Cristiano Ronaldo:
O que aconteceu com a minha vida? Me pergunto o tempo inteiro. Desde quando eu estou sofrendo por um homem? Desde quando Álvaro se tornou um sequestrador? Por Deus, a Georgina morreu!
Minha cabeça está tão cheia que parece querer explodir, ou melhor, o meu corpo inteiro parece querer se dissipar.
— Cristiano! — Ouço a voz de Sergio atrás de mim. Viro-me para encará-lo. — Onde está o James?
Ele olha de uma forma aniquiladora, firme e segura para mim. Parece até mesmo saber qual será a minha resposta.
— Eu não sei. — Respondo, baixo como se estivesse prendendo a própria voz, como se o homem à minha frente não fosse o meu antigo melhor amigo.
— Eu sei de vocês dois. — Diz ele.
— O James te contou? — Inquiro.
— Não importa, o Karim me disse que ele e seu filho haviam sumido. — Ele olha para os lados e depois sua visão se concentra no objeto em minhas mãos. — O que está havendo, Cristiano?
Eu devo contar a ele?
Sérgio sempre foi o meu melhor amigo e agora não somos os mesmos, isso deve-se a James. Talvez a mim mesmo também. Mas o propósito em questão é salvar o meu filho e o homem que amo, uma ajuda será excelente.
— Eles foram sequestrados. — Conto.
Ele arregala os olhos.
— Quê? Como? Por quem?
Respiro fundo.
— Álvaro.
Ele fica estático, sem expressar qualquer movimento.
— Que Álvaro?
— Álvaro Morata. — Falo e mesmo para mim é difícil ter que falar isto. É difícil aceitar que isto esteja acontecendo.
— O que está havendo, Deus! Tão derepente todos ao meu redor estão cheios de segredos obscuros. — Fala olhando para o céu. — Morata sequestrando James? Se isto cair na mídia, eu não vou querer estar aqui pra ver.
— Preciso da sua ajuda. — Digo, fazendo-o olhar para mim novamente. — Eu tenho um plano para recuperar James e Junior.
— E quanto ao Morata? — Inquiri ele.
— Não faça perguntas que não poderei responder.
Ele assente com a cabeça.
— Karim ainda está aqui.
— Esquece ele, precisamos ir imediatamente. — Falo, passando pelo portão. Não olho para trás, mas sei que ele está me seguindo.
— Para onde vamos? — Ele pergunta quando entramos em meu carro.
— Vamos visitar um velho amigo meu. — Falo, dando a partida.
***
Assim que estaciono o carro, percebo Sergio percorrendo seu olhar desenfreado para todos os lados.
Desço do carro e ele me imita. Estamos no subúrbio de Madrid. O local emana perigo, há cafetões a alguns metros com as suas prostitutas. Seu olhar se concentra nisso.
— Melhor não encarar muito. — Falo.
— Considere o recado dado. — Ele diz.
Toco a campainha da casa com um muro alto e arames farpados, o local mais se parece com uma prisão.
— Você vem muito aqui?
— É a primeira vez em cinco anos.
O portão se abre e logo o rosto de Juan surge.
— Entrem. — Diz ele.
— Como ele sabia que éramos nós? — Sergio sussurra em meu ouvido.
— Pelas câmeras de segurança. Ele não abriria se não houvesse isso.
Juan nos guia até a sua sala de estar, sempre atento e vigilante.
— Sentem! — Indica os sofás e nós o fazemos. — Aceitam suco, água…?
— Suco — diz Sergio.
O encaro com um olhar triturador e o mesmo apenas dá de ombros.
— Aceito a água. — Digo.
Juan some de nossas vistas indo para a cozinha.
— Quem é esse cara? — Inquiri Sergio.
— O nome dele é Juan, um antigo agente do serviço de inteligência da Colômbia. Ele esconde-se aqui em Madrid.
— De quem? — Sua expressão parece mais temerosa do que curiosa.
— É melhor que não saiba.
— Tudo bem. Mas como se conheceram?
— O conheci quando precisei localizar a mãe de Junior.
— Entendi.
Juan irrompe na sala.
— Aqui está! — Diz ele, nos entregando o que pedimos.
Sergio avança em seu suco como um leão em sua presa. Quase sorrio disso, mas foi mais imaturo que engraçado de sua parte. Ele me lembra James.
— Bom, o que o traz aqui? — Pergunta Juan, sentado em frente a mim.
— Preciso que localize alguém para mim. — Falo.
— Quem desta vez? — Retruca ele.
— Álvaro Morata.
Seu olhar parece suspeitar de algo pela forma que gira em torno de mim e Sergio.
— Preciso do seu celular.
Retiro o aparelho do bolso e o entrego.
— Me acompanhem, por favor.
Ele nos guia até um porão nos fundos da casa. O local está cheio de computadores e aparelhos estranhos no qual julgo ser suas invenções.
Ele conecta meu celular via USB a um computador e começa a teclar velozmente algumas coisas.
— Vou implantar um vírus no dispositivo IOS, receberei dados via satélite assim que ele ligar ou mandar mensagem. Um mapa mundi aparecerá na tela deste computador e saberemos exatamente a localização dele. — Explica Juan. — Teremos de esperar.
— Tudo bem. — Falo.
— Ele é confiável? — Indaga ele olhando para Sergio.
— Sim, vou precisar da ajuda dele pro meu plano dar certo.
O celular começa a tocar e um leve sorriso surge em meu rosto. A foto de Morata aprece na tela do computador.
— Oi! — Atendo.
— Pai! Pai! — Grita o garoto do outro lado da linha.
— Junior! Você está bem? — Falo em tom desesperado.
— É claro que ele está bem. Pena que não posso dizer o mesmo do James. — A voz repugnante assume a ligação. — Se quiser mesmo que eles saiam bem nesta história, terá de cumprir com o trato. E mais, traz dinheiro também.
— Mas onde? Onde você vai estar? — Pergunto.
Sua risada escandalosa ecoa.
— Está apressado. Eu poderia ficar o tempo que fosse preciso cuidando deles para você. Mas também estou com pressa. Eu quero que me encontre na antiga pista de decolagens La Vila. Vou estar à sua espera com um helicóptero às sete da manhã.
— Okay. Mas e eles?
— Eu os liberto assim que estiver comigo. Mas não brinque comigo, se chamar a polícia ou algo do tipo, eu os mato. — Engulo em seco. — Te vejo lá!
Ele desliga.
— Precisamos agir rapidamente. — Digo.
Sergio assente. Um ponto vermelho pisca no mapa.
— Não é muito longe daqui. — Diz Juan.
— Eu sei onde fica, mas não serei eu quem irá para lá. — Olho para Segio novamente. — Eu preciso ir ao encontro do meu 9th.
Juan olha para a tela e fala:
— Por acaso, o James que ele falou é o…
— Sim, James Rodríguez. — O interrompo.
— Eu o conheci. — Diz ele.
Arqueio a sobrancelha.
— São cem euros. — Diz ele, dispersando o assunto.
— Ah, sim. Terei de fazer um cheque.
Após o pagamento, saímos do local.
— Então eu terei de fazer o resgate? — Pergunta Sergio quando dou a partida.
— Exatamente, e quanto a Álvaro, ele que me aguarde.
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