1. Spirit Fanfics >
  2. O Céu Continua Azul >
  3. Capítulo 7

História O Céu Continua Azul - Capítulo 7


Escrita por: Every_DayWriter

Capítulo 7 - Capítulo 7


A luz entrava pela janela, iluminando todo o quarto.

Jim teve que piscar algumas vezes para os olhos se acostumarem. Ainda imóvel, voltou a fechar os olhos e se concentrou nos arredores. A casa estava completamente silenciosa. Nada se ouvia na cozinha, na sala, em lugar algum. Uma mão deslizou, se estendendo em seu peito. Jim olhou para baixo, e encontrou Laura aninhada junto a ele. Não houve tempo para estranhamento, logo que ele se lembrou da noite passada. Ela havia entrado em seu quarto, deitado ao seu lado e o acolheu em seus braços. Agora Laura estava envolta nos braços de James. Em algum momento durante a noite, ele deve ter se virado e abraçado ela. Sentiu a vergonha subindo o rosto, mas a suprimiu. Não tinha nada a se ter vergonha. Laura foi sua amiga quando ele mais precisou. Pensou em se levantar, mas decidiu ficar mais algum tempo ali.

Seguiu com os olhos as curvas do rosto dela, e o cabelo agora castanho balançando suavemente contra o seu respirar. As mãos dele estavam nas costas de Laura, e ele sentiu o batimento do coração dela. Era calmo, mas forte. O olhar de Jim se demorou um pouco nos lábios dela. “O que estou fazendo?” ele se perguntou.

Laura se mexeu um pouco, se afundando mais um pouco no abraço de Jim, onde era mais quente. Ela bocejou e piscou algumas vezes. Olhou para os lados e para cima, fitando os olhos de Jim.

– O que está fazendo? – Laura perguntou, com a voz sonolenta.

– Acordando, assim como você. – Ele respondeu.

– Não. Isso... – Com uma mão, ela bateu no braço dele.

– Ah, me desculpe. Devemos ter acabado assim durante o sono. – Jim começou a retirar lentamente os braços envolta dela.

– Eu não pedi pra tirar.

James olhou para os olhos castanhos de Laura. Ela não tinha o olhar de alguém apaixonado. Apenas queria a comodidade que tinha ao acordar.

– Sabe, as vezes você é muito folgada. – Ele disse pondo os braços junto ao corpo.

– E você sabe ser um chato. – Laura rebateu, aborrecida.

Jim deu um meio sorriso, quase como um deboche.

– Quer me contar o que aconteceu ontem? – Laura novamente o encarava, como se pudesse ver sua alma.

Jim se virou de barriga para cima. Suspirou e engoliu em seco.

– Eu só lembrei-me de uma pessoa com quem eu me importava.

Laura chegou mais perto, colocando sua cabeça sobre o ombro dele, e sua mão sobre o peito.

– Me conta sobre essa pessoa. Pode ajudar se você falar sobre ela.

Jim olhou para Laura, que fitava um canto do quarto. Ele não tinha contado essa história para ninguém, apenas para Roy. E não tinha terminado bem. “O que estou fazendo?”

– Ela era uma Senhora do tempo, que estudou em Arshten com Whelm e eu. Lutamos juntos nas rebeliões nortenhas.

– Ronnie lutou numa guerra? – Laura perguntou.

– Não – Jim sorriu. – Ela ficou na capital, determinada a fazer os Juízes, lideres do Ministério, a aprovarem a proposta dela e trazer a minha legião de volta para casa. Realmente, não precisávamos estar lá. Mas ordens eram ordens.

– O nome dessa pessoa... era Riley Thompson? – Laura desenhava círculos no peito de Jim, nervosa.

Ele segurou a respiração, surpreso.

– Como você...

– Encontrei o perfil dela aqui – Laura tocou o ArcPad logo atrás de sua orelha. – Pertencia a ela?

Jim não falou, apenas assentiu.

