História O Acordo - Capítulo XX - A Surpresa. E o Will Smith?

Fanfic O Acordo

Capítulo XX - A Surpresa. E o Will Smith?

By Miyaakemi

     "-Eu não vou te deixar ir. - me puxou para mais perto, fazendo com que nossas respirações se mesclassem. - Nunca mais! - e antes que eu pudesse reagir, seus lábios já estavam nos meus.

Era aquele mesmo sabor que eu tanto sentia falta, porém era ainda melhor que minhas meras lembranças. Por que era real."

(Fanfic Amantes - Capítulo 11; Autora: kerley)

-Se você não ficar quieta, eu não vou conseguir terminar nunca. – chiou.

-Você disse que seria rápida... – protestou a outra, choramingando.

-Como você pulando desse jeito, fica difícil, né? – disse pegando um lápis. – Olha, ou você fica parada e me deixa terminar ou então vai acabar melando tudo.

Isso foi o bastante para a jovem mulher tentar se aquietar. Pelos menos por uns cinco minutos antes de seu quarto ser invadido.

-Terminamos! – a morena anunciou.

-Jura? – perguntou, empolgada.

-Desisto! – a loira perdeu a paciência, saindo da frente dela.

-Nossa Saky! Você está linda.

-Obrigada, Hina. – sorriu. –– Me dá o espelho Ino. Quero ver qual o tamanho do seu estrago.

 A Yamanaka abriu a boca com indignação e lhe deu o que pediu.

-Até que dá pro gasto.

-Ah, cala a boca, Testuda! – bronqueou arrancando risadas das outras.

Os olhos foram marcados por um lápis de olho preto e delineador, destacando as esmeraldas. A sombra azul com verde claro contornando combinava com seu vestido. E um batom rosa com vermelho atribuía um destaque proposital para a sua boca.

-Menina... Sua boca parece deliciosa! – Tenten brincou e Sakura ficou sem graça.

-Essa é a intenção, fofa. – Ino sorriu, cruzando os braços. – Se der certo, no fim do dia alguém estará com os lábios inchados de tanto beijar.

As mulheres riram.

Sakura foi ao closet pegou sua sandália dourada de salto médio e a calçou. Ajeitou os cabelos e passou a mão pelo vestido novo. Ainda não acreditava na loucura que fora os últimos dois dias. A convocação dos amigos e família para o plano de Itachi, a ida ao shopping e salão – sob ordens e insistência de Ino, claro. – e as noites mal dormidas por ansiedade.

Quando teve a confirmação do Uchiha mais velho que Sasuke estava voltando, seu estômago deu uma cambalhota. Ela sabia que quando ele descobrisse tudo, mataria a todos, mas faria qualquer coisa para tê-lo de volta.

Olhou seu reflexo no espelho por uns segundos, em silêncio. O salto dourado, os cabelos soltos e bagunçandos com a franja lateral, a maquiagem... Seu vestido era uns três dedos acima do joelho, com a saia rodada que marcava sua cintura. Era azul marinho com estampas abstratas verdes claras e de alças finas que acompanhavam o corte do decote de coração.

Ele era lindo. E ela esperava que Sasuke também gostasse da imagem que o espelho de seu quarto refletia.

Ela não tinha uma ideia formada sobre a reação do moreno. Tinha várias. Contudo, tinha certeza de uma coisa: ela não desistiria. Não até dizer tudo que estava entalado há duas semanas.

-Sakura! Estamos prontos! – ouviu seu irmão grita-la do andar de baixo.

-Estamos indo! – gritou de volta.

Ela e as meninas desceram as escadas encontrando a família Uchiha e a Uzumaki. Itachi se aproximou dela com o celular na mão.

-Recebi uma mensagem dele. – avisou e todos se aquietaram atentos. – Em 40 minutos vai desembarcar.

A rosada respirou fundo, tento não deixar o nervosismo subir-lhe a cabeça. Tarde de mais. As mãos já suavam e ela mordeu o lábio inferior.

-Estamos com você, querida. Vai dar tudo certo. – sua sogra a abraçou pelos ombros.

