Anteriormente
Minha cabeça gritava para eu me afastar, deixar isso de lado e fingir que nada aconteceu, mas o meu coração pedia para eu continuar, afinal ele tinha a possibilidade de ir comigo para Vancouver, não haveria distancia nos separando. Quem escutar? A razão ou a emoção?
........
Eu queria. Queria continuar o beijo, mas aquele muro que eu construí quatro dias atrás me ímpia de continuar, me impedia de, talvez, me machucar novamente. A razão está falando mais alto, os muros estão ficando mais altos e fortes, fortes até mesmo para aquele beijo que, antes, me faziam derreter, mas agora só me fazer lembrar que eu preciso continuar firme.
Empurro ele para longe de mim e tento controlar a minha respiração, por mais que eu não quisesse ele ainda conseguia tirar o meu fôlego como ninguém. Me faltou coragem para encarar ele, fiquei fitando os meus pês e o salto azul marinha que cobriam eles. Coloquei as minhas mãos na minha testa e continuo tentando normalizar a minha respiração. Mesmo sem coragem, levanto a cabeça e vejo, novamente, um Gustavo confuso, ele me encara e ficamos assim por segundos que pareceram horas. Foda- se os meus muros, foda- se a minha razão, foda- se se eu vou me machucar, eu só quero ele.
Me aproximo novamente e o puxo pela gola da camisa, sem me importar mais com a nossa briga de minutos antes, sem me importar com o nosso termino de quatro dias atrás. Se é que realmente terminamos. Por mais torturantes que esses quatro dias foram, eu não tentei esquece-lo, muito pelo contrário, ficava a todo momento pensado nele, como se ele fosse o meu carma mais profundo. O beijo já começa rápido, estávamos matando a saudade dos quatro, torturantes, dias separados.
Ele me encosta na parede sem parar o beijo. Meu pulmão já queimava, clamando por oxigênio, mas eu não queria parar. Meu corpo já pedia por mais, minha cabeça pedia por menos. Foda- se o que a minha cabeça pede. Nos separamos pela falta de oxigênio, ele continua a milímetros de mim. Aquele elevador estava começando a ficar quente demais e pequeno demais.
Estávamos os dois completamente ofegantes. Eu podia sentir a respiração dele na minha pele. Por um momento queria poder ler o que se passava na cabeça dele, saber em que ele estava pensando.
Ké: Você vai?
Gusta: Tenho muitas coisas aqui, família, amigos ...
Ké: Vai ficar?
Gusta: Eu quero ir.
Ké: Então o que te prende aqui?
Gusta: Eu não sei ...
Ké: Prefere ficar aqui?
Gusta: Não foi o que eu disse
Ké: Então me diz Gustavo, o que te prende aqui?
Gusta: Eu não sei, ta bom?
Ké: Não, não ta.
Gusta: O que você quer que eu diga?
Ké: A verdade seria ótima
Gusta: Você quer a verdade?
Ké: É Gusta, a verdade.
Gusta: Eu to com medo, ok?
Ké: Medo? Medo de que?
Gusta: Eu nunca fui pai Kéfera.
Ké: Ta com medo do nosso filho?
Gusta: Não exatamente isso, eu to com medo de não ser o suficiente para vocês dois.
Ké: Acha que eu também não to com medo Gustavo? Eu to morrendo de medo.
Gusta: Mas você já esteve grávida antes, não é a mesma coisa.
Ké: É, eu já estive grávida, mas também sei como é perder um bebê, sofri um acidente, pedi a coisa que eu mais amava no mundo, minha filha.
Gusta: Desculpa, eu não queria abrir uma velha ferida sua
Ké: Não queria, mas conseguiu.
Gusta: Eu não sou perfeito, ok?
Ké: Eu também não sou perfeita, mas mesmo assim eu to encarando isso e não fugindo da minha responsabilidade.
Gusta: EU NÃO TO FUGINDO
Ké: NÃO É O QUE PARECE.
Gusta: Eu não vou sair e te abandonar sozinha com essa criança, afinal eu sou o pai e você não fez ela sozinha, só to falando que é cedo demais e eu não esperava ter um filho agora.
Ké: Eu também não esperava engravidar tão cedo, mas deveríamos ter pensando nisso antes de transar sem camisinha.
Gusta: Os dois erraram nesse tópico, fomos irresponsáveis o suficiente para lembrar da porcaria de uma camisinha.
Ké: Que bom que você também sabe admitir os seus próprios erros.
Gusta: Se você for menos sarcástica, nós podemos conseguir ter uma conversa de adultos.
Ké: Então o problema todo dessa briga é o meu sarcasmo? Me poupe Gustavo.
Gusta: Ta vendo, a gente não consegue ter uma conversa sem acabar em discussão.
Ké: Quer saber? É melhor cada um ficar no seu canto, se você quiser você vai, eu não vou implorar a sua companhia.
Gusta: Não vai me afastar do meu filho.
Ké: Eu não vou, se você quiser ficar tem a minha palavra que vai saber de tudo da vida dele, vai poder ter o máximo de contato possível com ele, mas só com ele, se você quiser ficar, fica, mas fique sabendo que se ficar, isso aqui não vai ter volta.
Gusta: Isso?
Ké: Eu não vou implorar para você ir, mas também não sou obrigada a fazer papel de trouxa e ficar esperando o seu medo passar.
Ele se cala. Ele sabe que eu tenho razão, mas também sabe que essa briga não vai legar a lugar algum. Eu avisei que não queria brigar, mas acabou acontecendo, para a minha infelicidade. Ficamos os dois afastados, cada um encostado em uma parede do elevador sem falar mais uma palavra, parecia que caso alguém falasse seria como a gota d’água.
Ninguém encarou ninguém, da última vez isso não deu muito certo e não seria diferente agora. Nesse momento eu só queria sair desse elevado, respirar ar puro, parecia que a cada segundo aqui dentro me sufocava ainda mais. Minha respiração começa a ficar ofegante, o ar já não chega com tanta facilidade nos meus pulmões, minhas pernas começam a ficar fracas, meu corpo fica mole e a minha visão embasada.
Ké Gusta ...
Gusta: Eu não quero discuti mais Ké, por favor.
Ké: Não é isso, eu ...
Gusta: O que é então?
Ké: Eu não me sinto bem.
Minha cabeça começa a girar, minhas pálpebras vão ficado mais pesadas e os sons cada vez mais longe. A última coisa que eu consigo escutar é a voz do Gustavo me chamando, mas ela parecia estar longe, mesmo eu sabendo que ele está a menos de um metro de distância de mim. E tudo escurece.
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