História O Charme da Raposa - Antigos Colegas

Ela acordou sentindo um pequeno toque em seu ombro, se virou para ver quem era.

"Bom dia." o purificador saudou.

"Bom dia..." ela devolveu a saudação enquanto se sentava na cama.

Não se sentia mais fraca, seu corpo já havia se recuperado dos ferimentos.

"E os ferimentos?" o purificador perguntou.

A raposa mostrou os locais, mas os ferimentos já haviam sumido.

"Ainda se sentindo fraca?"

Ela gostaria de dizer sim para não ter que ir ao colégio, mas não queria mentir para ele.

"Não, me sinto bem melhor."

"Ah, então se apresse para não chegar atrasada." ele pediu.

"Tudo bem." ela comentou enquanto esticava o corpo.

"Vá tomar o seu banho, vou preparar o seu café da manha enquanto isso." ele comentou enquanto se retirava do quarto.

Minutos depois a raposa já estava arrumada esperando sua refeição na sala.

"Obrigada por ter consertado o meu uniforme." ela agradeceu.

"Não precisa agradecer, foi apenas um pequeno remendo."

O cheiro da comida era muito bom, a raposa esperou pacientemente a refeição ficar pronta.

"Aproveite." ele comentou enquanto entregava a refeição dela.

Enquanto ela se alimentava, ele fazia a limpeza de algumas louças. Quando terminaram o purificador fez um pequeno para se apressar. Poucos tempo depois os dois estavam na garagem do prédio, andaram um pouco até acharem o carro.

"Esse é o seu carro?" ela comentou surpresa.

"Sim."

"Você é rico?" ela questionou.

"Foi um pagamento de um trabalho." ele respondeu.

"E o apartamento?" questionou novamente.

"Comprei."

"Então você deve ganhar muito bem..." ela apontou.

"Quase isso." ele respondeu com um tom diferente, a raposa percebeu mas decidiu ficar quieta.

"Por favor." ele comentou enquanto abria a porta do carro para ela, mas dessa vez o tom era o normal.

"Obrigada."

A viagem não era muito longa, mas o silencio entre os dois parecia estende-la. Ahri estava um pouco nervosa, sentiu que o silencio era por causa da conversa que tiveram antes de entrar no carro.

"Ahri?"

Ela se sentiu um pouco aliviada quando ele a chamou.

"Diga?"

"Tem uma coisa para você dentro do porta-luvas." ele comentou.

"Para min?" ficou curiosa.

Ela esticou a mão e abriu o compartimento, dentro dele tinha um pequena caixa. A embalagem era bem simples, mas quando segurou na mão o peso dela chamou a atenção, quando abriu a caixa ficou surpresa com o que tinha dentro.

"Um celular?!" exclamou surpresa.

"Eu tive que guardar o seu antigo, andar com ele pode ser perigoso." ele comentou.

"Entendo..."

Tirou o aparelho da caixa para dar uma boa observada, o modelo dele e bem mais avançado, mas o que chamou sua atenção foi outra coisa, como acessório tinha um pequeno pingente de poro.

"E esse pingente?" perguntou curiosa.

"Ué? Não gostou?"

"Era necessário?" ela questionou.

"Se quiser eu devolvo." ele brincou.

"Não! Eu gostei!" ela exclamou.

A garota se sentiu muito feliz com o que havia recebido, mas algo a deixava incomodada.

"Lucian?" ela chamou.

"Hmm?"

"Porque está me tratando assim?" ela questionou.

"Perdão?" ficou confuso com a pergunta.

"Sendo tão atencioso, cuidadoso e gentil comigo..."

"Faz parte do meu trabalho." ele explicou.

Ela ainda não estava satisfeita com a resposta.

"Estranho..."

"O que quer dizer?" ele questionou.

"Eu esperava algo diferente..." ela deixou em aberto.

Lucian tirou a olhos da estrada por alguns segundos e olhou para a raposa.

"Queria que eu te tratasse diferente? Porque?" ele questionou.

"Eu sou uma kumiho, um homem como você deve saber os perigos que uma pode trazer."

A expressão no rosto era de surpresa em pouco de frustração, de novo ela sentiu que havia falado besteira.

"Ahri." o tom de voz dele ficou mais forte.

A raposa olhou meio assustada, por algum motivo esperava ouvir uma bronca dele.

"Eu confio em você."

Isso a pegou de surpresa, ela esperava outra coisa.

"E o fato de ser uma kumiho, não vai mudar a maneira que eu faço as minhas coisas."

"Mas..." ela tentou argumentar, mas foi interrompida.

