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História O Céu de Cassid. - Capítulo único.


Escrita por: anatomia

Capítulo 1 - Capítulo único.


Cassid, quando jovem, sempre sonhara em morar sozinho. Ele adorava, de um jeito que ninguém poderia imaginar ou sentir, a ideia de levar seu tapete colorido, a xícara de café e o peixe chamado Eustácio para uma casa colorida com algumas flores no jardim. Adorava a ideia de viver para sempre com o peixe Eustácio e o céu.

Toda madrugada, quando Cassid deixava de fazer desenhos com as nuvens e começava a desenhar com estrelas, seu pai batia na porta do quarto e o ordenava à monotonia do sono. Cassid era obediente, mas, sem que ele mesmo permitisse, esboçava desalento.

Agora, sozinho e com o peixe Eustácio, ele desenhava para nuvens e estrelas, e lembrava, aborrecido, de todos os esboços que teve de largar no espaço por culpa da limitação humana (no fim das contas, seu pai só estava o habituando ao restringimento natural da existência). Cassid não gostava da ideia de ter que abandonar o céu, quando o tinha sempre para si; soava injusto.

De dia, Cassid puxava as nuvens através da janela e desenhava flores — as flores do seu jardim, porque eram as mais belas — e animais; gostava até de desenhar Eustácio, que já havia sido quase devorado por um dos gatos da vizinhança. De noite, puxava as estrelas e as fazia brilhar mais do que já aluziam. Desta forma, Cassid compensava o tempo perdido quando não moravam apenas ele, o tapete colorido, a xícara de café, o peixe Eustácio e o céu.

O céu gostava dessa ideia. Cassid também.

Ninguém mais batia à porta de Cassid na madrugada. Ninguém mais o avisava a hora do jantar ou atentava-o para qualquer outra responsabilidade. Agora, apenas o céu estava para Cassid, e ele para o céu. Tudo o que lhe restara estava diante de si, e Cassid sempre soube disso. As estrelas e as nuvens nunca o abandonariam; estavam presas na galeria do céu, ainda que conhecessem o mundo todo.

Sentado na poltrona marrom de couro gasto, que o idoso havia posto colada ao parapeito da janela, era onde ele passava o dia e a noite, onde descansava a bengala no braço da poltrona — não gostava muito de usá-la — e esboçava, desde sempre e para sempre, nuvens e estrelas.


Notas Finais


eu nunca conheci um idoso com um peixe chamado eustácio


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