História O bailar de uma sonhadora - Capítulo Único

Seu corpo magro e esguio rodopiava, sua saia bufante preta e branca que se balançava enquanto dançava a fazia parecer uma flor a desabrochar, o rodopio formava no palco vermelho um circulo perfeito, mas que era invisível a quem quisesse olhar.

Sua plateia que repousava nas cadeiras também vermelhas vidrou seu curioso olhar na jovem morena que continuava a rodopiar no mesmo lugar.

Seus pequenos olhos se permaneciam fechados enquanto dançava e girava, mas sua mente estava aberta e podia ver com clareza, o jovem que segurava suas finas mãos com delicadeza.

Ambos passos eram perfeitos, a sincronia era impecável e a suave melodia que tocava ao fundo os guiavam enquanto bailavam, pareciam que estavam a flutuar, talvez estivessem, as asas brancas e negras de seus corpos os podiam fazer voar.

Dançavam eles envoltos de penas claras e escuras que se desprendiam conforme giravam, eram belas penas de cisnes, dos cisnes que bailavam pomposamente.

As penas sumiram, a leveza se foi, havia agora rosas negras como a escuridão que também pareciam bailar no ar, já não havia resquícios da melodia suave, um ritmo urgente e acelerado havia tomado seu lugar, era o ápice, a paixão começava os acompanhar.

Os passos agora mais rápidos lembravam os de uma valsa, eles contavam através da dança uma trágica história que envolvia a sonhadora, o sonho e a realidade, história triste a quem quer que visse.

A música já chegava em suas notas finais, os dois jovens mantinham o ritmo, não desejavam parar de se expressar, aquilo já deixara a muito de ser movimentos, era sentimentos expressos através de seus corpos que incendiavam pela dor.

A melodia foi baixando até não parecer nada além de um sussurro distante dos cisnes que bailavam o seu amor. Se sessaram as notas e então em seu último ato ele a ergueu pela fina cintura, e após um sincero sorriso selaram-se os lábios em um beijo terno de paixão.

A jovem dançarina então abriu seus olhos marejados e do doce sonho acordou, sozinha no frio palco curvou-se em uma reverencia perfeita e aceitou com um gentil sorriso os aplausos e elogios do público comovido por sua história de amor contada através daquilo que era a vida dela, a dança.