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História O Cheiro da Lua - Palavras


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Desculpem a demora, boa leitura.

Capítulo 102 - Palavras



Ren estava chorando, eu podia ouví-lo, tentei me mexer, mas meu corpo não respondeu. Uma porta foi aberta e meus olhos se abriram, Triton estava fechando a porta enquanto carregada o nosso filho.

- Pronto, mamãe está aqui. - ele ainda não havia reparado que eu acordara. - Você queria ver a mamãe, certo?

Então Ren parou de chorar e seus olhos pousaram no meu rosto, e ele sorriu enquanto seu pai estava surpreso.

- Oi. - sorri de leve.

- Graças à Amaterasu! - Triton suspirou aliviado, seu cheiro mostrando como estava feliz. - Giulia disse que você não acordaria hoje, meu amor.

Ren se debateu nos braços do pai, tentando me alcançar.

- Acho que ele não vai sossegar até estar com você. - meu companheiro murmurou.

Mas antes de me entregar o pequeno, Triton me ajudou a elever um pouco o tronco.

- Como você está, meu lobinho? - segurei-o com um braço enquanto o outro lhe fazia afagos. - Mamãe, sentiu a sua falta... Sentiu falta de todos vocês.

- Como está se sentindo? - Triton tira alguns fios de cabelo do meu rosto.

- Bem, na verdade. - admito. - Um pouco mole, mas relativamente bem.

- Que bom. - ele sorri e beija o topo da minha cabeça. - Daqui a pouco o Patrick virá te ver.

- E a April? E sua mãe? - alguns fragmentos de memórias me voltavam a mente.

- Julie está no corredor junto de April, e a pequena disse que não vai embora enquanto não falar com você. - explica cuidadosamente. - Eu já a trago aqui, mas antes... - ele aponta para o pequeno. - Parece que ele está com fome.

De fato, Ren estava agitado, sem mais demorar, posicionei-o perto de meu seio e deixei que ele mamasse. Triton me faz um afago na bochecha enquanto observo o nosso filho esfomeado.

- Ai. - sinto as pontinhas dos seus dentes me morderem. - Alguém vai ter os dentes antes da irmã.

- Mas já? - Triton ergue uma sobrancelha. - Talvez os meninos se desenvolvam mais rápido.

- É uma boa hipótese. - brinco, fitando-o.

A porta é levemente aberta, sinto o cheiro de castanha de caju e em seguida ouço a sua tímida voz.

- Papai... Você tá bravo comigo? - April parecia estar chorando. - Porque eu fugi... Mas eu num queria machucar a mamãe!

Ela continuou na porta, Triton foi até a mesma e a pegou no colo, seu pequeno rosto ficou grudado no peito do pai.

- Nem a mamãe nem o papai estão bravos com você, querida. - sua voz foi doce. - Só queremos que você entenda que é perigoso sair sozinha assim.

April assentiu ainda mergulhada no calor de seu pai.

- Ei, panquequinha. - minha voz a fez olhar-me rapidamente.

- Mamãe! Mamãe! - ela fez força tentando se jogar na cama comigo.

- Calma, meu amor. - Triton a segurou firmemente sem machucá-la e a colocou ao meu lado.

Ren ainda estava mamando e não seria o choro da sua irmã que o faria parar, minha filha estava agarrada ao meu braço livre, pedindo-me desculpas.

- Mamãe te ama, April. - sorrio e ela me olho com seus pequenos olhinhos encharcados. - E mamãe não está brava... Apenas feliz por você estar bem.

- Eu também te amo, mamãe. - ela vai parando o choro, mas continua grudada em mim. - Quando vamos para casa?

- Logo, meu anjo. - Triton responde fazendo um carinho em suas costas.

Ren finalmente havia acabado de mamar, Triton o pegara e batera levemente em suas costas, esperando pelo arroto que logo veio. Em seguida, o pequeno se acomodou em seus braços e dormiu.

- Obrigado. - sussurrou e corou. - Você fez tudo isso ser possível.

- Não comece. - suprimi as lágrimas. - Posso não estar grávida, mas ainda estou sensível!

- Oh, meu amor. - ele se inclina e beija a minha testa.

Foi nesse momento que notamos que April adormecera encostada em mim, seu pequeno corpo estava encolhido e encaixado abaixo dos meus seios.

