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História O Café do Diabo - Capítulo Único


Escrita por: UliEvee

Notas do Autor


Para quem pensou e repensou inúmeras vezes essa one-shot... Desde "Missão: Festa de Aniversário" até "Café com aroma de... MinSeok?" (risos), eu realmente espero que vocês gostem dela!
Boa leitura!!!
P.S: Por favor, leiam as notas finais!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction O Café do Diabo - Capítulo Único

Todos os dias, sou despertado de meu sono com aquele cheiro forte, quente e gostoso de café. E, por mais que eu negue, não há como esconder um sorriso em meus lábios, enquanto me arrasto até o banheiro, a fim de iniciar minha limpeza matinal. Era possível ouvir o cantarolar suave vindo da cozinha, assim como o tilintar das colheres e das xícaras. Vesti-me apropriadamente e caminhei para fora do quarto, onde avistei o pequeno anjo trajando minha camisa de basquete, enquanto concluía seu preparo de café da manhã. Recostei-me na entrada, assistindo o menor mover-se com maestria no espaço antes de finalmente parar após um susto.

_ Eu... Não o ouvi chegando. – murmurou.

_ Bom dia. – cumprimentei-o, me aproximando e abracei-o por trás, afundando meu rosto em seu pescoço. – Seu cheiro é tão bom.

_ YiFan... – riu baixinho, ainda segurando os recipientes de açúcar e de leite em cada mão. – Deixe-me terminar de servir à mesa.

_ Tudo bem. – concordei, assistindo-o escapar de minhas mãos e mais uma vez rodopiar pela cozinha. – À proposito, hoje é a final, não é?

E pude, por um instante, perceber o quão tenso seu corpo ficou. Pelo que eu sabia, MinSeol participava de uma competição nacional de cafeterias, onde os maiores críticos e especialistas de café se reuniam num grande evento, a fim de nomear publicamente, qual era a melhor cafeteria da Coréia do Sul. Quanto aos finalistas, o estabelecimento do menor era uma delas. Todavia, eu não esperava que o mais velho ficasse tão nervoso com essa final. Caminhei até o menor e o abracei novamente, enquanto sua respiração estava falhando.

_ Calma. – sussurrei em seu ouvido. – Você vai ganhar a competição.

_ O problema não é esse. – sussurrou em resposta. – O... O meu irmão... Ele é um dos juízes-avaliadores.

_ Está falando de...

_ Sim. – concordou, me olhando. – Kim MinSeok. E... Ele disse que viria me ver hoje.

_ Hoje? Aqui?

MinSeol concordou. Bufei. Só podia ser brincadeira. Já não bastava namorar o irmão gêmeo mais novo, ainda teria que me virar com o próprio diabo. Por que sim. Kim MinSeok pode até ter as mesmas feições fofas – algo que percebi ser genético, pois a irmã mais nova deles, MinHa também tem as bochechas grandes e olhar infantil – que o irmão, mas quando se tratava de preparo de café, ele se tornava o seu pior inimigo. Quando o vi nas primeiras fases do evento, ele não era um dos juízes. Então por que raios o escolheram para avaliar?

_ YiFan... – murmurou, se virando e me abraçou. – Eu... Eu estou com medo. Você sabe que o MinSeok-hyung é bem rígido quanto ao café...

_ Acalme-se. – pedi, afagando seus cabelos castanhos e bem arrumados num topete. – Mesmo ele sendo seu Hyung, acredito que lhe dará uma resposta positiva do seu trabalho.

_ Mas e se ele não gostar? – desesperou-se.

_ Escute. – comecei, segurando seu rosto em minhas mãos. Era possível ver seus olhos marejarem gradativamente. – Eu convivi com MinSeok por longos anos e conheço seu irmão tanto quanto conheço você. E eu sei que ele não pegaria tão pesado nessa competição.

_ Você acha mesmo? – murmurou.

_ Sim. – assenti.

