História O Brilho da Escolhida - Suki Dakara

-Yui-

O dia hoje na escola foi melhor do que o de ontem, com os meninos lá comigo me senti um pouco mais tranquila, os alunos da S.A. que tinha conhecido ontem foram bem gentis comigo, mas era bem diferente de quando estava com os deuses.

As aulas tinham acabado às quatro, o horário normal, não me lembrava de ficar tão cansada assim depois da escola como fiquei hoje, as aulas de Toth eram bem puxadas, mas não a ponto de me deixar cansada assim, esperava que não fosse assim até o fim do ano. Depois que a aula acabou um carro já nos aguardava na saída do prédio da escola.

-Vamos para casa Fada – disse Apollon segurando minha mão.

-Casa? – Pergunta Ryuu um pouco confuso com a fala de Apollon.

-É sim, para casa – Loki começa a falar enquanto colocava seus braços envolta de meus ombros –, afinal ela mora com a gente, não é Koneko-chan? – Ele beija minha bochecha depois de dizer isso.

Sinto minhas bochechas ficarem vermelhas com seu ato e meu coração começar a palpitar dentro de meu peito. Minha cabeça já não estava processando as coisas direito, meu coração batia forte, minha respiração parecia começar a ficar ofegante e aquele nervosismo de hoje de manhã voltava rapidamente. Acho que havia perdido o controle das coisas por que tudo o que lembro de antes de eu entrar no carro era de Apollon me puxando pela mão em direção ao carro deixando Ryuu, com uma cara esquisita, e os outros para trás. Passei o resto da viagem de carro de cabeça baixa e quando chegamos não esperei pelos outros e fui direto para o quarto.

Mesmo tendo sentido muita a falta deles e querendo encontrar com eles de todas as formas o que Loki tinha feito ainda era demais para mim, a eu de antes ficaria apenas envergonhada com o que tinha acontecido, mas a eu de agora não conseguia processar aquilo, era coisa de mais para meu estado de agora.

Fechei a porta do meu quarto com força e a tranquei. Ainda não tinha percebido, mas de meus olhos as lágrimas não paravam de cair, pouco a pouco deixei o choro correr livremente por minha boca. Melissa não estava no quarto então só me joguei na cama e continuei a chorar acho que até dormir.

-Ryuu-

Eu fiquei parado lá com uma expressão surpresa enquanto a via sendo levada por Apollon para longe de mim.

Não era como se eu tivesse algum tipo de relação especial com ela, mas porque o fato dela morar junto com eles me deixou tão incomodado? E porque Loki tinha lhe dado um beijo? Arg!! Eu já não entendia o que se passava comigo hoje. Primeiro foi aquela ansiedade por vê-la novamente, depois foram aquelas reações esquisitas que tive com as coisas que eles fizeram ou falaram para ela e agora esse incomodo que eles deixaram dentro de meu eito quando Loki a beijou e Apollon a levou embora. Isso era muito esquisito era até como se eu estivesse... apaixonado?!

Não, mas isso não podia acontecer! Quero dizer: eu tinha conhecido ela ontem, não tem como uma pessoa se apaixonar de um dia para outro, não é? Isso era loucura! Mas, e se não fosse? Isso nunca tinha acontecido comigo antes, eu não sabia o que eu tinha que fazer. Deveria me declarar? Ou chama-la para um encontro? Ou, ou...

-Acho que agora você entende o que eu quis dizer, não é Ryuu? – Diz Kei enquanto eu tentava não pirar – Tadashi? – Chama Kei e ele assente, vindo para perto de nós dois e apoiando um dos braços sobre eu ombro.

-Desculpe meninas, mas vocês vão ter que voltar sem nós, temos que ter uma conversa com o Ryuu, né Kei? – Ele assente. – Então vamos? – Ele diz para mim, não estou entendendo mais nada, mas apenas assinto com a cabeça e começo a andar.

-Ryuu-nii? – A voz de Jun me desperta de meu transe (ou quase loucura) e me faz olhar para trás, ele e Megumi pareciam estar preocupados. Antes que eu pudesse dizer algo Akira lhes diz algo que não consigo compreender e os leva embora junto com Hikari. Kei me dá uns tapinhas nas minhas costas e continua a andar.

Sim Kei, agora eu entendia.

