1. Spirit Fanfics >
  2. O Ceifador >
  3. Decidiu ser simpática?

História O Ceifador - Decidiu ser simpática?


Escrita por: amargo1918

Capítulo 5 - Decidiu ser simpática?


Fanfic / Fanfiction O Ceifador - Decidiu ser simpática?

A primeira aula da sesta feira era História. Que ótimo. A minha matéria mais temida. Eu não queria saber quem foi Abraham Lincoln. Ou o que tinha acontecido na terceira guerra mundial. Não acrescentava muita coisa. Ainda mais que o professor de História era o treinado Clapp. Professor Filiph nas aulas.

Sentei-me em uma cadeira dupla, com a outra vazia do meu lado. Meu café da manhã tinha sido feito pela a minha mãe e ela até me deu um beijo de bom dia quando eu entrei no carro dos meus irmãos para vir a escola pela manhã.

Kiley ainda estava em coma, mas dessa vez era induzido. Spencer sempre me dava um bom dia animada e eu tentava ao máximo, retorna metade do bom humor. Mas não era fácil. Eu não era alguém do dia. Taylor ainda me evitava, se eu tivesse o visto duas vezes ao longo da semana foi muito. E eu começava a me sentir mal, o único que se aproximou de mim para conversar sem sentir pena ou algo assim e graças a minha gentileza, eu tinha escurraçado.

O professor Philip entrou fechando a porta atrás de si, Taylor vinha atrás segurando dezenas de livros. Não parecendo nada feliz. Os olhos pareciam mais escuros e não tinham nada a ver com o azul claro que me lembravam o branco. Seus olhos pareciam unificados. A pupíla e a íris do olho. Usava uma camisa preta, — para variar — uma calça jeans escura e um adidas branco, o boné com aba virada foi confiscado pelo professor assim que percebeu o uso do acessório.

— Bom dia, alunos — o professor parecia animado para mostrar suas habilidades fora da quadra.

Taylor ainda se mantinha em pé, analisando a sala. Olhei em volta e percebi o problema. Ele ainda estava impassivel na frente, me evitando. E tentando fazer brotar no meio da sala um cadeira vazia que não fosse do meu lado.

— Algum problema, senhor Clark? — o professor o encarou, claramente incomodado. — Tome o seu assento ao lado da senhorita Butler. Imediatamente.

Ele caminhou rígido até o meu lado, e sentou-se o mais distante de mim. Qual o problema dele?

— Está usando lentes de contato? — perguntei antes de conseguir conter a pergunta na minha boca. O professor parecia decidido a dá aula, independente do zunido de conversas paralelas atrasando sua aula. Tão decidido quanto Taylor em me ignorar. Suspirei. — Meu nome é Alison — tentei de novo.

— Decidiu sem simpática?

— Me desculpe, ok? Não faz idéia do quanto de gente me encarou naquele dia, tentando encontrar em mim semelhanças com a minha irmã gêmea morta.

— Não é bem culpa nossa se você tem a cara dela.

— Eu não tinha te visto essa semana — assumi pra ser simpática.

— Tava me procurando? — ele falou com sarcasmo na voz.

— Não... É que... Deixa pra lá — ele riu do meu embaraço. Cachorro.

— Você tem um cheiro bom. O que é?

— Água e sabonete.

— Nua, né? — ele me olhou e eu senti o rosto corar. — Tentador só de imaginar.

— Eu acho que prefiro você calado.

— Me responda, senhorita Butler — a voz do professor chegou em mim e eu percebi que ele estava fazendo uma pergunta que eu não fazia idéia do que se tratava.

— Azul? — arrisquei sem pensar muito.

— A resposta seria azul se eu tivesse perguntado qual a cor do céu ou qual a cor dos olhos do seu coleguinha de carteira, resposta...

— Em 1918, a maior causa de mortes na época foi o surto de gripe espanhola na Europa. — Taylor respondeu facilmente como se tivesse ouvido a pergunta, como se tivesse decorado a resposta e ela tivesse saído automaticamente.