– Riley morreu nas rebeliões, não é? – Laura falava como se estivesse com medo da resposta.

Sangue empapava suas roupas, e o machado estava ao seu lado. Segurava Riley nos braços, enquanto sentia as lágrimas quentes descendo pelo seu rosto. Jim piscou e voltou à realidade. Tinha Laura nos braços, mas as lágrimas continuavam lá. Cerrou os dentes e ficou de costas para ela. “Esse não é o momento para chorar feito uma criança” ele pensou. Secou as lágrimas com o braço, e se sentou na beirada da cama. Laura fungou, e se revirou na cama.

– Vou para o meu quarto me trocar. Você vai ficar bem James?

Ele coçou atrás da orelha, assentindo.

Jim ouviu os passos de Laura se aproximando da porta, mas ela parou de repente. O rapaz olhou para Laura, que o fitava melancolicamente. Ele não conseguia suportar aquele olhar. Virou o rosto para outro canto, envergonhado. Laura lembrava Riley em alguns pontos, como a obstinação que as duas compartilhavam. Mas Laura era como um fôlego novo e bem vindo na vida dele. Seu olhar intenso dava arrepios e fazia com que os pelos na nuca de Jim se eriçassem. Ouviu novamente os passos de Laura, eles eram apressados e vinham na direção de Jim. Levantou o rosto e se virou para ver Laura. Ela envolveu o pescoço dele com os braços, jogando-o na cama. Seus rostos estavam muito próximos, e ele sentia sua respiração intensa. Laura segurou o rosto de Jim entre as mãos, não deixando-o olhar para outra coisa que não eram os seus olhos castanhos.

– Laura... – ele começou a falar.

– Cala a boca.

Mordendo o interior da boca, Jim obedeceu.

– Olha, eu sinto muito. Sinto muito mesmo por Riley. A história de vocês deve ter sido linda, eu até poderia ter torcido pela sua felicidade. Mas aqui no presente, ela se foi. Com o tanto que eu sei desse lugar, prezam muita coisa, mas acima de tudo, prezam força. Você começar a chorar com a simples menção de um nome, não vai deixar você mais perto de se tornar um Deus da Guerra e sair daqui. Não estou pedindo que esqueça Riley. Estou pedindo para deixá-la ir.

Jim olhou nos olhos de Laura buscando alguma coisa. Ele não sabia o que procurar, mas sabia que tinha algo ali.

Piscou algumas vezes, sentindo o rosto esquentar e os olhos ficarem úmidos. Apertou os olhos, e na escuridão viu Riley.

O coração pulou um batimento. Sempre tinha aquela imagem na cabeça. Cabelos ondulados castanhos escuros, um vestido de verão, e um sorriso meigo. Se esticasse os braços, talvez pudesse tocá-la.

Engolindo em seco, abriu os olhos. Olhou para a garota que estava em cima dele.

Cabelos castanhos caiam, cobrindo-lhe a face. Um pequeno sorriso tímido. Pequenas sardas pontuavam seu rosto, acima do nariz. Como nunca havia reparado naquelas sardas, Jim se perguntava. Lembrou-se da primeira vez em que a viu. Fez observações secas e frias. Sentiu vergonha por isso. A pele de Jim esquentou e ficou vermelha.

Laura notara isso. O sorriso se expandiu. Era tão bom ver aquele sorriso, mesmo que por pouco tempo. Sentiu as entranhas darem uma cambalhota. Jim queria corresponder aquele sorriso.

– Não quero sair de casa hoje. – Ele disse baixinho.

Laura comprimiu os lábios, e se aproximou do ouvido de Jim. A pele dele arrepiou.

– Fique hoje aqui comigo, então.

Os cabelos dela voltaram a pairar sobre o rosto de Jim. Ele agradeceu a qualquer um que escute por aquele momento e visão que ele tinha daquela garota.

Laura sentiu o coração se aquecer, se permitindo ver possibilidades de um futuro que incluía Jim Graham em sua vida.