"Não precisa achar estranho quando as pessoas te tratam bem, nem todas possuem más intenções por traz." ele explicou.

"Mas se quiser posso te tratar como você espera ser tratada." ele ameaçou.

"Não precisa." ela comentou frustrada.

Lucian viu a expressão dela e fez o gesto de sempre, levou a mão na cabeça dela fez um cafuné, em poucos instantes o humor dela melhorou.

"Mais alguma duvida?"

"Não." ela respondeu enquanto apreciava o gesto dele.

Depois que a conversa acabou, mas já haviam chegado ao destino. Lucian saiu do carro e deu a volta para abrir a porta.

"Chegamos."

"Obrigada." ela agradeceu enquanto saia do carro.

Lucian percebeu que alguns estudante estavam chegando aos poucos, nada fora do comum, mas chamou a sua atenção, alguém no caso.

"Ahri?"

"Que foi?"

"Tem problema eu ir junto contigo?" ele perguntou, "Gostaria de checar uma coisa." explicou em seguida.

"Não."

Lucian seguiu ela até o portão do colégio, lá deu de cara com uma antiga conhecida.

"Fiora?" ele chamou.

A duelista estava observando alguns alunos, mas virou quando foi chamada.

"Lucian?!" exclamou surpresa, "A quanto tempo!" acrescentou.

Os dois se cumprimentaram como velhos amigos, um abraço bem forte.

"Se conhecem?" a raposa perguntou."

"Nós já estudamos e trabalhamos juntos." ela explicou.

"Entendi."

"E você Lucian? O que faz por aqui?" a duelista questionou.

Lucian levou a sua mão na cabeça de Ahri e comentou.

"Se lembra da ligação?"

A duelista entendeu na hora.

"Então é ela."

A conversa começou a tomar um rumo que a pequena raposa não esperava.

"Quanto tempo?" a duelista perguntou.

"Indeterminado." o purificador respondeu.

"Vai precisar de ajuda?" ela perguntou novamente.

"Só observar ela enquanto estiver no colégio."  o purificador pediu.

A duelista olhou para a raposa enquanto pensava, mas se lembrou de algo.

"Ahri, sua aula já vai começar."

A raposa não queria sair, sua curiosidade era forte, mas não tinha nenhuma opção.

"Vai lá." o purificador comentou.

"Tá bom..."

"Boa aula." ele desejou enquanto ela saia.

A raposa partiu para sua aula, o mais lento o possível para tentar ouvir o resto da conversa, mas os dois amigos sabiam o que ela estava fazendo e pacientemente esperaram até ela entrar no prédio.

Depois de uma manhã de trabalho a duelista só queria sentar na sua poltrona da diretoria e descansar, mas ainda tinha uma ultima tarefa que precisava completar, com uma sacola na mão se preparava para fazer uma entrega, mas por sua sorte ao sair da diretoria deu de cara com o destinatário.

"Ahri, que surpresa." ela comentou para pequena raposa.

"Diretora?!"

Minutos depois as duas se encontravam em uma sentadas em um dos bancos do campus.

"Pra min?" a raposa perguntou enquanto recebia a sacola.

"Lucian que pediu para que te entregasse." a duelista comentou.

A raposa pegou a sacola, dentro dela havia uma pequena caixa.

"Comida? Um almoço?" a raposa observou surpresa.

"Hmm, a comida do Lucian..."

A duelista nem se deu ao trabalho de pedir, viu algo que lhe interessava e meteu a mão.

"Ei!" a raposa protestou.

"Que delicia! Já havia esquecido o quanto a comida dele é boa!" a duelista elogiou com um bela expressão de prazer no rosto.

"Inveja de você." a duelista comentou.

A raposa ficou surpresa pelo comentário,

"Porque?"

"Ser cuidada por ele." ela comentou.

Essa frase fez a raposa se lembrar o porque tinha ido a diretoria.

"Diretora..."

"O que foi?"

"O Lucian sempre foi assim?" a raposa perguntou.

"Simplifique." a duelista pediu.

A raposa começou do inicio, desde o dia na cafeteria do Instituto, o atentado que sofreu, sua recuperação e a conversa que tiveram no carro. Fiora estava surpresa por Ahri ter contado essas coisas, mais surpresa era a própria raposa com o tinha feito.

"Então você tem duvida se o comportamento dele é legitimo?" Fiora questionou.

"Sim..." Ahri confirmou.

Fiora abriu um pequeno sorriso de satisfação no rosto.

"Sim, é legitimo."