-Yui-

Acordo com o sol em meus olhos, bocejo e esfrego os olhos que ainda pareciam estar úmidos por causa do choro de ontem. Pego meu celular que me indicava que eram 6:30 da manhã, esse horário era perfeito, assim poderia me aprontar e sair antes que eles me vissem. Eu os encontraria na escola, claro, mas acho que até lá conseguiria me preparar para conseguir vê-lo novamente. Não sabia o que poderia acontecer se ficasse de frente com Loki agora, provavelmente não conseguiria manter a compostura e acabaria deixando as lágrimas de pavor correr soltas por meu rosto ou até fugiria. Bom, em todo caso deixaria um bilhete para que eles não se preocupassem.

X.X.X

Por ter saído mais cedo de casa consegui chegar um pouco antes do horário de entrada, dessa vez não precisei lidar com a multidão de alunos de ontem, quando os portões se abriram havia apenas algumas pessoas então consegui passar pelo pátio da entrada rapidamente e chegar à estufa da S.A. Pensei não haveria ninguém lá por causa do horário que eu tinha chegado, mas quando abro a porta do lugar me deparo com Ryuu sentado em uma das cadeiras da mesa de chá acariciando o mesmo coelho branco do outro dia. Ele parecia um pouco surpreso e me ver. Tento dar um sorriso amigável enquanto me aproximo.

-Acho que não fui a primeira a chegar hoje... – tento começar uma conversa para evitar que um silencio constrangedor preenchesse o lugar.

-Bem, é o que parece – sento-me em uma cadeira próxima a dele. Ele viu que continuava a olhar o coelho branco como no outro dia e o estendeu para mim. – Lembrei que você tinha dito que gostava de coelhos então trouxe ele de novo hoje.

-Obrigada – coloco ele em meu colo e começo a acaricia-lo.

De pouco em pouco os outros foram chegando, conversávamos amigavelmente, mas quando Akira começou a servir o chá ouço a porta da estufa se abrindo e logo os vejo entrando por ela. Assim que me veem todos eles correm ao meu encontro, pareciam estar preocupados.

-Fada! Porque saiu de casa antes da gente? – Diz Apollon ofegante assim que chega perto de mim. – Você deixou todos nós preocupados – diz ele e os outros concordam.

-Err... É que eu estava querendo dar uma caminhada – invento uma desculpa esfarrapada, eles parecem desconfiar de minha resposta, mas fingem que entendem perfeitamente o que acabo de dizer como se essa fosse uma resposta aceitável. Bem, se eles fingiram que não notaram meu comportamento estranho eu também faria o mesmo.

Como as coisas estavam indo acho que conseguiria aguentar até a hora da saída, penso, mas essa minha confiança vai embora quase que de imediato quando Loki senta na cadeira vaga ao eu lado, ele olha para mim e dá um daqueles sorrisos travessos dele, tento sorrir de volta, mas acho o que se formou em meus lábios foi mais uma careta do que um sorriso amigável. Tento me controlar, mas sinto as lágrimas implorando-me para saltar fora dos meus olhos e meu coração batia tão forte que me fazia ficar mais e mais nervosa.

-Com licença – digo sem mais conseguir me conter e saio da estufa meio que andando e correndo ao mesmo tempo. Quando chego a um ponto meio afastado da estufa de vidro e da multidão de alunos ouço uma voz me chamar:

-Yui! – Oh, não. Loki.

-Por favor, me deixa em paz – falo bruscamente e agora começo a correr para mais longe.

-Não. Yui, por favor me escuta. Deixa eu me explicar.

-Não! Vai em bora! Eu não consigo – A esse ponto já tinha parado de correr e as lágrimas escorriam sem parar por meu rosto –, você não entende...

-Não, você é que não entende! – Ele se aproxima mais e me segura com um abraço, sua proximidade me deixa congelada sem poder fazer nada além de ficar lá e ouvi-lo falar. – Aquela noite você me pediu para não ir mais em bora, mas agora sou eu que te peço isso: não vai em bora, não fica mais longe de mim, não me deixa mais sozinho.

-Por que...? – Indago em um quase sussurro.

-Porque eu te amo! Yui, eu te amo. Eu te amo! – Agora conseguia sentir lágrimas quentes caiando em meu ombro. - Eu não posso mais esconder esse sentimento, não posso deixar você ir de novo como daquela vez. Então por favor, fica aqui comigo.

Suas doces palavras ditas, desesperadamente, no calor do momento não fizeram com que minhas lágrimas parassem de cair, mas as lágrimas que escorriam por minhas bochechas agora não eram de medo ou pavor, eram de alívio. Eu só o abracei de volta e deixei as lágrimas correrem livres sem mais nenhuma restrição ou sentimento de dor.

Ele me amava?