História O acordo - Seguir em frente

Gaara mordia os lábios enquanto olhava a cidade ao longe pela janela.

- temos que decidir o que vamos fazer... – Sasuke disse com a voz rouca se sentando no sofá.

- eu já te disse o que eu vou fazer... – Gaara mantinha os olhos na janela.

- não podemos continuar aqui, - o moreno suspirou – temos uma vida para tocar, lembra?

- só que eu não posso ir agora... – o ruivo deu um sorriso de canto.

Sasuke ao ver a expressão do Cardeal se preocupou.

- eu não gosto desse sorriso!

- eu finalmente estou me sentindo eu mesmo de novo!

- não, você está me assustando!

- saudade dos velhos tempos? – Gaara deu um sorriso maquiavélico.

- Gaara, não tem mais ninguém vivo que você possa culpar, ou até mesmo se vingar, vamos voltar pra casa, cuidar do Sun...

- volta você! – Gaara ficou irritado – eu já disse que eu não vou voltar...

- não vai fazer nada contra o Naruto, não é?

- por que? – o ruivo pegou as chaves do carro – se apaixonou por ele também?!

Sasuke suspirou fundo assim que o ruivo bateu porta, Sun se aproximou com os olhos preguiçosos e encarou Sasuke como quem esperava alguma coisa.

- quer dar uma volta? – o moreno perguntou.

- não, - Sun se sentou no sofá – o tatai tá tiste...

- está todo mundo triste...

- mas eu não quelo ele tiste...

- nem eu Sun, nem eu...

- ele tá blavo...

- bravo com o que?

- com o passalinho...

- que passarinho? – Sasuke não entendeu.

- o passalinho que não deixa ele mimi...

- que história é essa Sun...

- hum, - Sun pensou sorrindo  – quelo um leite...

Sasuke sorriu de volta mas não conseguiu esconder a preocupação, ele foi até a cozinha preparar o leite de Sun, mas ficou pensativo com a expressão do  menino, afinal, não haviam pássaros noturnos por perto, e ele começou a pensar numa possível analogia, mas quanto mais pensava, mais se preocupava, ele temia o humor instável do Cardeal, enquanto pegava a mamadeira do sobrinho ele encarou a pulseira antiga que havia ganhado de Itachi.

- você e seus acordos, - Sasuke sussurrou como se o irmão o pudesse ouvir – sempre me trazendo problemas...

***

- o livro ficou incrível! – o antigo editor de Naruto comentava ao telefone – não tem como não passar na reunião de hoje!

- eu fico imensamente feliz em saber! – Naruto sorriu do outro lado da linha – quando sair da reunião me liga...

- é claro!

O loiro desligou o telefone e voltou para sua xícara de chá, sentado no sofá de sua sala ele ainda encarava o farol, mas sem muito ânimo, o encontro com Kiba havia mexido muito com a sua cabeça, ele torcia para o amigo estar bem, mas pensava bastante no que havia falado para ele também, quer dizer, quantas vezes aconselhamos as pessoas a seguir em frente, sem conseguir fazer isso de fato?

Foi quando um cheiro familiar lhe tirou de seu transe, o perfume amadeirado com o toque de hortelã, ele arregalou os olhos e começou a olhar freneticamente para os lados, não havia ninguém em casa além dele mesmo, então o perfume peculiar lhe causou arrepios, o loiro se levantou para certificar as portas e janelas, mas estavam todas trancadas, ele se sentiu vigiado, e já não se sentia mais seguro, num ato não pensado ele saiu de casa decidido à ir até a loja de seus pais.

No caminho a sensação de estar sendo vigiado continuava, ele tremia, mas nem mesmo ele próprio saberia explicar a razão, ele acelerou seus passos por instinto, mas foi quando o cheiro se intensificou, o loiro estava se sentindo paranoico olhando para todos os lados, menos para frente, foi quando ele deu de cara com olhos verdes fuzilantes e por muito pouco não tropeçou no dono deles os levando para o chão.

- você? – Naruto ficou chocado ao encarar o ruivo.

- como vai você? – o ruivo sorriu maliciosamente.

O loiro não conseguia responder, apenas o encarou com os olhos arregalados esperando pela próxima atitude do ruivo.

***

- o sorriso dele era encantador... – Kakashi sorriu ao encarar uma foto da antiga turma.

- era? – Sasori pegou a foto na mão – pra mim continua a mesma coisa...

- é que eu não vejo o sorriso do Cardeal tem muito tempo...

- nem me fale, - Sasori colocou mais alguns álbuns de recordações em uma caixa de papelão – eu acho que não vejo ninguém sorrir há muito tempo, mas não posso culpa-los, tem sido dias difíceis...

- eu ainda me sinto mal em separar essas coisas, - Kakashi suspirou – é como estar mexendo nas coisas dele sem autorização...

- os mortos não precisam autorizar nada, Kakashi...

- você é muito frio! – Kakashi ficou incomodado.

