História O Brilho da Escolhida - Mamoru kara

-Loki-

Estávamos todos reunidos perto de um banco daquela praça esperando Takeru voltar com Yui. Ela tinha saído correndo como um furacão do jardim da pensão. A seguimos até essa praça, mas depois disso a perdemos de vista. Nos separamos para procura-la, mas não a encontramos então nos reunimos aqui. Takeru era o único que ainda não tinha voltado, deduzimos que ele a havia encontrado.

Rá havia nos dito que o emocional de Yui estava abalado, na hora pensei que ele tinha cometido algum engano. Desde que a havia conhecido consegui ver sua coragem e determinação, mesmo nos momentos ruins e complicados ela confiava que as coisas iriam se resolver. Mas quando a vi hoje parecia que estava diante de uma pessoa completamente diferente. Estava tão indefesa e confusa, não parecia a mesma menina valente de antes.

Esperamos por mais alguns minutos até que avistamos os dois se aproximando..., mas de mãos dadas!? O que significava isso? Meu sangue estava começando a esquentar e podia apostar que meus punhos já estavam cerrados prontos para acertar um belo de um soco na cara daquele desgraçado. Olhei para meus amigos e parecia que eles estavam na mesma situação que eu, bem pelo menos eles estavam tentando se controlar, mas eu não sabia se conseguiria fazer o mesmo que eles.

Estava pronto para começar uma briga com Takeru quando vejo seu rosto. Mesmo estando um pouco mais calma que antes ela ainda parecia estar um pouco assustada, abaixo meus punhos e tento retornar à minha sanidade, eu queria conquista-la, não a afastar ainda mais.  

Todos nós fomos a seu encontro quando estavam a alguns metros de nós, tentei trocar minha carranca por um sorriso e segui meus amigos. Todos a cumprimentaram e começaram a falar como tinham sentido sua falta e coisas do tipo. Fiquei calado a maior parte do tempo, acho que se abrisse a boca para dizer algo acabaria falando alguma grosseria. Mesmo estando conosco ela ainda parecia não estar muito segura de si, não podia fazer ela se afastar ainda mais de mim, não outra vez.

Mas porque ela não soltava a mão dele? Ele segurou a sua mão até voltarmos à pensão e só a soltou quando ela subiu para arrumar as suas malas para vir para a nossa casa. Os deuses haviam dito mais cedo que nós deveríamos conquistar o coração dela, mas não tinha imaginado que começaríamos a fazer isso a partir do momento em que a encontrássemos. Quando vimos sua silhueta sumir quando ela virou o corredor encaramos, todos ao mesmo tempo, Takeru e começamos a lhe faze um questionário do porque ele parecer estar tão íntimo de Yui, o questionário continuou até a volta dela à sala, onde a esperávamos, com suas malas já em mãos.

A viagem de carro até a mansão em que estávamos hospedados foi rápida e bem animada, todos conversávamos alegremente e a sua timidez parecia se distanciar um pouco mais, a cada palavra trocada, dando lugar a menina que havíamos conhecido em nossa tão preciosa Academia Proibida. Quando chegamos a nosso destino Tsukito ofereceu-se para ajudá-la a levar sua bagagem até seu quarto, depois disso a deixamos um tempo sozinha para que se ajeitasse em seu novo quarto e fomos até a sala de estar, onde uma empregada nos informou que Toth nos aguardava.

-Atrasados – ele disse quando entramos na sala com a carranca de sempre. – Por que demoraram tanto?

-Tivemos alguns contratempos – pronuncia-se Apollon –, o emocional da Fada parece estar pior do que pensávamos.

Toth pareceu ignorar o que Apollon acabara de dizer. Ele se levantou e foi até um armário pegar algo, depois veio até nós e distribuiu um pedaço de metal e vidro de forma retangular para cada um de nós. Me perguntava o que poderia ser esse estranho objeto.

-Isso é um celular, este serve para vocês se comunicarem entre si, ele possui algumas outras funções que depois vocês podem perguntar para Kusanagi. O lugar que vivem agora não se limita mais em apenas um território demarcado por Zeus, a Terra é maior que isso, e com isso vocês podem se encontrar de uma maneira mais fácil. O número de todos já está gravado no aparelho de cada um – ele se vira para a janela e faz um sinal para que saiamos do cômodo.

-Yui-

Depois de Tsukito me deixar sozinha em meu quarto comecei a arrumar minhas coisas nos armários do quarto. Depois de mais ou menos uma hora termino a arrumação, me lembrava de ter trazido apenas algumas coisas comigo quando me mudei para a pensão, mas depois de ter terminado essa arrumação percebi que acabei trazendo bastante coisa de casa. Estou me sentando na cama para descansar um pouco antes de descer para baixo quando reparo em uma coisa diferente em minha cama, nela havia uma boneca de pano cheio de remendos que parecia estar... dormindo?

-Melissa? - Ele parece começar a acordar, esfrega um pouco seus olhos e boceja.

-Oh, Kutanagi. Finalmente você chegou, não via a hora de te encontrar novamente. Sabe, foi muito rude da sua parte, você voltou para casa e nem se dignou a se despedir – ele começou a dizer tentando me provocar.

-Ora Melissa, eu não tive escolha, mesmo insistindo os deuses não me deixaram ficar. Mas fico feliz que pude vê-lo mais uma vez. Você vai ficar aqui comigo, não é?

-Sim, sim. Vou ficar aqui até o plano de Zeus se cumprir.

