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História Nyctophilia - Sodomita


Escrita por: LolaFly

Notas do Autor


SOU UMA CACHORRO, EU SEI
MAS TO AQUI
se tiver confuso, por favor, perdoa a lola
boa leitura

Capítulo 6 - Sodomita


Fanfic / Fanfiction Nyctophilia - Sodomita

Kihyun não viu Hyungwon o dia todo.

O mesmo não havia nem ao menos aparecido para lhe entregar a refeição ou lhe guiar até o banheiro. Quando acordou, confuso e com uma terrível dor de cabeça assim como dor por várias partes do corpo, notou a porta aberta e sua bandeja de comida colocada em uma das mesas na lateral.

O quarto estava mais vazio que o costume.

Kihyun se levantou, reclamando de como tudo em si parecia queimar e doer, denunciando o porre da noite passada assim como a transa selvagem que teve com Changkyun. Transa está que ainda era confusa em sua cabeça, se lembrava de poucos momentos, se lembrava do prazer, da dor da mordida, dos sentidos sensíveis e dos gemidos roucos do que nem ao menos humano era.

Comeu somente um pouco do alimento oferecido, tendo a dor nublando sua fome. Notou que usava roupas limpas, brancas e de tecido leve, como o de costume. Além do que parecia ter tomado banho também, pois não estava com resíduos da noite passada por seu corpo, quer dizer, ainda tinha marcas, mas estas não podiam sair com um simples banho.

Os roxeados denunciavam que aquilo não foi um sonho estranho.

 

Observando a porta aberta, revelando o corredor pouco iluminado, a curiosidade de Kihyun foi sendo atiçada aos poucos até que ele finalmente se levantou, ignorando as suas dores, afinal, já estava acostumado com as mesmas, graças as suas noites na cidade grande.

Seus pés descalços se chocavam silenciosamente com o corredor que parecia não ter fim, formando passos sem rumo pela mansão desconhecida. Havia várias janelas grandes, no entanto, elas pareciam serem tampadas pois não davam a visão de nada além que o breu da noite. Não havia nem mesmo lua ou estrelas. Aquilo parecia um pesadelo surreal.

Quanto mais andava, mais Kihyun se sentia curioso e perdido. Tudo era fantasioso demais, um conto de fadas aparentemente sem final feliz. Sua mente deveria ser criativa demais para criar uma ilusão tão fantástica, pois era impossível que aquele lugar fossem real.

Kihyun sentiu algo se formando em sua garganta, um bolo de sentimentos confusos. Havia muito tempo que não pensava em sua teoria de ser tudo irreal e pensar nisso, logo agora, o fazia se sentir estranho. Ele queria ou não que tudo aquilo fosse fantasia?

Não sabia a resposta.

 

Finalmente encontrou algo que não fosse um corredor sem fim. Uma porta de vidro, esta que não tinha um breu como paisagem e sim uma bonita varanda.

Kihyun sorriu ao ver que a porta se abriu na primeira tentativa, estando destrancada. Ela deu caminho para uma varanda com cercados de mármore, com um cenário de floresta negra, sendo que quando se apoiava para ver o que havia além da mansão, não conseguiu enxergar o chão. Parecia que aquela mansão estava em uma bolha que impedia que qualquer enxergasse o mundo real, o mundo por fora daquela escuridão.

- É uma maldição, não é? – Repentinamente, uma voz falou rouca.

Kihyun não se assustou. Para falar a verdade, estava tão acostumado com encontros inesperados e aparições surpresas que nem ao menos se sobressaia quando Changkyun surgia das paredes, como um fantasma. Kihyun, aos poucos, estava perdendo as reações e reflexos naturais de um humano. Mas ele não conseguia notar isso, a bolha envolta da casa estava o cegando.

- Não é comum você aparecer tão rápido assim. Quando eu te encontro, você costuma desaparecer por dias seguidos. Ou pelo menos eu acho que são dias, não tenho noção do tempo. Alguém já disse que vocês precisam de um calendário nessa casa? – Kihyun comentou com uma falsa diversão. Ele ainda se sentia depressivo, mais do que antes. Aquela escuridão estava causando isso em si.