A rosada não contara qual era a verdadeira natureza do relacionamento deles – Ou seja, nenhum, pois era tudo um acordo. Para conseguir ajuda, então, ela disse apenas parte da verdade: eles haviam tido uma briga feia e que ela precisava de ajuda para reatar com o moreno.

Sakura deu um sorriso confiante.

-Vamos!

*****

Os dedos tamborilavam no braço do assento nervosamente. Ainda não acreditava no que aconteceu. Não podia ser verdade... Seu peito se apertava só de pensar que talvez não conseguisse chegar a tempo.

Ontem, estava nos Estados Unidos, conversando com sua secretária sobre os apartamentos sugeridos pela imobiliária. E hoje estava voando que nem um louco de volta para o Japão. Itachi ligara. Sua mãe havia sofrido um acidente de carro e estava em estado grave no hospital.

Ele não conseguiu muitos detalhes sobre como tudo aconteceu. Itachi foi evasivo. Disse que não poderia demorar muito, pois tinha ficar de olho em Konan que se debulhava em lágrimas. Estava frágil. Ele estava preocupado com o que as fortes emoções da esposa poderiam acarretar.

Suspirou, angustiado.

-Acalme-se, Sasuke. Ficar pensando no pior não vai ajudar.

-Nem sei no que estou pensando... – murmurou. – Só quero chegar logo.

-Estamos no jato particular da empresa. – lembrou. – Sem escalas ou interrupções. Estamos indo o mais rápido possível. Você tem que se acalmar. Se ficar nervoso, não vai conseguir raciocinar e acabará metendo os pés pelas mãos. – Neji aconselhou, firme e tranquilamente.

O moreno se levantou e foi atrás da aeromoça. Fazia dias que não dormia direito – tanto por causa de Sakura, e agora por causa da mãe. Precisava de um calmante. Algo que fizesse seu cérebro parar por algumas horas.

Neji observou o amigo, atento. Não acreditava que Itachi tivesse dado aquela desculpa para o plano... Sasuke mataria a todos quando descobrisse. E pelo que viu no caso com o Akasuna, não estava nem um pouco ansioso para chegar ao Japão.

Na primeira oportunidade que tivesse, agarraria Tenten pela mão e sairia correndo.

*****

-Eles pousaram. – Itachi anunciou a todos.

Sakura acenou com a cabeça mordendo o lábio inferior. Naruto, que estava ao lado da irmã, notou a hesitação.

-Não vá desistir agora, Sakura. – o loiro a advertiu sério.

-Claro que não! Não vou desistir! – rebateu firme e voltou-se para o "cunhado". – Tô é incomodada... Você não deveria ter inventado aquilo.

-Inventado o quê? – Konan quis saber.

-O quê vocês estão cochichando? – Mikoto perguntou, enquanto se aproximava para confortar a nora e acabou ouvindo.

-Nada, mãe. – o moreno sorriu, nervoso.

-Mas...

-Shiu! – Itachi interrompeu a esposa.

-Itachi Uchiha! O que vocês estão me escondendo? – a matriarca exigiu, severa.

O filho mais velho se encolheu ao ouvir o tom de voz da mãe.

-É hoje que eu morro... – murmurou. – Bom, é que... Para fazer o meu irmãozinho tolo voltar, eu meio que posso ter dito para o Sasuke que você sofreu um acidente de carro e que estava em estado grave no hospital.

-Você o quê? – mãe e esposa gritaram com ele.

-Fugaku! Vem dar um jeito nesse seu filho, porque se eu der, deixarei a Konan viúva! – bradou a morena dando um tapa na cabeça do filho.

-Ai!

-Não se preocupe, sogrinha. Porque eu mesma faço isso! – sorriu maléfica. – Qual o seu problema? – a mulher gritou com marido.

-Calma, amor! Olha o bebê...

-Olha o bebê? Rá! Você não perde por esperar, querido. – a azulada rugiu, voltando a bater no braço do marido.

As outras mulheres riram entendendo do que se tratava. Sakura não pode negar que estava sendo divertido ver a bronca que o cunhado levava. E isso serviu para distrair e relaxa-la um pouco.

-Sakura. – Tenten se aproximou, pegando em seu braço enquanto esticava o pescoço. – Acho que estou vendo o Neji.