-desculpa... – Sasori mordeu os lábios tentando conter o choro – é que eu fico repetindo isso pra mim sempre, desde que ele se foi, eu acordo me dizendo que meu melhor amigo morreu, e durmo repetindo isso sempre, tentando de um jeito vão acreditar nisso, é como que se eu falasse sempre que tivesse a oportunidade, uma hora, eu ia aceitar, sabe?

- sei... – Kakashi abraçou o amigo – às vezes é difícil até pra mim acreditar, mas infelizmente aconteceu, e sabe, a vida tem que seguir...

- exatamente! – Fugaku entrou na antiga biblioteca do filho – espero que as moças já tenham terminado de chorar...

- o que você o senhor faz aqui? – Kakashi estranhou.

- como você disse, - Fugaku disse friamente – a vida continua, e está na hora de lembrar os Hyuuga que as coisas não mudaram! Aquele maldito está me enfrentando! Usou do nosso momento de fraqueza para invadir meu espaço, isso não pode ficar assim, já que ele quer guerra, eu vou dar uma para ele...

- mas o Sasuke não está aqui... – Sasori ficou confuso.

- eu vou trazer ele de volta, isso é o de menos, - Fugaku encarou Kakashi – eu vou te dar a chance de ir embora, mas se você se colocar contra mim, eu irei mata-lo como se nunca o tivesse visto na vida!

- por que está me dizendo isso? – Kakashi não entendeu.

- porque o Neji não está mais sozinho... – Sasori começou a entender – o Shisui se posicionou do lado dele...

- eu vou matar o Shisui, assim como farei com o Neji, - Fugaku cerrou os pulsos – se tentar me impedir te considerarei contra mim, e vou aniquila-lo junto deles...

- ele entrou na guerra com o Neji... – Kakashi pareceu pasmo.

- ele está nos negócios com os Hyuuga, - Fugaku explicou – ao que tudo indica, ele se aliou a eles, ele entrou na briga, mas escolheu o lado errado.

Kakashi não conseguiu disfarçar o ódio e rancor que surgiu em seu olhar, em um piscar de olhos, todas as brigas e discussões que ele teve com Shisui à respeito da ordem, da guerra entre as poderosas famílias vieram em sua mente, uma mistura de decepção e ciúmes invadiram seu coração, ele se sentiu inválido, afinal, Shisui o havia deixado por conta dele ter se aliado aos Uchihas, mas entrou com os dois pés na guerra pelo Neji, ele não sabia qualificar se era porque ele amava mais ao seu rival, ou se sempre havia amado Neji, o ódio o cegou, Kakashi cerrou os pulsos e disse com raiva:

- eu mesmo vou mata-lo!

***

Não muito longe dali Shisui estava sentado no degrau da sala de Neji, encarando a imensa sacada de vidro e vendo NY do alto, Neji descia as escadas verificando alguns papéis mas parou assim que viu a expressão preocupada e triste de Shisui.

- o que houve? – Neji perguntou.

- quando você disse que o acordo de ontem iria provocar a ira dos Uchihas, você estava falando de dar o primeiro passo rumo a verdadeira guerra entre as famílias não era?

- era sim, - Neji se sentou ao lado de Shisui – eu achei que você tivesse entendido...

- eu tinha entendido sim...

- está com medo? Ou mudou de ideia? – Neji se preocupou – porque é como eu te disse, se você não quiser fazer parte disso eu escondo você, mesmo depois de morto eu consigo te defender...

- nem em sonho eu ia te deixar sozinho, - Shisui suspirou – eu confio em você, realmente acho que podemos ganhar essa, mas me preocupo com os sentimentos do Kakashi...

- por que?

- porque eu nunca sentei e conversei com ele sobre o que eu faria daqui pra frente...

- você não deve nenhuma satisfação para ele!

- disso eu sei, mas é que se eu estivesse no lugar dele, eu ia gostar de saber, e tem mais, - Shisui encarou os olhos de Neji – eu nunca te deixaria encarar isso sozinho...

- eu sei... – Neji sorriu.

- mas sabe, eu me preocupo com as reações do Kakashi, ele é muito impulsivo, e pode ser muito perigoso se estiver com raiva...

- melhor ele baixar a bola dele, - Neji sorriu – ele não sabe com quem está lidando...

- acha que a gente corre o risco de se confrontar?

- você e ele?

- sim...

- só se ele for muito burro...

- então tem sim, um grande risco...

- e se ele te enfrentar? – Neji esperou ansiosamente uma resposta.

- eu sei me defender...

- e se for pra me defender?

- eu vou odiar machucar ele, mas vou...

- eu amo você...

- isso que torna tudo tão perigoso, o fato de eu amar você...

- mas também é o que faz tudo valer à pena... – Neji selou os lábios de Shisui com um beijo e encarou a cidade pela sacada também – os dias tranquilos acabaram...

- e quando eles estiveram aqui? – Shisui suspirou.