Mas antes que eu pudesse finalmente tomar aquela boca pequena e carnuda num longo beijo, a maldita campainha soa pelo apartamento. Respirei fundo, escutando sua risada baixinha e recebi um discreto selar, enquanto o menor caminhava até a porta. Fiquei observando-o tocar a maçaneta e, ao abrir, meu coração deu um salto. Do lado de fora, trajando uma camisa branca e calça jeans preta com botas de couro, o loiro de igual semelhança ao meu namorado desviou os olhos do chão para o irmão mais novo, onde um sorriso tranquilo transpareceu em seus lábios. E, como se não bastasse, o diabo encarnado estava usando uma gargantilha com um pingente de floco de neve no pescoço.

É nisso que dá, você namorar o irmão gêmeo mais novo e arrastar quarenta caminhões pelo gêmeo mais velho.

_ Hyung! – sorriu MinSeol, abraçando-o com força. – Que bom te vê.

_ Posso dizer o mesmo, Seollie. – sorriu o outro, afagando seus cabelos e, ao desviar os olhos para mim, sua sobrancelha se arqueou. – Não acredito. Ainda está namorando esse troço? Tanta gente bonita no mundo e você está com essa... Aberração?

_ Oh, por favor, não comecem! – pediu o mais novo, soltando-se do outro e alternou a atenção entre nós. – E você sabe que eu gosto do YiFan.

_ Sorte minha não ter namorado você, MinSeok-hyung. – rebati a farpa, vendo-o estreitar os olhos. – Afinal, só o Jongdae mesmo para suportar você!

_ Hã... Yifan. – pigarreou MinSeol, enquanto MinSeok respirou fundo, baixando a cabeça. – O Seokkie-hyung e o Dae terminaram ontem.

Pisquei surpreso, enquanto o mais velho apenas entrava no apartamento e se aproximava da mesa, acomodando-se em seguida. Desviei os olhos para MinSeol que explicou rapidamente o que havia acontecido entre eles. Parecia que Jongdae havia traído MinSeok com Junmyeon e antes disso, a relação deles já estava indo por água abaixo. Suspirei arrastado, sentando-me à mesa logo após o castanho fazê-lo e servirmo-nos.

_ E como andam mamãe e papai? – MinSeol tentou mudar de assunto.

_ Estão bem. – murmurou. – Papai está feliz por você estar na final e mamãe está reunindo quase toda a vizinhança para torcer por você.

_ E MinHa? – continuou.

_ Parece estar mais nervosa do que você. – deu de ombros e MinSeol riu baixinho. – Mas, e você? – o olhou. – Está nervoso?

_ Bem... – e baixou os olhos, corando levemente. Por baixo da mesa, estiquei minha mão e segurei sua semelhante, incentivando-o a continuar. – Um pouco, mas... É natural, não é?

_ Sim. É natural. – assentiu, tomando um generoso gole de café.

_ É verdade que você será um dos avaliadores? – questionei, vendo-o desviar os olhos felinos em minha direção. Oh, droga.

_ Sim. – respondeu. – Por que a pergunta?

_ Então, você poderia fazer o MinSeol vencer a competição. – fui direto.

_ Mas isso seria trapaça, YiFan. – o menor me olhou.

_ Além, é claro, de que seria favoritismo. – completou calmamente. – Se MinSeol quiser vencer, terá que merecer isso. Não posso dar pontos positivos quando ele for mal nas tarefas.

_ Hã... Hyung. Eu tinha comprado um presente para você...

_ Se acha que isso vai me fazer mudar de ideia...

_ Não! – interrompeu-o, agitando as mãos. – É que hoje é o seu aniversário... Não é?

_ Não seria “o nosso”? – MinSeok franziu o cenho, sorrindo, enquanto MinSeol se levantava e seguia para o quarto.

_ Para quem é mais velho por 10 minutos... – ditou no outro cômodo.

_ 10 minutos? – olhei-o confuso.

_ Para dizer a verdade, foram apenas 3 minutos e 15 segundos. – suspirou, pegando uma torrada. – Mas mamãe acabou colocando na cabeça dele que foram 10 minutos. – e tirou um generoso pedaço.

_ Aqui. – MinSeol retornou com um pequeno pacote e colocou à frente do irmão, que se levantou, balançando a cabeça. – Eu... Espero que goste.