...

Faltava duas horas para o encontro com Kingsley, líder de umas das maiores organizações que atuava contra o Ministério. Duas horas e nenhuma noticia de Jim. A falta de comprometimento dele com esse tipo de coisa irritava Ronnie. Havia demorado mais tempo que o necessário para esse tipo de coisa, e custado muitos recursos para conseguir essa reunião. Era de suma importância com que eles convencessem Kingsley a contratá-los. Depois de três tentativas de chamadas, Ronnie desistiu de contatá-lo. Iria até lá sozinha.

A parte baixa da cidade tinha toda a sorte de bandidos e ladrões escondida em seus becos. Gangues que controlavam o comércio ali, e impediam que os estabelecimentos fechassem. Na parte alta da cidade havia esse tipo de coisa também, mas quem fazia esse papel eram os Senhores do tempo. Coletavam dinheiro de comerciantes, em troca de “proteção”. No fim do dia, ninguém era diferente do outro. Ronnie virou numa esquina e entrou num beco. Ao entrar nas sombras, assumiu uma postura ereta, com o rosto impassível, com uma pitada de elitismo e o olhar frio como aço. Uma clássica aristocrata.

Bateu três vezes na porta. Um par de olhos apareceu na abertura da porta, fiscalizando quem era o invasor. Rapidamente a pessoa atrás da porta fechou a abertura, e começou um longo processo de destrancar a porta. A cada batida de trinco e de ferrolhos, Karol olhava para os lados, temerosa que alguém tivesse a seguido. Entrou no esconderijo, e deu uma ultima olhada no beco. A partir dali, poderia nunca mais ver a luz do sol.

Passou por túneis escuros e pouco agradáveis ao olfato. Volta e meia se ouvia um rato correndo nos canos. O homem a sua frente iluminava o caminho com uma lanterna, resmungando que faria alguém por lâmpadas nos túneis. Olhava para a Van Whelm, levantando uma sobrancelha. Talvez se perguntasse por que alguém de lá de cima viria se mancomunar com pessoas como ele. Karol não fazia contato visual com ele. Mantinha o olhar afiado e orgulhoso. Tinha um papel a desempenhar. E pretendia fazer ele com perfeição. Ela percebeu que havia passado quase uma hora que estavam andando. Procedimento padrão para que ela não se lembrasse do caminho, e para que ninguém achasse o corpo dela, se necessário.

Depois de mais duas voltas, pararam numa porta de madeira comum, que poderia facilmente passar despercebida. Luz vazava dos vãos da porta. Destino final. O homem coçou o queixo, e abriu a porta. Deu espaço para Karol, e ela atravessou.

A sala tinha um tamanho descomunal. Pilhas de livros de amontoavam em estantes, todos distribuídos em três andares imensos. Não havia nenhuma estrutura na parte baixa da cidade que pudesse corresponder a esse tamanho.  O sol iluminava todo o espaço, passando por janelas enormes, com toda a sorte de desenhos formando os vitrais.

Karol ouviu passos arrastados no fundo da sala. Um homem apareceu, lendo um livro grande e pesado. Tinha os cabelos grisalhos, quase todos brancos, assim como seu cavanhaque. Sua pele escura parecia castigada pelo tempo, as rugas profundas, assim como suas linhas de expressão. Suas roupas eram de alguém bem-nascido, feitas sob medida. Tinha um ar quase medieval. Karol segurou a respiração surpresa. Ela conhecia aquele sujeito. Bem demais até.

Achava que se encontraria com algum líder de célula, que repassaria sua proposta para o líder da operação. Kingsley era um nome falso, isso era óbvio para Karol.

– Stephen! – Ela exclamou.

O sujeito olhou para a visitante. Arqueou as sobrancelhas, curioso. Endireitou as costas e fechou o livro que estava lendo. Colocou o tomo debaixo da axila, e caminhou em direção a Karol.