-Tudo bem, pessoal. – Naruto falou por cima da briga. – É agora!

A rosada também começou a esticar o pescoço. A ansiedade aumentando.

Ino a observou com um sorriso, enquanto segurava seu objeto. Estava tão feliz pela amiga. Por ela ter finalmente encontrado o amor. Um cara que realmente a merecia. Pela trajetória de vida da rosada, e por tudo o que sabia, a loira estava quase chorando de emoção. Torcia para que ela conseguisse.

A Uzumaki estava um arraso! A maquiagem, o vestido e...

-Sakura? O que está fazendo? – a loira olhou para a amiga, abismada.

A mulher arrancou os saltos e deu a bolsa para a mãe.

-Desculpe, Porca. Mas que se dane a beleza! Não dá pra esperar.

Seu coração bateu acelerado quando o avistou e seu corpo implorou para ela alcançá-lo o mais rápido possível. Um sorriso se abriu em seu rosto e ela correu  pelo aeroporto.

*****

Sasuke discava no celular freneticamente, mas parecia que seus dedos se embolavam no teclado. Estava sempre digitando errado, apagando tudo e começando de novo. E seu corretor não estava ajudando em nada, também. Encontrava-se tão nervoso que nem pensou em ir para o registro de chamadas recentes ao invés de ficar tentando discar o número do irmão.

-Mas que inferno! – rugiu com o aparelho assustando as pessoas a sua volta.

Neji olhou para o amigo e riu de seu desespero.

-Larga isso, Sasuke. – o moreno se prontificou para lhe dar uma resposta ácida, mas o outro não deixou. – Tem uma coisa muito melhor para você fazer agora.

-E o que é mais importante do que saber se minha mãe está viva? – disse quase esgoelando o Hyuuga.

-Olhar pra frente.

Sasuke franziu o cenho, mas cedeu virando o rosto. Ao fundo do mar de pessoas que andavam no aeroporto, uma faixa enorme com balões estava erguida ao fundo, perto das portas automáticas.

Ele encarou aquilo, abismado. Mas ainda quando conseguiu ler o que a faixa enorme dizia:

"Bem-vindo de volta, Sasuke".

Não conseguia acreditar. E lá estavam todos os seus amigos e...

-Mãe? – disse confuso.

A senhora Uchiha sorria para ele, nem um pouco machucada ou em estado grave no hospital.

Não estava entendendo nada. Nunca imaginou que aquilo aconteceria – já que quando voltou da sua viagem de um ano ninguém foi buscá-lo no aeroporto – e muito menos porquê.

-Abra os braços. – Neji, ordenou.

-O quê? – olhou para o amigo, confuso.

-Não diga que eu não avisei. – deu de ombros.

-Mas do que você está...

-Sasuke! – ouviu um grito. E ele conhecia muito bem aquela voz.

Olhou para frente bem a tempo de vê-la driblando as pessoas e correndo para cima de si, abraçando-o fortemente. Virou o rosto levemente e enxergou os fios rosa. Era real. Era Sakura quem estava enlaçando seu pescoço.

O corpo feminino começou a sacolejar. Iria perguntar se ela estava bem, quando sentiu sua camisa ficar molhada. Ela estava chorando. Chorando e soluçando com intensidade.

-Senti tanto a sua falta. – ela forçou a voz a sair através da garganta entalada pelo choro desenfreado.

Sasuke a abraçou de volta com toda a força que podia, e sem percebeu também deixou uma lágrima escapar. Uma lágrima de alívio, felicidade, saudade. Ele afundou o rosto no pescoço dela inalando o cheiro doce do perfume sob a pele pálida. Beijou-lhe o pescoço e ela sorriu pelo carinho. Um carinho que, a seu ver, não merecia.

Depois de um longo minuto, seus batimentos já haviam voltado ao normal e ela, hesitante, começou a se afastar. Porém, foi só pisar no chão e olhar para o rosto dele, os lindos e profundos olhos ônix, que se coração se agitou outra vez.