Fiquei observando o mais velho abrir o presente recebido e agradecer ao mais novo com um abraço. Por fim, MinSeok se despediu de MinSeol – e não, ele não tentou falar comigo – e saiu do apartamento. Verifiquei no relógio e tratei de apressar o menor para que se vestisse, já que faltavam duas horas para o início do evento. Claro que, após dizer isso, Seollie praticamente virou meu apartamento de cabeça para baixo. Recostei-me a porta de entrada, apenas vendo-o entrar e sair dos cômodos a procura de seus pertences e, finalmente, conseguimos sair de casa.

Durante todo o trajeto de carro, o castanho respirava fundo e contava até dez, a fim de acalmar os nervos. Cheguei a lhe sugerir um calmante ou chá de camomila, mas ele se recusou, alegando que se tomasse aquilo, poderia dormir em meio a competição. Logo avistei a entrada do evento movimentada. Inúmeros degustadores – ou apenas adoradores – de café transitavam por dentre as galerias, a procura de sua bebida preferida – desde o café expresso até o caramel macchiatto.

Estacionei o carro em uma das vagas e guiei MinSeol pela multidão, enquanto o menor olhava em volta ainda nervoso. Não demorei muito em avistar o Sr. Kim e a Sra. Jung, acompanhados de MinHa, que prontamente correu até o irmão e o abraçou forte. Afaguei os cabelos da pequena que sorriu tímida, enquanto encorajava o mais velho as vésperas da competição.

_ Tem certeza de que não quer tomar nada antes da competição? – perguntou a Sra. Jung.

_ Tenho, mamãe. – concordou MinSeol.

_ Eu vou procurar algo para beber. – falei. – Tem certeza de que não quer nada?

_ Sim. – assentiu.

Caminhei por dentre os visitantes e logo parei em uma tenda da Starbucks Coffee Company, pedindo um expresso, enquanto verificava em volta. E, como um rei caminhando por dentre os súditos que se afastavam, MinSeok atravessou o longo corredor, onde as pessoas tiravam fotos e comentavam entre si sobre o mais jovem e famoso barista da Coréia do Sul. Segundo boatos que rolavam, ele era fruto da Terra fértil e do Cafeeiro. Outros contavam que ele fizera um pacto com o Satanás para possuir tal dom sobrenatural. Com seu olhar aguçado, era possível determinar qual tipo de café era melhor consumido em algumas ocasiões. Alguns especialistas e degustadores já tiveram o privilégio de tomar uma pequena xícara de café feita por ele e, todos, sem exceção, declararam aquela bebida como “O Café do Diabo”.

Era um pecado tomar apenas uma gota daquele café e não desejar por mais.

Pelo que havia lido em algumas matérias, MinSeok nunca revelou qual era o seu ingrediente secreto ou sua técnica particular em preparar uma xícara de café. Até mesmo em programas culinários, não havia muito mistério em seus movimentos, mas mesmo assim, aquele liquido quente e escuro destruía todo o sistema do indivíduo.

_ Aqui está, senhor. – disse a moça.

Agradeci com um aceno, pagando pela bebida e segui na mesma direção que o Diabo loiro, logo o encontrando mais à frente, acompanhado de alguns juízes e avaliadores. Esperei que terminassem sua conversa e rapidamente me aproximei do menor, que, ao me avistar, cerrou o semblante.

_ O que faz aqui? – questionou. – Achei que estivesse acompanhando MinSeol.

_ MinSeol me explicou por que você e Jongdae terminaram. – comecei. – Eu sinto muito. Não sabia que tinham terminado.

_ Só isso que tem a dizer? – me olhou, arqueando uma das sobrancelhas.

_ Eu só tenho uma pergunta. – suspirei. – O que houve exatamente para que...

_ Jongdae estava negligenciado e correu para os braços de outro cara. Satisfeito? – interrompeu-me.

_ Você o deixasse? – conclui. – Você... Ainda o ama?

_ Não, Kris. – suspirou, balançando a cabeça. – Entre mim e Jongdae não há mais nada.

_ Certo. – assenti, tomando um gole da bebida. – Se quiser desabafar com alguém... Pode contar comigo.

_ YiFan. – chamou, rindo. – Por que insiste tanto em se aproximar de mim, mesmo sabendo que está com o meu irmão?

