História O áugure - I

O céu estava nublado, com nuvens de poluição cobrindo o sol. Eram por volta das 15:00 da tarde, e Octavian acabara de voltar da escola. Ele jogou a mochila azul escuro num canto do quarto e fechou as cortinas. Com os olhos ardendo, sentou na pequena cama, escondeu a cara entre os joelhos e deixou as lágrimas rolarem. O pequeno menino de dez anos tinha levado outra surra depois da aula. Os garotos mais velhos e fortes o jogaram na caçamba de lixo atrás da escola e o chutaram nas costas e no tórax até o inspetor chegar. 
Era o garoto mais magro e esquisito da escola, sendo alvo de piadinhas e bullying diariamente.
"Isso ainda tem volta" pensou " eles vão sentir tudo o que eu sinto. Vão se arrepender de ter mexido comigo"
Levantou-se e foi lavar o rosto. A água fria o encheu de uma energia revigorante. Olhou para o espelho e viu um rosto pálido com cabelos lambidos cor de palha, e olhos azuis cheios de loucura e vingança. Deu um sorriso e riu baixinho. O riso foi aumentando, até virar uma gargalhada macabra e aterrorizante. Nem sabia do que estava rindo. Talvez de sua situação. Parecia tão engraçada, "já que somos um bando de inúteis jogados na Terra" pensou Octavian "do que adianta reclamar? Ninguém vai resolver os nossos problemas mesmo". 
De repente, ouviu a porta da frente ser destrancada. A mãe havia chegado. 
Rapidamente, Octavian abriu a janela e secou as lágrimas que rolaram até seu pescoço e sentou na cama, como se nada tivesse acontecido. Se sua mãe visse que ele teve um momento de fraqueza, ela o mandaria para a rua. Era a regra da casa. 
- Octavian? - sua mãe o chamou, com a voz suave demais. Talvez ela estivesse, finalmente, de bom humor.
- Estou aqui - respondeu o garoto.
Ela entrou no quarto e revistou rapidamente o cômodo, para ver se não achava nada escondido. Era extremamente rígida (vulgo, "neurótica" em relação a cigarros, armas e afins.
Ao ver que não encontrou nada, olhou para o filho com as sobrancelhas franzidas.
- Levante.
Ele levantou com um pulo, com as mãos erguidas em sinal de rendimento. Sua mãe suspirou frustada ao não encontrar nada além de um colchão de molas velho.
- Venha - ela disse - e pegue a adaga.
Apenas isso. E ela foi embora.
Octavian abriu a gaveta da cômoda e tirou de lá uma caixa de sapatos, que dentro havia uma adaga de ferro, com punhal dourado. Sua mãe o dera um dia, dizendo que era um presente do avô dele; o qual o garoto nunca ouviu falar. Calçou os tênis e correu ao encontro da mãe, que vestiu uma jaqueta de couro preta sobre a blusa branca de renda.
- Aonde a gente vai?-perguntou ele, sentando no banco ao lado da sua mãe.
- Você vai receber um treinamento especial - disse ela, ligando o carro - se passar, vai ir para um acampamento e se fizer o que mandei, governará uma legião inteira. E lembre-se: - ela olhou para o filho com os olhos azul gélidos - não conte a ninguém que eu te levei até lá, está me entendendo?
- Ah… sim
Ela deu partida e começou a dirigir 
- Ótimo.