Ele não fez nenhum movimento. Queria perguntar o que estava acontecendo e o que era aquela confusão toda, mas se manteve quieto. Depois de duas semanas mal dormidas, com a saudade o corroendo, tudo que lhe bastava era olhar para ela. E Sakura deu a ele mais do que isso. Ela também lhe deu um abraço e palavras que mexeram consigo e trouxeram uma sutil esperança refletida em seus olhos negros.

-Graças a Kami, você voltou. – ela sorriu com as mãos depositadas sobre a camisa social azul. Os dedos brincando com a gravata vermelha.

-Minha mãe... Itachi disse que ela...

-É. Eu sei. – ela o interrompeu, e ficou encarando o acessório vermelho sem coragem de olhar em seus olhos. – Ele disse que era a única coisa que faria você voltar imediatamente. E Naruto concordou porque não queria que eu...

-Itachi disse isso para me trazer de volta? – disse em tom de irritação.

Sakura se encolheu.

-Sim...

-E Naruto concordou?! – estava incrédulo. – Como que ele pôde concordar com isso?! Ele sabe o quanto a minha família significa para mim e...

Sakura pôs os dedos sobre os lábios dele.

-Não se irrite com meu irmão... Ele fez isso por mim.

-O quê? Como assim? O que isso tem a ver com você?

-Ele fez isso para impedir que eu atravessasse os continentes atrás de você. – olhou fixamente nos olhos dele.

-Você estava indo atrás de mim? – questionou surpreso.

-Eu iria até Marte por você. – respondeu decidida, com a determinação brilhando em suas esmeraldas.

Ele a encarou com intensidade e logo a puxou com força, devorando lhe os lábios. O coração acelerado, ansioso e esperançoso. Sakura tentou acompanhá-lo matando um pouco da saudade, mas ainda tinha coisas para dizer. Afastou-se ofegante e pôs novamente as mãos sobre o peito dele. Desta vez, para segurá-lo.

-Espere eu terminar... – ela pediu e ele riu, apoiando sua testa na dela. – Eu fiquei arrasada quando você foi embora da festa. – Sasuke ficou atento às palavras enquanto ela brincava com a gravata, sem conseguir encará-lo outra vez. Admitindo tudo o que vinha guardando no coração. – Eu passei a noite em claro e decidi que iria fazer você me ouvir também. Mas aí encontrei seu escritório vazio e sua secretária me disse que você já havia ido para os Estados Unidos. – ela respirou fundo para não chorar com a lembrança do dia. – Pensei que seria melhor dar um tempo para nós. Para organizar nossas ideias e tudo mais... Só que não foi o melhor. – gemido baixo, semelhante a um soluço lhe escapou por entre os lábios. – Como poderia ser se estávamos tão distantes um do outro? Só que essa não foi nem a pior parte de tudo. – ela balançou a cabeça em negação. E ele notou novas lágrimas descendo pelos lindos olhos verdes, mesmo que ainda ela não o encarasse.

-Para mim essa foi uma parte bem ruim. – ele disse, acariciando os fios rosados e descendo a mão para a bochecha feminina.

-Eu também achava, até eu descobrir que você estava pensando em ficar na América de vez. – ela levantou os olhos para ele. Sasuke se remexeu, incomodado. Envergonhado. – Eu entrei em desespero quando soube que talvez nunca mais fosse te ver. Que você não voltaria para casa. E foi quando eu decidi ir atrás de você e o seu irmão me sugeriu fazer essa surpresa pra você. Essa... – riu. – Bagunça toda.

Ele riu e engoliu em seco.

-Sakura, eu...

-Fizemos isso para você saber que é bem vindo. – ela continuou, sem deixar que ele falasse. – Que é querido. E, principalmente, que é amado.

Sasuke encarou-a com a garganta seca e ela observou o pomo de adão descer.

-O quê você está querendo me dizer?

-Eu precisava que você voltasse para poder te dizer o que eu queria dizer no dia da minha festa. – ela respirou fundo. – Eu estou apaixonada por você, Sasuke.

O moreno arregalou os olhos enquanto observava os rosto dela se auto desenhar com um lindo sorriso em meio as lágrimas.