Permaneci em silêncio por longos minutos, apenas encarando aqueles mares escuros e avaliadores. Como ele podia saber que, eu ainda nutria sentimentos por ele, mesmo depois de tantos anos de convivência? MinSeok sorriu de leve, como se lesse meus pensamentos e se aproximou, encarando-me de perto.

_ Não tente magoar o meu irmão. – sussurrou. – Você sabe, tanto quanto eu, que MinSeol se magoa muito fácil.

_ Eu sei. – assenti. – Mas... MinSeok-hyung...

_ Ao fim do evento, eu vou lhe preparar uma xícara de café.

E, sem dizer mais uma palavra, o loiro se afastou, enquanto o apresentador do evento iniciava sua fala. Retornei para onde os familiares de MinSeol estavam e despedi-me do menor com um leve selar em seus lábios. Estranhamente, havia algo naquele beijo que me deixava confuso e, ao mesmo tempo, nervoso com as próximas horas. Como se algo de muito ruim ou de muito bom acontecesse a seguir. Logo, o homem anunciou os nomes de cada um dos juízes e não houve uma contenção quando o nome de MinSeok foi pronunciado. “O Diabo, o Diabo” foi constantemente repetido entre os visitantes que assobiavam e aplaudiam em respeito. Por fim, os participantes subiram ao palco e a euforia continuou maior ao descobrirem que um dos competidores – Kim MinSeol – era irmão gêmeo idêntico do avaliador.

_ Sr. Kim MinSeok, como o senhor se sente ao saber que um dos finalistas da competição é seu irmão gêmeo? – questionou o apresentador.

_ Bem... – começou MinSeok, falando ao microfone e encarando o irmão. – Eu fico lisonjeado e feliz em vê-lo entre os três finalistas. Boa sorte, MinSeol-ssi.

E uma chuva de palmas e gritos femininos preencheram o evento. A pedido dos juízes, os finalistas se posicionaram atrás de suas bancadas e, ao som do apito, a competição se iniciou. Pelo que pude ver, MinSeok era o único que não deixou seu lugar – talvez fosse um pedido dos avaliadores ao deixarem-no para a avaliação final – da mesa do júri. O silêncio perturbador era apenas quebrado por uma suave música de fundo, um jazz simples, com o intuito de tranquilizar os participantes. Ao meu lado, mãe e filha seguravam a mão uma da outra, enquanto rezavam baixinho para que o gêmeo mais novo vencesse. Já o Sr. Kim apenas respirava fundo, murmurando baixinho “MinSeol! Fighting!”.

Mas, sem pensar muito, minha atenção se desviou para MinSeok, que estava de braços cruzados e encarando o vazio. Algo estava lhe incomodando? O que será que passava em sua mente naquele momento? Tentei atravessar a multidão que se aglomerava próximo a grade de proteção e alternei os olhos entre os dois irmãos gêmeos. Era possível notar o quão nervoso MinSeol estava, já que, vez ou outra, seus olhos se desviavam entre seu trabalho e seu irmão mais velho. Cheguei a cogitar a ideia de chamar a atenção do meu namorado e gesticular para que se acalmasse, mas estaria quebrando as regras.

“A equipe do competidor não pode acenar ou fazer qualquer movimento que desfoque a atenção do competidor”.

Punição: O competidor é eliminado.

Voltei minha atenção novamente para MinSeok que, desta vez, encarava o irmão. Estaria ele fazendo alguma comunicação mental com o outro? Quer dizer, dizem que os gêmeos são tão interligados que podem “conversar mentalmente”. Subitamente, meu pensamento foi interrompido pela contagem regressiva. Afinal, todos os competidores tinham exatos cinco minutos para preparar um...

Café expresso.

A bebida preferida de Kim MinSeok.

_ Tempo esgotado! – ditou o apresentador. – Agora os juízes irão avaliar qual é o melhor Café Expresso dentre os competidores. Primeiro, o Sr. Nam HyunJo. – apontou para o primeiro finalista. Logo, um dos juízes levou uma xícara transparente para a mesa, onde MinSeok estava, deixando-a a sua frente.

