História O Charme da Raposa - O Contrato

Ela acordou com o som de duas pessoas conversando ao seu lado, fraca apenas conseguiu abrir os olhos até um ponto até que desistiu e os fechou novamente e permaneceu apenas ouvindo a conversa.

"Perdão por chama-lo nessa hora." Lucian se desculpou.

"Não precisa pedir desculpas, além do mais eu estava de plantão." o homem comentou.

A voz dele estava abafada, como se algo estivesse tampando a boca dele.

"Depois dos detalhes que eu te dei, o que pretende fazer?" o homem questionou.

"Vou manter a minha posição." o purificador respondeu.

"Entendo." o homem acatou a decisão do purificador, um pouco frustrado pela escolha.

A raposa ficou curiosa para saber o que tinham conversado, pelo jeito já conversavam a um bom tempo.

"Bem, vou deixar alguns remédios e instruções, caso precisar é só me chamar." o homem comentou.

"Obrigado." o purificador agradeceu.

Os dois se retiraram a deixando sozinha, um silencio tomou conta do local. A raposa começou a sentir que a fraqueza estava passando, finalmente conseguiu abrir os olhos, com um pouco mais de esforçou se sentou na cama. Seus olhos apesar de fracos começaram a vasculhar o quarto, um quarto grande e espaçoso, de moveis só tinha um grande guarda-roupa, uma mesinha ao lado da cama e a própria cama de casal, que por sinal era gigante, a raposa se sentiu uma criança sentada nela. Aproveitou que estava sentada e deu uma checada em si, vestia um pijama branco, não lhe pareceu familiar, parecia ser de outra pessoa, porem caia muito bem nela. Deu uma checada nos ferimentos, todos estavam tratados, mas ainda estavam muito sensíveis, descobriu isso quando foi tocar na ferida da barriga e só de encostar a dor fez com que ela sentisse falta de ar por alguns instantes.

"Espero que não demore para cicatrizar..." ela pensou enquanto se recuperava da sensação.

Passos começavam a se aproximar do quarto, quando ela percebeu olhou para porta e deu de cara com Lucian a observando, ele por sua vez entrou e se aproximou dela.

"Se sentindo melhor?" ele perguntou.

"Bem melhor." ela respondeu.

A conversa parou por alguns instantes.

"Fome?" ele questionou.

"Um pouco..." ela respondeu.

"Já volto, vou preparar algo para comer ,qualquer coisa só tocar esse sino." ele comentou enquanto pegava um sino na gaveta do pequeno ao lado da cama e a entregava.

"Certo." ela respondeu enquanto pegava o pequeno sino.

Ele se retirou em passos rápidos, enquanto isso a raposa apenas observava a sua saída, quando ficou sozinha no quarto tornou a sua atenção para o sino, segurou o sino como se fosse um pequeno talismã. Barulhos vindo da cozinha chamaram a sua atenção e quando o cheiro chegou ao seu nariz., sua barriga roncou em resposta.

"Será que vai demorar?" ela pensou.

Enquanto esperava a comida chegar, ficou observando o pequeno sino.

"Desculpe a demora." o purificador comentou enquanto entrava no quarto.

Em uma mão ele trazia uma pequena bandeja com alguns pedaços de bolo, na outra uma pequena jarra com suco. Ele colocou a jarra na mesinha ao lado da cama, olhou para a raposa e perguntou.

"Consegue comer sozinha?"

Ela se sentiu um pouco ofendida com a pergunta, mas devido ao seu estado não levou muito a sério.

"Consigo." ela respondeu, foi levantar o braço para mostrar, no mesmo instante sentiu uma fisgada, ele notou.

"Deixa que eu ajudo." ele comentou.

Calmamente colocou a bandeja no colo dela, tirou o sapato e se sentou ao lado dela na cama. Pegou o prato de bolo e cortou um pedaço e ofereceu a ela.

"Tá bom esse tamanho?" ele questionou.

A raposa estava surpresa com a atitude dele, o olhou por alguns instantes até que ele comentou.

"Se demorar muito vai esfriar, ele é bom quente."

A raposa envergonhada abriu a boca e pegou o pedaço oferecido, quando deu a primeira mastigada o gosto do bolo se espalhou.

"Que delicia!" ela comentou enquanto mastigava.

"Termine de mastigar." ele a repreendeu.

Mas ela não parecia se importar muito, estava ocupada demais apreciando o sabor do bolo.

"Bolo de cenoura com chocolate." ele comentou quando viu a alegria no rosto dela.

Quando ela terminou de mastigar o pedaço, ele já estava com outro preparado. Apesar de não querer admitir, ela estava adorando ser alimentada por ele. Pouco tempo depois o bolo que estava no prato acabou, a raposa observou a bandeja para ver se encontrava alguns farelos espalhados.

"Você realmente gostou." ele comentou.

"Sim..." ela respondeu envergonhada.

Depois que terminou de alimentar ela, Lucian pegou a bandeja e jarra vazia.

"Vou lavar a louça suja, qualquer coisa se precisar de min, só tocar o sino." ele comentou.

