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História NY Vampires - Descobertas


Escrita por: BluePopCorn

Notas do Autor


Mais um capítulo ^^ Boa leitura

Capítulo 6 - Descobertas


O crepúsculo já havia caído. A noite era fria e trazia uma suave brisa gélida, soprando as folhas caídas no chão; o céu não estava brilhando com estrelas, mas fosco e opaco. Marshall estava deitado, esticado na cama de lençol azul escuro, encarando o teto - não realmente o vendo. Ele estava pensando em diversas coisas – tentando desviar sua mente das preocupações momentâneas. Ele pensou em seu passado, mas ele trazia lembranças infelizes. Ou felizes que se tornaram deprimentes agora – ele não podia dizer.

Então ele se pegou pensando em seu pai.

Ele era um bom pai, divagou, – tinha um rosto mordaz, com feições duras, olhos avermelhados e orelhas pontudas. Ele estava sempre de terno – Marshall lembrava dele como um homem esperto sentado no lustroso trono de seu clã, ele tinha um ar importante, com seus cabelos escuros sempre penteados de maneira formal. Ele era frio, muito frio, e calculista também, mas conversava de maneira gentil com seu filho. Marshall tentou lembrar algo mais, vasculhando sua mente. Sentia que alguma coisa estava faltando. Algo importante... Ele resolveu deixar pra lá. Não importa agora.

Então se pegou pensando na remota lembrança de quando recebeu a notícia de que seu pai havia morrido na guerra travada contra as crianças da lua - licantropos. A memória era distante, mas reluzia claramente na mente de Marshall – como um filme que ele havia assistido muitas vezes.

Um homem alto e loiro, de olhos cor de mel e roupas antigas, apareceu em seu quarto com uma expressão infeliz e cautelosa para dar-lhe a má notícia.

Morto por um lobisomem, ele disse. Marshall era apenas um garoto quando recebeu a notícia. Ele se lembrou de ter chorado. Mas também lembrava de ter se agarrado tão fortemente ao anel que seu pai havia deixado à ele, que nós brancos formaram-se em suas mãos. Ele afastou a lembrança, estupefato. Não a tempo de deixar algo passar despercebido – ele havia memorizado a imagem do seu pai, muito claramente e ele se lembrou de ter um lugar - ele não lembrava onde - que quando Marshall pousava os olhos, eles involuntariamente se desviavam traçando caminho para outro lugar – com se o local o fizesse não querer notar a figura. Isso sempre o aborreceu, mas ele notou, de qualquer modo. Era um triângulo manchado com três setas desenhadas que seguiam o contorno da forma geométrica.  Ele se sentou, na cama. Sua coluna ereta. Marshall levantou-se e caminhou cauteloso até a velha cômoda de madeira marrom que possuída. Ele comprimiu os lábios e puxou uma das gavetas, temerosamente. Vasculhando seus pertences, e puxando um antigo desenho que ele havia feito de seu pai quando era criança. Ele estava manchado nas bordas e tinha um curto rasgão no meio, as linhas traçadas por uma pena antiga estavam borradas e ligeiramente manchadas de pó. Mas ele pode enxergar a figura muito bem. Havia desenhado grandes olhos assustadores, orelhas pontudas e um rosto quase bonito – ele não era muito habilidoso nessa idade. Mas seus olhos se moveram a um ponto peculiar. Seu ombro. E lá estava. Uma tatuagem triangular com setas tortas contornando-a, iluminada pela tênue luz da lua que escapava da janela. E então ele soube. Seu pai tinha aquela tatuagem. A tatuagem que ele viu em Mason, e no garoto da outra noite...

A tatuagem que marcava os vampiros pertencentes ao clã de Nova York.

***

O Sol surgiu no horizonte, sendo ofuscado por nuvens claras não muito cinzentas. Não fazia sol, mas ele também não era totalmente ofuscado.

Marceline saiu pelo portal de entrada com passos ecoantes, sendo acompanhada por Hunter. Mason não iria com eles novamente – havia usado o sol como desculpa, mas os amigos acharam que ele queria mesmo era um tempo sozinho.

A pele de Hunter formigava à quase todo o momento, criando alguns grãos de areia na superfície; mas fora isso ele estava bem. Ele levantou a gola da camisa.