A expectativa se tornou grande, enquanto o Diabo loiro avaliava a variação das cores, o detalhe da espuma xícara e, principalmente, o gosto. Aos olhares de todos, MinSeok parecia um gato desconfiado, com suas pupilas comprimidas em duas linhas e o semblante sério. Por fim, o rapaz limpou a boca e pegou o microfone, respirando fundo. Infelizmente... As críticas foram severas. Durante todo o seu discurso, era possível ver o olhar nervoso do homem que havia preparado a bebida. Havia alguns termos técnicos que eu não conseguia entender, mas que, no geral, foi como se dissesse, em outras palavras, que “sua intenção foi boa, mas você não demonstrou nenhum desejo em produzir o café”. Por fim, as palmas preencheram o lugar, enquanto o pequeno falatório se iniciou. Logo, o apresentador – visivelmente nervoso. Afinal, quem, daquele lugar, se sentia bem com a presença de MinSeok? – engoliu em seco e continuou com sua fala.

_ Agora, o segundo finalista, Sr. Kim MinSeol. – ditou e o mesmo modelo de xícara do competidor anterior foi entregue ao juiz.

Mais alguns minutos de silêncio mórbido por dentre o público e os participantes, até que MinSeok suspirou, novamente limpando a boca e segurou o microfone. Por um segundo, pude perceber em seus olhos que os mesmos marejavam lentamente, mas havia uma relutância em derramá-las diante as pessoas que o assistiam. Por fim, sua crítica foi ditada – não menos severa como a anterior, mas com seus pontos positivos e negativos – recebendo assim, os aplausos do público. E, então, a última xícara foi levada para a mesa do Diabo. A participante – pelo que pude ouvir, se chamava Do SeoMin – cerrou os punhos contra o avental, enquanto observava a avaliação do especialista.

Todavia, ao chegar no momento da degustação, MinSeok desviou os olhos grandes e suavemente repuxados para a garota, como se não acreditasse no que estava experimentando. Por fim, o loiro descansou a colher sobre um guardanapo e limpou a boca, pegando finalmente o microfone. Mais alguns longos minutos se passaram, quando um sorriso tímido transpareceu em seus lábios.

_ Bom... Se me perguntassem o que seria o “manjar dos Deuses”, eu responderia: uma boa xícara de café quente. E, com certeza... – logo, MinSeok sorriu para a garota. – O seu café é um “manjar dos Deuses”.

Não demorou muito para que a crítica de MinSeok ecoasse pelo evento, levando a participante às lágrimas. E enquanto o mais velho discursava, desviei meus olhos para o menor que sorria de leve, baixando a cabeça. Acenei para si, murmurando que não se preocupasse, afinal, ele havia tentado muito durante a competição e MinSeol assentiu, agradecendo em seguida. Por fim, iniciou-se a entrega de prêmios. Os dois últimos lugares ficaram com pequenos troféus e medalhas de “honra ao mérito”, enquanto a primeira recebia um certificado de “Melhor Cafeteria do País no ano de 2016”, uma coroa de flores e um cheque num valor de 100 mil dólares (aproximadamente W110.000.00,00).

_ Está feliz pelo resultado? – questionei, vendo MinSeol descer as escadas do palco e me abraçar, afundando o rosto em meu peito. – Tudo bem que você não venceu... Mas pelo menos, ficou entre os três melhores.

_ É... Eu sei. – assentiu, sorrindo de leve. – Mas, algo me diz que MinSeok-hyung estava omitindo algumas coisas. – e me olhou.

_ Omitindo? – franzi o cenho.

_ É. – concordou, e sua atenção se virou para a família que se aproximava. – Não comenta nada. Meus pais estão vindo.

_ Você foi muito bem na competição! – parabenizou o Sr. Kim, abraçando-o.

_ Obrigado, papai. – sorriu, curvando-se.

_ Seu irmão bem que podia ter deixado você essa. – resmungou a Sra. Jung, formando um pequeno bico nos lábios.

_ E se tornar trapaceador? Não, obrigado. – logo, nossa atenção se desviou para longe, onde MinSeok se aproximava devagar. – Mas você foi bem, Seollie.