- Um calendário é inútil em um lugar onde o tempo é inexistente. – Changkyun respondeu se pondo ao lado de Kihyun que permanecia encostado na cerca de mármore. – Eu tive que vim ao seu encontro. Hyungwon não pode cuidar de você hoje, então eu vim cumprir seu trabalho.

- O que aconteceu com ele? – O de fios rosados perguntou preocupado. Ele tinha criado um laço afetivo semelhante a chamada amizade com o homem alto que pouco falava, isso fez com que ele se sentisse preocupado com o mesmo. Hyungwon era sua única companhia, o único que o ouvia durante todo esse tempo como sacrifício.

- É um dia ruim para ele.

- Por quê?

- É o seu aniversário.

- Quantos anos o Hyungwon tem? – Kihyun não conseguia segurar sua língua curiosa.

- É seu aniversário de morte.

Kihyun de modo repentino se calou, vendo que já tinha perguntado demais. Um súbito silencio fúnebre tomou a área, deixando tudo mais triste e escuro do que o comum. Aquela casa parecia querer sugar todo o resquício de alegria que o humano conseguisse ter. Seria essa a tal maldição que tanto Changkyun falava?

- O que há de errado com essa casa? – Kihyun perguntou olhando a floresta escura a sua frente, esta que não emitia nenhum som ou sinal de que poderia existir alguma vida ali. Era tão morta quanto os moradores e a própria casa. – Por que tudo é tão... estranho?

- É minha culpa. – Changkyun respondeu. – Acho que está na hora de você saber.

Kihyun concordou observando o de vestes negras se movimentar, adentrando a mansão novamente. Silenciosamente, Kihyun o seguiu. Queria saber quem era Changkyun mais do que nunca.

 

 

 

- Este é meu quarto.

Kihyun permaneceu na porta mesmo que o outro já tivesse entrado no cômodo. Seu subconsciente tentava lhe alertar que se entrasse ali, não conseguiria retornar para o seu ponto inicial se o fizesse, tanto mental quanto emocional. Mas Kihyun era apenas um idiota.

O quarto era diferente dos demais da mansão. Suas paredes eram um cinza morto, a cama era grande e os lençóis negros, de frente a mesma havia um divã na mesma cor que o jogo de cama. As paredes eram decoradas com vários quadros, a maioria famosos, Kihyun conseguiu reconhecer as pinturas somente olhando-as de relance.

- São bonitos, não?

- São copias quase que perfeitas... quem as pintou com tanta precisão? – Kihyun questionou se aproximando da pintura 180x180 que ocupava a parede, tendo a moldura dourada e bem desenhada. – Tão belo...

- Não são copias. – Changkyun se colocou ao lado do jovem de fios rosados, sorrindo simples ao observar o quadro. – Esse quadro é o original. O que está ocupando o museu nesse momento é apenas uma segunda versão diferente em mínimos, quase imperceptíveis detalhes.

Kihyun, no mesmo instante, se sobressaiu e desviou seu olhar, o que pareceu um crime para sua personalidade artística, do quadro para mostrar sua expressão de espanto ao de vestes negras. – O que?! Isso não é possível!

- Ainda duvida de mim, Kihyun? – O de fios rosas prontamente se controlou, tentando ignorar a estranha sensação que sentiu ao ter seu nome proferido pelos lábios gélidos do outro. – Sim, este é o original. Eu me lembro perfeitamente de Klimt, ele era um homem peculiar. Sua vida era cheia de desacordos amorosos e suas musas que eram tão passageiras quanto a sobriedade dele. A vida de um artista raramente é banhada de bênçãos e sonhos, não concorda?

- Sim...

- Mas, voltando ao assunto, ele era um ótimo artista. Eu tive que ir pessoalmente em Viena para ver seus quadros, no início ele era somente um pequeno possível prodígio, eu fui o primeiro a comprar sua arte. Trouxe O Beijo e alguns quadros que estão espalhados pela mansão.

