Fionna olhou-o ligar a TV com um controle preto — Quero dizer, não há uma regra que te obriga a ficar na escola até a próxima aula, ou coisa assim?

Fionna deu de ombros.

— Deve ter. — Ela pensou a respeito — Eles trancam o portão da frente após o horário, mas eu descobri uma entrada de funcionários atrás da escola. Tenho que voltar às... - ela olhou para o relógio branco e redondo da parede. A hora marcava 7h31min. – Nove horas e meia.

 

Marshall passou os olhos ligeiramente pela folha que segurava, era uma lista das escolas na cidade, ele procurou pela segunda mais próxima a sua casa – não queria que fosse muito perto.

Ele depositou a folha em cima da mesinha de centro da sala, era uma casa grande, enorme na verdade, bem espaçosa e sem muitos móveis, para facilitar os movimentos extremamente rápidos do vampiro.

Ele subiu as escadas para seu quarto – nele, havia uma estante repleta de livros velhos e bem- cuidados no fim no quarto, e um guarda-roupas velho onde guardava a maioria das suas coisas.

Acho que está na hora de comprar uma cama, pensou Marshall. - O quarto era grande como a sala, apenas um pouco menor, tinha uma janela perto do sofá no centro. - Claro que, ele não precisava de uma cama – não dormia. Não frequentemente. Era raro ter sono algum, só quando realmente estava cansado, e pra isso tinha um sofá mais que confortável, mas Marshall pensou, que se realmente estava disposto a ter novamente uma vida social, alguém poderia visitá-lo uma hora ou outra e queria parece relativamente normal.

Analisou mais algumas vezes o papel, um pouco inseguro do que estava fazendo, mas estava determinado a fazê-lo. Era oficial, nos próximos dias ele iria se tornar um aluno do Ensino Médio. Só precisava de um documento falso – não achava que o seu próprio – de mais de mil anos de idade seria visto como mais verdadeiro.

Ele foi ao guarda-roupas, pensando no que as pessoas de hoje vestiam. Marshall sentia falta de ver seu reflexo. Ele guardava um espelho no banheiro. Às vezes, quando usava o anel de seu pai, conseguia – mesmo com relativa opacidade – ver seu reflexo no espelho. Ele, mais do que todos admirava o anel que seu pai lhe dera, com ele, Marshall podia enfrentar a luz do sol com pouquíssima dor – como um formigamento – que causava mais cócegas do que dor.

Ele retirou o anel de joia verde – o anel, curiosamente, mudava de cor de acordo com seu temperamento, ou emoções – Marshall achava que verde, talvez significasse que estava esperançoso, pois de fato estava. Ele saiu do quarto deixando a porta aberta e atravessou o corredor indo em direção ao banheiro de cima, parou a centímetros da porta ponderando se o que faria seria tão idiota quanto parecia. Ele esperou que não, pois empurrou a porta azul, encarou os azulejos verdes e entrou no cômodo, e caminhou até o espelho.

Ele encarou seu reflexo, seu cabelo era negro como a própria escuridão, os olhos eram penetrantes e negros, como o cabelo, e sua pupila estava dilatada, sua pele, em contraste com os olhos era branca como a lua, mesmo com o sangue que corria em suas articulações; ao menos o deixava com menos cor de papel, ele riu, e seus olhos seguiram automaticamente para seus dentes, ele separou os lábios – os lábios que eram finos e que curiosamente, dependendo da situação eram vermelhos como o próprio sangue ou sem cor, quase como sua pele – ele encarou seus caninos e uma veia azul pulsou em seu pescoço. Seus olhos adquiriram uma cor avermelhada. Isso era um problema, ele pensou. Não podia ter os olhos negros em uma hora e vermelhos em outras. Era considerado anormal. Encarou seu anel, que estava azul-arroxeado como a própria frustração, então moveu os olhos para o espelho que refletia o cano subindo pela parede, e um pouco da porta. – Seu reflexo havia sumido.

Ele saiu da casa, para comprar lentes de contato – e arrumar a identidade falsa - usando uma calça jeans, e uma blusa acinzentada de mangas longas com uma gravata-borboleta marrom – achou que era a última palavra em moda.

***

Fionna decidiu que não iria a escola quando soube que Cake estava doente. Fionna havia passado em sua casa para pegar um casaco antes de voltar para escola quando viu Cake, sua gatinha, branca com um pouco de pelo alaranjado na parte superior do lado direito do rosto, na barriga e na ponta da cauda. Ela encarava Fionna com os enormes olhos escuros suplicantes e miava, soltando alguns gemidos. Ela ligou para Gumball e o avisou. Há dois meses, Fionna a levou para casa do seu amigo Aiden* para que brincasse com seu gato de estimação, ela a deu um pouco de batata fria nesse dia, e mais algumas nos próximos, se perguntou se não fosse uma reação atrasada ou algo assim, mas Gumball levou-a ao veterinário, de qualquer modo.

 O Dr. Smithers perguntou o que houve com a gata e Fionna disse que ela estava assim quando voltou para casa, então disse rapidamente:

— Eu sou uma dona responsável com minha gata, ok? — O médico acenou.

— Sim, eu percebo. — assentiu por baixo dos seus óculos quadrados, mas sem tirar os olhos de Cake que estava em suas mãos — Veio aqui na mesma hora, e não tenho dúvidas de que essa gata é bem-cuidada.

Não era mentira, o pelo de Cake era brilhante e Fionna costumava dar atenção de sobra à gata.

— Está gorda feito um balão. — Fionna enrubesceu, raivosa — mas não tem vermes.

O doutor deitou-a na sua mesa e analisou-a com seus aparelhos estranhos, depois estalou a língua do céu da boca como se suspeitasse disso desde o início.

— O que? — Inquiriu Fionna — O que foi? O que ela tem?

O doutor retirou seus óculos, colocou-os no bolso do seu jaleco branco, segurou a gata com cuidado em seus braços e virou-se para Fionna com rosto de tédio, como se fizesse isso todos os dias. E de fato fazia.

— Meus parabéns — Disse ele, então lentamente deu as informações sem rodeios — Sua gatinha está grávida, e tem quase dois meses, daqui a poucos dias você verá dois ou três filhotes se aninhando junto da mãe e saberá que ela terminou o trabalho de parto.  

O rosto de Fionna tinha uma expressão surpresa e um pouco chocada enquanto olhava para Cake. Quem, diabos se aproveitou da minha gata?!, pensou, furiosa.

Fionna saiu do hospital determinada a matar todos os vira-latas da sua rua. Cake? Grávida?! De quem?! Fionna não deixava sua gata sozinha na rua, não tinha outro gato e a única vez que deixou Cake sozinha foi há dois meses com...

— Meus parabéns — Disse ele, então lentamente deu as informações — Sua gatinha está grávida, e tem quase dois meses,

Fionna lembrou-se das palavras do médico e soube exatamente pra onde ir.

Gumball estava escorado no seu carro preto do estacionamento da frente.

— Pra onde vamos? — Ele perguntou sorrindo.

— Casa do Aiden — Ela respondeu.

Seu sorriso desmanchou.



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