História O Agente - Epílogo

- Bom dia presidente Kim - Kyungsoo apareceu na porta do quarto com uma bandeja de café-da-manhã.

- Bom dia Seungsoo, digo, Kyungsoo - Jongin brincou sentando-se na cama e esfregando os olhos.

Fazia pouco mais de 1 ano que Jongin e Kyungsoo se reencontraram, desde aquele dia o casal passou a morar junto no apartamento que o maior ficou depois do confronto no terraço. Depois de inúmeras sessões de fisioterapia por conta de sua perna machucada, Jongin conseguiu voltar a andar normalmente sem auxílio de muletas. Se formou na faculdade e tomou posse da presidência da empresa Kim, dando continuidade aos planos de seu pai. Mesmo com responsabilidades maiores, Jongin fazia de tudo pra ter tempo pra cuidar de sua vida também pois a última coisa que queria era ser um adulto que vivia trancado em um escritório ou em reuniões.

Ainda que tivesse mudado de nome, Kyungsoo continuava o mesmo de antes. Claro, daquela vez mais carinhoso com o Kim pois o que tinham era um relacionamento de namorados, não mais de um agente com seu protegido, então queria aproveitar todo o tempo que podia. Para o ex-agente, os três anos que passou longe de Jongin foram tempo perdido até demais, mesmo que aquilo fosse para a própria segurança do mais novo e até mesmo de si próprio. Pensava que Jongin ficaria furioso consigo por ter forjado sua morte e ficado afastado por tanto tempo, mas ouvir uma declaração de amor vindo do outro foi a melhor surpresa que poderia ter.

- Coma tudo dessa vez, não vou admitir que saia sem comer direito e acabe passando mal de fome - Kyungsoo advertiu.

O dia a qual o ex-agente se referiu foi o dia que Jongin tomou posse da presidência da empresa. Ele estava tão nervoso que mal comeu e Kyungsoo acabou entendendo, mas no meio da cerimônia de posse o Kim acabou desmaiando e só retornou meia hora depois, culpa da mistura de nervosismo e fome.

- Amor, eu já pedi desculpas por aquele dia, não me faça ficar mais envergonhado do que eu já fiquei na frente dos funcionários - fez um bico.

- Aigo, eu não consigo ser chato com você fazendo essa cara - Kyungsoo sorriu se dando por vencido, aproximando-se pra roubar um selinho demorado de Jongin - mas ainda assim coma direitinho.

- Sim senhor - o maior sorriu, comendo o pedaço de bolo que Kyungsoo tinha feito.

Kyungsoo foi ao closet vestir seu uniforme de trabalho. Em sua camisa de botões azul clara havia uma pequena plaquinha com seu nome, ou melhor, com o nome Kim Seungsoo. Calçou as meias e voltou pra cama pra poder calçar os sapatos, parando ao ver Jongin ainda todo jogado entre os lençóis.

- Nini, já são mais de 6 horas, você vai se atrasar pro trabalho - mexeu o pé do outro com a mão.

- Não, hoje vou ficar em casa - Jongin disse manhoso.

- É assim que o presidente de uma empresa se comporta?

- Exatamente, eu sou o presidente, não sou obrigado a ir pra empresa no horário - sorriu travesso.

- Ok senhor presidente que não se importa com horário - Kyungsoo se pôs de pé depois de calçar seus sapatos - enquanto você vai ficar dormindo, eu vou trabalhar, tenha um bom dia.

Kyungsoo virou-se pra sair do quarto quando Jongin segurou seu pulso e o puxou pra cama, fazendo o menor cair deitado e aproveitando-se pra ficar por cima do ex-agente.

- Nini! Eu tenho que ir trabalhar!

- Quem disse isso?

- Meu chefe disse, agora me deixa ir - Kyungsoo tentava se soltar mas Jongin ainda o segurava.

- Como presidente da empresa Kim, eu ordeno que você fique aqui comigo hoje.

- Você é presidente de uma empresa, não do FBI - riu - me solta amor, eu tenho que ir.

- Jura? - Jongin roubou um selinho de Kyungsoo, voltando com um sorriso de canto - aposto que consegui te convencer a ficar.

- Ainda não - Kyungsoo empinou o nariz.

- Ainda não? - o maior abaixou-se indo pro pescoço do ex-agente, roçando o nariz ali e deixando um selar molhado, fazendo Kyungsoo arrepiar - e agora?

- Hm... Ainda não - desde quando foi jogado na cama o menor já havia desistido de ir trabalhar cedo, mas queria ver até Jongin iria pra convencê-lo a ficar.

