O anjo.
Há muitos e muitos anos atrás, bem antes das grandes guerras, dos rótulos e das monarquias europeias, em um grande reinado, localizado as margens do rio Han, vivia um solitário rei.
O rei Park era muito jovem, assumira o trono muito cedo, consequentemente casara-se muito cedo também. Infelizmente, a morte levara sua querida MinHee de seus braços, junto ao filho que carregava em seu ventre.
O rei entrara em uma profunda depressão. Comandar o reino ficara por conta de seus aliados, as coisas por suas terras não andavam bem, os súditos clamavam para que o rei retornasse a sua posição, entretanto, Park somente os ignorava.
Ele não comia, dormia ou saía se seu leito, aos poucos sua saúde definhava. Os servos somente observavam com pena o declínio do rei.
Em um dia qualquer, fora obrigado por um de seus amigos a sair daquele quarto. As olheiras adornavam seu rosto junto ao olhar cansado, os fios negros e oleosos de seu cabelos cumprido estavam bagunçados, o hanbok perfeitamente colocado em seu corpo pelas criadas estava amarrotado.
Era notória a sua desordem mental e desolação.
Foi caminhando pelo jardim real que a vontade de chorar perdera-se. Os vastos campos verdes ao redor do palácio tinham muitas flores belas, porém, nada tão belo e maravilhoso como o que vira.
Os soluços baixinhos lhe despertavam curiosidade, passara as mãos por seus olhos, questionando-se se aquilo era real. Pois não parecia.
O corpo nu jogado em meio a grama possuía uma pele extremamente pálida, claramente era um rapaz jovem, de cabelos loiros claros, suas mãos escondiam seu rosto, mas, muito provavelmente, seria extremamente belo como seu corpo.
O rei engolira em seco, sentindo-se maravilhado pelas grandes asas brancas, cheias de penas, que provinham de suas costas.
O que era aquilo?
Em passos incertos e hesitantes, caminhara até o jovem de asas brancas, abaixando-se ao lado do mesmo, tentando fazer o mínimo de barulho possível.
– Por que choras, tão belo passarinho? – O rei indagara em baixo tom, contendo a vontade de tocar as penas alvas. O garoto retirara as mãos de seu rosto, expondo sua perfeita face.
Seu rosto era tão delicado quando o de uma criança, seus lábios eram finos e vermelhos, seu nariz era pequenino e fino, as bochechas eram rosadas e seus olhos puxados possuíam íris cor do mar.
As sobrancelhas do Park arquearam-se, admirado por tamanha beleza.
– Porque eu caí. – Respondera quase num sussurro, tento dificuldade ao falar, pois sua voz falhava.
– E de onde caíste?
– De lá de cima. – O menino apontara para o céu, surpreendendo o rei.
Park questionara-se novamente. Então aquele jovem era realmente um pássaro?
Ou...
Será que ele é um presente dos Deuses?
– Tens asas, por que não voaste? – O rei perguntara.
– Teu coração bate, porém, por que não vives, rei? – O loiro falara enxugando suas bochechas molhadas. Sentara-se sobre a grama, fitando o mais alto de forma curiosa.
– Não achas que é muito curioso, passarinho?
– Queres continuar a responder perguntas com outras perguntas? – O loiro sorrira brevemente, mostrando os pequenos dentes brancos de sua boca.
– Se for para escutar tua voz... Sim.
O rei Park esquecera completamente da morte de sua esposa e filho, aquele “passarinho” roubara seus pensamentos.
O pequenino loiro levantara-se, o Park fizera o mesmo, observando o corpo bonito a sua fronte. A pele tão branca e imaculada brilhava a luz do Sol, suas grandes asas arrastavam-se pelo chão, seu corpo não possuía sexo.
A ideia de amor a primeira vista sempre parecera tola ao ver do rei, mas agora parecia fazer sentido.
Tempo depois ficara conhecido como “O louco rei Park”.
Acolhera aquele jovem em seu palácio, aparentemente, o passarinho estava feliz em sua companhia.
Todos os criados espantavam-se ao ouvir falar de forma tão afetiva sobre o loiro de asas brancas.
Visualmente, o Park estava bem, o rei tão bonito retornara a sua real aparência . Seus olhos grandes e negros estavam mais vivos, suas bochechas estavam mais rosadas, até mesmo deixara de ser tão magro.
Mas, tanto o reino como a criadagem sabia que o rei não estava bem.
Continuara a deixar suas atividades no palácio e no reino para namorar seu tal passarinho. Ficava horas trancado naquele quarto, somente na companhia daquele loiro, sentindo seu cheiro, gosto e textura.
Em uma certa noite qualquer, em meio as juras de amor, o jovem de olhos claros disse que queria voar.
O rei imediatamente concordara, pegando a mão do amado, o guiando até a grande janela de seu quarto. Park abraçara a cintura fina de seu pássaro, deixando que os peitos tocassem-se, possibilitando que um sentisse os batimentos cardíacos do outro.
Sentira como se aquele fosse exatamente o lugar em que deveria estar, nos braços de seu presente dos Deuses.
Serenamente, o jovem levantara voo.
O rei sentira o cheiro doce e os lábios fininhos contra os seus.
No dia seguinte, foi com pesar que os servos tiraram seu corpo morto do jardim real.
Talvez o tal passarinho de olhos azuis no qual o louco rei Park apaixonara-se, fosse somente um fruto de sua deprimida imaginação, para suprir a falta de sua esposa.
Ou aquele jovem realmente existiu. Talvez fosse um “pássaro” traiçoeiro. Nunca saberemos o motivo pelo qual um anjo cai do céu.
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