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História O acordo - Uma pausa para o silêncio


Escrita por: safirimark

Notas do Autor


As mentes turbulentas precisam de um minuto de silêncio para se ouvirem.

Capítulo 28 - Uma pausa para o silêncio


Melancolia no dicionário usual se traduz como “estado mórbido caracterizado pelo abatimento mental e físico que pode ser manifestação de vários problemas psiquiátricos”. Andando rumo à saída do cemitério eu pensava nas fortes doses de melancolia que eu já tinha me sentindo obrigado à engolir até ali, as vezes eu chegava a acreditar que tomava doses diárias junto com o meu café. Na saída eu pude ver a placa “em memória”, ela me confortou de certa forma, porque acaba provando a coerência na história do Sai, foi quando me deu estalo.

 - como diabos ele sabia o meu nome? – o loiro arregalou os olhos. 

Naquele momento eu fiquei com medo, deu que comecei a andar apressado, por alguns instantes minha mente bloqueava e eu esquecia para onde deveria ir, finalmente cheguei à rua principal, mas as estrelas já brilhavam no céu, eu estava com um nó na garganta, não me sentia seguro, corri para casa, antes de virar a esquina eu encarei o píer, as ondas estavam fortes, e já começava a garoar, eu virei direto para casa, apertei inúmeras vezes o botão do elevador, quando reparei no aviso de “elevador quebrado” no chão. 

- isso deveria estar pendurado! – Naruto chutou o aviso e seguiu rumo às escadas. 

8 andares, eu corri 8 andares, cheguei arfando, entrei imediatamente e tranquei a porta, eu tentava me acalmar controlando a minha respiração, foi quando eu cai em mim, nem mesmo em casa eu me sentia seguro, eu tranquei todas as janelas, chequei as fechaduras da porta, e fiquei ali alguns instantes, parado encarando a porta, como quem esperava pelo pior, meus olhos arregalados esperavam um monstro passar por aquela porta. A luz do farol invadia meu apartamento com um curto intervalo de tempo, iluminava toda a sala, e depois ia. 

- está tudo bem... – Naruto dizia toda vez que a luz invadia a sala pela janela – vai ficar tudo bem...

 Não sei ao certo quanto tempo aquilo durou, eu era uma pessoa assustada, isso era fato, eu entrava em pânico por pouca coisa, depois de certo tempo eu sentei no chão da sala, ainda encarando a porta, meio que estava voltando à mim, eu estava mal, não era esse o problema, quer dizer, tudo bem não estar bem o tempo todo, mas esse já estava virando meu estado normal, o meu normal era estar melancólico, lamentando sempre por coisas que muitas vezes eu nem sabia mais se lamentava, eu culpei aquela cidade por anos, mas quando tive a chance de ir embora eu fiquei. Eu fiquei ali, mesmo sabendo que odiava as pessoas, que odiava o lugar, e em troca eles me odiavam também, eu simplesmente fiquei, mesmo tendo prometido pra mim mesmo que iria embora na primeira oportunidade, e eu não fui. Mas ali, assustado em minha própria casa eu vi claramente, eu fiquei ali porque eu conhecia, porque eu sabia até onde podia ir, porque ali não era novidade, porque eu conhecia aquelas águas rasas, porque eu sabia me virar ali, mas se de repente eu fosse embora, onde iria chegar? Quer dizer, por muitas vezes eu mergulhei em águas rasas, e sim acabei me machucando por conta disso, me machucando muito, eu vivia tentando curar os ferimentos antigos, e acaba fazendo novos, eu vivia com dor, mas estar com o Itachi era como tomar doses de morfinas, me fazendo esquecer daquela luta constante, mas longe, tudo voltava, eu estava viciado, e tinha medo de acabar sendo forçado à uma reabilitação, porque eu sentia que tudo era muito instável, e eu não sabia lidar com instabilidade. Eu me apavorava sempre me via numa corda bamba, naquela tarde eu estava sentindo que o Itachi havia me colocado numa corda bamba à centenas de metros do chão, e não satisfeito havia me empurrado, era como se eu estivesse me segurando com todas as minhas forças para não morrer, o problema é que eu não tinha muita força. Eu olhava constantemente para a porta, mas aquela altura eu já me perguntava o motivo, se Sai cresceu naquela cidade, ele provavelmente conhecia minha fama, afinal, todos me usavam como um exemplo à não ser seguido, numa cidade do tamanho daquela não era tão difícil se ouvir falar de mim, era bobagem pensar tanto naquilo. 

A luz daquele farol me irritava, e como irritava, eu acabei saindo, sem rumo mesmo, de início eu ia só até o píer, tomar um ar talvez, encarar o oceano, mas antes de chegar até o final, lembranças da noite que eu fui jogado de lá vieram à minha mente, me fazendo recuar, aquelas ruas já estavam vazias, não devia ser tão tarde, as pessoas começavam a se recolher por volta das 21h, eu ouvia meus passos pela rua, era indescritível o como eu me sentia melhor assim. As ruas pouco iluminadas não me incomodavam, o que eu gostava era que não havia ninguém, desde pequeno eu adorava circular pelas ruas sozinho a noite, perdi a conta de quantas vezes pulei a janela do meu quarto para fazer isso, é confuso, porque é libertador, porque naquele momento eu sinto que aquele pequeno pedaço de mundo esquecido por todos, por um instante é só meu. Estava serenando naquela noite, eu sabia que estava mal agasalhado, e provavelmente ficaria doente, mas eu realmente não me sentia preocupado, eu finalmente estava sentindo que estava tudo sob controle, mesmo sabendo que aquilo era só uma vaga ilusão da minha cabeça. O ar era gelado, mas era o habitual, a noite estava particularmente silenciosa, o que foi bom para minha cabeça turbulenta, um pouco de silêncio para variar, sem sussurros, sem acusações, sem nada, mas de repente esse silêncio foi quebrado por passos leves, se o chão não estivesse molhado duvido que daria para ouvi-los. Pelas ruas estarem vazias e devido à todos os últimos acontecimentos eu temi, ouvia se aproximar, uma esquina nos separava, eu poderia dar as costas, mas não sem fazer barulho, eu temia que fossem tantas pessoas, alguém que poderia querer me machucar, então eu fiquei ali parado esperando, alguns segundos que pareceram ser horas, quando finalmente nossos olhos se encontraram eu fiquei feliz de ver olhos tão assustados quanto os meus.