– Eu sinceramente não acreditei, quando me disseram que Karol Van Whelm viria conversar sobre uma proposta de rebelião contra o Ministério. – A voz dele era profunda, parecia reverberar nas paredes.

Karol tinha que suprimir o seu lado que queria saudar o velho amigo com um abraço. Lembrava-se das vezes em que Stephen ia até o pai dela, tratar de negócios. Quando esse não era o assunto de sua visita, mas simplesmente visitar a família, ela e seu tio passavam horas a fio conversando com Stephen. Eles sempre tiveram debates agradáveis, que por vezes eram bastante filosóficos. Ela voltou a sua compostura aristocrata, assumindo um olhar frio feito aço.

– Os tempos não estão bondosos com quem é ingênuo. E me surpreende que você faça parte disso, Stephen.

– Ora, minha cara. O que impediria de esse encontro não ter sido orquestrado pelos Juízes, para desmantelar qualquer conspiração que você e seu grupo estejam armando? Quanto tempo acha que demoraria para capturar e matar James Kodlak Graham e a nascida da Terra Mãe? Vocês não são tão discretos quanto acreditam que sejam.

Karol fez esforço para não transparecer qualquer sinal de emoção. Realmente, esse pensamento passou pela mente dela. Mas conhecia seu governo.

– Se isso fosse verdade, nada disso estaria acontecendo. Todos nós estaríamos mortos, e você em sua casa. Sabemos como o Ministério gosta de mostrar força. – Karol caminhou até uma poltrona no canto da sala. – Capturar e executar conspiradores antes mesmo que causem algum estrago. É uma chance imperdível de esmagar qualquer tipo de esperança que venha a brotar no coração do povo.

– E se tentassem levar isso adiante, esperar, até um ponto em que poderiam capturar todo tipo de grupo que almeja o que você almeja?

– Acha mesmo que não teria algum tipo de plano para isso?

Stephen sorriu.

– Você teria dez planos para cada cem tipos de cenários.

Karol suavizou o olhar.

– Conhece-me bem, Stephen. Me desculpe, Kingsley. – Karol se corrigiu.

Ele abanou a mão, dispensando sutilezas.

– Sempre vou ser o Stephen para você, Ronnie.

Ela se permitiu um sorriso.

– Temos muito o que conversar.

– Sim, temos.

Caminhando ao lado de Stephen, Karol falou sobre a sua proposta.

...

– Dá pra você ficar quieto? Desse jeito, vou acabar errando!

– Não é culpa minha se essa coisa dá coceira.

Laura segurou a cabeça de Jim com as mãos firmemente.

– Quer que eu termine logo com isso ou não?

Jim apoiou a cabeça na mão, entediado. Com a mão livre, fez um gesto para ela prosseguir.

Laura deu um tapa na cabeça dele.

– Sem condescendência.

– Sim mamãe. – ele disse.

– Às vezes eu te odeio.

Jim se virou e olhou para Laura.

– Não, não odeia.

Laura estava seriamente reconsiderando toda aquela situação.

Havia concordado em ajudar Jim em tingir o cabelo dele. Mas desde o momento em que começaram o processo, ele não parava quieto e reclamava feito um velho.

Nem mesmo Jessie reclamava tanto assim.

O preto realmente acentuava os olhos de Jim. Ele veio do banheiro com a toalha em volta do pescoço, secando o cabelo com ela. Laura se afastou um pouco para ver melhor o trabalho que fizera. Era estranho para ela. Jim dissera que o cabelo dele era daquela maneira antes de ficar branco. Ele olhou Laura, curioso, franzindo as sobrancelhas. A nova intensidade dos olhos verdes dele fez Laura dar um suspiro. Jim agora tinha um ar quase... perigoso.

Ele segurou o dedo anelar com o polegar e o estralou.

– Vai ficar babando ai, ou vamos fazer o almoço?

Laura sentiu o rosto esquentar e ficar vermelho.

– Eu não estava babando.

