História O beijo mais doce é o beijo da morte - O estranho encapuzado

     Deitei na minha cama,ainda com as imagens do acidente cravadas no meu cérebro.Não consegui pensar em mais nada,como se eu estivesse em estado de transe.Talvez eu esteja mesmo traumatizada por causa do acidente que sofri há dois meses atrás.Eu pensei que não tivesse me afetado psicologicamente,mas pelo jeito estava errada.Mas não foi só isso,eu senti algo diferente...Como uma presença,como se alguém me vigiasse o tempo todo.
        Fechei meus olhos e deixei que os pensamentos me dominassem,até que,palavras se formaram em minha mente.

       Eu sempre estive com você...Todos os dias de sua vida.Eu lhe arranquei do seu sono eterno,mas me pergunto se fiz a coisa certa...

       Isso não foi um sonho,foi real.Alguem está querendo se comunicar comigo.Eu acho que estou ficando louca...Mas se for isso,então tudo bem.
       Pensei tanto que acabei pegando no sono.

        Eu estava novamente no cemitério.A penumbra da noite tornava a paisagem assustadora.Percebi que minhas roupas estavam diferentes,usava um vestido longo de seda cor de pergaminho envelhecido.De repente eu o vi...A figura de sempre,com seu capuz cobrindo o seu rosto.Ele se aproximou de mim e começou a subir o capuz de vagar.Eu estava muito curiosa para enxergar seu rosto.Mas quando tirou o capuz por completo,eu vi...Nada...Ele não tinha uma face...Como?...Como?

      Acordei assustada novamente,esses pesadelos estavam começando a me incomodar.Mas dessa vez foi diferente.Senti que algo diferente aconteceria comigo hoje.
     Fiz minha higiene matinal.Coloquei o uniforme com uma calça e uma jaqueta de moletom.Prendi meus cabelos escuros em um coque alto.Adentrei a cozinha,minha mãe e meu irmão me saudaram:
__Bom dia!
__Bom dia!__Respondi.
      Coloquei café em uma xícara e o tomei,puro,sem açúcar,sem leite.
__Você tá bem filha__Perguntou minha mãe.
__Estou bem mãe __Respondi tentando soar confiante.
      Calsei meus tênis de corrida,já que hoje teria educação física.Minha mãe pegou as chaves e abriu o carro.Meu irmão entrou no carro em silêncio com seus fones de ouvido.Sentei-me no banco ao lado da minha mãe.Ela ligou o carro,e partimos rumo a escola.

     As três primeiras aulas já haviam se passado,agora eu estou no saguão comendo um sanduíche natural,sozinha mais uma vez.Estava tudo tranquilo,até a mesma loira de ontem esbarrar em mim,mais uma vez,e nem se preocupou em fingir que foi um acidente.
__Qual é o seu problema?__Perguntei irritada.
__Qual é o meu problema?__Repetiu incrédula __O meu problema é você!__Gritou dando meia volta e se afastando.
        O que eu fiz pra ela?Ela é louca!
     
       As duas últimas aulas passaram lentamente tediosas.Eu conheci o professor de sociologia e a professora de geografia.M as não falei com ninguém a aula inteira,definitivamente eu virei uma "anti-social".
      O sinal tocou anunciando o fim da aula.Dei um jeito de sair antes de todo mundo,quando cheguei na entrada,minha mãe ainda não havia chegado.Olhei em volta procurando meu irmão,mas o que eu vi me deixou em choque...É ele...A figura encapuzada do meu sonho,exatamente igual,segurando uma foice,como no sonho.Mas de repente,passou um garoto na minha frente,e a figura encapuzada desapareceu."Será que foi minha imaginação? Será que eu estou delirando?...Ou foi mesmo real.Mas por que só eu o vi?Devo estar delirando.
__Aly!__Chamou,minha mãe.
       Entrei no carro em silêncio e pensativa.
__Tudo bem?__Perguntou.
__Tudo__Respondi com um meio sorriso.
        Observei a estrada pelo vidro da janela.Quando passamos pelo cemitério,eu o vi de novo."Eu estou ficando louca,mas dane-se".Ao julgar pela capa e pela foice,só posso dizer que vi a morte.

       Não vou mais me importar com as consequências,eu preciso te avisar... Você precisa saber...

     Novamente as palavras se formaram em minha mente."O que está acontecendo?".

      Voltei pra casa,ainda pensando no que estava prestes a fazer.Almocei apreçada.Tomei um banho rápido e vesti uma calça jeans com uma camisa xadrez.
      Avisei minha mãe que iria passear pela cidade para conhecer melhor,m as minha intenção era outra."Posso estar ficando louca...Mas eu acredito no sobrenatural".Posso estar delirando,mas eu acredito que exista coisas no mundo que o ser humano é incapaz de intender.E por isso sou taxada como louca.