— Inuyasha! Como você pôde? Eu dei tudo por você... Será que não vê? Ela não te merece!!! — Gritou magoada, e num fio de voz, terminou: — Você não cansa de me trair?
Num sobressalto, Inuyasha olha para a interlocutora da frase carregada de mágoa, e tem a triste confirmação de sua suspeita, era a voz de Kikyou. Confuso olha para a pedra, e vê que a mesma estava normal, a barreira nunca fora feita. O hanyou continuou agarrado à Miko, sem saber ao certo o que fazer de imediato com sua situação inusitada e tensa. Com extremo constrangimento, se retira do corpo de Kagome, e por consequência o gozo de ambos escorreu na pele clara da jovem; — aquilo não passou despercebido a Kikyou, que enciumada e cheia de ódio, sentiu um gosto amargo em sua garganta — Inuyasha vendo aquilo vestiu sua calça vermelha ainda mais envergonhado, recolhendo o membro ainda ereto de tesão. Isso deixou a própria Miko do futuro encabulada, ajeitando a camisola sob o olhar desgostoso da sacerdotisa de barro, que se aproximou de supetão do casal.
O meio-youkai se pôs à frente de Kagome, usando seu corpo como proteção para a jovem.
— Seu maldito híbrido! — Kikyou apontava o dedo na face do hanyou. — Eu te amei mais que a minha vida! Fiz de tudo por você, eu ia abandonar a vida de sacerdotisa e ser uma mulher comum, para ser a sua esposa e você, seu... Seu lixo! Fez tudo isso...
Ele manteve-se calado. As coisas haviam saído de seu controle, e ele não podia fazer nada. Não amava mais Kikyou, desde o momento em que pôs seus olhos em Kagome, e pronto, estava perdidamente apaixonado mesmo não admitindo. Em sua mente, só pensava no que Kikyou poderia fazer contra a sua Kagome.
Com muito ódio em seu coração, Kikyou fora revestida por uma luz escura, arroxeada e não mais lilás. Sua mão alcançou uma das flechas na aljava, apontando a mesma em seu arco na direção da sua reencarnação. Queria eliminá-la. A flecha que antes purificava, se envolveu em energia maligna, fruto do ódio e ciúme de Kikyou, que atirou-a contra a jovem que estava atrás do hanyou cachorro.
Nem mesmo Kagome soube como aquilo aconteceu. Ela simplesmente fechou os olhos e ergueu os braços num reflexo para se proteger, e de suas mãos delicadas surgiu uma poderosíssima barreira, que foi capaz de purificar e neutralizar a flecha de Kikyou, que por estar envolvida com energias ruins, acabou por ser queimada também.
— Como que essa maldita garota, conseguiu ficar forte assim? — rosna confusa, conjurando seus youkais caçadores de alma, que a carregaram para longe dali.
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O dia amanheceu nublado, mas nem isso iria impedir a união do casal de hanyous. Inuyasha ajudou Kagome a se banhar, acariciando as orelhinhas negras que sua noiva tinha no topo da cabeça. Eram macias e muito bonitinhas, ele agora entendia porque ela vivia apertando as dele também. Após o desjejum, todos estavam presentes no centro da aldeia, ocupados com os preparativos do casamento deles, arrastando mesas e preparando as comidas, bem também, como dobrando origamis que davam o toque final à decoração, trazendo boas energias à futura cerimônia matrimonial que aconteceria em breve.
— Miroku, Sango?! — Inuyasha os chama, e logo eles se aproximam.
— Diga Inu. — o monge responde, sorrindo ladeiro.
— Ontem, a Kikyou nos viu juntos. — fala ao amigo, enrubescendo. — Fazendo algumas coisas...
— Nossa... — Sango exclama, baixando a cabeça e se aproximando da amiga.
— Quero que fiquem atentos... Ela pode tentar fazer alguma coisa contra a Kah.
— Não se preocupe, Inuyasha. — a exterminadora os tranquilizou, abraçando Kagome pelos ombros.
— Perfeito! Vamos Inu, precisamos terminar com isso! — o monge puxou o amigo pelo braço, para que o mesmo o ajudasse com algumas decorações pesadas.
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Não existe divisões na bruxaria. Muitos creem, que podem ter duas vertentes principais nesse eixo pagão, a bruxaria branca, que seria o bem, e a bruxaria negra, que seria o mal. Mas isso não corresponde à realidade, pois tudo o que existe é a bruxaria cinzenta, que é na realidade, uma mescla dessas duas energias.
Mesmo com todo esse conhecimento histórico, Kikyou foi em busca de um Majishan¹. Os Majishan’s, são feiticeiros que usam dos poderes não para o bem do próximo, mas para obtenção de interesses egoístas, próprios, ou de terceiros, recebendo dinheiro em troca.
Com passos incertos, Kikyou adentrou a cabana velha e podre no coração da floresta de Inuyasha. Somente ela conhecia aquele caminho e podia passar através da barreira, afinal, ela mesma havia selado a alma de Norowa². Ele era um feiticeiro muito poderoso, que quis roubar a Shikon no Tama e foi impedido por Kikyou, que era a protetora da joia naquele tempo. Hoje ela iria libertá-lo, apenas para conseguir Inuyasha para sempre e matar Kagome, livrando-se dela de uma vez por todas.
Estava lá, no canto do casebre imundo, uma espécie de espelho fosco, onde a alma pútrida de Norowa estava selada para a eternidade.
— Aqui está você, seu maldito. — um riso sarcástico, brotou no canto dos lábios de Kikyou. — Norowa, saia!
O espelho quebrou em milhares de pedaços, formando uma nuvem brilhante de fragmentos de vidro na sala poeirenta. Ao baixar a poeira luminosa, pôde-se perceber uma silhueta masculina, ajoelhada e ainda com o tronco encolhido no soalho. Norowa estava nu, e vomitava fluidos estomacais, cheios de pedaços de vidro, misturados ao seu próprio sangue.
— Quanto tempo, Norowa. — a jovem sacerdotisa se aproximou, sentando sobre os calcanhares, indiferente ao vômito à centímetros de seus joelhos.
— Muito. — ele ergueu os olhos, sorrindo maldoso enquanto limpava a boca com o dorso da destra. — Sentiu saudade? Ou veio me matar apenas para se divertir?
O semblante da jovem transformou-se com a ousadia do feiticeiro, que mesmo exposto daquela maneira, ainda assim tinha a capacidade de fazê-la sentir-se desconfortável.
— Eu não sou como você, seu porco!
— Não, mas eu gosto. — ergueu o tronco, ajoelhado no chão, totalmente nu. — O que quer Kikyou?
— Quero um acordo. — olhou-o com nojo, quando o viu levantando do chão de forma errante.
— Desculpe, mas não sou um duende que faz acordos. — tossiu, fazendo mais sangue sair de sua boca.
— Não é um pedido... Posso... Posso pagar seu preço...
— Claro que pode, está morta.
Kikyou o encarou com fúria, e emanando energia de sua mão, segurou-o pela garganta. Ele continuou tranquilo, mantendo o olhar dela na mesma intensidade.
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