Kihyun franziu a sobrancelhas levemente enquanto ouvia o outro. Graças aos seus estudos, ele sabia que Gustav Klimt, o artista que produziu o quadro a sua frente, havia pintado no início do século 20. Ele sabia que Changkyun não tinha a idade que aparentava, mas aquilo não seria um tanto quanto exagerado?

- Eu acho esse quadro interessante. A forma como o homem segura sua dama, tendo uma delicadeza, mas ao mesmo tempo que uma dominação sobre ela. Enquanto isso, a mulher simplesmente aceita, ela é submissa ao seu parceiro, no entanto, mostra prazer ao fazê-lo. O rosto dele não pode ser visto, escondendo suas verdadeiras intenções ao toma-la como sua, mas ela confia, ela não sabe o que acontecerá mais confia nele. Porque ela está apaixonada. O quadro é interessante demais.

Kihyun levou seu olhar mais uma vez para o quadro a sua frente, o enxergando de maneira diferente após escutar a interpretação de Changkyun. Viu a forma como os traços delicados da mulher ajoelhada e como o homem se escondia dos olhares dos observadores. Nunca tinha percebido tais detalhes.

- Suas mãos... – O toque frio se fez presente na tez do de fios rosados, trazendo um arrepio ao corpo do mesmo. – São mãos de um artista. Me conte, Kihyun, você era um pintor, não era? – O jovem não teve a ousadia de responder. Sabia que falharia se tentasse tal.

Kihyun respirou fundo, trazendo oxigênio ao seu cérebro para que o mesmo voltasse a processar as informações ao seu redor, e assim que percebeu que já havia reunido sanidade e coragem o suficiente, após longos e silenciosos minutos de Changkyun lhe acariciando a mão, Kihyun finalmente falou:

- Você disse que me contaria...quer dizer, me disse que já estava na hora de eu saber. – Kihyun continuou, se virando para o de vestes negras e o olhando com seriedade, tentando não se perder na aura de Changkyun. – Saber o que?

- A minha história.

 

 

 

Havia uma jovem há muitos anos atrás, um jovem rico graças as fortunas de seu pai, nascido e criado em berço de ouro. Além de rico, ele também era considerado o mais bonito e talentoso da cidade que vivia. Todos se encantavam facilmente e as moças viviam suspirando pelo garoto quando ele passava, e isso tudo fez com que o ego do mesmo crescesse e transformasse o jovem em um verdadeiro ignorante narcisista.

Ele tinha uma fome sem fim, na verdade, seu ego era quem era o responsável pelo apetite da luxuria. Queria todas as mulheres, mas somente por uma noite, e quando as damas da sua cidade acabaram, ele descobriu um novo tipo de prazer, um sujo e incomum. Se tornou um sodomita, dormindo com homens, mas repetindo o ritual de tê-los somente por uma noite. Ele estava viciado no prazer de se sentir desejado e endeusado.

Rapidamente, os homens da cidade acabaram assim como as mulheres, tornando a fama do jovem maior e mais forte, no entanto, jamais trazendo uma imagem suja do mesmo, apenas tornando o garoto cada vez mais invejado e cobiçado por todos. As pessoas daquela época eram tão loucas quanto as pessoas do mundo atual.

O jovem estava entediado, em abstinência, mas se recusava a ir para cama com uma pessoa que já tenha o feito. Ele queria alguém virgem, inocente e que o amasse como o Deus que pensava ser. Alguém que pode encontrar perambulando pela sua casa, perdido entre os corredores com vestes simples demais para ser uma das nobres visitas de seu pai.

O filho da empregada.

Ele era tudo que o jovem procurava. Inocente, fofo, puro e completamente apaixonado pelo jovem desde o momento em que se encontraram no corredor da grande mansão.