-Você... – ele riu, passando a mão pelos fios e Sakura soube que ele estava nervoso. – Só pra eu ter certeza que não entendi errado. Você está dizendo que sente coisas por mim?

Ela riu, rolando os olhos.

-Sim. E se você me aceitar...

-Se eu te aceitar? – ele a encarou sério e ela temeu pelo pior. – O furacão rosa que virou a minha vida do avesso? – ele sorriu e ela bateu no peito dele, envergonhada. Sasuke enlaçou a cintura da qual sentiu tanta falta, trazendo-a para perto e beijando os lábios avermelhados.

Sakura envolveu o pescoço dele, enroscando os dedos nos fios negros. Matando a saudade o máximo possível. Sasuke levou uma das mãos para a nuca dela, aprofundando o toque e aumentando a eletricidade entre eles ainda mais.

-Isso é um novo acordo?

-Chega de acordos. Eu quero que seja real.

-Cuidado, senhorita Uzumaki... – ela riu.

-E porque eu deveria tomar cuidado?

-Porque se bobear eu não te largo nunca mais.

-Então eu não vou tomar cuidado nenhum! – disse firme, arrancando um belo sorriso do Uchiha.

Ele deu-lhe repetidos selinhos.

-Quer ser minha namorada, senhorita Uzumaki? Oficialmente?

-Eu adoraria, senhor Uchiha. – ela sorriu se inclinando para beijá-lo outra vez.

Uma claridade chamou-lhes a atenção e quando olharam para o lado deram de cara com a câmera de Itachi, suas famílias e amigos ao redor.

-E então? Estão juntos de novo? – Konan perguntou.

Sakura sorriu para o moreno que ainda a abraçava. Ele olhou para si com carinho.

-Sim. Estamos juntos. – o Uchiha enfatizou sorrindo.

Todos correram para abraça-los, comemorando. Mikoto e Kushina eram as mais emotivas com lágrimas e comentários de alívio e preocupação. Os dois sorriam felizes enquanto eram paparicados. Sakura calçou suas sandálias com a ajuda do, agora, namorado enquanto Itachi brincava com o "momento Cinderella" tirando várias fotos.

As pessoas ao redor olhavam para aquela bagunça sem entender nada. E eles pouco se importavam. O Uchiha mais novo ameaçou o irmão e melhor amigo de morte, mas foi assegurado que eles já tinha levado os devidos puxões de orelha.

Naruto chamou a atenção de todos quando quase caiu no chão.

-Tinha que ser um dobe, mesmo. – o moreno implicou enquanto Sakura ria da carranca feia que o irmão formou na face.

-O quê foi, amor? Você está bem? – Hinata perguntou ao seu lado, preocupada.

-Estou. Nossa! Esse pessoal daqui do aeroporto não sabe limpar direito, não? – resmungou. – O chão tá todo molhado.

-Isso não é água. – Konan disse. – Sou eu.

Sakura ofegou.

-Meu Kami!

-Como assim, Konan? – Itachi abaixou a câmera pela primeira vez.

-Minha bolsa rompeu.

*****

Sakura instruiu Tenten e Neji a irem na frente e avisarem a equipe do hospital, que deixassem tudo pronto para quando eles chegassem. Ela pediu à mãe que ligasse para sua tia Tsunade e pedisse para ela ir ao hospital também.

A rosada entrou no banco de trás do carro enquanto Sasuke e Itachi ajudavam a azulada a entrar. Tendo seu corpo apoiado no banco enquanto a médica verificava as contratações, os irmãos entraram no carro. Sasuke dirigindo ao passo que o irmão mais velho estava uma pilha de nervos.

-Ai, meu Kami!! Porque? Porque justo agora?

-Bem feito! Ninguém mandou ligar para o outro lado do mundo para me dizer que a mamãe estava morrendo!

-Você é um ingrato, Sasuke! Eu estava tentando te ajudar!

-Calem a boca! – Konan gritou. – Ui! Que dor!

-Esquece eles, Konan! Vamos, tente manter a calma! Respira...

-Ai, Sakura está doendo muito! Você não tem anestesia aí, não?

-O quê? Claro que não! Eu não carrego anestesia como se ela fosse um batom.

Konan começou a choramingar.