- Ela estava muito triste pelo que aconteceu com você. - Triton murmura, com medo de acordá-la. - Ela só voltou a forma humana quando fui até em casa, dar notícias suas... E ela ficou sem se comunicar até agora a pouco.

- Ela achava que era culpada. - concluo. - Mas ela vai melhorar agora.

- Com uma mãe tão linda e cuidadosa como você... Qualquer um pode melhorar. - ele sorri sem jeito. - O jeito que você lutou até o fim para protegê-la, foi incrível.

- Você também se superou. - enrusbeço. - Sem você para achá-la primeiro, e sem você para nos salvar... Teríamos ambas morrido.

- Não quero pensar nisso. - ele estremece. - O importante é que vocês estão bem, a nossa família está completa.

- Hmmm... Existe alguma possibilidade de ela futuramente ficar maior? - faço um biquinho.

- Num futuro... - ele ri. - Mais por um bom tempo, quero apenas você, minha mocinha e o meu garotão.

Nos beijamos e sorrimos logo em seguida, é verdade que April ficaria traumatizada pelo que ocorrera, mas iríamos ajudá-la a passar por isso. E havia a minha recuperação que não deveria demorar muito, talvez uma semana ou menos já que nenhum dos machucados eram queimaduras.

Já Ren estava sossegado e iríamos garantir que nada de ruim acontecesse a ele, ou a mais ninguém da nossa família.

*

Como previsto pelo meu médico, só foram necessários quatro dias para que meu corpo estivesse cem por cento. E enquanto estivesse de cama, April se tornou a minha "enfermeira", ela ficava comigo o dia inteiro, sem exceção.

Até mesmo Triton ficou enciumado, porém logo percebemos que ela estava com medo de me perder, mais uma consequência do que ela havia presenciado.

- Ei, mamãe só vai fazer a comida, meu amor. - sinto-a grudada em minhas pernas. - Fique um pouco com o papai e o seu irmão, April.

Triton veio até nós e a pegou no colo, dei um demorado beijo em sua bochecha e deixei que o pai a levasse até o sofá, Ren estava quase em pé, apoiando-se nas paredes do berço.

Quando finalmente ficou em pé segurando com força na extremidade do berço, seus olhos pousaram na irmã, ele claramente a queria por perto. Isso a atraiu e April segurou a mão do pequeno.

Aproveitei para ir até a cozinha, que estava cheirando a limpeza, meu corpo relaxou ao estar em um território tão conhecido. 

*

O Natal havia finalmente chegado, April estava linda no vestido vermelho com detalhes em verde e branco, e seus sapatos eram verdes. E Ren estava a beira do irresistível, sua roupa era igual a da irmã - só que no modelo masculino e para bebês - e seu sapato era feito de lã vermelha por ter um pé tão pequeno.

- O jantar está pronto! - Julie gritou para todos que estavam na casa.

Steve veio me puxar para que pudesse se sentar ao meu lado, ao chegarmos a cozinha, Triton e sua mãe sorriam enquanto colocavam a comida a mesa. Hoje o jantar havia sido feito pelos Cerutti.

- Aqui, Kris! - Steve apontou para a cadeira ao seu lado.

Sem questionar, sentei-me e tão logo ouvi April pular do colo de minha mãe e se esticar para subir na outra cadeira ao meu lado, ajudei-a e ganhei um selinho.

- Cadê meu maninho? - seu sorriso era uma benção, fazia alguns dias que April havia voltado a se animar.

- Com o vovô. - apontei para onde meu pai estava com Ren no colo.

Triton beijou o topo da minha cabeça, surpreendendo-me.

- Vou me sentir do lado da minha princesa. - ele riu e sentou-se na cadeira do canto que ficava ao lado da April.

- Papai, te amo! - ela lhe mandou um beijo e Triton afagou seu cabelo. - E também amo a mamãe, o maninho, a vovó, o vovô, a outra vovó e o primo. - suas bochechas ficaram vermelhas.


Meu pai começou a chorar, por sorte ele já estava sentado no outro canto da mesa, minha mãe tentou acalmá-lo antes de se sentar ao seu lado. Julie também estava chorando, porém Triton conseguiu tranquilizá-la com um toque em seu braço.