O jovem sabia que o filho da tal empregada não cederia facilmente, apesar de tudo, sabia que teria que atuar um pouco para conseguir o que queria, e foi o que fez. Fingiu ser romântico, não tentou atacar o filho da empregada com beijos, pelo contrário, esperou que este tomasse a iniciativa. Disse palavras bonitas que não combinavam com sua real personalidade, afundando o inocente ainda mais naquela ilusão. Prometeu ir ao céu e ao inferno para ter o amor do filho da empregada e conseguiu.

Não demorou muito para que conseguisse o levar para cama, tirando sua inocência ao mesmo tempo que satisfazia seu ego com os gemidos amorosos e submissos a si. No entanto, o jovem não repetiu seus atos, não ignorou o filho da empregada após a primeira noite. Viciado no prazer que o inocente havia lhe dado, principalmente pela satisfação de seu ego em escutar alguém tão entregue a si, repetiu aquelas noites sem cautela. Este foi seu primeiro erro.

Seu segundo erro foi prometer ao filho da empregada, depois de uma noite deleitosa, que eles partiriam da cidade e viveriam uma vida simples e sem as riquezas que o jovem havia se acostumado. Sabia que não iria cumprir a promessa, mas mesmo assim a fez.

E seu terceiro erro foi não levar a sério o que o amante disse posteriormente escutar tal promessa.

“Se você não cumprir essa promessa, será castigado. ”

E, por fim, seu último erro foi conhecer o bonito viajante.

Estava voltando de uma de suas noites de prazer na cabana na floresta pela manhã quando esbarrou com a peregrino. Normalmente, repudiava vagantes por estes serem sujos, mal-educados e muitas vezes ladrões, contudo, não conseguiu ignorar a presença daquele garoto que parecia ser um pouco mais velho que si, além de que seus fios castanhos avermelhados chamavam a atenção de qualquer um, quebrando o tabu de cabelos sempre negros, típicos de asiáticos.

O jovem egocêntrico, pela primeira vez, quis elogiar alguém ao invés de ser elogiado.

Com palavras elegante e postura firme, o peregrino se mostrou interessante e envolvente, características estas que foram responsáveis por algumas noites seguidas nos bares da capital, conversando sobre as viagens fantásticas do peregrino e também sobre seus pensamentos filósofos que adquiriu ao conhecer tanto do mundo. O viajante também encantou o jovem com suas pinturas, mostrando ser tão bom artista quando simpático.

Contudo, as aventuras no mundo real do peregrino permitiram com que ele percebesse que tipo de pessoa o jovem egocêntrico era, ainda que este estivesse sendo diferente do que normalmente era. Em alguns dias, o peregrino seguiu sua viagem e partiu daquela cidadezinha de maneira apática, deixando para trás um jovem com um sentimento estranho no peito e o desejo de ter mais beijos do viajante de fios castanhos avermelhados.

Depois disso, Changkyun recusou tudo e todos. Não queria uma noite de sexo, queria uma noite de conversas interessantes com o peregrino, e essa frustração foi descontada no filho da empregada. Nessa época, o jovem percebeu que poderia ter o que não pode ter com o peregrino com o seu amante mais dedicado, sendo fiel e carinhoso de uma maneira que jamais fora. Deu a impressão de que estava apaixonado, mas era tudo uma utopia.

Tal carinho e dedicação – ainda que falsos - causou irá nos que foram recusados, eles iriam se vingar.

 

Algum ex-amante do jovem espalhou os boatos e fez com que toda aquela ilusão que era o relacionamento do jovem e do filho da empregada pegasse fogo, fazendo a cidade inteira ir contra aquele ato impuro, contra aquela sodomita.

Revoltados tradicionais partiram em marcha em direção a mansão do jovem, exigindo que o sodomita aparecesse e pagasse por seus pecados nojentos. O tal sodomita apareceu na porta e em segundos já estava sendo arrastado pelo chão de pedra até o centro da cidade. Todos gritavam, cuspiam e xingavam o sodomita, rasgando a roupa dele até que estivesse completamente nu e ferido no meio de todos, sendo amarrado no centro e condenado a morrer apedrejado, logo em seguida, queimado. Uma punição tão grave quanto seu crime.