- Então... - o maior deslizou a mão sobre o corpo coberto pela roupa, puxando a camisa que estava por dentro da calça e deslizando a mão pra dentro dela devagar acariciando um dos mamilos do menor- e agora?

- Porque não tira logo meu uniforme todo? - sorriu de canto, puxando Jongin pra um beijo e trocando de posições na cama, ficando por cima do maior.

Kyungsoo separou o beijo pra desabotoar a camisa devagar, enquanto Jongin o observava mordendo os lábios. Botão por botão e a peça já estava jogada em um canto qualquer do quarto, deixando o ex-agente apenas com a calça enquanto voltava a beijar Jongin. Foi a vez do maior separar os lábios deixando uma mordida leve pra tirar sua camisa, voltando a abraçar o corpo do menor enquanto estavam sentados na cama. Então som estridente tomou conta do recinto, fazendo os dois resmungarem baixinho entre o beijo, era a campainha.

- Hmm... Quem será a essa hora? - Jongin perguntou baixinho.

- Estava esperando alguém?

- Que eu lembre não, e você?

- Também não - a campainha voltou a tocar - acho melhor irmos atender.

- Não, deixa pra atender depois, daqui a pouco a pessoa desiste de tocar - voltou a beijar Kyungsoo.

E realmente a campainha parou de tocar, aparentemente a pessoa que estava na porta desistiu da visita. Jongin e Kyungsoo permaneceram naquela troca de carícias por um tempo, mas quando o maior estava tirando o cinto da calça do outro, a porta do quarto foi aberta de uma vez, batendo na parede e fazendo um estrondo.

- Kim Jongin! Eu não já lhe disse pra não me deixar plantada na porta esperando?! - era Hani.

- Hani! Não vê que eu estava ocupado? E como você abriu a porta?! - Jongin falou indignado.

Àquela altura Kyungsoo já havia saído de cima de si e estava virado de costas fechando o cinto e apanhando a camisa no chão se sentindo um tomate por terem sido pegos naquele momento íntimo.

- Esqueceu que eu já fui uma agente do FBI? Arrombar portas é a coisa mais simples que existe, Kyungsoo sabe disso. E da próxima vez que você fizer isso eu te bato até você ficar azul!

- Aish, eu não sou mais uma criança! Eu sou presidente de uma empresa tá?!

- E daí? - a mulher se aproximou, deixando um tapa na nuca do maior - eu continuo sendo a pessoa que cuidou de você, então trate de me respeitar.

- Essa gravidez está enlouquecendo seus hormônios isso sim - levantou as mãos e se encolheu pra se defender de outro tapa.

- Bom dia Hani, desculpe não termos ido atender - Kyungsoo respondeu já devidamente vestido.

- Você não devia ter ido trabalhar?

- Pergunte pra esse aí - apontou com a cabeça pra Jongin.

- Ei! Não me culpe por tudo tá?! - fez um bico e cruzou os braços.

- Desculpe a pergunta, mas porque você apareceu aqui tão cedo? - Kyungsoo perguntou.

- Fui fazer uma caminhada pra aproveitar o sol da manhã e resolvi passar por aqui já que eu sabia que o Nini estaria em casa - bagunçou os cabelos do maior que continuava com um bico emburrado.

- Ah sim, fique à vontade, o bebê está bem?

- Sim sim - acariciou a barriga, sorrindo orgulhosa - já preparamos todo o enxoval e o médico disse que ele está muito bem.

Hani e Hunter se casaram 4 meses depois de Jongin e Kyungsoo voltarem um pro outro. Foi uma cerimônia simples, apenas com alguns familiares e funcionários do FBI. Os dois rapazes obviamente foram e tudo foi lindo. Naquele momento Hani estava grávida do primeiro filho. Mesmo já tenho passado dos 40 e sabendo que uma gravidez naquela idade seria arriscada, Hani quis tentar, com a ajuda integral de Hunter a mulher já estava quase completando o nono mês de gestação sem nenhum problema com ela e muito menos com o bebê.

- Já escolheu um nome?

- Ainda não, acho que só vai dar pra escolher quando ele nascer.

- Entendo, bom, vou levar essa bagunça pra cozinha - Kyungsoo se referiu à bandeja de café-da-manhã que continuava na cama - já volto - saiu do quarto.

Hani olhou pra Jongin, que lhe lançou um olhar frustrado enquanto permanecia com a cara emburrada.

- Não olhe pra mim com essa cara.

- Hani - choramingou - você não poderia ter deixado pra vir depois não?

- E você não poderia ter deixado pra de noite não? Esse menino depois que começou a morar com o namorado só pensa em sexo, que caso perdido hein?

- Hani! - exclamou.

- Que foi?! Tô mentindo por acaso?!