— Gosta de responder, né Clark? — o professor olhou odiado para Taylor que tinha uma olhar carregado do meu lado.

— Sou bom com datas.

— Revolta da vacina no Brasil?

— 10 a 16 de novembro de 1904 — respondeu sem pestanejar uma data que eu nem sabia que existia.

— Segunda guerra mundial?

— 1939 a 1945 — a mesma rapidez na resposta.

— Paz Armada?

— Fim do século XIX e início do século XX.

— Corrida espacial?

Os olhares da turma, incluindo o meu, se deslizavam de Clark para o professor. Clapp convencido a dar um fim na marra de Taylor e ele nem um pouco afim de dá o braço a torcer.

— Segunda metade do século XX.

— Revolução Industrial?

— 1780 a 1830.

— Morte de Francisco Ferdinando?

— 1914. 28 de junho.

— Errou. — A cara do professor ao ver a suposta resposta errada de Taylor foi impagável. Ele parecia completo. Taylor foi impecável. Parecia decorado. Parecia que tinha devorado um livro com cronogramas. Ele nem respirava ou titubeava ou parava para pensar. Assim como toda a sala, eu estava vidrada naquele garoto.

— Tenho certeza que estou certo, professor — ele parecia seguro da repreendida.

— Olha ai — ele apontou para um aluno na fileira da frente.

— Francisco Ferdinando, arquiduque do império Austro-Húngaro, foi morto por um rebelde no dia 28 de junho de 1914.

O professor corou enlouquecidamente, virou-se de costas e tornou a da aula.

— Como você...? — perguntei confusa.

— Eu já disse que sou bom com datas, — ele deu de ombros —, além do mais as perguntas dele são previsíveis.

— Previsíveis?

— Ele tava se envolvendo na nossa conversa.

— Não estávamos conversando.

— Estávamos, Alison — ele falou meu nome de um jeito sexy. Suspirei pesado para ele entender que eu estava cansada, não queria mais conversar com ele.

Quando a aula acabou, demorei lentamente para arrumar minha mochila. O professor limpava a lousa pacientemente e a sala se esvaziou em um piscar de olhos. Coloquei a mochilas nas costas e marchei para a saída.

— Alison? — o professor me chamou, caminhei trêmula até lá e parei em frente a sua mesa.

— Sim?

— Todo mundo tem sido tolerante com você por causa de Ariana, mas o luto não é eterno e a paciência vai acabando. Não passarei a mão na sua cabeça nas avaliações. — Eu estava chocada. Aquele imbecil tinha realmente dito aquilo? Que babaca.

— O luto nunca vai passar. É uma pessoa, é minha irmã — eu subi o tom de voz. — E não manere, nunca te pedi piedade.

Sai da sala com os meus olhos ardendo. Então era assim? Todos pisavam em ovos perto de mim por causa de piedade? Eu não precisava de piedade. Não precisava do tempo que eles queriam me dá. Eu já ia em direção ao carro, mas alguém me puxou e eu dei uma volta completa de 180 graus, parando de costas no armário, encarando olhos azuis claro.

-— Seus olhos... — falei a primeira coisa que me veio a mente.

— O que o Clapp te falou? — Taylor perguntou preucupado.

— Um monte de merda. Agora você se preucupa?

— Tô tentando ser legal.

— Legal? Não preciso de piedade, Taylor — falei irritada. — Meu luto vai passar sem seu sentimento de pena.

— Pena? Piedade? — ele debochou.

— Parece que todos só se aproximam de mim por isso, pisando em ovos. Eu não aguento... — falei irritada e perdendo as palavras no meio do caminho.

— Quer que eu fale com o professor? — ele perguntou prestativo.

— E o que você vai falar? A data do primeiro acidente de carro com vítimas? — eu debochei dele.

— Foi em... — ele me olhou se tocando da ironia. — Desculpa.

— Eu tô indo — tentei sair mas ele puxou meu braço.

— Escuta, vai ter uma festa na praia hoje a noite... Se quiser ir, me liga.

— Não tenho seu número — respondi para ele entender que eu não ia ligar, mas ele levou para o outro lado.

