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História O albatroz evanescente - A estória da maldição


Escrita por: SpiderFromMars

Capítulo 2 - A estória da maldição


   - "Foi há alguns anos" - começou ele, falando em um tom místico, tentando parecer o mais sobrenatural possível. - "O 'Lady Eva' navegava sobre as águas calmas do Atlântico; sua bandeira negra, içada no mastro mais alto, tremulava ao vento leve que vinha do leste. O capitão Hasting comandava sua 'fiel' tripulação com total competência. Seu nome ganhou fama e notoriedade pelos sete mares, o que acabou atraindo uma inveja demoníaca por parte de alguns marinheiros. Estavam cansados do modo como o capitão estava levando a tripulação. Eram piratas, mas Hasting parecia, aos olhos de alguns subordinados, desviar-se do rumo que pretendiam seguir.
   - "Um motim, liderado por J. Smith, em uma noite tempestuosa, foi anunciado ao som de 'tomem o navio'. Quase um terço da tripulação juntou-se a Smith; o restante manteve-se leal ao capitão. A batalha pelo navio foi sangrenta e pesada, com ambos os lados tendo inúmeros mortos e feridos. O grupo dos amotinados estava em evidente desvantagem numérica, e Smith sabia que era só questão de tempo até seu motim fracassar. Então ele teve uma ideia, uma ardilosa ideia: chamou o capitão Hasting para um combate mano-a-mano, cujo vencedor ficaria com o navio.
    "O capitão Hasting era mais experiente em relação ao seu oponente. Era mais velho e mais sábio, e sem pensar duas vezes aceitou o desafio. O resto dos marujos se colocaram em círculo, e dentro dele deu-se início à luta. De início, era quase impossível dizer quem iria vencer. Smith era jovem e ágil, mas o capitão vivera sua vida com uma espada na mão, e contava com sua vasta experiência para vencer seu rival. E, devo dizer, com o avançar da luta, o capitão Hasting controlou a luta, e teria vencido facilmente se não fosse uma anomalia da natureza mostrando a cara bem naquela hora. O mar, outrora calmo, começou a se agitar num súbito instante. As nuvens se aglomeraram em poucos segundos e uma tempestade se formou, e com ela veio uma ventania sem igual.
    "Smith, a essa altura, se encontrava caído, a ponta da espada do capitão ameaçando-lhe o pescoço. O capitão, audacioso e vitorioso, estava em pé, hesitando sobre matar o autor do motim devido às intempéries.
   - 'Por todos os demônios do inferno!' - pragueijou o capitão. - 'Foi você quem fez isso?'
   "Smith apenas sorriu, mas a preocupação ainda era evidente em seu semblante. Parecia tão preocupado em relação à tempestade inesperada quanto Hasting.
   - 'Maldito seja!' - disse Smith, mirando diretamente os olhos de seu inimigo. - 'Devia sentir-se envergonhado de usar esta espada. Não és digno nem de ser chamado de pirata. Profana os nomes dos verdadeiros homens do mar.'
   - 'Maldito são os ingratos, jovem; como tu. Tinhas tudo aqui, tudo que querias, mas desejavas algo que eu não podia te dar. Tu queria ser eu.'
   - 'Não' - disse Smith, sorrindo como um louco. - 'Não, não tu. Eu seria melhor.'
   "Em meio à tempestade que ali se instalara; ao vento que ali soprava, e ao chacoalhar do 'Lady Eva', ouvia-se, com impressionante nitidez, o som de aves a se aproximarem. Até o bater das asas era audível. E não demorou muito para serem vistas, lá no céu, por entre as nuvens carregadas e negras, os albatrozes mais magníficos que aqueles piratas já viram. Ficaram hipnotizados, inertes e abobados ao verem aquelas aves que, lá no alto, iam em um voo solene rumo ao navio.
   "Smith, vendo a distração do capitão à sua frente, arrastou-se para o lado e pegou sua espada, que jazia caída ali perto. O capitão, sem reação imediata, ficou a observá-lo. Viu, ali, diante de seus olhos, Smith erguer a espada e gritar algo que ele não compreendeu. Viu, ainda, os albatrozes voarem sobre a cabeça de Smith, e um deles foi atravessado pela lâmina da espada do pirata traidor. Naquele mesmo instante, o albatroz recém-ferido, morto, ganhou um brilho espectral, e seu tamanho multiplicou cinco vezes, tornando-se uma ave colossal fantasmagórica.
   - 'Maldito seja!' - gritou smith. E, no segundo seguinte, dois raios caíram simultaneamente. Um atingiu o próprio Smith, matando-o na mesma hora. O outro atingiu o capitão Hasting, mas não o matou, apenas o feriu a ponto de desfigurá-lo.
   "Mesmo mutilado pelo raio, o capitão ainda pôde ver o que aconteceu em seguida. A ave reabriu os olhos - agora vermelhos - e saiu, sem nenhuma dificuldade, da espada. Alçou voo e partiu rumo aos piratas que se juntaram a Smith, atravessando-os, e, ali mesmo, morreram um a um. Depois, foi à tempestade e desapareceu em meio à chuva e ao vento. Os piratas sobreviventes socorreram o capitão ferido e partiram dali com o navio. Porém, estavam longe de casa, e no caminho de volta passaram por várias tempestades, e em cada uma delas o gigante albatroz sobrenatural apareceu e matou um dos tripulantes. Ao chegarem em terra firme, só restavam no navio o capitão desfigurado, seu imediato e dois marujos."



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