Shannon Mitchell
Uma mulher sorria de forma simpática me observando. Havia alguns policiais no quarto, o que me deixou mais confusa. Flashbacks me atormentavam. Lembrava-me claramente dos meus pais gritando por misericórdia, e de alguém conversando comigo em uma ambulância. Sentia um pouco de tontura e muita fome, certamente fraqueza por falta de nutrientes.
— Que bom que acordou — disse a ruiva — Como se sente?
— Confusa — falei rapidamente — Devo confiar em você?
Meu subconsciente queria acreditar que toda aquela situação era um sonho.
— Ela é quem deveria perguntar isso para você — um policial se intrometeu, — seu tom de voz tom transparecia deboche — era o mesmo que estava na ambulância.
— Cadê os meus pais? — sussurrei para a enfermeira.
Ela me olhou de forma triste, como se estivesse com pena.
— Não tenho autorização para lhe passar informações querida — sussurrou. Ela me parecia uma figura maternal — Espero que sua consciência estava limpa. Irei rezar por você.
Ela disse por fim e se levantou saindo do quarto. O homem loiro se aproximou com uma caderneta em mãos, seu semblante exibia seriedade.
— Qual seu parentesco com Josh Mitchell e Caroline Mitchell?
— Eu sou filha deles — engoli em seco — Não é óbvio?
— Quantos anos você tem?
— Dezesseis
— Droga — murmurou — Isso estraga toda a investigação.
Ele anotou algumas coisas na agenda e se desaproximou, conversou por minutos com um homem mais velho e saiu para fora do local. Todos os policias saíram depois de uns quinze minutos.
A mulher de cabelos cor de fogo, — que deduzi ser a enfermeira — estava de volta ao quarto. Eu tinha dormido por algumas horas e perdido a noção do tempo. Ela aparentava ter por volta de quarenta anos.
— Shannon, está na hora do seu jantar. Sente-se na cama.
Obedeci rapidamente, meu estômago roncava só de sentir o cheiro da comida. Um prato de sopa sobre uma bandeja foi coloca sobre meu colo, pelo menos a aparência era agradável.
— Saiba que eu confio em você — falou docemente — Meu lado sensitivo nunca se engana.
— Como é o seu nome? — minha boca estava totalmente cheia. Credo, onde estavam meus modos?
— April, é um prazer conhecê-la.
Sorri em forma de agradecimento.
— Me conte o que sabe, por favor — supliquei — Todos me olham como se eu fosse terrível desde que cheguei aqui.
April suspirou e sentou-se na beirada da cama.
— Os seus pais foram assassinados e, você foi encontrada desmaiada no segundo andar — respondeu — É tudo o que deve saber por enquanto.
Abri a boca em um perfeito "O" e derrubei a comida sobre o lençol. Lágrimas insistiram em cair descontroladamente.
— Oh meu Deus — a enfermeira se assustou. Levantou rapidamente, tirando os lençóis e o prato da cama. — Você se queimou querida?
Balancei a cabeça negativamente. Minha vontade no momento era de sumir.
— Prometa que não irá contar para ninguém sobre nossa conversa — me fitou com os olhos arregalados.
— Eu prometo, obrigada April — solucei.
— Querida, já sendo inconveniente — deu uma pausa. — Você tem algo a ver com isso ou, se lembra de algo?
— Eu não seria capaz — me defendi. — Apenas lembro de escutar gritos no andar de baixo, e quando fui descer senti alguém pressionando algo sobre meu nariz.
— O seu pai tinha muitos inimigos?
— Apenas alguns adversários na política. Acredito que nada muito grave — minha voz ainda estava embargada. — E o enterro dos meus pais?
— Já foi tudo resolvido pelo governo — respondeu — Você terá alta amanhã, poderá ir.
Justin Bieber
Todos os policias que investigavam o caso estavam em uma lanchonete próxima ao hospital. O comandante Carter Jones tentava pensar em alguma solução rápida. O fato de Shannon ser menor de idade dificultava praticamente a investigação toda.
— É perigoso deixá-la com algum familiar — O diretor falava nervoso. — Ela poderá tentar matar mais alguém, se realmente for culpada.
— A patricinha tentou mesmo se suicidar? — Shawn perguntou.
— O médico descartou essa possibilidade — respondeu o mais velho. — É mais provável que tenha sofrido um ataque de nervosismo.
O mais estranho de tudo foi que não acharam a arma, e nem as balas. A garota não tinha uma gota sequer de sangue. O assassinato do casal foi algo planejado de forma brilhante.
— Justin, eu preciso que você salve a investigação — Carter falou de forma desesperada.
— O que devo fazer?
— Abrigue a garota em sua casa durante um tempo — arregalei os olhos. Kendall nunca aceitaria isso. — Preciso mantê-la sob nosso controle. Lembre-se que você me pediu o caso, nem pense em me deixar na mão.
— Minha namorada jamais aceitará isso — cocei a cabeça. — E se a menina tentar me matar?
Pensei no mérito que ganharia obedecendo as ordens do manda chuva. E também no quanto a pirralha podia ser psicopata.
— Kendall tem que entender que é algo profissional — respondeu severo. Ele odiava ser contrariado. — É só durante o primeiro depoimento e a autópsia dos corpos saírem. Justin, você é um agente treinado, consegue controlar a garota.
Shawn apenas ergueu as sobrancelhas. Deveria estar pensando no quanto eu estava ferrado. Porra... esse garota estava acabando com meu sossego. Engoli em seco.
— Te dou um mês de férias após o caso ser resolvido — disse por fim. — O que me diz?
Jenner que se foda. Aprendi a honrar meu trabalho acima de relacionamentos. Um mês de férias era algo raro nos últimos anos.
— Eu aceito.
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