- Nunca achei que teria uma família de novo, muito menos um natal assim. - Julie comentou enxugando as lágrimas. - Sou muito grata por este momento.

Foi então que todos demos as mãos e agradecemos ao nosso deus Amaterasu por ter nos protegido e fortalecido até hoje. Em seguida, começamos a comer e conversar.

- Está delicioso! - Jefferson sorriu. - Mas sinto falta da comida da minha pequena.

- Ignore-o, Julie. - Stefany suspirou. - Jefferson é apaixonado pela Kristine.

- Já notei. - Julie riu delicadamente.

Aliás, tudo na mãe de Triton era gentil e delicado, sinceramente, às vezes eu chegava a pensar que ela poderia quebrar a qualquer instante, por não ser muito alta nem forte, Julie aparentava ser uma boneca de porcelana.

- Minha Kristine. - Triton rosnou, mas logo seu olhar voltou-se para April que estava segurando em seu braço. - O que foi, meu amor?

- Não consigo cortar, papai. - ela choramingou.

- Deixa que o papai cuida disso. - ele cortou a carne em pequenos pedaços, deixando que seus dentes tivessem o mínimo trabalho possível.

- Mãe, está tudo bem com o pequeno aí? - Triton pergunta e eu sabia que ele estava entre os meus pais, em seu berço.

- Ele está dormindo. - Julie sorriu sem tirar os olhos do bebê. - Já faz dois meses.

- Só espero que o seu companheiro tenha sido mais delicado com você dessa vez. - meu pai bufou.

- Desculpe, senhor Moore, mas está acusando meu filho de algo? - e finalmente, Julie tinha se mostrado feroz.

- Não exatamente, mas a senhora não ficou sabendo que depois do parto da April, esse homem, que tirou a inocência da minha preciosa filha, teve uma relação sexual brusca com a minha delicada filha. - meu pai rosnou.

- O que é sexual? - April começou a rir. - É engraçado!

- É mesmo. - Steve começou a rir com ela.

- Pai! - levantei-me encarando-o. - Eu lhe expliquei que aqueles roxos foram de quando eu acordei uma noite e tropecei num vaso que tinha no caminho. - felizmente, essa era a verdade.

- Você não pode me enganar! - ele cruzou os braços.

- Como o senhor pode pensar que meu filho machucaria a sua filha? - Julie estava indignada.

- Mãe, deixa... - mas um olhar de sua mãe, fez Triton abaixar os olhos.

Eu deveria ser a pessoas mais surpresa da mesa... Julie, uma mulher gentil e extremamente carinhosa, que não machucaria uma mosca, estava discutindo com o meu pai e havia acabado de desferir um olhar tão poderoso que fizera Triton recuar.

- Meu filho é apaixonado pela sua filha, que tenho de admitir, ser a nora mais linda e gentil que eu pudesse pedir. - Julie bufou. - Mas recuso-me a ouvir você falar assim do amor deles!

- Já chega! - minha mãe gritou. - Jefferson, peça desculpas a Kristine, ao Triton e a mãe dele, agora!

Meu pai sentiu a íra da minha mãe e logo se desculpou.

- Você sabe que extrapolou. - ela rosnou. - Compreendo que Kristine seja nossa única filha e que os anos longe dela fizeram de você, esse pai carente, porém estamos na casa deles e Triton já provou que é digno e um ótimo companheiro para a nossa filha.

- Tem razão. - ele confessou, completamente arrependido. - Sinto muito, filha e Julie, e desculpe se o ofendi, Triton. 

Então ele se levantou e se retirou, saindo da casa, meus músculos se mexeram para seguí-lo, mas Ren começou a chorar bem alto, a briga deve tê-lo acordado.

*

Assim que Ren se alimentou, consegui colocá-lo para dormir, estávamos no quarto das crianças, balancei seu berço ajudando-a a relaxar, alguns minutos e Ren estava em um sono profundo.

Devagar e sem fazer barulho saí do quarto, assim que fechei a porta, vi Triton me esperando no corredor. Seu olhar me preencheu, dando-me conforto, ele mais do que ninguém sabia como estava me sentindo mal naquele instante.

- Venha cá. - ele me puxou para um carinhoso abraço. - Ele vai voltar.

- Eu deveria estar brava com ele? - suspirei e ergui a cabeça para ver sua expressão.