_ Seokkie-oppa, no que o Seollie tinha errado? – perguntou MinHa, que logo foi pega pelo irmão mais velho.

_ Algumas bobagens. – sorriu, balançando a cabeça.

_ Na próxima vez, eu ficarei mais atento. – disse o castanho, decidido. Sorri-lhe, puxando-o para perto e depositei um selar em sua testa.

_ Bem... Se me derem licença, eu preciso ir. – MinSeok os olhou, curvando-se. – Nos vemos em casa.

_ E aonde vai? – questionou a Sra. Jung.

Porém, MinSeok não respondeu. Apenas acenou de leve e continuou a se afastar em meio à multidão. Logo, os pais de MinSeol decidiram que fariam uma festa em homenagem ao filho que participou até o fim, ao que o rapaz apenas pediu para descansar, já que seus nervos estavam à flor da pele e que precisava de um tempo para se recompor. Todos nós retornamos aos nossos carros e, assim que a família Kim saiu do evento, nos assustamos com a súbita aparição do Diabo loiro.

Ele devia para com isso ou vai acabar matando todos nós de infarto.

_ Que bom que estão aqui. – sorriu MinSeok, enquanto tomava um breve gole de água. – Podem me dar uma carona até o meu apartamento?

_ Tudo bem. – concordou MinSeol.

Assenti, entrando no veículo, seguido dos gêmeos e rumamos pela avenida principal. Durante todo o percurso, MinSeok apenas encarava longamente a janela de vidro, imerso em seus próprios devaneios, enquanto que eu e seu irmão mais novo trocávamos alguns olhares furtivos. De alguma forma ou de outra, o mais velho Kim estava escondendo algo. É nisso que dá, conviver com um dos gêmeos e entender – mesmo que parcialmente – o seu dialeto próprio. E, pelo que pude compreender, MinSeol queria que eu o deixasse primeiro antes de devolver o irmão mais velho ao apartamento.

E, assim, o fiz.

Expliquei a MinSeok que deixaria o menor no meu apartamento, já que ele precisava de um descanso e, ao fazê-lo, guiei o mais velho por outro caminho até chegarmos em seu lar. Todavia, quando entramos na rua do seu condomínio, o loiro soltou sua bomba:

_ Sabe... Para dizer a verdade, o vencedor daquela competição era MinSeol, e não SeoMin.

_ O que? – subitamente parei o carro, desviando os olhos para o menor que encarava a janela longamente. – Está me dizendo...

_ Que MinSeol era o ganhador do prêmio. – suspirou.

_ Não está dizendo isso por que é seu irmão, certo? – arqueei uma das sobrancelhas.

_ Não.

_ Então, por que não o deixou vencer?! – meu tom subiu uma oitava.

_ Por que ele usou o mesmo ingrediente secreto que o meu.

_ C-como é? – franzi o cenho. – M-mas...

_ Entre. – pediu, apontando para o prédio. – Eu vou lhe explicar melhor.

Concordei brevemente, dirigindo até o estacionamento e o parei próximo ao elevador, onde subimos em seguida. Dentro da caixa metálica, MinSeok encarava o painel digital por alguns minutos antes de se mover para a porta, quando a mesma se abriu. E, assim que entramos em seu apartamento, o mais velho seguiu para a cozinha. Removi o casaco, sentando-me em uma das banquetas próximas ao balcão e esperei que o outro se virasse para mim.

_ Você deve ter ouvido ou lido em alguma matéria de revista sobre o “suposto ingrediente secreto do Diabo Barista”, não é? – questionou, ainda de costas.

_ Sim, eu ouvi falar. – concordei.

_ Bem... O suposto ingrediente secreto não é tão secreto assim. – suspirou, se virando e entregando-me uma xícara de café. – Tome.

Alternei os olhos entre a xícara e a face tranquila do mais velho por alguns segundos antes de segurar na asa de porcelana e levar o liquido preto aos lábios. Assim que o primeiro gole desceu por minha garganta, uma mistura de tristeza, angústia, raiva e choro inundaram meus sentidos, fazendo minha visão embaçar aos poucos.

_ Consegue sentir alguma coisa? – murmurou, avaliando-me.

_ Eu...

