História O Apocalipse 14 - Manequim

Siena, Itália, 2008

– Doutor, vai demorar muito para chegarmos em Nice, eu sei que é longe mas eu gostaria de saber. – Disse o menino com uma voz ofegante.

– Calma Enrico, paciência pequeno. – Dizia Williams um tanto estressado. – Vamos demorar provavelmente um ano inteiro.

– O que?! Mas professor!… – Retrucou o garoto sendo enterrompido.

– Enrico cala a boca, seu filho da puta! Eu estou tentando te proteger, seu bosta! Se você estivesse sozinho já estaria morto! Precisamos de recursos, Nice é um lugar bom para buscar recursos. – Retrucou o doutor mais bravo que um macaco sem comida.

– Doutor Williams… – Respondeu Enrico com uma espressão triste.

Tucson, Arizona, 2016

Era um dia calmo e ensolarado, claramente uma luz esverdeada vindo diretamente daquele céu sem vida. Os pássaros estavam quase caindo de seu vôo de tão fracos. Os insetos estavam morrendo rapidamente e os cães só lhes restava esperar pela morte já que não tinham donos para lhes dar alimento. Alex e Em estavam a caminho de um shopping ou um supermercado para pegar comida e recursos que poderiam utilizar em sua viagem. Em não demonstrava nenhuma emoção, ele estava com um peso na consciência por ter perdido seus pais, ele ficava cada vez mais abalado só de pensar que não poderia ver seus pais de novo, ele nunca tinha sofrido tanto em sua vida.

– Você tá bem? – Disse Alex com as mãos na cabeça inquieto. Ele também estava triste por ter perdido seus pais, mas deveria seguir em frente, já que ele sabia que todos algum dia iriam morrer de alguma maneira. – Hey, Em.

– Hm? O que? Ah, o que foi? – Em estava com os olhos aguados quase chorando.

– Não fica assim cara, seja forte. Todo mundo morre um dia, não dá para impedir.

– Eu sei. – Respondeu ele secando suas lágrimas com a manga de sua camisa comprida. – É que eu sinto falta deles, cara.

– Todos sentem, eu sinto também, mas não posso ficar me lamentando. Devemos seguir em frente, sabe?

Os dois continuaram o caminho até que chegaram no shopping mais conhecido da cidade (ou o shopping que era o mais conhecido da cidade). Entraram lá e foram direto a um Fast Food, entram na antiga loja e havia um cheiro horrível, a comida estava toda podre e tinham sobras de comida no chão.

– Que nojo, eca. – Dizia Alex tampando as narinas com seus dedos. – Vamos sair daqui.

– Acho que tem meio que um supermercado dentro do shopping na Ala Norte. – Comentou Em não muito confortável com o cheiro.

Enquanto seguiam ao supermercado do shopping, passaram em frente a uma loja de roupas infestada de manequins, porém havia um deles que estava jogado no chão com cortes na barriga.

– Ei, Alex. Olha aquele manequim alí. – Disse Em cochichando com medo de que alguma coisa acontecesse.

– Caralho, que sinistro. Vamos lá ver. – Respondeu ele também cochichando para não chamar muita atenção.

Eles entraram na loja e viram um rastro de manequins esfaqueados na barriga, no rosto e nas pernas, o rastro ia direto a parte restrita da loja, na qual só os funcionários poderiam entrar. Antes de abrir a porta e ver o que poderia ter lá dentro, eles começaram a ouvir gritos de dentro da área. Alex abriu a porta lentamente e viu uma garota bela de olhos azuis, cabelos loiros e cacheados e uma pinta imperceptível em seu rosto ao lado do olho direito. Alex havia sentido algo quando viu a garota.

– Ei, você, o que faz aí? – Disse Em com um tom de voz mais grosso com a finalidade de assustar a garota.

– Não! Não acredito que tem mais de vocês! MANEQUINS IDIOTAS! – Disse a garota correndo em direção aos rapazes com um punhal em sua mão.

Rapidamente Alex apontou a arma para a garota, mas ela não parou, então ele deu um tiro rápido no chão para assustá-la, isso a fez cair no chão com o susto que levou e derrubar o punhal para longe. Com sua arma apontada na cabeça da garota Alex perguntou:

– Quem… é você? – Alex estava com suas mão tremendo de nervosismo.

– Por favor Senhor Manequim, não me machuque… Meu nome é Amberlyn Hills, nascida dia 14 de outubro de 2000, signo Libra, minha mãe se chamava Kr… – Respondeu a garota cheia de medo sendo interrompida por Alex.

– Manequins? Hahaha, eu não sou um manequim, nem ele. – Alex respondeu tirando a arma da cabeça da garota – Meu nome é Alex, e ele é o Em, ele se chama assim porque seu nome é Emily, os pais dele confundiram seu sexo quando ele nasceu, prazer! – Disse Alex com um sorriso no rosto.

– Não são manequins? Então, eu quase matei um cara que agora é meu amigo? Ah, me desculpe, é que meus pais sumiram e eu estou sozinha aqui procurando comida… – Respondeu a menina meio sem jeito.

– Seus pais morreram. – Disse Em numa naturalidade.

– O que…? O QUE?! – Amberlyn estava gritando muito alto enquanto lágrimas escorriam em seu rosto.

– Nossos pais também morreram, mas nós estamos aqui para te ajudar no que você precisar. – Disse Alex tentando acalmar a menina.

– Fazer o que né? – Disse ela se recuperando numa rapidez surpreendente. Parecia até que nem se importava com a família. Ela estava se levantando para pegar seu punhal de volta.

Os três seguiram ao caminho do supermercado para pegar recursos e seguir a jornada. Estavam com a intenssão de pegar mochilas e alimentos.

– Aí, cara. Ela é mais macho que você. Você viu como ela se recuperou rápido? – Disse Alex cochichando para que ela não ouvisse.

– Ah, vai tomar no olho do seu cú! – Respondeu Em estressado com a situação.

Os três seguiram como uma equipe unida ao supermercado.

(Continua!)