- Não. - ele sorriu. - Porque lá no fundo, todos sabemos que seu pai te ama demais, e que a ideia de encontrá-la depois de tanto anos e ver que você tinha um companheiro, deve ter mexido bastante com ele.

- Você acha que ele vai desistir de mim? - senti meus olhos ficarem marejados. - Afinal, eu não o defendi hoje...

- Kristine, você não tinha de defendê-lo. - segurou-me com força pela cintura, fazendo leves movimentos com os dedos. - Você só precisa estar lá para quando ele voltar e quiser conversar.

Eu o teria defendido se meu coração não estivesse tão confuso naquela hora.

- Acho que só nos resta esperar. - afirmo ainda grudada ao seu quente corpo.

- Vamos para a sala, já está quase na hora de abrir os presentes. - informou-me.

Havia perdido a noção da hora, assenti e fomos de mãos dadas até a sala, April estava no colo de Stefany e lhe contava alguma história, que minha mãe parecia estar adorando ouvir.

Steve estava vidrado na árvore de natal que Triton e April haviam montado e decorado, Julie viera ao nosso encontro e nos puxara para o sofá. Era quase meia noite e meu pai não havia voltado.

- Acredite nele. - Triton me deu um suave beijo. - Ele vai voltar.

- Por que está tão convicto disso? - eu já havia perdido a esperança.

- Porque ele é seu pai e têm coisas que só os homens sabem. - ele sorri, deixando uma luz de esperança me dar forças.

E foi quando me virei para olhar a árvore que a porta da frente foi aberta, e da entrada da sala começou uma leve melodia, que eu conhecia de algum lugar.


Deixa ir 
Tire o peso dos seus ombros pra seguir
Sem se lamentar dos tombos
Deixa entrar 
Essa luz que te define
No final ficarão somente as recordações 



A voz era tão conhecida como o momento, meu pai sempre me cantava isso quando pequena. Meus corpo se ergueu do sofá e lágrimas começaram a descer pelo meu rosto, ele estava ali, em pé sorrindo de um jeito envergonhado, seu olhar pousou em minha mãe.


No lugar das angústias põe a luz que vai brilhar
Envolver a tua vida
Tudo bem, se pra mim você se volta eu já sei
Sentimento prevalece no final



Ela também chorava, e suas mãos estavam fechadas em frente a boca, Triton se colocou atrás de mim como uma base para que eu não perdesse totalmente o controle. Steve e April se juntaram no meio da sala e ouviam Jefferson cantar calmamente, tocando num simples violão. E mesmo que ele não fosse um canto excepcional, todos estavam adorando.


A vida se faz com essas horas
Pequenas maravilhas na voz do coração
Mundos se vão, mas essas horas, breves horas ficarão
Tudo que eu errei as aguas vão levar
Mas eu agora sei que estou no meu lugar
Ficaram somente as recordações



Não me lembrava de já ter chorado tanto, eu tremia enquanto tentava controlar os soluços que produzia. Triton me fez um carinho nos ombros, meu pai me fitou, com receio de que eu o rejeitasse, mas estendeu os braços em minha direção.

Joguei-me em sua direção, chorando em seu peito, abraçando o mais forte que pudesse, nunca mais o deixaria fugir de mim. Suas mãos afagaram o meu cabelo do mesmo modo que fazia quando eu era pequena.

- Sinto muito, querida. - sua voz era doce. - Prometo me comportar melhor de agora em diante, eu te amo.

- Eu também te amo, pai! - minha fala ficou abafada devido ao choro, mas tinha certeza de que ele havia entendido.

Ouvi minha mãe se aproximar e nos abraçar, seu choro já havia sido contido, mas seu amor por nós estava exposto agora. 

- Não queria ter decepcionado nenhuma de vocês. - meu pai estava desapontado consigo mesmo.

- Não seja bobo, Jefferson. - minha mãe nos soltou. - Você voltou e provou ser o homem por quem me apaixonei e continuo apaixonada.

E eles se beijaram quando lhes dei espaço, eu já estava para sentir frio quando um abraço quente e reconfortante me pegou. Triton beijou a minha bochecha e sorriu.

- Obrigada, por não me deixar desistir. - virei-me para ele e beijei-o carinhosamente.