-Que bom saber que você vai ficar aqui comigo. Mas qual será o plano de Zeus agora?

-Bom, eu não sei. Apenas fui encarregado de tomar conta de você.

Fico duvidosa, achei que o seu plano de fazer com que os deuses entendessem o coração humano já tinha se cumprido. Mas para que ele precisaria de mim nesse seu novo plano? Bem, isso não importava agora, o importante era que eu podia novamente estar com eles. E esperava que esse plano demorasse bastante para que fosse cumprido.

Ia descer para me encontrar com os meninos quando percebo que ainda estou usando o uniforme da escola, fiquei tão envolvida na arrumação do meu novo quarto que tinha até me esquecido de trocar de roupa. Vou até meu guarda-roupa e escolho um vestido branco de renda de alcinhas, me troco, solto meus cabelos e desço até a sala de estar. Como não encontro ninguém por lá quando chego no cômodo decido ir explorar o que seria a minha nova casa.

Andando por ela encontro um lindo jardim decorado com várias rosas brancas, o adentro e sento-me debaixo de uma árvore. Fico espantada quando olho para o céu e vejo que ele já estava escuro, o tempo havia passado tão rápido e eu nem tinha percebido, mas mesmo não podendo ver mais o céu azul do dia estava encantada com o céu noturno, as estrelas brilhavam e enfeitavam o negro céu noturno e a lua iluminava a noite espantando as trevas. Tinha que me encontrar com os meninos, mas estava me sentindo tão tranquila aqui, os meus dias podiam ser assim como essa noite: tranquilos e serenos.

-Loki-

Estávamos todos na sala tentando descobrir como mexer naquele tal de celular, estávamos tentando fazer aquela geringonça funcionar desde a hora que Toth a havia nos entregado. Aquela invenção humana era bem interessante, mas ao mesmo tempo era complicada de se mexer, acho que depois teríamos que pedir a ajuda de Yui para com isso. Estava quase desistindo de tentar entender esse troço quando uma das empregadas da casa entra no cômodo e nos avisa que o jantar já estava sendo servido, nos levantamos e nos dirigimos para a sala de jantar quase que correndo, acho que todos nós estávamos famintos.

Quando adentramos a sala de jantar Toth e Anúbis já estavam sentados em seus lugares nos aguardando para começar a comer, a única que não estava lá conosco era a Yui. Esperamos por ela por alguns minutos, mas não havia nem sinal dela, será que havia acontecido alguma coisa com ela? Uma das empregadas já deveria tê-la avisado sobre o jantar, mas porque ela ainda não havia aparecido? Preocupado me ofereço para ir chama-la, como não tinha falado com ela até agora por causa de meu nervosismo acho que agora seria uma ótima oportunidade, e além do mais os outros pareciam estar famintos. Digo para que começassem a comer antes da gente e saio em procura dela. Primeiro vou até o seu quarto, mas não a encontro lá, começo a procurar por toda casa até que, quando estava passando pela biblioteca, a vejo sentada debaixo de uma árvore no jardim pelajanela do cômodo.

Ela estava tão linda ali, a luz da lua refletia nela fazendo com que ela brilhasse como o céu daquela noite, o seu vestido branco fazia com que ela se destacasse entre as rosas do jardim, a tornando a flor mais bonita de lá e seu sorriso era tão sereno quanto a manhã. Colho uma das rosas do jardim e me aproximo devagar de onde ela estava.

-Yo-hoo Koneko-chan! – Digo enquanto lhe estendo a rosa em minha mão. – Aproveitando a noite?

-Uhum – diz ela enquanto pega a rosa e a cheira –, a noite estava tão linda que resolvi ficar aqui um pouquinho para aprecia-la – ela diz em com um sorriso meigo.

-E será que eu posso te acompanhar? – Ela assente com a cabeça e eu me sento ao seu lado. Ficamos em silencio por um tempo até eu resolver quebra-lo: – Hoje foi uma loucura, não é?

-Foi mesmo, desculpe por tê-los preocupado mais cedo – ela diz e suas bochechas coram um pouco. Sorri, ela conseguia ser mais fofa a cada segundo que se passava.

-Não foi nada, mas eu fico feliz por você estar bem agora. Sabe, também fiquei espantado quando Zeus nos disse que viríamos para a Terra para te encontrar, mas também fiquei muito feliz, depois de ter mandado você de volta para casa nós concertamos toda aquela bagunça que aconteceu e voltamos cada um para seu mundo, eu achei que não te veria mais depois daquilo. Que bem que eu estava errado, você não... – Sou surpreendido por um abraço dela, mas demoro apenas alguns instantes para retribui-lo.

-Não vai em bora de novo, por favor... – Ela diz em um quase sussurro. Sorrio, essa Yui é um pouco diferente da menina que tinha conhecido a um ano antes, mas ainda era a minha Yui.

-Não precisa mais se preocupar, eu vou te proteger de agora em diante.

Continuamos ali por mais um tempo, ela continuou a me abraçar até eu perceber sua respiração ficar um pouco mais leve e calma. Ela tinha adormecido. A noite estava ficando um pouco mais gelada e uma brisa fria estava começando a soprar pelo jardim de rosas, se ela continuasse dormindo aqui provavelmente acordaria amanhã com um resfriado. Peguei-a no colo e a levei até seu quarto, a acomodei em sua cama e a cobri com um cobertor. Ela dormia serenamente, antes de sair deposito um beijo em sua cabeça.

-Oyasuminasai Koneko-chan.