 - Menma? – Naruto colocou a mão no coração. 

- nossa como você me assustou! – Menma se tranquilizou ao ver o loiro – o que faz por aqui à uma hora dessa?

 - tomando um ar, - Naruto cruzou os braços – não me sinto mais tão bem perto do píer então resolvi andar um pouco, e você? 

- eu só estava voltando para casa, - Menma dirigiu o olhar para o fim da rua – as campanhas estão se intensificando, estava preparando o próximo comício, bom, vai ser uma festa e tanto...

 - duvido muito... - as festas que essa cidade costuma gostar, - Menma colocou as mãos no bolso – você virá? 

- eu nunca sei de nada que acontece nessa cidade, mas é provável que não...

 - encontrou com o Kiba? – Menma perguntou sem esconder a ansiedade na resposta.

 - encontrei, - Naruto respondeu com a voz embargada – eu estava resolvendo algumas coisas com Itachi, mas a gente teve uma briga... 

- relacionada?

 - não, - Naruto secou as lágrimas que rolaram involuntariamente – meio que sobre nós... 

- realmente são um casal? – Menma esboçou certa surpresa. 

- como assim? Realmente?

 - o Kiba comentou na minha frente, mas eu achei que era coisa da cabeça dele... - comentou na sua frente? 

– Naruto arregalou os olhos – comentou com quem? - com o pai dele oras... - como assim o Kiba estava falando de mim com o pai dele? 

- por que a surpresa? – Menma estranhou. 

- o que ele disse? 

- que você e o forasteiro eram um casal... 

- e por que eu era o assunto?

 - você não tem falado com o Kiba não é? – Menma passou as mãos nos cabelos preocupado. 

- sim! – Naruto repensou a resposta – na verdade nem tanto... 

- Naruto, - Menma esfregou os olhos – eu realmente tenho que ir, só Deus sabe o como eu queria falar com calma com você, mas infelizmente eu vou ter problemas se não chegar em casa rápido, o Kiba provavelmente está no salão da prefeitura preparando a sua campanha, melhor falar direto com ele...

 - Menma! – Naruto gritou percebendo o loiro se afastar – que horas são?

 - 1:18 AM, - Menma disse olhando para o relógio - não esqueça da sua promessa! 

Eu estava curioso, mas também preocupado, acho que mais preocupado, eu não imaginava o que Kiba podia ter falado para seu pai, nem porque eu era o assunto, mas algo me dizia que foi por conta disso que ele havia ido atrás de mim naquela manhã, eu fui andando rápido até o salão da prefeitura, eu ia entrando sem cerimônias quando ouvi risadas, Kiba conversava com alguém, eu não reconheci a voz, então bati na porta e abri devagar. 

- Kiba? – Naruto abriu a porta temeroso. 

- que surpresa você aqui! – Kiba sorriu contente.

 - à essa hora? – Sai sorriu para o loiro que ficou estático ao vê-lo.

 - é verdade, - Kiba se aproximou sorridente para abraçar o loiro – o que você faz aqui? 

- eu... Eu... Eu... – Naruto tentava associar a presença de Sai.

 - sofre de gagueira? – Sai riu.

 - o que você faz aqui? – Naruto perguntou inconformado. 

- ué, - o moreno soltou uma bexiga que à pouco enchia – estou trabalha do na campanha do meu amigo... 

- amigo? – Naruto tentava entender. 

- é, - Kiba sorriu – somos amigos já tem um bom tempo, de onde vocês se conhecem? 

- por isso sabia meu nome? – Naruto sussurrou chocado. 

Ele sorriu pra mim, como quem ria por dentro da minha surpresa, eu não sabia o que ele queria, nem mesmo quem ele era, mas aquela amizade não me agradou, o vendo daquele jeito, na luz baixa, seu olhar intimidador ficou mais claro, e só então percebi o ar de superioridade que ele tinha. 

- você está tão gelado! – Kiba disse tirando o casaco para entregar para Naruto – toma, veste isso! 

- a gente precisa conversar... – Naruto disse voltando seu olhar para Kiba.

 - claro, sobre o que? 

- melhor em outro lugar... 

- certeza que isso é necessário?

 - tenho! – Naruto disse puxando Kiba pelo braço. 

Eu olhei para trás, e vi que uma das sobrancelhas dele estavam arqueadas, sua face estava mudada, não parecia nem mesmo ser o mesmo homem que eu havia conhecido no cemitério, eu me pergunta onde havia ido parar o sorriso amigável de antes. 


Notas Finais


Espero que vocês gostem ❤


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