Suas mãos me puxaram para si, tomando posse das minhas costas e acariciando-as cuidadosamente. Enlacei seu pescoço sentindo todo o seu ser vibrar de desejo, separei-nos com uma leve mordida em seu lábio.

- Feliz Natal, minha noz gostosa. - beijei seu nariz.

- Feliz Natal, meu anjo. - ele me ergueu do chão e me girou, depois fiquei em seus braços, protegida, segura, amada.

- Feliz Natal! - meus pais gritaram juntos.

Steve e April começaram a correr em círculos, gritando Feliz Natal!. Julie veio até nós e esperou que eu me desvencilhasse de Triton para me abraçar.

- Obrigada, Kristine. - seu sorriso era mais do que sincero. - Por cuidar do meu filho e por ter nos dado essa família maravilhosa.

Como já havia chorado todas as minhas lágrimas, consegui me segurar e abraça-la com carinho.

- Você faz parte da família agora. - afirmei e isso a fez chorar.

- Não precisa chorar, mãe. - Triton a acalmou enquanto Julie segurava-se em seu braço. - Quer um pouco de água?

Ela negou, em seguida, abraçou com força o seu filho.

- Hora do presente! - April e Steve gritaram, os dois já estavam na frente da árvore.

Então, Triton foi buscar Ren para que todos pudéssemos abrir os presentes de Natal e desfrutar da presença de toda a família.

*

Seis deliciosos meses haviam se passado, só faltava mais um mês para que April entrasse na escolinha, Ren já havia começado a andar, e se mostrará bem esperto mesmo que ainda não falasse, mas ele usava ações e barulhos para se comunicar.


Era um sábado frio, April estava de agasalho, gorro e luvas, as crianças brincavam de guerra de bola de neve, enquanto os pais estavam sentados em mesas que haviam em volta da Toca dos Baixinhos.

Ren estava em meu colo, brincando com os fios do meu cabelo, e a mais nova bebê estava nos braços de sua mãe, Eliza, com um pai a fazendo rir. Triton estava sentado atrás de mim, gostávamos de sentar em baixa da árvore. 

- Como está o garotão? - ele estava com as pernas abertas, onde eu me encaixara.

- Ele acordou e logo vai notar a brincadeira das crianças. - comento, sem gostar muito da ideia, Ren ainda era muito pequeno.

- Acho que ele pode ganhar se ele se juntar a irmã. - Triton se espreguiçou e em seguida me abraçou, puxando-me para mais perto de seu peito.

- Ele é muito novo para participar dessas brincadeiras... - segurei-o mais perto ainda. - April tem quatro anos, mas Ren só tem nove meses!

- Depois eu que sou super protetor. - ele riu alto e fez-me corar.

- Só estou cuidando dele. - rosnei.

- Sei disso. - beijou meu pescoço. - O que você disser é ordem, mamãe.

- Melhor assim. - sorri, feliz por ele concordar comigo.

- Mas você podia pelo menos deixá-lo solto a nossa volta, coitado. - sabia que ele tinha revirado os olhos sem precisar observá-lo.

Suspiro e deixo Ren se aventurar pela fina camada de neve que há envolta de nós. Triton segura as minhas mãos, impedindo-me de pegá-lo de volta.

De repente, uma bola de neve atinge a cara de Triton, e logo em seguida, outra me atinge também. Ouço as crianças rindo e retiro a neve dos olhos, contudo não fico irritada, pois são apenas crianças se divertindo.

Ouço um fraco rosnado, olho no meio das minhas pernas há um filhote de lobo, seu pelo é castanho claro e tem um cheiro de abóbora, então ele para de rosnar e se vira para mim.

- Ah meu Amaterasu. - fico boquiaberta. - Triton, Ren acabou de se transformar.

- O quê?! - ele está mais incrédulo do que eu. - Como é possível, a April andou e falou antes de se transformar, e ela fez isso com mais de um ano.

Ren não parecia assustado, na verdade, ele estava tentando nos proteger das bolas de neve, pois cada movimento do outro lado era respondido com um rosnado fraco.

- Ren, venha com a mamãe. - seus olhos caramelos me fitaram e logo o pequeno pula em meu colo. - Melhor irmos para casa.

- Tem razão. - Triton assenti enquanto nos levantamos. - Vou chamar a April.