-Ai, eu tô toda molhada, melecada... – outra contração veio. – Cacilda! – ela urrou.

-Então, Sasuke. Aqui, você gira para dar foco. E aqui você dá zoom.

-Hã? Do que você está falando, Itachi? – perguntou o outro sem tirar os olhos da rua, dirigindo o mais rápido que sua carteira de habilitação podia levar de multas.

-Da câmera.

-Da câmera?

-Não... É melhor eu mesmo tirar as fotos!

-Nem pense nisso, Itachi! Se você bancar o paparazzo no meu parto, eu juro que a última coisa que você vai ver será o meu punho contra os seus dentes!

-Calma, amor. Respira... – ele sorriu amarelo.

Konan se inclinou para frente e puxou o rabo de cavalo do marido com força. Itachi começou a gritar pela dor na cabeça enquanto a esposa gritava de raiva e de dor pelas contrações. Ele agarrou no braço do irmão tentando apoio para voltar para frente. A mão de Sasuke virou no volante e ele esbravejou.

-Me larga, Itachi! Assim eu vou bater!

-Ai! Meu cabelo! Vou ficar careca!

-Konan, solta ele! – gritou Sakura. – Você tem que se concentrar nos bebês, agora!

-Bebês? – Itachi repetiu. – Qual é a do plural?

-Seu idiota! Olha o que você fez comigo! Com meu corpo! Eu vou te matar! – a senhora Uchiha puxou ainda mais o cabelo negro.

-Ai!

-Konan! Larga! – a namorada de Sasuke bradou, sendo ignorada.

Sakura se levantou, na medida do possível, agarrando na mão da cunhada para lhe abrir os dedos. Sasuke fez uma curva fazendo a namorada acabar caindo por cima cá barriga da azulada que soltou o cabelo do marido, pelo susto e por ter sido esmagada.

-Sasuke! – Sakura repreendeu.

-O quê? Ela soltou, não soltou?

-Você vez de propósito?

-Vocês vão me enlouquecer! Cadê seu cabelo, Sasuke? Ponha ele na minha mão, já!

-Para Konan! Concentra. Respira... Inspira... Ai!

-O quê foi? – Sasuke perguntou, preocupado com a grito da rosada.

-Acho que a Konan quebrou a minha mão... – choramingou.

-Ai, Sakura. Desculpa... Eu achei que fosse a mão do Itachi.

-O quê? Você ía quebrar a minha mão? E como é que eu vou tirar fotos com a mão quebrada? – O Uchiha mais velho se virou, indignado.

-Eu vou é jogar essa maldita câmera pela janela e quebrar a sua cara por me fazer passar por... – a azulada se interrompeu gritando de dor.

-Ai, meu Kami. Contrações com 1 minuto de intervalo!

-Isso é bom?

-Não! É péssimo! Se demorarmos mais ela vai acabar dando a luz dentro do carro.

-Logo agora que eu troquei o estofado?!

Konan se inclinou para agarrar o cabelo do marido de novo, mas Sakura a segurou a tempo.

-Chegamos! – Sasuke soltou aliviado por sair do veículo.

Os irmãos Uchihas saíram do carro, abrindo a porta de trás e carregando Konan entre eles. Ela passou cada um dos braços nos pescoços deles e teve as pernas sustentadas pelas mãos na parte posterior das coxas.

Sakura foi à frente, abrindo caminho para eles passarem. Ao entrarem na emergência do hospital Senju, avistaram Tsunade e Tenten preparadas com algumas enfermeiras ao lado.

-Rápido! Coloquem-na aqui. – a loira estendeu a maca, onde eles deitaram-na.

-Contrações de 1 minuto de intervalo e diminuindo.

-Certo. Vamos levá-la.

-Espera! – Konan chamou a atenção de todos. – Eu quero que a Sakura faça o parto. - disse ofegante pela respiração acelerada.

-O quê? Você ficou doida? Eu nunca fiz um parto na vida! Não sou Obstetra! – a rosada entrou em pânico.

-Eu não estou pedindo! Você vai fazer! – sibilou irritada.