O sodomita gritou, implorou por misericórdia ao povo e, vendo que não convenceria as pessoas, pediu ajuda do seu amante, seu companheiro pecador.

Mas o jovem rico ignorou, ele deixou que o filho da empregada sofresse na mão de tantos sendo que o real culpado por tudo aquilo era ele. Sabia que havia sido poupado por conta de seus status, sua riqueza e beleza, e sabia que era errado deixar que seu amante morrer por sua culpa, mas ainda assim não fez nada.

Foi obrigado a assistir toda à punição por vontade seu pai, em frente ao sodomita e também amante, tentando não fraquejar com o olhar sofrido do filho da empregada e seu corpo machucado, desconhecendo seus gritos de clemencia. Naquele momento, seu ego não parecia ser o mais importante que o inocente amante, mas já era tarde demais para fazer algo.

O filho da empregada foi apedrejado pela multidão em fúria, sendo manchado de sangue e sentindo tanto dor ao ponto de não ter mais forças para gritar. E quando ele foi colocado na fogueira, ainda estava vivo e voltou a gritar, desta vez por causa de sua pele queimado e rasgando.

O jovem, que assistia toda a cena em silencio, viu os lábios do amante proferirem as últimas palavras antes de ser vencido pela brasa.

“Você será castigado, Lim Changkyun”

 

O tempo passou e a morte daquela noite foi ao pouco esquecida pelos moradores da cidade, menos o jovem que foi poupado do castigo. Este que se entregou as suas bebidas e farras, tentando ultrapassar aquele sentimento pesado em seu corpo, a culpa.

Mas sua punição não tardou, assim como a de todos daquela maldita cidade.

A seca chegou, os animais morreram, assim como as crianças por causa de uma praga até então desconhecida. A comida no estoque apodreceu e a população começou a morrer em um ritmo acelerado. Os ricos sobreviviam indo para outras cidades, fugindo de todas as pestes, sendo a última a tentar sair a família Lim.

No entanto, na noite em que se preparavam para a viagem em direção a outra província, eles foram surpreendidos por um clarão quente. A mansão começou a pegar fogo.

As passagens foram impedidas pelo fogo e, aos poucos, a família Lim morria com a fumaça, restando por último apenas o herdeiro que havia se salva por esconder seu nariz com uma toalha. Foi nesse momento em que ela surgiu.

Os traços eram semelhantes demais. Os mesmos olhos afiados, a mesma boca pequena e cheia e os fios da mesma cor, tendo apenas alguns discretos fios brancos. Em sua frente estava a empregada, mãe de Jooheon, seu falecido amante.

“É sua culpa” Ela falou “Ele te amava e você o deixou morrer.”

“Você é uma bruxa?” O jovem perguntou assustado por ela não se queimar no fogo, ou ao menos se sentir incomodada com ele.

“Tive que me tornar uma. Por sua causa. Para me vingar de você e dessa maldita cidade. Me tornei uma bruxa por ele, pelo meu filho. Eu irei te castigar, Changkyun. Não irei o matar como fiz com toda essa cidade podre, seria muito pouco para o que você fez, eu irei fazer você sentir como é viver em um inferno escuro pelo resto da sua eternidade.”

“Eu sei que eu vou morrer e não irei para o paraíso, mas antes disso eu vou me vingar de você. Eu lhe condeno a viver pelo resto da eternidade na escuridão, vivendo do que você mais acha que ama, você não sentirá fome ou qualquer outra necessidade humana, apenas irá querer sexo. Você ama a luxuria, não é? Eu sei que você irá se enjoar em algum momento, e aí começará o inferno. Eu também lhe condeno a viver nessa mansão que você tanto se gaba. Você viverá da maneira que mais ama, por toda a imortalidade. ”

O jovem, naquele momento, não entendeu seu castigo. Vida eterna banhada de sexo e luxo lhe parecia agradável, porém, se tornava um tanto quanto assustador quando proferido pela mãe vingativa de seu amante.