A raposa imediatamente procurou o sino que havia perdido de vista.

"Não me diga que já perdeu o sino..." ele brincou.

Segundos depois ela achou e mostrou pra ele.

"Estava aqui comigo..." ela tentou disfarçar, ele deu uma pequena risada em resposta.

"Vá descansar, quando acordar pela manhã te explico a situação." ele pediu.

"Certo..." ela respondeu.

"Boa noite."  ele se despediu.

"Boa noite e..." ela interrompeu a frase, Lucian ia sair, mas esperou ela terminar, " Obrigada..." ela agradeceu envergonhada.

Ele deu uma boa olhada nela e como ultima atitude antes de sair, se aproximou novamente e levou a sua mão livre no topo da cabeça dela.

"Durma bem." ele disse enquanto fazia cafuné nela e depois se retirou.

Ahri ficou ainda bastante surpresa pela ação dele, ainda mais se comparado com a do bolo, dessa vez o estimulo foi tão forte que seu rosto corou com um tom de vermelho, ao mesmo tempo seu coração começou a bater mais rápido. O tempo passou até que ela percebeu que era para estar descansando, calmamente se deitou, procurou uma boa posição para descansar e como ultimo gesto, pegou o pequeno sino e o segurou até dormir.

Algumas horas se passaram até que os primeiros raios de sol começavam a tocar na pela dela. Acordou mais calma e relaxada apesar do corpo ainda fraco, calmamente sentou na beirada da cama, pensou por alguns instantes se seria uma boa ideia tentar andar um pouco, mas o medo do corpo não aguentar alguns segundos em pé era forte, demorou um pouco pra criar a coragem.

"Opa..." ela comentou enquanto se levantava aos poucos.

Permaneceu alguns segundos em pé parada, quando se sentiu confiante começou a andar, deu algumas voltas no quarto para aquecer os músculos dormentes. Aproveitou a oportunidade para sair do quarto, estava curiosa para conhecer o resto da casa. Ao sair deu de frente com um pequeno corredor, nele existia mais duas portas, uma de frente para o quarto e outra ao lado. Foi verificar a primeira porta, deu de cara com um banheiro grande, tinha o básico, mas o que mais chamou a sua atenção foi a banheira dela, era linda. Quando terminou de observar o banheiro prosseguiu para a próxima porta, para sua surpresa era um um quarto vazio, havia apenas um pequeno baú, ela se aproximou para ver melhor, até pensou em abrir a caixa, mas algo nela dizia que não era uma boa decisão, sentia que algo de ruim poderia acontecer, permaneceu curiosa, mas se forçou a sair do quarto antes fizesse algo. Saindo do quarto a ultima coisa que faltava era a sala principal no fim do corredor, quando chegou deu de cara com uma grande sala e uma grande cozinha ao lado dela, seus olhos vagaram pela decoração de ambos até que pegou uma visão interessante, Lucian dormia no sofá da sala.

"Uau..." ela pensou surpresa e extremamente curiosa na cena.

Sem fazer barulho se aproximou para ver melhor, sentiu algo de diferente nele. Para tirar a duvida, se esgueirou por trás do sofá e deu a volta para ficar de frente a ele, ter uma visão melhor.

"Estranho..." ela comentou quando viu a expressão no rosto dele.

No Instituto ele sempre andava sério, com uma expressão de poucos amigos, já em casa mudava para algo mais calmo e sereno, como se fosse outra pessoa. Ela permaneceu agachada na frente dele apenas observando, imaginou a chance dele acordar e dar de cara com ela o observando, mas por algum motivo não se sentiu preocupada caso isso acontecesse.

"Será que ele vai demorar a acordar?" ela pensou.

Poucos segundos depois Lucian fez um pequeno gesto, com a mão começou a procurar algo, Ahri permaneceu curiosa observando o caminho até o momento que a mão foi na direção dela.

"Ei..." ela respondeu a aproximação.

Os dedos deles tocaram o parte da bochecha dela, ela permaneceu apenas observando. Depois a palma da mão tocou por inteiro.

"Ele é sonâmbulo?" ela criou a hipótese.

"Bom dia..." ele saudou assustando ela.

"Te acordei?" ela perguntou.

"Eu não durmo durante o trabalho." ele apontou, "Como vão os ferimentos?"  ele perguntou.

"A dor passou, só me sinto um pouco fraca." ela respondeu.

Lucian se levantou do sofá e ofereceu para que ela sentasse.

"Vou dar uma verificada" ele comentou.

Ahri se sentou no sofá, o purificador começou a verificar as feridas, com todo o cuidado ele verificou o ferimento das pernas, para sua surpresa estavam praticamente curados, só restava alguns cicatrizes. Ahri percebeu a surpresa dele.

"O que foi?" ela perguntou.

"Kumihos são realmente fascinantes." ele comentou, "Isso levaria alguns meses para se recuperar..." ele apontou.

"Entendo." ela comentou.

"Por favor, pode levantar a parte de cima do pijama?" ele pediu, ela atendeu um pouco envergonhada.

"Com licença." ele pediu antes de começar a tocar na ferida da barriga.