- Aaaaaa - se jogou na cama, pondo o travesseiro no rosto.

- Nem parece esse presidente da empresa que você falou - mudou a entonação quando citou o cargo de Jongin.

- Eu sou um ótimo presidente tá? - disse com a voz abafada pelo travesseiro.

- Se você diz... - riu - eu só queria saber o qu- AH! - Hani gritou ao sentir uma pontada em seu ventre - eu não acredito nisso.

- O que foi? - Jongin sentou-se na cama, olhando pra mulher - você está bem?? - levantou e segurou a mulher pelos ombros.

- Eu acho que - olhou pra baixo, vendo o líquido transparente escorrer por suas pernas.

- Hani, está tão mal assim que urinou no chão do meu quarto?

- Não é urina seu idiota, foi a bolsa que estourou - grunhiu.

- Que grito foi esse?! - Kyungsoo apareceu na porta ofegante - Hani! A bolsa!

- Sim - a mulher se curvou um pouco com as mãos na barriga.

- Mas de que bolsa vocês estão falando? - Jongin continuava confuso.

- Liga pro Hunter e manda ele ir pro hospital agora! - Kyungsoo mandou se aproximando de Hani e a segurando - eu vou levá-la pro carro, troque de roupa rápido e venha!

- Então tá... - Jongin pegou o celular, vendo os outros dois saírem do quarto devagar.

Discou o número de Hunter e foi ao banheiro escovar os dentes. Chamava mas o chefe não atendia, então Jongin ligou outra vez, sendo atendido enquanto estava tirando a espuma da boca.

- Jongin, bom dia, em que posso ajudar?

- Bom - cuspiu a água na pia - é que a Hani está aqui e Kyungsoo me mandou te ligar.

- Hani? O que aconteceu com ela?

- Não entendi direito, a gente estava conversando e de repente ela soltou um grito, depois urinou perto da minha cama e ela e o Kyungsoo começaram a falar de uma bolsa que estourou, agora ele tá levando ela pro carro e dizendo que vão pro hosp- - a ligação caiu - alô, Hunter? - ninguém respondeu - esse povo amanheceu maluco.

Apressou-se em trocar de roupa e desceu pro estacionamento, encontrando Hani no banco de trás e Kyungsoo tentando ampará-la.

- Depressa Jongin! Ela não pode esperar muito! - Kyungsoo gritou quando viu o outro se aproximar.

- Tá, eu já entendi que temos que nos apressar - Jongin entrou no carro, girando a chave - mas vocês podem só me dizer porque isso tudo tá acontecendo? O que você tá sentindo Hani?

- A maldita da bolsa estourou, o bebê vai nascer e se você não tirar esse carro daqui agora e me levar pro hospital EU JURO QUE TE BATO ATÉ VOCÊ ESQUECER SEU NOME JONGIN! - Hani se exaltou.

Jongin se assustou com a forma como Hani falou, só então percebendo que a coisa era séria mesmo. Tirou o carro e levou a mulher pro hospital mais próximo, não demorando 10 minutos pra chegar lá. Kyungsoo tirou Hani do carro carregando-a nos braços até a emergência, onde ela foi colocada em uma maca. Hunter chegou em seguida, completamente ofegante e confuso, Kyungsoo o explicou pra onde levaram Hani e o homem se perdeu pelo hospital atrás da mulher pra acompanhá-la no parto. Pôs as mãos na cabeça, respirando fundo e olhando pra trás, vendo Jongin.

- Vamos pra sala de espera, quero ser um dos primeiros a ver o bebê - segurou a mão de Jongin, que até então estava calado.

Então o bebê ia nascer mesmo? Será que Hani estava sentindo muita dor? Só de ver a forma como Hunter chegou e correu pra dentro do hospital, Jongin ficou imaginando como seria se ele estivesse na mesma situação. Claro que ele sabia que Kyungsoo não poderia engravidar, mas será que um dia criaria um filho ao lado do ex-agente?

Sentaram-se em um dos bancos da sala de espera, mantendo as mãos entrelaçadas. Kyungsoo encostou-se no ombro de Jongin, mesmo que recebessem olhares nada convidativos de algumas pessoas que passavam por ali. O maior continuava calado e pensativo enquanto observava o ambiente claro e as figuras infantis que estavam pelas paredes devido àquela ser a área da maternidade.

- Você deve ter se assustado com tudo né? - Kyungsoo perguntou baixinho.

- Na verdade não estou assustado, depois de ser sequestrado e sofrido nas mãos daquele nojento eu não estou assustado com isso, só... Surpreso? Pensativo? Não sei.

- Não é a primeira vez que presencio uma mulher em trabalho de parto e eu tive que socorrer, desculpe se fui um pouco arrogante com você no meio de tudo.

