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História O Baterista - Don't Think Twice, It's All Right


Escrita por: Lonely_Beatle

Notas do Autor


************************************LEIA-ME********************************************
O CAP SERÁ NARRADO PELA FAITH.
Eae galerinha \o/.
Pow, atualizei em apenas 7 dias!! Mereço um Óscar HDHSYUDGUYSG.
Tenham uma boa leitura, gaslera.

Capítulo 10 - Don't Think Twice, It's All Right


Em toda a minha vida, ao consolar amigas traídas por seus namorados, tentava me colocar em seus lugares e imaginar como eu me sentiria – se ficaria indignada, me sentiria suja ou simplesmente desolada.

Parei de dobrar as roupas de cama e uma incerteza meio infantil tomou conta de mim. Por um tempo, pensei que Thomas estava brincando – soltei até uma risadinha desacreditada, zombando do que ele tinha dito. Quando, enfim, percebi o rosto vermelho e as mãos trêmulas de Ringo, acabei tendo noção do que realmente estava acontecendo.

(...)

Meu primeiro ímpeto foi sentir-me uma idiota por ter acreditado que Ringo seria o mesmo garoto inocente das revistas.

O segundo sentimento a invadir meu corpo foi a culpa. Culpa por não ter escutado Stephen, culpa por ter desafiado meu pai, culpa por ter caído no jogo dele.

Por último, tive pena da sua mulher e do seu filho, frágeis testemunhas daquele crime sem perdão. Não negarei que, por mais estranho que pareça, eu também tinha pena de nós dois.

(...)

Fiquei em choque ao ver Ringo empurrando Thomas, enquanto perguntava-o qual era o seu problema. Meu irmão, nervoso, saiu do quarto. Eu não sabia se ele se sentia culpado ou apenas decepcionado por brigar com seu ídolo. Ao escutar o baque da porta, Ringo depositou o seu olhar sobre mim. Ele se sentou na cama, deixando a cabeça entre os joelhos. Foi nesse momento que, sem reação, eu deixei o quarto.

Passei cerca de cinco minutos no corredor, fungando o nariz a cada passo. Encostei-me na parede, e, depois de muito tempo sem me emocionar com algo, eu chorei. Chorei de soluçar, de encharcar a roupa que vestia. Senti-me ainda pior por não ver ninguém sair de seus quartos para acabar com meu pranto – mas eu não tinha culpa por metade da casa estar dormindo.

Mas, do fundo do meu coração, eu queria que Ringo saísse daquele quarto e dissesse que me amava muito mais do que qualquer outra. Que me amava mais do que absolutamente tudo – mais do que Maureen, mais do que seu filho, mais do que seus pais, mais do que os Beatles.

Mas ele não me amava tanto assim. Nem eu o amava tanto.

Sequei minhas lágrimas e entrei novamente no cômodo. A primeira coisa que eu vi foi o seu rosto vermelho e suado. Ele se assustou ao ver que eu também estava corada, procurando, em seus olhos, uma resposta para o que Thomas havia dito.

– Faith, deixa eu te explicar – ele levantou da cama, segurando meus cotovelos.

Nós dois nos surpreendemos quando eu disse “explique-se”. Eu nunca pensei que seria tão compreensiva – ou idiota – assim.

Porém, em vez de falar, Ringo perdeu o controle, ajoelhando-se e chorando. Eu também acabei derramando-me em lágrimas novamente, e, convencida que não havia nenhuma explicação para ter me enganado, disse:

– Saia, Ringo.

Seus olhos se encontraram com os meus, e então senti meu coração apertar e ficar confuso. Tive medo de que, depois de tê-lo mandado sair, Ringo nunca mais voltasse. Embora soubesse que ele havia omitido para mim toda uma vida, eu ainda o queria por perto, junto comigo.

Porém, não recuei e continuei:

– Eu quero que você saia do meu quarto e da minha casa – ao dizer as últimas palavras, a minha voz sofreu algumas desoladas falhas.

Ouvi seus soluços agudos e o observei tentando secar suas lágrimas – enquanto eu também tentava secar as minhas.

Eu pensei que ele me pediria para ficar, que ele tentaria me convencer de que eu estava errada. Mas Ringo se controlou e levantou-se, com certa irritação no olhar, puxando a porta e saindo.

Eu não me despedi. Ele também não.

(...)

Acho que uma das piores partes foi, simplesmente, escutá-lo arrumando as suas coisas. O baque surdo das rodinhas de sua mala no chão, por fim, me fez voltar a chorar.

Senti que lembraria por muito tempo de quando, ao escutar seus passos pesados no corredor, abaixei-me para ver os seus pés pela fresta da porta do meu quarto. Mesmo depois de tantos momentos juntos, foi nesse ato singelo que me certifiquei de que estava perdidamente apaixonada por ele – e foi nesse segundo, também, que caiu a ficha de que Ringo havia ido embora. 

No fundo do meu cerne, eu já sabia que ele não voltaria para casa. Por isso, à tarde, fui até Kahin e disse que Ringo não dormiria mais aqui. Ele quis saber o porquê e, de imediato, revelei tudo.

– Eu não pensei que, sabe, vocês se gostavam. Por isso nunca disse sobre Maureen – ele se explicou, chateado.

