Houve uma certa vez em que disseram para ela que o amor cura todas as feridas e que era justamente nele que encontraria forças. “Bobagem”, pensou consigo, mas não gostava de discutir, então calou-se.
O amor era supervalorizado, tinha certeza. Davam à ele muito mais importância do que realmente merecia. Escreviam canções e histórias de amor demais quando existia, lá fora, tristeza e solidão capazes de inspirar textos infinitamente melhores.
O mundo girava em torno do tal amor e do romance, e parecia cada vez mais difícil compreender por quê. O dito cujo jamais tinha sido capaz de curar nenhuma de suas feridas, muito pelo contrário, era o causador de boa parte delas.
Buscava em vários cantos companhias que pudessem aplacar a solidão, e as encontrava. Mas amava-as? A resposta era sempre não. Não precisava disso, afirmava, é melhor assim, emendava em seguida.
Contudo a verdade é que quando o som da cidade movimentada cessava, e a única companhia que lhe restava era o travesseiro, o desespero surgia e ela chorava. Sentia falta do maldito amor. Perguntava-se se existiria um capaz de curar suas feridas, ao invés de aumentá-las, mas a resposta era sempre não. Haveria de morrer sozinha, afinal.
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