Ele calmamente observou o local que antes era um buraco de bala, mas agora estava praticamente novo, só restava algumas cicatrizes que deveriam desaparecer me pouco tempo.

"Hmmm, Lucian." ela chamou a atenção.

"Diga?" ele respondeu enquanto terminava de checar o ferimento.

"O que está acontecendo?" ela questionou.

Lucian se levantou e começou a observar a pequena raposa, a expressão de curiosidade era visível.

"Por favor, espere um pouco." ele comentou enquanto se retirava em direção a cozinha.

"Eu fui contratado para ser o seu guarda-costas." ele comentou enquanto vasculhava a cozinha.

"Como assim?" ela perguntou confusa.

"Exatamente isso, eu fui contratado para garantir a sua segurança." ele comentou, um pouco frustrado.

"Eu tenho certeza que não fui eu que te contratei." ela questionou.

"Disso eu também tenho certeza, quem foi que me contratou foi outra pessoa." ele apontou enquanto pegava um pedaço de bolo e colocava no prato.

"Quem?" ela perguntou.

"Você deve saber quem é." ele deixou a duvida no ar.

Enquanto a raposa pensava, ele terminava de colocar um café quente na xícara, levou os dois e ofereceu a ela que ainda estava pensando.

"Obrigada." ela agradeceu.

Lucian voltou para a cozinha e começou a lavar algumas louças, enquanto isso Ahri estava focada em descobrir quem havia o contratado.

"Sinceramente eu fiquei surpreso quando ela me pediu isso." ele comentou.

Ahri percebeu na hora de quem ele estava falando, ao mesmo tempo não acreditava.

"Taliyah?!" ela perguntou surpresa.

"Sim." ele respondeu.

A raposa permaneceu sem reação por alguns instantes.

"E quanto foi que você cobrou." ela questionou.

"Nada." ele respondeu enquanto terminava de guardar algumas louças.

"Perdão, como assim? Nada?" ela questionou confusa e surpresa.

"Não cobrei nada."  ele simplificou.

"Desculpe, mas você é idiota?" ela questionou.

"Porque?" ele questionou em cima.

"Só idiotas trabalham de graça." ela questionou.

Lucian parou o que estava fazendo, um pouco surpreso com a atitude dela.

"Verdade, mas ela me ofereceu algo melhor que dinheiro." ele comentou.

Ahri parou por alguns instantes e pensou, mas o resultado não foi o que ele esperava.

"Não me diga que vocês dois..." ela insinuou.

"Não, criança." ele respondeu.

"Não me chame de criança!" ela exclamou, Lucian deu uma pequena risada em resposta.

"Te explico outra hora." ele comentou, "Coma o seu café da manha." acrescentou.

"Ei!" ela protestou.

"Depois que terminar preciso te dar um aviso." o tom de voz dele ficou serio, Ahri notou.

A raposa voltou sua atenção para a sua refeição, quando terminou entregou a louça para Lucian. Quando ele terminou de arrumar as coisas na cozinha, convidou ela a se sentar no sofá com ele.

"Então, já ficou bem claro que estão atrás de você." o purificador apontou.

"Sim."

"Imagina o motivo?" ele perguntou.

No mesmo momento a raposa baixou a cabeça, só de lembrar o que havia passado era sufocante.

"Entendo, não precisa entrar em detalhes." ele deu uma pequena pausa.

"A partir de hoje, você vai se mudar para esse apartamento." ele propôs.

Ahri deu sinais que iria questionar a  proposta.

"Questões de segurança." ele explicou.

Ahri não tinha o que contestar se fosse para sua segurança, melhor seguir os conselhos dele do que ser novamente alvo de mercenários, e assim ela concordou com um gesto de cabeça.

"Em relação ao seu colégio, eu vou me responsabilizar em te levar e buscar, além de garantir suporte." ele comentou.

Novamente ela concordou repetindo o mesmo gesto..

"Ah, e amanha você vai para o colégio." ele apontou.

"É o que?!" ela exclamou surpresa.

"Eu acredito que segurar um lápis ou ler um livro vá oferecer perigo a sua vida." ele respondeu.

"Mas..."  ela tentou protestar, mas viu que era uma causa perdida.

"Melhor você ir descansar, amanha vai ser um dia puxado." ele comentou.

Lucian se levantou, Ahri logo em seguida.

"Ah! Ahri." ele chamou.

"Di..." ela foi cortada no meio da palavra quando Lucian levou a sua mão no topo da cabeça dela para fazer um cafuné.

"Já te passou pela cabeça que eu posso não gostar disso!" ela exclamou.

"Não é o que me parece." ele respondeu apontando para as caldas que pareciam dançar em resposta ao cafuné.

"Bem, vá descansar." ele mandou.

Ela seguiu o conselho e se retirou para o quarto, o resto do dia foi ela tentando imaginar como seria a sua vida dali pra frente, isso fez com que se lembra-se de  algumas memórias bem dolorosas, apesar disso ela estava bem alegre e ansiosa pelos dias que viriam pela frente, ainda mais ao lado daquele homem que parecia muito interessante a ela.