Enquanto ele sai, pego um cobertor na bolsa e cobro o pequeno lobo, ele faz algo como um ronronar e se encaixa em meus braços. Logo April e Triton estão de volta, ela sorri ao me ver e fica curiosa quando mostro que seu irmão se transformou.

No caminho de volta, April nos bombardea com perguntas sobre transformações, mas deixo que Triton responda todas, já que foi ele que me ensinou muito coisa sobre essa parte.

*

Algo estava errado, Ren se transformava com uma facilidade e já andava perfeitamente, isso era o esperado de uma criança de dois anos, que é a idade que ele possui agora. Já fazia mais de um ano que ele havia se transformado pela primeira vez, um pouco precoce, mas tudo bem.

Contudo, o grande problema era que até hoje, Ren não falara, e Patrick já havia feito inúmeros exames, constatou que Ren não é surdo e que não existe um motivo físico para que ele não tenha falado ainda.

- Fique calma. - havíamos acabado de colocá-los para dormir e Triton estava me fazendo uma massagem.

- Eu tento. - suspiro. - Mas estou preocupada com ele.

- Sei que está. - afirmou fazendo mais pressão nos meus ombros. - Ren é mais tímido do que a April, só isso...

- Triton, como você conseguiu essa calma? - revirei os olhos. - Será que estou sendo uma boa mãe?

- Que pergunta mais tola, Kristine. - ele bufou e me virou de barriga para cima.

Suas mãos prenderam as minhas sobre a cama, seu olhar me hipnotizou enquanto seu corpo deitava sobre o meu. Eu já havia me acostumado com o corpo do meu companheiro, era forte e deliciosamente sexy.

- Você é uma ótima mãe, só que está duvidando de si mesma e do seu filho. - repreendeu-me.

- Não duvido dele... Eu só temo pelo que possa acontecer no futuro. - confesso. - Não estaremos pra sempre com ele, e se um dia ele quiser ter uma vida livre da alcateia?

- Eu o prendo numa cadeira. - Triton riu. - Simples.

- Não é brincadeira. - resmungo. - Nós não podemos prendê-los, mas eles têm que saber se cuidar quando tomarem essa decisão.

- Se eu tivesse uma mãe como você, e eu quisesse explorar lá fora, eu o faria, mas sempre te visitaria. - explica. - A sua presença acalma todos da família, Kristine, e não diga que nunca percebeu isso.

Não era mentira. Quando conheci Triton, senti sua força só de olhar em seus olhos e ao mesmo tempo eu soube que ele tinha um comportamento explosivo, porém a situação sempre se acalma quando estamos juntos.

E quando April nasceu só parou de chorar quando eu a peguei no colo, além de que muitas vezes enquanto bebê, April só dormia em meu colo. E com Ren não foi muito diferente, só que ele prefere ficar comigo o tempo inteiro.

- Talvez eu devesse instigá-lo a brincar com as outras crianças. - fito meu lobo que está me observando, avaliando-me.

- Você já tentou isso... - murmurou. - Eu acho que você devia deixar o tempo agir.

- Mas...

Protestei e sua boca calou-me, primeiramente mantive-a fechada, tentando me opor, contudo sua persasão e a pressão da sua masculinidade em meu quadril, mudou a situação.

Com um gemido fraco, dei-lhe passagem e saboreei aquele beijo, a sua insistência em me ter, fez meu corpo ferver. Tentei mover as mãos que ainda estavam presas pelas suas, rosnei e Triton mordeu meu lábio.

Seu olhar pousou no meu pescoço para onde seus beijos foram direcionados, remexi debaixo dos seus músculos, em resposta, Triton soltou as minhas mãos para que ele pudesse usar as suas para massagear os meus seios.

- Triton... - chamei-o já sentindo a falta de ar.

- Mamãe anda precisando ser punida. - seus olhos brilharam ao me fitar.

Senti o coração acelerar quando sua mão foi me despindo, tão logo estávamos apenas de roupas íntimas. Toquei em seu peito depois em seu abdômen, ele rosnou de modo provocativo, ergui a cabeça e lambi seu pescoço.

Triton arfou, deixando que eu o jogasse de costas na cama, sorri maliciosamente e beijei todo o seu corpo até chegar a sua cueca, lentamente arranquei-lhe aquela última peça de roupa.