_ Seja sincero.

_ Tenho vontade de chorar. Isso é normal? – franzi o cenho e uma lágrima escorreu involuntariamente.

_ Na verdade, é o efeito do ingrediente secreto no café. – explicou, sorrindo fraco. – Comumente, os mais velhos dizem que quando a comida é preparada com desprezo ou mal gosto, ela não tem sabor nenhum. E o mesmo vale para o café. Quando seus sentimentos estão abalados, acaba se refletindo na bebida preparada.

_ Está me dizendo que... A minha vontade de chorar vem...

_ Do motivo por eu estar abalado. – completou. – Com a traição e a separação de Jongdae... Meus sentimentos tristes se refletiram na bebida. – e uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha inflada. – Agora... – logo pigarreou, fungando. – No caso de MinSeol... Ele apenas acrescentou o oposto.

_ O... Oposto?

_ MinSeol é perdidamente apaixonado por você, Kris. – sorriu. – E isso se refletiu em sua bebida quando tomei. Sentimentos fortes como amor, tristeza e raiva são facilmente refletidos em tudo o que você fizer. Desde alimentos... Até objetos. Ou além disso.

_ Então... Sobre o que dizem de você... De conseguir identificar tudo através do café... Quer dizer que eu posso preparar uma pequena xícara...

_ Fique à vontade. – sorriu, gesticulando para a cozinha.

Hesitante, contornei o balcão e comecei a preparar a mesma bebida que MinSeok. É claro que o loiro também foi preparar uma nova xícara. Por fim, ao concluirmos, estendi a minha xícara para o menor, que fez o mesmo, entregando-me a sua. O mais velho me desafiou a tomar o primeiro gole ao mesmo tempo que ele e, assim que contamos até o três, bebemos.

De início, um estranho formigamento percorreu por minhas veias, desde as pontas dos dedos dos pés até a ponta do maior fio de cabelo castanho-dourado da minha cabeça. Em seguida, meu coração disparou contra o meu peito e, antes que eu pudesse questionar o que estava acontecendo comigo, MinSeok se aproximou, tomando minha boca num beijo longo e saudoso. Involuntariamente, retribui seu afeto, encostando-o contra o balcão e aprofundei o ósculo, enlaçando minha língua na sua.

Bem... Se aquilo era um desejo do meu café surtindo efeitos nele...

Então... No que ele desejava para que causasse isso em mim?

_ Hyung... – arfei, trilhando seu rosto e pescoço com beijos estalados. – O que...

_ Eu estou putamente carente, Kris. – murmurou, afagando meus cabelos. – Mas... Você não deve descontar isso em mim.

_ N-não? – franzi o cenho, alternando os olhos entre seus semelhantes marejados e a boquinha avermelhada.

_ Não. – concordou. – Seu amor é MinSeol. Faça-o feliz.

E, mesmo relutante... Lhe obedeci.

Até por que, ele, antes de meu Diabo e meu amor... Ele é meu Hyung.

_ E Kris? – chamou, ao que parei diante a porta aberta. – Não conte nada à MinSeol sobre o que conversamos. – por fim, me olhou. – Entendido?

_ Sim.


Notas Finais


Algumas informações importantes:
Primeiro, eu precisava de um nome para o irmão gêmeo do MinSeok, por isso, MinSeol.
Segundo, Kris estar dividido entre o irmão e o namorado foi difícil, mas deixou um pouco claro de que o certo é ele ficar com o MinSeol.
Terceiro, Café é bom demais!!!
E por último... O que vocês acharam desse Diabo loiro? A culpa não é minha! A culpa é do MinSeok por saber que fica gostoso de todo o jeito.
Castanho: https://41.media.tumblr.com/655d3a338969364290c9bae26da9b1c3/tumblr_nnzgkuX3NE1tsg2zjo1_540.jpg
Escuro: http://67.media.tumblr.com/96d46a59dd6914d376c908587d40e5b0/tumblr_np1wbcaqV91riav2to1_1280.jpg
E Loiro: https://c7.staticflickr.com/8/7199/27737683126_afc0ff428d_o.jpg
De qualquer forma... Eu também tenho medo dele...
Comentem...


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