– Estava sim. Não te culpo. É meu charme natural. – Jim falou entrando na cozinha.

Laura revirou os olhos, estupefata.

– Pouco convencido você, não é, Graham?

– Apenas quando me devoram com os olhos. – Ele tinha um sorriso torto nos lábios.

– E com isso, você perdeu direito de opinar sobre o que vamos comer.

– O quê?

– É para te ensinar a ser mais humilde, seu idiota.

A escolha de Laura foi lasanha. Jim não tentou se opor.

Os dois dividiram a cozinha, sem quase trocar uma palavra. O silêncio era apenas quebrado pelo som dos talheres. Aquilo irritava Laura. Olhava de canto de olho para Jim. Ele estava focado em sua tarefa, com algumas gotículas de suor escorrendo pela lateral do rosto. Usava uma camiseta branca, e uma calça jeans. Laura começou a reparar nos pequenos detalhes de Jim. Em como os músculos retesavam e trabalhavam debaixo da pele dele. O olhar contido e centrado. Em como os lábios dele se moviam.

Laura se flagrou pensando coisas que não eram próprias. Sacudiu a cabeça, tentando dissipar os pensamentos.

– Jim, pode pegar o molho para mim?

– Aqui está. – Ele disse, colocando o pote de vidro ao lado dela.

Ela sentiu o calor da pele dele próximo dela. Laura se arrepiou.

“É apenas o idiota do Jim. Não um deus grego. Se controle”.

Os dois aprontaram a mesa e se sentaram para comer. Dessa vez, sentaram-se mais próximos um do outro.

A conversa veio naturalmente. Aquilo era um alivio para Laura. Não suportaria outra dose de silêncio.

Depois que terminaram de comer, Jim recolheu os pratos e os levou para a pia.

– Eu te ajudo a lavar. – Laura falou um pouco tímida.

– Claro, tudo bem. – Jim falou se atrapalhando um pouco com as palavras.

“Por que diabos eu me ofereci para lavar a louça?”, Laura se repreendeu.

Os dois colaram na borda da pia, prontos para o trabalho. Antes de começar, Jim estralou todos os dedos da mão esquerda. Laura olhou para ele. Jim parecia um pouco... nervoso.

Ele esfregava e enxaguava a louça, enquanto Laura secava e guardava no armário. Cotovelos grudados, mãos desatentas se encontravam. A cada toque, Laura sentia seu rosto esquentar. Jim tinha o olhar longe, se esforçando para não olhar para a garota ao seu lado.

Aquilo era novo entre eles. Laura nunca se sentiu assim antes, quando estavam perto um do outro. Uma energia nova que fluía entre eles. Pensou na manhã daquele dia. Jim queria passar aquele dia com Laura. Ela havia convidado ele a isso. Então por que queria correr para qualquer lugar que não fosse perto dele, e enterrar a cabeça no chão?

Ao terminar de lavar a louça, Laura começou a caminhar para a sala de estar. Tinha que deitar no sofá e relaxar. Sentia uma tensão nos ombros, que não tinha ao acordar.

Apoiou a cabeça no braço do sofá, contemplando o teto branco. Pegou os óculos de armação preta que havia comprado com Ronnie na noite passada, e pôs sobre os olhos. Fechou os olhos por um minuto, e se permitiu relaxar. Estava quase dormindo, quando ouviu Jim se deitar no sofá maior.

“Cara barulhento”.

– Você adora acabar com a minha paz, não é? – Laura deitou com a barriga para baixo, encarando Jim.

– Só quando vale a pena. – Ele respondeu colocando um braço debaixo da cabeça.

Laura deu uma risada.

– O que pra você, é basicamente a cada minuto do dia.

– Tenho mais o que fazer. – Jim grunhiu.

Laura se irritou um pouco. Queria tirá-lo do serio. Deixá-lo envergonhado ou nervoso. Dava nos nervos aquele sorriso torto de deboche de Jim.