 No colégio, ele percebeu, não muito satisfeito, que Marshall os observava – a observava. Ele estava encarando Marceline tão profundamente que Hunter sentiu-se corar, embora ele não a encarasse desse jeito. Não, ele estudava-a como um caçador estuda sua presa– exceto que ele parecia sentir um leve pesar por isso. Hunter odiou, instantaneamente, passando os olhos claros por ele numa carranca. Fionna também percebeu, embora ela sentisse mais decepção que ódio. Ela passou por eles sem mesmo olhá-los, entretida em conversar com Beatrice.

Após o intervalo, Marshall tinha aula de inglês no quarto horário – Fionna estava nessa aula. Ele se encontrou caminhando com largos passos até lá. Marshall acompanhou a curva da parede recém-pintada e se chocou fortemente contra algo que vinha rápido demais. Algo queimou em seu ombro.

— Ai — uma voz feminina disse, embora soasse como uma crítica. Ela estava passando a mão no ombro direito.

— Desculpe — ele murmurou, passando a mão fria no seu próprio.

— Tudo bem — Então eles levantaram os olhos, olhando pela primeira vez com quem falavam. A garota colocou uma mecha do cabelo negro atrás da orelha, ela franziu os lábios, e apertou levemente os olhos escuros antes de perguntar — Eu te conheço?

Marshall carregava uma expressão concentrada. Um músculo se curvou em sua bochecha.

— Provavelmente não — respondeu, fitando-a, percebendo curiosamente que ela havia movido os olhos para a sua mão – dificilmente as pessoas faziam isso, na verdade, ele não conseguiu lembrar uma única vez que um humano já o tivesse feito.

Marceline observava a joia do anel dourado nos dedos finos e brancos de Marshall com uma onda súbita de reconhecimento. Perguntou-se onde ele havia arranjado aquilo.

Ela levantou seu olhar novamente, sustentando o dele e deu um curto meio sorriso, que ele retribuiu com um aceno de cabeça antes de seguirem caminho para sua próxima sala – em direções opostas.

***

Marceline passou pelo salão de entrada, atravessou as antigas pilastras do hall, e emergiu nos corredores. Ela chegou à um enorme salão dourado abobadado – candelabros eram expostos em todo o local, banhando o salão em uma luz fraca. Ela olhou através das compridas mesas que preenchiam o local e viu Hunter perto das escadas que levavam à um salão maior, com melhores mesas e utensílios mais caros. As mesas do salão de baixo eram cobertas por um fino pano branco com diversas manchas de sangue, enquanto as do salão de cima era coberto por um tecido macio roxo, geralmente limpo. Ela atravessou o salão ouvindo sons metálicos e gemidos altos vindos dos humanos subjugados que eram amarradas às paredes por correntes, sua pele era manchada de sangue e eles tinham expressões contorcidas ao medo e ódio, geralmente com as bocas dilaceradas para não poderem gritar, embora os mais antigos amassem seus chefes e estivessem amarrados apenas para não incomodá-los. Alguns vampiros os olhavam e sorriam, divertindo-se. Ela pegou o vislumbre de uma jovem criança da noite de curtos cabelos brancos enfiando um garfo em um coração humano. Ela se aproximou dos amigos e eles a notaram lá.

— Algum progresso? — Mason tinha um copo prateado detalhado em ouro em uma das mãos – ele cheirava a sangue – praticamente tudo no salão de jantar cheirava.

Ela ponderou, lembrando-se do anel nas mãos do garoto. Isso era pessoal, ela pensou, resolvendo não contar nada, agradecida por Mason não poder ler seus pensamentos. Ela sabia que ele estava tentando enquanto balançava a cabeça. Ele se pronunciou depois de uma longa pausa.

— Sabe, eu também não posso entrar na mente dele. — ele admitiu, olhos faiscando com um brilho intenso. Ele adicionou ao ver sua expressão com um olhar mordaz — o vampiro. Eu estou falando do vampiro.

— Por que disse isso?  

— Não, nada — ele se moveu, lentamente ao redor dela, analisando-a, e ela se manteve imóvel. — Mas eu ainda sei quando as pessoas mentem pra mim. Está escrito na testa delas.

— Não menti pra você.