“Você agora é o demônio solitário que sempre foi por dentro, Lim Changkyun.”

E, com essas palavras, a mansão foi engolida pelo fogo e destruída completamente. Com o jovem eterno dentro da mesma.

 

 

- Essa é minha história. Eu sou esse demônio, sou Lim Changkyun, filho de Lim Yura e Lim Hanbin, e tenho mais de 129 anos. Eu tinha 24 anos quando fui condenado a essa vida.

Kihyun ficou abismado após escutar tal relato, tendo que se sentar no divã com o choque de ter escutado algo tão surreal, mas que, de certa forma, acreditava em cada palavra proferida pelo de vestes negras.

Parecia um livro bem escrito, uma poesia gótica como as que várias vezes leu na biblioteca da mansão. Algo tão fascinante, intrigante e assustador. Kihyun sentiu a agonia de Changkyun nas palavras, principalmente ao relatar a morte de seu amante inocente, Jooheon, ainda que a voz do amaldiçoado fosse apática.

Changkyun ainda tinha sentimentos, somente não os mostrava.

- E Hyungwon? – Perguntou com a voz fraca, tentando absorver cada palavra e terminar de decifrar aquele confuso quebra-cabeça que era aquela mansão.

- Hyungwon é como você. – Respondeu simples. – Como Jooheon, ele foi condenado um sodomita há anos atrás, não sei ao certo, faz tempo que eu não presto atenção no tempo humano. Ele veio como sacrifício e me satisfez até não aguentar mais, ele morreu por falta de sangue.

- Você o matou?

Changkyun assentiu. – Uma vez por ano, eu consigo sair dessa mansão. Eu consigo ficar cinco dias fora antes de ser puxado de volta e é nessa temporada que eu caço. Minha fome não é constante como a dos humanos, eu só como uma vez por ano e se eu fizer mais que isso é por pura gula. Assim, eu vou ao vilarejo por perto e me sacio, tanto de fome quanto de libido. A vida eterna não era exatamente o que aquela mulher me contou.

- Como você pode mata-lo? – Kihyun perguntou afobado.

- Essa história é dele. Pergunte somente a ele. Não irei falar.

- Você é um monstro.

- Sim, eu sou. – Changkyun se aproximou do divã, fiando na frente do de fios rosados que permanecia sentado, impedindo que este saísse dali. – Mas você ainda está, ainda convive com esse monstro e ainda tem vontade de transar com esse monstro. Você não é pior ou melhor que eu.

- Eu sou um sacrifico. – Kihyun sussurrou. – Não tenho escolha a não ser permanecer aqui.

Changkyun riu. – Você pode sair a hora que quiser. Somente não descobriu como, mas você tem o poder.

O de fios rosados abriu a boca para falar, porém, foi impedido quando a semelhante estou na sua e iniciou um osculo viciante. Changkyun tinha razão, Kihyun não era melhor ou pior, ambos eram igualmente sujos.

- Seu beijo ainda tem o mesmo gosto. – As palavras foram ditas intercaladas a medida que Kihyun separava minimamente os lábios para respirar. – Agora, você não vai mais embora e eu posso te beijar o quanto eu quiser, Kyung.

Kihyun se separou e encarou o de vestes negras agora sentado ao seu lado, fazendo um carinho em seus fios de maneira como nunca antes havia feito, nos orbes negros havia um brilho estranho. – Você me chamou de quê?

- Eu esperei muito até o dia em que eu iria te encontrar de novo, Kyung, ainda que que você tenha outro nome e não se lembre de mim, ainda assim você consegue ser a mesma pessoa de antes. A única pessoa que eu amei quando humano. – Changkyun abraçou Kihyun e sussurrou no ouvido do mesmo. – Por favor, fique comigo, Kihyun

 

 


Notas Finais


Na fanfic, Hyungwon sou eu que some do nada


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