Num impulso, Laura se levantou do sofá. Caminhou até Jim, e deitou-se ao seu lado.

...

Ele se assustou, dando um pulo do lugar onde estava.

Jim não ficou de frente com Laura, deitado de lado, tentando evitar contato visual. Sentia os músculos tensos, e a pele ficando vermelha. Jim ficou paralisado, quando as pontas dos dedos de Laura começaram a deslizar pelas curvas das costas dele.

“Por que estou agindo feito uma criança?”

Estralou o dedo indicador com o polegar. Ouviu Laura rindo baixinho, se divertindo com as reações dele.

Laura conseguia ser irritante quando queria.

Mas havia outra coisa. Uma coisa clara para ele era que algo entre eles havia mudado. Sempre houve tensão entre Laura e Jim, mas quase sempre era hostil. Mas quando Laura havia entrado no quarto dele na noite anterior, e o envolveu em seus braços, uma sensação de segurança havia preenchido o peito dele.

E ele não sentia isso desde Riley.

“O que você tem, Laura? Por que você?”

Jim apoiou a mão no sofá e virou o corpo, para ficar de frente com Laura.

As mãos dela pararam imediatamente, recuando. James olhou nos olhos dela, buscando significado. Voltou a reparar nas pequenas sardas, acima do nariz. Os olhos eram um misto de confusão e curiosidade. A boca estava comprimida, insegura.

Nunca havia reparado em como os lábios de Laura eram convidativos.

Fechou os olhos e respirou profundamente.

“O que estou fazendo?”

Sentiu uma mão quente deslizar pela bochecha. Jim abriu os olhos. Lágrimas rolavam pelo rosto de Laura, enquanto ela estava de olhos fechados. O polegar dela se movia da esquerda para a direita, acariciando a pele dele. Jim arregalou os olhos.

“O que estamos fazendo?”

Aquilo não podia acontecer. Simplesmente não podia. Alguém sem nada a perder, se entregava de corpo e alma a uma causa. Quando se tinha algo que o segurasse, não poderia haver foco total.

 “Não temos espaço para romances. Muito menos corações partidos”.

Essas foram as palavras de Jim para si mesmo.

Mas aquilo...

Jim se permitiu um sorriso. Puxou a cintura de Laura contra si, encostando a testa na dela.

O sorriso de Laura se alargou.

Os olhos dela se abriram, fitando os olhos verdes de Jim. Ele sentiu os músculos ficando rígidos, como se aquele olhar estivesse petrificando-o. Laura segurou o rosto dele com as duas mãos, como havia feito mais cedo.

Não foi preciso palavras.

Ajudou-a, e Laura ficou por cima do corpo de Jim, com um joelho em cada lado. As mãos dele continuavam em sua cintura, firmes.

“Eu quero isso?”

Laura se inclinou. Os cabelos castanhos dela roçavam o rosto de Jim, que agradecia aquela vista silenciosamente.

– Isso não pode acontecer de novo, não é? – Laura perguntou, receosa.

– Eu não sei. Teremos que estar vivos para descobrir.

Ela riu.

– Então eu vou te proteger para descobrirmos. O que acha?

Jim estralou o dedo anelar da mão esquerda.

– Estarei ansioso por esse dia.

Laura se inclinou mais, e beijou os lábios de Jim.

Tinha um gosto doce, inebriante.

Sem interromper o beijo, Jim se sentou e abraçou Laura, passando os braços por debaixo dos dela. Os dedos dela brincavam com os cabelos de Jim. Ele sentiu os lábios dela formarem um sorriso.

– Por quê isso me parece um finalmente? – ela sussurrou no ouvido dele.

Dessa vez, Jim tinha a resposta.

– Porque precisamos de um.

O sorriso se intensificou. Com agilidade, Laura enlaçou a cintura de Jim com as pernas.

Ele não perdeu tempo.

Segurou-a e se levantou do sofá, levando Laura consigo. Trocando longos beijos, caminhou até o quarto.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...