Bruce desligou o chuveiro enquanto seu corpo continuava a tremer. espalmou as mãos sobre o vidro gelado, ainda embaçado pelo vapor.
Sentia-se horrível.
Até agora, Clark fora seu único amigo, e era assim que ele retribuía; colocando-o como protagonista de suas fantasias doentes?
Mal abriu a porta do banheiro, e uma toalha foi estendida em sua direção. Clark estava parado ali, sorrindo de um jeito meio bobo, como sempre.
— Você sempre esquece a toalha, né? - Bruce podia jurar que o amigo parecia mais vermelho que o normal.
— É verdade! Eu já te disse isso alguma vez? - Bruce pegou a toalha a segurando com certo nervosismo.
— Já sim, acho que mais de uma vez.
Bruce sorriu e começou a secar os cabelos. Mas assim que removeu a toalha do rosto, viu Clark bem ali, observando cada movimento seu, muito próximo dele. Rapidamente voltou a secar o rosto, apenas para esconder a vergonha estampada ali.
— Sinto um cheiro bom vindo de você, Bruce. - o jornalista deu um ou dois passos para dentro do banheiro.
— Ah, sim... - Bruce cheirou o braço o estendendo a Clark, para que ele sentisse o perfume ali. - É essência de flores silvestres, você gosta?
Ao invés de cheirar o braço de Bruce, Clark cheirou sua mão.
A princípio, Bruce não se importou, apenas achou estranho. Mas, ao ver o rosto do amigo ficar vermelho de novo, é que se lembrou do que estava fazendo antes de sair do banho. Fez menção de puxar a mão, mas, não conseguiu recolhê-la; afinal, era o homem de aço o segurando.
— Des… desculpe! - Bruce se sentiu horrível de novo. Era claro que Clark sentiria outro cheiro ali. Abaixou a cabeça envergonhado.
— Bruce… - a voz de Clark fez Bruce sentir o coração subir pela boca. – Será que eu posso tomar um banho também, antes de dormir?
O milionário respirou aliviado e decepcionado; tudo junto. Ao mesmo tempo em que tinha medo de que Clark percebesse algo, também ficava decepcionado a cada vez que se enganava pelo fato de achar que o outro pudesse ter notado seus verdadeiros sentimentos em relação a ele.
— Você pode ficar se quiser.
Bruce se assustou com a frase repentina de Clark.
Estava tão longe pensando em como seria fácil se Clark deixasse de ser tão aéreo, e simplesmente captasse tudo a sua volta, e descobrisse logo que seu melhor amigo, na verdade, era nada mais que o seu verdadeiro e único amor, que nem notou que Clark ainda estava ali.
Olhou finalmente para Clark e paralisou.
Clark estava bem a sua frente, completamente nu e sem os óculos. O jornalista ainda o olhava com um sorriso divertido nos lábios. Sentiu a mão de Clark segurar forte a sua antes de ser puxado para dentro do box, onde a água já produzia um vapor intenso.
Clark entrou embaixo do chuveiro e fechou os olhos, deixando a água escorrer livre por todo o seu corpo. Passou as mãos no rosto levando o excesso de água para trás em direção ao topo da cabeça. Abriu os olhos e viu que Bruce ainda permanecia travado ali dentro, feito uma estátua.
— Desculpe Bruce, eu não tinha a intenção de te constranger. - Clark coçou a nuca sem jeito olhando um pouco de vapor embaçar ainda mais o vidro. – É só que… - Clark se aproximou tanto de Bruce que mesmo o milionário indo para trás e batendo contra o vidro, ainda assim, não foi o suficiente para evitar que seus corpos se tocassem. – … eu achei que você quisesse um pouco mais da minha companhia, sabe.
— E… eu? - Bruce viu as mãos do amigo se espalmarem uma de cada lado do seu corpo, prendendo-o ali, naquele pequeno espaço que, aos poucos, se tornava ainda menor. – Você tem cada uma né Clark, porque acha que eu iria querer a sua companhia logo aqui? Seu doido.
Bruce deu um peteleco na testa de Clark tentando soar brincalhão. Mas o olhar do outro permanecia sério demais para brincadeiras.
— Porque mais cedo, quando eu estava procurando pelo seu quarto, eu ouvi você chamar meu nome; umas três vezes, pelo menos.
Bruce não conseguia mais respirar direito.
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