Fiquei com medo de que, nos dias seguintes, a depressão obtida por Kahin pela doença aumentasse. Acho que a esclerose não estava importando tanto assim para ele quando havia um Beatle em casa.

Agora eu vejo que quando Ringo havia dito “todo mundo quer um Beatle!”, em parte, ele dizia a verdade.

Mais tarde eu precisei dizer ao resto da família que os nossos fins de semana, agora, seriam menos movimentados. Falei que Ringo entraria em turnê, e, assim, nós demoraríamos a vê-lo novamente. Meu pai comemorou, enquanto a minha mãe murmurou algo como um “que pena”.

Thomas conversou comigo como se nada tivesse acontecido. Porém, não o culpei pelo o que havia dito pela manhã. A verdade sempre dói, mas temos que arcar com ela.

Por fim, não sei se preciso dizer que dormi à noite ou se esbocei alguma forma parecida com a de um sorriso no resto da semana.

(...)

Duas semanas após a ida de Ringo, eu já estava reconstruindo meus dias. Porém, Highway 61 Revisited continuava tocando todas as tardes, e dezenas de revistas teens com os Beatles na capa permaneciam em cima da minha cama.

Foi quando, de surpresa, o carteiro me entregou uma correspondência no caminho de volta para a faculdade. Hawking, que ia uns metros na frente, voltou um pouco e pegou a caixa para mim.

– Ah, é daquele otário traidor. Manda devolver, Faith – ele disse.

Eu dei um pulo, sabendo muito bem quem era o tal otário traidor. Surpreendendo Stephen, peguei a caixa e corri a pequena distância que faltava até a minha casa. Ele me seguiu, talvez curioso para ver o que era.

Quando me sentei no jardim e abri o pacote, uma onda de espanto me atingiu.

Mais um disco, The Freewheelin’ Bob Dylan.

Suspirei. Dar-me outro vinil do Bobby era algo bem no estilo de Ringo. O meu maior susto, porém, foi ver a longa e complexa carta que acompanhava o disco, bem diferente dos românticos versinhos que vieram junto com o outro álbum.

Sem mais explicações, mandei que Stephen me seguisse até meu quarto. Chegando lá, sentei-me e comecei a ler a carta.

(...)

Londres, 9 de Setembro de 1965.

À menina falsa pra quem jurei o meu amor,

Tenho medo de que esta carta fique gigante, porque é muita coisa entalada dentro de mim. Eu queria ir à tua casa e despejar as palavras na sua frente, mas me falta coragem.

O assunto principal desta carta é a tua ignorância perante o que seu irmãozinho otário disse. O meu casamento é aberto, e tanto eu quanto a Maureen nos relacionamos com quem quisermos. Sendo assim, eu não a traía.

Não sei se você tem algo contra eu ter um filho, mas saiba que ele é um garoto amável e que eu o adoro. Se, por acaso, nós nos perdoarmos, você também terá que amá-lo muito. Porém, não espero que eu te desculpe pela humilhação que me fez passar. Eu estive ajoelhado aos seus pés e, mesmo assim, você mandou que eu saísse da tua casa.

Mas fique tranquila, pois não serei arrogante como você foi comigo. A sua raiva é justificável, e juro que estou tentando entender ao máximo os seus motivos. Porém, não consigo compreender nenhuma grosseria vinda de você – uma garota tão amável e única.

Tentei imaginar você estando casada com Stephen ou com qualquer outro cara sonso, sem que eu soubesse. No entanto, acho que eu continuaria te amando do mesmo modo.

Você é uma menina linda e eu te amo – mas, há algumas semanas atrás, você foi cruel e fria em não me entender.

Eu cheguei a cogitar a ideia de te dar meu coração, mas nem um próprio você tem.

Coloque este disco para tocar e ouça bem o que Dylan diz em “Don’t Think Twice, It’s All Right”.

Com amor e certa tristeza,

Ringo Starr.

(...)

Quando eu terminei a carta, entre lágrimas e soluços, Stephen me acolheu em seus braços fracos, já debilitados pela doença.

“’Adeus’ é uma palavra boa demais, querida

Portanto direi apenas ‘passar bem’

Não estou dizendo que você me tratou mal

Você poderia ter feito melhor, mas não me importo

Você apenas me fez perder meu precioso tempo.”


Notas Finais


Referências do capítulo:
Refrão de Bolero - Engenheiros do Hawaii;
Faroeste Caboclo - Legião Urbana.
Cabe a vocês achá-las em meio ao capítulo kkk, mas tá super fácil.
~~~x
Pow, fiquei mó brava com o Rings ao fazer esse capítulo. Não sei se a carta dele vai convencê-los de que a Faith foi falsa, mas pra mim o falso da história foi ele mesmo kkkkk (não que isso seja um spoiler, só coment sobre o cap).
~~~x
Link de Don't Think Twice, do Bob Dylan: https://youtu.be/yZPh3hpxLKs
Deem uma lida na tradução dela depois, queria colocar mais partes no cap, mas iria ficar muito longo.
~~~~x
Bem, espero que vocês tenham gostado!! Muito obrigada pelos comentários de vocês, fico super alegre em ler que tem pessoas gostando da minha história <333.
Obs: quem quiser me enviar discos do Bobby pelo correio, eu tô aceitando (mesmo que venha com cartas me xingando, eu não ligo).
Beijooouss <333.


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