— Não é um problema — ele pegou meu braço e apertou firmemente, não tinha como soltar mesmo que eu forçasse. Pegou uma caneta e escreveu algo na parte externa da minha mão. — Me liga.

— Não vou te ligar nunca — dei enfâse no nunca, ele me olhou e deu um sorriso bem sexy para os padrões de Taylor e saiu apressado em direção a saída da escola.

Voltei a mão e vi um número, que devia ser dele, escrito. Fui para o estacionamento e entrei no carro, dei a partida e parei na garagem de casa.

Mamãe estava vestida um longo vermelho sangue, o cabelo preso em um coque francês e uma maquiagem deslumbrante. Eu até tinha me esquecido de como minha mãe sempre havia sido um ícone da beleza e da moda para mim. Ele era incrivelmente elegante e sabia se portar em qualquer ambiente. Se não fosse pela tristeza em seus olhos, eu poderia dizer que toda a altivez de Marly Butler estava de volta.

Meu pai chegou na sala quase junto comigo, vestindo um terno elegante, o cabelo arrumado elegantemente, e o perfume masculino enchendo a sala.

— Parece que vou sobrar — sorri ao entender aonde aquilo os levaria.

— Vamos jantar fora. Um típico programa de casal, estamos precisados.

— Divirtam-se. Vou estudar um pouco antes de dormir. Estou muito cansada.

— Nos ligue qualquer coisa, querida. — mamãe despejou um beijo no meu rosto e papai cheirou meu cabelo.

— Te amamos — papai gritou antes de sair pela porta.

A casa pareceu maior e o silêncio tomou conta de tudo. Acho que eu enloqueceria se ficasse de cara para cima a noite toda. Subi para tomar banho e quando acabei, desci para preparar algo. Peguei uma lasanha que mamãe tinha preparado antes de sai e subi com ela para o quarto. Me joguei na cama de princesa e coloquei os livros ao meu redor.

Enquanto comia tentei fazer com que a matéria da semana se assimilasse de vez na minha cabeça. Fiz os deveres atrasados mas não tive muito sucesso. Eu não conseguia me concentrar. Parecia que meu cérebro não estava nas melhores condições para assimilar algo.

Meus pais não chegariam tão cedo e eu não podia me crucificar por querer um pouco de diversão. Eu não costumava sair muito, mas na atual conjuntura... A festa na praia que Taylor tinha me chamado mais cedo, parecia tentador.

Tentei decifrar o número que estava quase apagado e até achei que talvez tivesse discado errado. Mas quando a voz rouca de Taylor soou meio sonolenta.

— Achei que nunca me ligaria, repetida. — Ele insistiu no meu apelido ridículo.

— Achei que depois que te falei meu nome, pararia de me chamar de repetida.

— Mas e ai? — ele me ignorou. — Mudou de idéia sobre a festa?

— Estava neste exato momento analisando os prós e contras dessa festa...

— Você só precisa de um motivo para te convencer.

— Meu namorado vai estar lá? — perguntei sem pensar muito.

— Namorado? Tudo bem, Alison. Dessa vez você venceu, não posso investir em uma garota que já tem namorado — a ironia recheava sua voz e a colocava a uma oitava mais divertida.

— Cala a boca.

— A próposito, o motivo é que eu vou tornar sua vida menos tediosa.

— Você é maior do que todos os contras? — eu debochei.

— Seu tom de voz não é um dos meus preferidos. Mas vou relevar, passo ai para te pegar.

— Não vou a festa com estranhos.

— A sua sorte é que eu adoro os renegados e estranhos. Passo ai para te pegar.

O telefone ficou mudo e eu sorri, eu gostava daquele garoto. Ele era folgado e me fazia rir, além de não demonstrar ter pena de mim. Gostava também da sua marra e da cor dos seus olhos, principalmente quando estavam azuis. Gostava daquela áurea de mistério que ele tinha. Era uma lista grande demais de coisas que me agradavam em Taylor.

Até mesmo para os meus padrões.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...