-Tragam um jaleco para a doutora Uzumaki. – Tenten gritou. Ela, Tsunade e outras duas enfermeiras saíram empurrando a maca. Itachi as acompanhava correndo também enquanto segurava a mão da esposa.

-Não... Eu não sei fazer parto... Eu não sou boa com crianças... Não... – a rosada pôs as mãos no rosto, em desespero.

-Ei... – Sasuke se aproximou, massageando seus braços. – Tudo bem. Você vai conseguir...

-Mas eu...

-Shii... Não pense, ok? – ele segurou o rosto dela, fazendo-a encará-lo. – Esqueça seus medos, agora. Sua tia vai estar lá e vai te ajudar se você precisar.

Sakura acenou positivamente, suspirando.

-Uhum...

-Você consegue, Sakura. Eu acredito em você.

Ela puxou o colarinho da camisa social arrancando um beijo rápido dos lábios dele.

Pigarreou, virando-se.

-Agora sim. Estou pronta! – afirmou determinada, seguindo em passos confiantes.

Sasuke cruzou os braços, rindo enquanto ela se afastava.

A Uzumaki entrou na sala e passou as ordens aos enfermeiros. Tsunade estava ao lado dela o tempo todo para caso precisasse de uma segunda mão.

A médica constantemente perguntava sobre a pressão e os batimentos da mãe e do bebê(s). Ela respirava fundo junto com a cunhada, para se manter calma. Concentrada e no tempo certo, ela instruiu a mãe a empurrar.

Um choro ecoou trazendo alívio para os presentes – com exceção de Konan, Tenten e Sakura que sabiam que ainda não havia acabado.

-Um já foi. Agora falta o outro.

-Outro? – Itachi ficou perdido. Alternando os olhos entre a esposa e a médica. – Que outro?

-Vamos lá, Konan! Sei que está cansada, mas já vai acabar. Empurre!

-Empurrar o quê? – Itachi correu para o lado de Sakura e viu o orifício vaginal se dilatando empurrando algo. Ele cobriu a boca com a mão, segurando a ânsia. – Meu Kami... Minha mulher tá parindo um alien.

Ele se afastou, enjoando.

Sakura olhou de relance para o cunhado.

-Preciso de alguém de olho no Itachi!

Uma das enfermeiras correu para o homem.

-O senhor está bem?

-Eu virei o Will Smith!

-O quê?

-Eu virei o Will Smith... É isso! Tô sonhando com filme do MIB! Minha esposa está parindo um alien, só pode ser isso!

-Hã... Doutora, acho que temos um caso de choque aqui.  E é grave! – a enfermeira olhava para o moreno, assustada.

-Vamos, Konan! Só mais um pouco. Já estou quase vendo a cabeça.

-É! A cena do carro! Quando o Will faz o parto de um bebê alienígena que depois vomita nele!

-Tenten! – Sakura gritou.

-Tá! Já sei! – ela atravessou a sala e deu um tapa na cara de Itachi. – Itachi, acorda! Que mané, alienígena! A Konan está grávida de gêmeos!

-O quê?

-Ai, Sakura. Eu não tô aguentando mais...

-Anda, Konan. Você consegue. Estamos quase lá. Um já foi, só falta... A cabeça! Estou vendo a cabeça dela!

-Konan, respira. Junte todas as suas forças que sobraram e empurre de uma vez. – Tsunade a instruiu.

Ela acenou com a cabeça e Sakura vez a contagem regressiva. A azulada empurrou em meio aos gritos de dor. E logo outro choro foi ouvido. Sakura deu a menina para uma enfermeira limpar e embrulhar. A bebezinha passou perto do pai.

-Gêmeos? – repetiu.

-Sim. – Tenten balançou a cabeça. – Um menino e uma menina.

-Uma menina?

O Uchiha olhou para a esposa que lhe deu um sorriso cansado, porém feliz.

-Surpresa... – ela cantarolou.

Itachi desmaiou arrancando gargalhadas das mulheres.

“-(...) Porque a coisa é: estar com você, isso é o que faz sentindo. Talvez a única coisa que faça. Eu nunca mais quero deixar você fora da minha vida de novo.”

                       (Matt Casey para Gabby Dawson – Chicago Fire – 4x01)