- Ah... Kristine... - ele gemeu quando lambi a cabeça do seu membro. - Isso...

Abocanhei-o ao mesmo tempo que minhas mãos acariciavam os seus testículos, nossos corpos estavam vibrando de prazer, ele se entregou, gozando primeiro. Engatinhei até sua boca e beijei-o, suas mãos me agarraram pelos braços, virou-nos e antes que eu pensasse, Triton estava dentro de mim.

A primeira investida foi forte e não contive um alto gemido, então ele me silenciou com sua boca enquanto preenchia-me de modo rápido e profundo, eu o arranhei enquanto nossos corpos se chocavam.

- Triton do céu! - rosnei assim que sua boca me soltou.

- Essa normalmente... é a minha fala... - ele ri e beija o meu pescoço. - Como você... consegue continuar... tão deliciosamente apertada?

- Não faço ideia... - respiro fundo quando seus dentes encontram o bico do meu seio. - Eu vou... 

Só foi necessário mais uma investida para que Triton gozasse, logo em seguida, meu corpo se entregou a luxúria e explodiu de prazer. Meu companheiro saiu de mim e nos virou, deixando-me desfrutar dos movimentos de seu peito subindo e descendo.

- Esgotada? - perguntou com a respiração ofegante.

- Ahan. - meus olhos ainda estavam fechados.

- Talvez assim você consiga pensar com mais clareza. - ele riu e senti as vibrações percorrerem o meu corpo.

- Isso é bom. - murmurei.

- O quê? - ele me colocou ao seu lado e abri os olhos.

- Sentir que estamos conectados. - confessei.

Seus lindos dentes brancos fizeram a minha recente insegurança desaparecer, eu estava me preocupando demais, tinha de ter fé e acreditar que Ren só precisava do seu tempo.

De repente a porta do quarto foi levemente empurrada, senti o cheiro de abóbora e rapidamente vesti a parte de cima do pijama, deixando o lençol cobrir a de baixo.

Ren caminhou até o meu lado da cama e sorriu, peguei-o e coloquei-o na cama. Ele negou e fez uma careta.

- O que foi, meu lobinho? - mexi em seu cabelo.

Era incrível como ele era a cara do pai.

- Será que ele está com fome? Sede? - Triton perguntou, mas Ren negou.

- Ma... queceu... - sua voz foi baixa, mas ainda sim era dele.

Triton e eu nos entreolhamos, Ren falara errado, mas havia usado palavras.

- Ren... O que a mamãe esqueceu? - Triton disse com suavidade.

- Queceu... mena. - ele se levantou e ficou nos encarando. - Mena!

Ele ficou agitado e fez cara de choro, não fazíamos ideia do que "mena" significava.

- Ren... Olha pra mamãe. - ele olhou. - Mostra pra mamãe o que esqueceu.

Então ele sentou de novo e pegou o próprio pé que estava descalço.

- Meia. - assenti. - Como pude me esquecer? 

- Mena. - ele repetiu e sorriu quando percebeu que havíamos entendido.

Eu lhe fiz um afago e meu pequeno grudara em mim, Triton riu e se levantou, vestiu a calça e foi buscar uma meia. 

- Muito bem, meu lobinho. - ergui-o na minha frente, Ren era tão pequeno que ainda parecia um bebêzinho. - Mamãe está orgulhosa. - e beijei-o no nariz.

Ren riu e beijou os meus lábios, foi nesse momento que Triton e April entraram no quarto, ela estava segurando a mão do pai e esfregava um dos olhos.

- Ela quer dormir aqui hoje. - ele meio que estava me pedindo isso.

- Venham vocês dois aqui. - sorri gentilmente.

April não soltou o pai, o que me deu tempo de colocar a calça do pijama, sem que meus filhos percebessem. 

- Boa noite, mamãe e papai. - April bocejou e dormiu rapidamente.

- Bo note... Apil. - Ren beijou a bochecha da irmã e depois sorriu para nós. - Mimi, mama.

- Sim, vamos dormir. - assenti e deitei.

April se colou no peito do pai e Ren se grudou em mim, nós nos olhamos e rimos baixinho, quem diria que teríamos filhos tão carinhosos?


Notas Finais


Gente, to meio desestimulada =/


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