Ele fez uma longa pausa, seus olhos endureceram e ele fitava-a profundamente, quando disse. Os lábios curvados em um sorriso.

— Você não poderia, poderia? — Seus cabelos castanhos reluziram à luz de tochas e ele deu de ombros — Mas, enfim. Eu preciso falar com Caos.

— Sobre o quê? — Hunter perguntou. Ele tinha se mantido tão calado até então que Marceline estranhou seu tom quando ele falou.

Mason encolheu os ombros.

— Nada de mais. Apenas queria informar-lhe sobre isso... — ele puxou um pedaço de tecido surrado do bolso da calça preta e mostrou-os. Era um pedaço de casaco vermelho — Achei isso perto ao salão das reuniões — ele anunciou, cheirando o tecido com uma careta e indicando para os amigos fazerem o mesmo.

Mortos-vivos... — Hunter grunhiu com repulsa, fazendo uma careta — eu achava que era só uma lenda...

Marceline se encolheu.

— Eu já vi Caos fazer. — contou Mason— Ressuscitar os mortos, quero dizer — ele levantou o pedaço de pano — Mas isso aqui não cheira à Caos. Foi uma convocação feita por outro vampiro.

Hunter o encarou. Os olhos faiscando em entendimento.

— Você acha...

Ele assentiu.

— O que vamos fazer, então? — Mason moveu os olhos amarelos de canto para Marceline antes de dizer:

— Bem, eles nos investigaram. Nada mais justo que os investigarmos de volta. — ele sorriu. E com estas últimas palavras, girou os calcanhares, desaparecendo rumo aos aposentos de Caos.

***

Marshall se pegou pensando no que faria com Fionna. Ele andava tendo preocupações demais, pensou. Seus olhos negros ganharam claros círculos cinzentos e seus ombros estavam curvados em tensão e cansaço, mas não podia dormir. Tinha que manter-se acordado, alerta. Desmanchando os nós que havia formado. Sabia que era uma ideia, divagou ele, nunca devia ter nem mesmo começado isso. Ele chutou uma lata de lixo no chão, com as mãos nos bolsos pela rua escura. Invenção estúpida. Era isso o que ganhava por ser tão egoísta. Ele queria desistir disso. Mas não podia se forçar a fazer tal coisa, agora que descobriu sobre seu pai... É tarde demais. E se ele fugisse da situação, que imagem traria à família Abadeer? Afinal, eles tinham uma reputação a zelar. Eram respeitados. Temidos. Ele puxou o capuz do casaco vermelho e colocou as mãos nos bolsos. Voltando a mesma pergunta do começo – o que faria com Fionna? Ele poderia se afastar dela, nunca mais falar com ela de novo ou mesmo olhá-la, mas ela já estava envolvida demais, o clã provavelmente já sabia dela e ele não podia simplesmente deixa-la, podia? Então ele notou algo simplesmente desconcertante: Ele podia.

Eu não quero deixá-la. Por que eu não quero deixá-la? O quê, diabos está acontecendo comigo?

Ele sacudiu a cabeça, que já latejava, farto de tanto pensar, de tanto se preocupar.

— Ei, Você! — uma voz áspera e sibilante sussurrou, cortando seus pensamentos. Marshall seguiu o som com a cabeça e viu que ela vinha de um beco escuro. Ele pôde ver, na tênue luz do poste, um homem velho e barbudo, vestido apenas com farrapos sujos. Ele tinha cabelo cinza grisalho e joelhos ossudos, era um homem pequeno e flácido. Ele abanou as mãos como que para espantá-lo, como se ele fosse algum tipo de parasita indesejado que sobrevoava sua sobremesa — Xô! Sai daqui!

Marshall olhou-o com interesse. Ele merecia uma recompensa depois de tudo, não era? Além do mais, ninguém sentiria falta deste aqui. Ele se aproximou do beco, emergindo nas sombras...


Notas Finais


Não sei muito a respeito desse capítulo não, apenas que é um dos menores que posto.
Espero que tenha ficado bom... ):)
Ah, obrigado por lerem, comentarem e favoritarem a fic. É muito bom receber comentários pra escrever os capítulos e eu gostaria de agradecer, de verdade. :)
Quero saber o que acharam do capítulo!
Bjs!! *3*


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