"Para falar a verdade, fazia muito tempo que eu não o vida assim."

A raposa olhou e ficou curiosa.

"Como assim?"

"Ele sempre foi um homem gentil, atencioso e cuidadoso. Não importa com quem seja." a duelista explicou.

"Mas aconteceu uma coisa que o mudou." acrescentou.

"Posso perguntar o que foi?"

A duelista observou, avaliou se era uma boa decisão contar sobre o passado dele a ela.

"Você sabe que o Lucian é viúvo?"

A expressão de choque no rosto da raposa já deu a resposta, a partir desse ponto o clima da conversa começou a ficar pesado. A duelista contou sobre a morte de Senna e como o purificador mudou depois desse fato, enquanto ouvia a historia a raposa começou a se lembrar de alguns fatos de seu passado, nesse momento notou quanto os dois eram parecidos. Ao final da historia a raposa não conseguiu aguentar e acabou deixando uma pequena lágrima cair, a duelista percebeu e a puxou para um abraço.

"Não precisa chorar." a duelista pediu, "Tenho uma ultima coisa pra te dizer, talvez melhore o seu humor." acrescentou.

"O que é?"

"Talvez seja só impressão minha, mas desde que você apareceu, as coisas mudaram." a duelista iniciou.

"Como assim?"

"Após a perda da sua esposa, eu, Shauna e outro conhecidos deles tentamos ajuda-lo a se recuperar, mas nada surtiu efeito." a duelista comentou frustrada.

"Mas depois que você apareceu, ele voltou ao normal, voltou a sorrir e ser gentil."

"Então você acredita que..." a raposa tentou inicar a frase ma foi interrompida pela a duelista.

"Eu não acredito, eu tenho certeza." ela afirmou com uma convicção que deixou a raposa surpresa.

"E eu acredito que só você seja capaz de ajuda-lo." ela finalizou.

O sentimento de tristeza da raposa havia sumido, pela primeira vez se sentiu de certa forma valorizada, mesmo ela sabendo que não tinha feito muita coisa, ou talvez tenha feito e não percebeu. Ela olhou pra duelista que tinha um belo sorriso no rosto, tão quente e doce, um sorriso de mãe.

"Por favor, não chore." a duelista pediu enquanto fazia o mesmo gesto de Lucian.

A duelista aproveitou a pausa e deu uma olhada no relógio.

"Ahri, termine o seu almoço, sua aula já vai começar." ela comentou enquanto se levantava do banco.

"Boa aula." a duelista comentou enquanto saia.

A raposa ficou sozinha no banco, pensando em várias coisas, mas a mais importante era como iria se comportar dali para frente com o purificador.

O período da tarde passou relativamente rápido, enquanto o professor dava o ultimo aviso da aula, ela não via a hora de ir embora, ao mesmo tempo estava extremamente nervosa em relação a Lucian. Depois do que havia ouvido da duelista, sentiu um grande peso sendo jogado em cima dela, quanta mais pensava sobre o assunto, mais se sentia nervosa. O sino do final da aula tocou, esperou todo mundo sair para seguir caminho, relaxou o máximo que pode, mas ao ver o purificador no portão a esperando.

"Boa tarde." ele saudou.

"Boa."

Ambos andaram até o carro que estava um pouco distante do colégio.

"Como foi o seu dia?" a raposa perguntou.

O purificador ficou surpreso pela pergunta.

"Foi bom, e o seu?"

"Nada demais, apenas aulas chatas..."

"Alguma coisa aconteceu?" o purificador questionou, aparentemente curioso.

"N-Nada..." ela gaguejou.

O purificador parou o passo e olhou para ela.

"Certeza?" ele questionou.

A raposa estava começando a ficar nervosa e quanto mais ele a observava a situação piorava.

"Nada, só não fui bem em uma prova..." ela mentiu.

O purificador não parecia muito convencido com a resposta, mas não forçou mais perguntas, apenas sugeriu.

"Eu posso te ajudar?"

"Com o que?" ela perguntou.

"Com a suas duvidas da prova." ele explicou.

"Por favor..." aceitou a ajuda dele.

Os dois voltaram a caminha, faltava poucos passos até chegarem no carro. Ao chegar Lucian fez uma ultima pergunta.

"Era só isso?"

A raposa olhou pra ele, por alguns instantes pensou em contar a verdade, mas desistiu. Preferiu achar um momento mais adequado para isso.

"Sim." ela respondeu.

Após isso os dois entraram no carro, os dois voltaram a conversar mais quando chegaram ao apartamento, mas nada muito importante.