- Tudo bem, você estava agitado e Hani precisava de ajuda, eu entendo, eu só estou pensando se...

- Se...?

- Eu sei que homens não podem engravidar mas... Será que vamos ser pais um dia?

A pergunta pegou Kyungsoo de surpresa.

- Eu ainda não tinha pensado nisso - sentou-se de frente pra Jongin, ainda segurando sua mão - mas eu ficaria muito feliz de criar um filho com você - sorriu.

Kyungsoo acariciava a mão de Jongin que estava entrelaçada à sua, sorrindo leve observando quem tanto amava. Selaram os lábios poucas vezes e ficaram juntos esperando alguma notícia de Hani. Até pensaram em aprofundar o beijo, mas o ruivo afastou-se gentilmente dizendo que provavelmente não seria muito adequado ficarem se beijando na sala de espera de uma maternidade, então só o selinho e os sorrisos bastavam. Cerca de duas horas depois, Hunter apareceu com um sorriso que parecia que iria rasgar seu rosto. Os olhos estavam vermelhos, provavelmente havia chorado de emoção.

- E então, como foi? - Kyungsoo se levantou e foi em direção ao mais velho, ainda segurando a mão de Jongin.

- Foi tudo tranquilo e nossa bebê nasceu muito saudável.

- Então é uma menina? Mais uma TPM pra eu ter que lidar - o Kim comentou.

- Jongin! - o menor deu uma cotovelada leve em sua barriga.

- Ai! Eu estava brincando - resmungou.

- Quando podemos ir vê-las?

- Podem vir agora se quiserem, Hani já está no quarto e daqui a pouco vão levar a bebê - Kyungsoo concordou e seguiu Hunter até o quarto de Hani.

Ao chegarem, Hani estava dormindo tranquilamente. Ficaram em silêncio para não atrapalhar e minutos depois uma enfermeira apareceu trazendo uma espécie de bercinho feito de vidro e rodeado de pequenos travesseiros. A bebê foi deixada ao lado de Hani e os três homens ficaram próximos observando aquele pequeno ser que mais parecia um pacotinho de tão enrolado que estava.

- Ainda não escolhemos o nome dela então... Bebê, esses são Kyungsoo e o Jongin - Hunter disse baixinho, apresentando os dois pra pequena.

- Oii - o ruivo acenou com um sorriso, Jongin fazia a mesma coisa.

- Já trouxeram ela? - uma voz feminina se fez presente, era Hani que estava acordando.

- A enfermeira acabou de trazer - Hunter disse - como você está amor?

- Cansada - a mulher sorriu - pode me ajudar a sentar? Não aguento mais ficar deitada.

Hunter concordou e ajeitou os travesseiros para deixar Hani mais confortável. A mulher pediu a filha, então com todo cuidado Hunter pegou a bebê e pôs nos braços da esposa. Suas mãos eram tão grandes que a pequena parecia sumir.

- Ela é tão linda - Kyungsoo comentou sentindo os olhos marejarem.

- Quem diria que mal chegou ao mundo e já causou toda essa confusão - Jongin disse com um bico nos lábios.

- Desculpa por ter sido grossa Nini - Hani disse - você não consegue pensar direito quando está sentindo muita dor.

- Eu que o diga - o mais novo arrepiou-se e acariciou a coxa lembrando de quando foi golpeado com um canivete - mas então, qual vai ser o nome dela?

Hunter e Hani olharam um pro outro por alguns segundos tendo mais uma de suas conversas silenciosas. Sorriram igualmente como se tivessem terminado o assunto e olharam pro outro casal no quarto.

- HyunJae - Hani disse.

- O nome da minha mãe? - Jongin perguntou.

- Sim - a mulher sorriu - a conheci por pouco tempo, mas sei que ela foi uma mulher incrível, seu pai sempre me dizia sobre o quanto amava ela e você também. Como exerci o papel dela por alguns anos, acho justo fazer essa homenagem.

Jongin limpou uma lágrima solitária que desceu por seu rosto, olhando pra bebê que mantinha os olhinhos fechados nos braços da mãe.

- Tenho certeza que ela e seu pai estão muito orgulhosos de você Nini, o presidente que seu pai sempre quis que você se tornasse e que agora tem alguém pra estar sempre ao seu lado - a mulher olhou pra Kyungsoo.

Os dois mais novos olharam um pro outro e Jongin pousou seu braço nos ombros do menor. Mesmo que não tivesse seus pais ao seu lado, o Kim sabia que onde eles estivessem estariam cuidando de si, além dos que estavam ali presentes para cuidar de si pessoalmente.

Não poderia estar mais feliz.